José Nêumanne Pinto

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José Nêumanne Pinto
Nascimento 18 de maio de 1951 (72 anos)
Uiraúna
 Paraíba
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Jornalista e escritor
Outros nomes Zé Pinto
Atividade 1968–presente
Site oficial

José Nêumanne Pinto (Uiraúna, 18 de maio de 1951) é um jornalista, poeta e escritor brasileiro. É editorialista e articulista de O Estado de S. Paulo,[1] comentarista diário na Rádio Estadão e colunista do Instituto Millenium.[2] Em 1976, foi agraciado com o Prêmio Esso de jornalismo econômico. Membro da Academia Paraibana de Letras e da Academia Paulista de História,[3] já publicou 12 livros, dentre os quais se destacam "O silêncio do delator" (2005) e "O que sei de Lula" (2011). Por mais de 15 anos foi comentarista diário na Rádio Jovem Pan.

Integrou por muitos anos o setor de jornalismo do SBT, em que tinha o quadro "Direto ao Assunto" em diversos telejornais da emissora — notadamente no Jornal do SBT. Em fevereiro de 2014 foi demitido do SBT e assinou contrato com a TV Gazeta.[4]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Uiraúna, sua terra natal. José de Anchieta Pinto, seu pai, foi vice-prefeito do município de 31 de janeiro de 1969 a 31 de janeiro de 1973.

Filho de Anchieta e Mundica, Nêummane nasceu em 1951, em Uiraúna, cidade do Vale do Rio do Peixe, alto sertão paraibano (Microrregião de Cajazeiras). Uiraúna era distrito de São João do Rio do Peixe (município então denominado de Antenor Navarro), se emancipando em 1953, tendo como líder da separação Dr. Osvaldo Bezerra Cascudo, médico que realizou o seu parto.[5]

José Nêumanne teve seu nome tirado de uma corruptela do nome do cardeal inglês John Henry Newman. O fato é que, ao registrá-lo, seus pais não levaram corretamente a grafia do nome e a escrivã grafou-o como o ouviu: "nêuman", e acrescentou um "e" ao fim para aportuguesá-lo.[5]

Na infância como um seminarista, Nêummane Pinto foi muito aficionado à leitura, tempo que seria a base de sua carreira profissional. Foi influenciado por grandes escritores e poetas como Augusto dos Anjos, Castro Alves e Manuel Bandeira. O jornalista atribui a sua paixão pelas letras e pelo jornalismo às histórias que ouvia de D. Mundica, sua mãe, nas noites de lua do sertão paraibano. Desde essa época, ele sonhava em escrever suas próprias histórias.[5]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Jornalismo[editar | editar código-fonte]

Nêumanne Pinto começou a sua carreira como jornalista em 1968 como crítico de cinema e repórter de polícia no Diário da Borborema de Campina Grande. Posteriormente, trabalhou no jornal Folha de S.Paulo e foi secretário, chefe de redação e repórter especial da sucursal paulista do Jornal do Brasil, editor de política, de opinião e editorialista do O Estado de S. Paulo e assessor político do senador José Eduardo de Andrade Vieira, ex-ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo e da Agricultura. Foi ainda colunista na edição em espanhol do jornal The Miami Herald, em que escrevia um artigo semanal sobre o Brasil, e comentarista político e econômico do quadro diário Direto ao Assunto do SBT. Seu bordão jornalístico é "José Nêumanne Pinto, direto ao assunto".[6]

De 1996 a 2012, foi editorialista do Jornal da Tarde, e desde 2000 dedicou-se ao colunismo semanal do site Cineclik, especializado em cinema, e também foi comentarista diário da Rádio Jovem Pan (programa Direto ao Assunto), ambos de São Paulo. Integra também o Conselho Editorial do site Trilhas Literárias. Nêumanne ficou na Rádio Jovem Pan até 2016, indo então para a Rádio Estadão.[7]

Literatura[editar | editar código-fonte]

Com já 12 livros publicados, três de poesia, um romance e cinco de reportagens e ensaios políticos — entre romances, biografias e poesias —, José Nêumanne é um dos jornalistas-escritores brasileiros mais celebrados.[8] Escreveu o prefácio do livro Velas Enfunadas, do ex-governador da Paraíba e também escritor Ronaldo Cunha Lima.[9]

Em 22 de julho de 2008, foi empossado na Academia Paraibana de Letras, ocupando a cadeira de número 1, que possui Augusto dos Anjos como patrono e José Flóscolo da Nóbrega como fundador. Sucede Humberto Nóbrega, Waldemar Bispo Duarte (conterrâneo de Uiraúna) e Altimar Pimentel.[10][11][12]

Posicionamentos[editar | editar código-fonte]

José Nêumanne Pinto é contrário ao foro privilegiado, que segundo ele "não é uma forma de defesa da representação popular, objetivo teórico do Foro, mas, sim, garantia de impunidade, pois o Supremo Tribunal Federal não tem o mesmo rigor do que juízes como Sérgio Moro".[13]

Foi um forte crítico dos governos Lula e Dilma.[14]

Em seu livro O que sei de Lula, de 2011 (ed. Topbooks), conclui que o ex-líder sindical e ex-presidente, que acabara de terminar de seu mandato, não é de esquerda, mas em verdade um conservador.[15]

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • Mengele, a Natureza do Mal (1985), romance-reportagem;
  • As Tábuas do Sol (1986), coletânea de poemas;
  • Erundina, a Mulher que Veio com a Chuva (1989), perfil jornalístico e biográfico da ex-prefeita paulistana e sua conterrânea uiraunense Luiza Erundina;
  • Atrás do Palanque, livro-reportagem sobre os bastidores da eleição presidencial de 1989;
  • Reféns do Passado (1992), coletânea de ensaios e artigos políticos publicados na imprensa;
  • Barcelona, Borborema (1992), livro de poemas sobre a arquitetura de Gaudí e o forró de Campina Grande;
  • A República na Lama (1992), relato do folclore da República de Alagoas e história de sua queda;
  • Veneno na veia (1995), romance policial sobre o episódio dos Anões do Orçamento;
  • Solos do silêncio (1996), poesia reunida;
  • Os cem melhores poetas brasileiros do século (2001), antologia;
  • As fugas do Sol (1999), um CD em que o jornalista lê poemas de sua autoria com trilha sonora original do maestro Marcus Vinicius de Andrade;
  • O silêncio do delator (2004), romance[16]
  • O que sei de Lula (2011), biografia.

Premiações[editar | editar código-fonte]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

O jornalista é pai de três filhos adultos e já foi casado com a funcionária pública Magdala Ramos, mãe da atriz Mayana Neiva. É irmão do também jornalista Anchieta Filho, que trabalhava no Jornal da Manhã,[21] e primo de Gaudêncio Torquato, outro jornalista.[5]

O comunicador é torcedor do Campinense Clube, equipe de futebol de Campina Grande.[22]

Referências

  1. «José Nêumanne Direto ao assunto». Estadão. O Estado de São Paulo. Consultado em 13 de janeiro de 2017 
  2. «José Nêumanne Pinto». Instituto Millenium. Consultado em 13 de janeiro de 2017 
  3. Racy, Sonia (2 de julho de 2015). «Na frente». Direto da Fonte. Estadão. Consultado em 23 de fevereiro de 2022 
  4. «Após ser demitido do SBT, José Nêumanne Pinto vai para a Gazeta». R7. Record. 17 de fevereiro de 2014. Consultado em 13 de janeiro de 2017 
  5. a b c d e Torquato, Gaudêncio (1 de julho de 2015). «Posse na APH: Acadêmico Gaudêncio Torquato recebe Nêumanne em nome da APH». neumanne.com. Consultado em 23 de fevereiro de 2022 
  6. «Paraíba Total - Personalidades: José Nêumanne Pinto». Paraíba Total. Consultado em 5 de julho de 2018 
  7. Da redação (1 de março de 2016). «José Nêumanne Pinto estreia como colunista na Rádio Estadão». Portal Comunique-se. Consultado em 2 de março de 2016 
  8. Suênio Campos de Lucena (2001). «Entrevista: José Nêummane Pinto». Espéculo. Revista de estudios literarios. Universidad Complutense de Madrid. Consultado em 15 de setembro de 2015 
  9. Da redação (15 de dezembro de 2010). «Ronaldo Cunha Lima lança nesta quarta-feira o livro 'Velas Enfunadas'». Paraiba.com. Consultado em 15 de setembro de 2015 
  10. Moulatlet, Ana Luiza (25 de agosto de 2008). «Para José Nêumanne Pinto, o jornalismo dá disciplina para escrever textos literários, mas deixa vícios». Portal IMPRENSA. Consultado em 15 de março de 2023 
  11. Castro, Rebeka Bruna Azevedo de. Memorial dos acadêmicos da Academia Paraibana de Letras: um lugar de memória da literatura paraibana UFPB: 2017.
  12. «01 - José Neumane Pinto». novo.aplpb.com.br. Consultado em 15 de março de 2023 
  13. NOVO, Benigno Núñez. O exagero do foro privilegiado no Brasil Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 19 abr 2018, 04:30. Disponivel em: http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/51563/o-exagero-do-foro-privilegiado-no-brasil. Acesso em: 23 fev 2022
  14. Nunes, Branca. «José Nêumanne: A presidente Dilma Rousseff esbanja amadorismo ao declarar que seu governo é 'Padrão Felipão'». Veja. Abril. Consultado em 13 de janeiro de 2017 
  15. Amorim, Silvia (29 de agosto de 2011). «'Lula não é de esquerda, é um conservador e grande conciliador', diz jornalista autor de livro sobre ex-presidente». O Globo. Consultado em 14 de março de 2023 
  16. Nêumanne, José (2010). «O Escritor: quase uma dúzia de receitas de livro». Plataforma para a Poesia. Consultado em 15 de setembro de 2015 
  17. a b c «Jornalista José Nêumanne Pinto abre na ABL o ciclo de conferências 'Guimarães Rosa, escritor e diplomata', sob coordenação do Acadêmico Carlos Nejar». Academia Brasileira de Letras. 6 de março de 2018 
  18. «Zé Neumanne Pinto recebe Medalha José Lins do Rêgo». Diário do Sertão. 27 de outubro de 2007. Consultado em 31 de março de 2023 
  19. «Jornalista paraibano receberá título de Cidadão Paulistano». Parlamento PB. 1 de novembro de 2010. Consultado em 31 de março de 2023 
  20. «José Nêumanne Pinto premiado com o Troféu Gonzagão». neumanne.com. Consultado em 31 de março de 2023 
  21. «Anchieta Filho». Portal dos Jornalistas. 11 de junho de 2017. Consultado em 24 de fevereiro de 2022 
  22. «MaisPB • História, trajetória e política: uma conversa com José Nêumanne Pinto». MaisPB. 12 de setembro de 2021. Consultado em 23 de fevereiro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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