Jean-Marie Gustave Le Clézio
Jean-Marie Gustave Le Clézio | |
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Nascimento | 13 de abril de 1940 (84 anos) Nice |
Nacionalidade | francês mauriciano |
Ocupação | Escritor |
Prêmios | Prémio Renaudot (1958) Prémio União Latina de Literaturas Românicas (1992) |
Magnum opus | A Febre |
Jean-Marie Gustave Le Clézio, que assina J.M.G. Le Clézio (Nice, 13 de abril de 1940), é um escritor franco-mauriciano.[1]
Recebeu o Nobel de Literatura de 2008.[2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Jean-Marie Le Clézio é filho de Raoul Le Clézio, um cirurgião mauriciano, e de sua prima-irmã, Simone Le Clézio, francesa, ambos oriundos de uma família bretã que, no século XVIII, emigrou para a Ilha Maurício e adquiriu a cidadania britânica, após a anexação da ilha pelo Império. Ali era permitido aos colonos manterem as suas propriedades e o uso da língua francesa.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a família ficou separada, pois o pai estava impossibilitado de juntar-se à mãe e aos filhos, em Nice. Após a guerra, quando Jean-Marie tinha 8 anos, a família se reuniu novamente, na Nigéria, onde o pai servia como cirurgião do exército britânico.
Le Clézio estudou na Universidade de Bristol, concluiu seu curso de graduação em literatura francesa, no Institut d’Études Litteraires de Nice, passou vários anos entre Bristol e Londres, e, afinal, foi para os Estados Unidos onde se tornou professor.
Tornou-se famoso aos 23 anos, com seu primeiro romance, Le Procès-verbal ("O interrogatório"), que foi selecionado para o Prêmio Goncourt e obteve o Prêmio Renaudot, em 1963.
Desde então, publicou cerca de quarenta livros, incluindo contos, romances, ensaios, duas traduções sobre o tema da mitologia indígena americana, inúmeros comentários e prefácios, assim como algumas participações em obras coletivas.
Sua carreira de escritor pode ser dividida em dois grandes períodos. De 1963 a 1975, Le Clézio explorou temas como a loucura, a linguagem, a escrita, dedicando-se à experimentação formal na sequência de contemporâneos, tais como Georges Perec ou Michel Butor. A obra de Le Clézio foi muito elogiada por intelectuais como Michel Foucault e Gilles Deleuze.
No final dos anos 1970, o estilo do escritor sofre uma mudança drástica, quando ele abandona a experimentação e seus romances se tornam menos atormentados. Passa a abordar temas como infância, adolescência e viagens, tornando-se mais popular. Em 1980, Le Clézio foi o primeiro vencedor do recém-criado prêmio Paul Morand, adjudicado a Désert pela Academia Francesa.
Em 1994, uma enquete realizada pela revista francesa Lire mostrou que 13% dos leitores consideram-no o maior escritor francês da atualidade.
Le Clézio obteve o seu mestrado com uma tese sobre Henri Michaux na Universidade de Aix-en-Provence, em 1964,[3] e concluiu sua tese de doutorado em 1983, sobre a história do México, na Universidade de Perpignan. Ele é especialista em Michoacán.
Casado desde 1975 com Jémia, que é marroquina, tem duas filhas (uma do primeiro casamento). Desde 1990, vive entre Albuquerque, Maurícia e Nice ,[4] e continua a escrever.
“Je veux écrire une autre parole qui ne maudisse pas, qui n’exècre pas, qui ne vicie pas, qui ne propage pas la maladie.”
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Le Procès-verbal, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1963, 250 p. Prix Renaudot
- Le Jour où Beaumont fit connaissance avec sa douleur, Mercure de France, L'écharpe d'Iris, Paris, 1964, [n.p.]
- La Fièvre, nouvelles, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1965, 237 p.
- Le Déluge, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1966, 288 p.
- L'Extase matérielle, ensaio, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1967, 229 p.
- Terra Amata, romance, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1967, 248 p.
- Le Livre des fuites, romance, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1969, 290 p.
- La Guerre, romance, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1970, 295 p.
- Lullaby, Gallimard, 1970
- Haï, Skira, « Les Sentiers de la création », Genève, 1971, 170 p.
- Mydriase, illustrations de Vladimir Velickovic, Fata Morgana, Saint-Clément-la-Rivière, 1973
- Éd. définitive, 1993, 62 p. ISBN 2-85194-071-6
- Les Géants, romance, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1973, 320 p.
- Voyages de l'autre côté, nouvelles, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1975, 308 p.
- Les Prophéties du Chilam Balam, version et présentation de J.M.G. Le Clézio, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1976, 201 p.
- Vers les icebergs, Éditions Fata Morgana, « Explorations », Montpellier, 1978, 52 p. (Contient le texte d’Iniji, par Henri Michaux)
- Mondo et autres histoires, nouvelles, Gallimard, Paris, 1978, 278 p.
- L'Inconnu sur la Terre, ensaio, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1978, 325 p.
- Voyage au pays des arbres, dessiné par Henri Galeron, Gallimard, « Enfantimages », Paris, 1978, 27 p.
- Désert, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1980, 410 p.
- Trois Villes saintes, Gallimard, Paris, 1980, 81 p.
- La Ronde et autres faits divers, nouvelles, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1982, 235 p. ISBN 2-07-021395-1
- Relation de Michoacan, version et présentation de J. M. G. Le Clézio, Gallimard, « Tradition », Paris, 1984, 315 p.-[10] p. de pl. ISBN 2-07-070042-9
- Le Chercheur d'or, Gallimard, Paris, 1985, 332 p. ISBN 2-07-070247-2
- Voyage à Rodrigues, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1986
- Le Rêve mexicain ou la pensée interrompue, Gallimard, « NRF Essais », Paris, 1988, 248 p. ISBN 2-07-071389-X
- Printemps et autres saisons, Gallimard, « Le Chemin », Paris, 1989, 203 p. ISBN 2-07-071364-4
- Sirandanes, Seghers, 1990, 93 p. ISBN 2-232-10327-7
- Onitsha : romance, Gallimard, Paris, 1991, 250 p. ISBN 2-07-072230-9
- Étoile errante, Gallimard, Paris, 1992, 339 p. ISBN 2-07-072650-9
- Pawana, Gallimard, Paris, 1992, 54 p. ISBN 2-07-072806-4
- Diego et Frida, Stock, « Échanges », Paris, 1993, 237 p.-[12] p. de pl. ISBN 2-234-02617-2
- La Quarantaine, romance, Gallimard, Paris, 1995, 464 p. ISBN 2-07-0743187
- Poisson d'or, romance, Gallimard, 1997, 255 p.
- Gens des nuages
- La Fête chantée, ensaios, Gallimard, « Le Promeneur », 1997, 256 p.
- Hasard (suivi d'Angoli Mala), romances, Gallimard, Paris, 1999, 290 p. ISBN 2-07-075537-1
- Cœur Brûle et autres romances, Gallimard, Paris, 2000, 187 p. ISBN 2-07-075980-6
- Révolutions, romance, Gallimard, Paris, 2003, 554 p. ISBN 2-07-076853-8
- L'Africain, Mercure de France, « Traits et portraits », Paris, 2004, 103 p. ISBN 2-7152-2470-2
- Ourania, romance, Gallimard, « Collection Blanche », Paris, 2005, 297 p. ISBN 2-07-077703-0
- Raga : approche du continent invisible, Éditions du Seuil, « Peuples de l'eau », Paris, 2006, 135 p. ISBN 2-02-089909-4
- Ballaciner, ensaio, Gallimard, 2007 ISBN 978-2070784844
- Ritournelle de la faim, romance, Gallimard, « Collection Blanche », Paris, 2008
Livros publicados em português
[editar | editar código-fonte]Em Portugal
[editar | editar código-fonte]- O Caçador de Tesouros, Assírio & Alvim (1994)
- Deserto, Dom Quixote (1986)
- Diego & Frida, Relógio D’Água (1994)
- Estrela Errante, Dom Quixote (1994)
- A Febre, Ulisseia (1967)
- Índio Branco, Fenda (1989)
- O Processo de Adão Pollo, Europa-América (reimpressão 2008)
- Raga: abordagem do continente invisível, Sextante (2008)
No Brasil
[editar | editar código-fonte]- História do Pé, Cosac Naify, 2012
- Refrão da Fome, Cosac Naify, 2009
- O Africano, Cosac Naify, 2007
- O Peixe Dourado, Companhia das Letras, 2001
- A Quarentena, Companhia das Letras, 1997
- Diego e Frida, Scritta, 1994
- O deserto, Brasiliense, 1987
Referências
- ↑ Dominique Chabrol, « JMG Le Clézio, les racines mauriciennes du nouveau Prix Nobel » Arquivado em 13 de outubro de 2008, no Wayback Machine. Les Echos, 9 de outubro de 2008.
- ↑ «The Nobel Prize in Literature 2008». NobelPrize.org (em inglês). Consultado em 21 de maio de 2023
- ↑ Marshall, Bill; Cristina Johnston. France and the Americas. ABC-CLIO, 2005. ISBN 1-85109-411-3. p.697
- ↑ "Nomadic" writer wins Nobel prize
Ligações externas
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Precedido por Doris Lessing |
Nobel de Literatura 2008 |
Sucedido por Herta Müller |