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Lucíola: diferenças entre revisões

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==Síntese do enredo==
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Em cartas que a destinatária, sra. G.M., posteriormente organizaria em livro e faria publicar sob o título de Lucíola, Paulo Silva, o [[protagonista]]/[[narrador]]/[[carta|missivista]], conta a história de seu relacionamento com uma mulher, explicando inicialmente que não o fazera de viva voz em virtude de, na ocasião de uma visita a que alude, estar presente a neta da própria destinatária, uma menina de 16 anos.
Em cartas que a prostituta, sra. G.M., posteriormente organizaria em livro e faria publicar sob o título de Lucíola, Paulo Silva, o [[protagonista]]/[[narrador]]/[[carta|missivista]], conta a história de seu relacionamento com uma mulher, explicando inicialmente que não o fazera de viva voz em virtude de, na ocasião de uma visita a que alude, estar presente a neta da própria destinatária, uma menina de 16 anos.


Logo após ter chegado ao RJ, procedente de [[Olinda]], em [[1855]], com cerca de 25 anos, Paulo foi convidado por um amigo, o sr. Sá, a acompanhá-lo à Festa da Glória, quando lhe atraíra a atenção uma jovem e bela mulher que, de início, em sua simplicidade de provinciano adventício, não identificara como cortesã ( ou [[prostituta]]).
Logo após ter chegado ao RJ, procedente de [[Olinda]], em [[1855]], com cerca de 25 anos, Paulo foi convidado por um amigo, o sr. Sá, a acompanhá-lo à Festa da Glória, quando lhe atraíra a atenção uma jovem e bela mulher que, de início, em sua simplicidade de provinciano adventício, não identificara como cortesã ( ou [[prostituta]]).

Revisão das 14h57min de 30 de março de 2011

 Nota: Para outros significados, veja Lucíola (desambiguação).

Lucíola é um dos romances do escritor brasileiro José de Alencar. Foi publicado em 1862. José de Alencar narra pelo personagem-narrador Paulo o amor deste por Maria da Glória, de apelido Lúcia. Com longas metáforas e seu modo de escrever peculiar, José de Alencar critica o Rio de Janeiro imperial e os costumes da sociedade brasileira. Suas críticas à sociedade da segunda metade do século XIX renderam ao autor diversas críticas negativas na época.

Síntese do enredo

Em cartas que a prostituta, sra. G.M., posteriormente organizaria em livro e faria publicar sob o título de Lucíola, Paulo Silva, o protagonista/narrador/missivista, conta a história de seu relacionamento com uma mulher, explicando inicialmente que não o fazera de viva voz em virtude de, na ocasião de uma visita a que alude, estar presente a neta da própria destinatária, uma menina de 16 anos.

Logo após ter chegado ao RJ, procedente de Olinda, em 1855, com cerca de 25 anos, Paulo foi convidado por um amigo, o sr. Sá, a acompanhá-lo à Festa da Glória, quando lhe atraíra a atenção uma jovem e bela mulher que, de início, em sua simplicidade de provinciano adventício, não identificara como cortesã ( ou prostituta).

Ao ver Lúcia, assim se chamava a mulher, tivera a impressão de já conhecê-la. De fato, à noite lembra-se de que, realmente, já a tinha visto antes, no dia mesmo de sua chegada ao RJ, em um carro elegante puxado por dois fogosos cavalos, e exclamara então para um companheiro de lado: "Que linda menina! Como deve ser pura a alma que mora naquele rosto!" e que gentilmente, após, alcançara-lhe o leque que deixara cair na rua.

Lúcia era, assim, uma mundana de rara beleza e suave aspecto, que faziam parecer uma jovem inocente. Pelo menos, essa foi a impressão de Paulo e que o levou a apaixonar-se, mesmo depois de saber quem era ela.

Tal como a pintou o romancista e se depreende de toda a história, ela era de natureza complexa nas alternativas de sua vida e do seu temperamento. Boa nas intenções, mas devassa na prática da vida que levava; interesseira e avara na conquista do dinheiro fácil e, ao mesmo tempo, generosa ao dar esmolas e na ajuda a parentes; com um passado de luxo e dissipação, se apaixona da maneira mais romântica pelo jovem que nela descobrira bondade e ternura. Enfim, era bem feminina ao parecer tantas numa só. Paulo, no entanto, no entusiasmo da paixão, definiu-a: "Tu és um anjo, minha Lúcia!".

Tendo Paulo visto Lúcia naquela festa da Glória, a ela foi apresentada pelo seu companheiro, que a conhecia e fora seu amante. Mesmo assim ele continuou a idealizá-la, até nas visitas que lhe fez a seguir, francamente inocentes e cordiais. Só algum tempo depois é que se tornaram amantes. Cada vez mais, no entanto, prendia-se a ela por um amor apaixonado que ultrapassava a simples satisfação do sexo. Não a queria como uma mundana lúbrica e sensual, famosa pelos requintes no amor, e sentia que ela também, na maneira de tratá-lo, nos seus silêncios, nos seus beijos e carícias, o amava realmente. A prova maior disso foi o seu afastamento de tudo para dedicar-se a ele. Nem logo brigaram, e ela voltou à vida antiga. Nessas alternativas de brigas e reconciliações, de ciúmes e de arrependimento, chegaram à confissão de suas vidas e à aceitação do amor com que se queriam.

E Lúcia contou-lhe a sua história, declarando para sempre morta a mulher que fora até então; sua família viera morar na Corte e viviam dignamente, até que a epidemia de febre amarela de 1850 atacou todos os seus: pai, mãe, irmãos, tios,...

Somente ela foi poupada, vendo-se obrigada a cuidar dos familiares. Assim foi que, por necessidade, entregou o seu corpo a um ricaço de nome Couto, para conseguir ajuda e apoio. Morreram-lhe a mãe, a tia e dois irmãos; o pai, ao descobrir que ela recebera dinheiro de um homem em paga de sua honra, expulsou-a de casa. Depois disso, o caminho estava aberto à prostituição. Na sua nova vida, então , mudou de nome, pois se chamava realmente Maria da Glória, em devoção a sua madrinha Nossa Senhora da Glória.

Depois de uma longa viagem que fizera à Europa em companhia de um amante, de volta ao Rio só encontrou de sua família uma irmãzinha de nome Ana, a quem tomou sob sua proteção e a pôs num colégio.

Após tal confissão, de que resultou um perfeito entendimento entre os dois, Lúcia foi morar numa casinha de Santa Teresa, que alugara, em companhia da irmã. Afastou-se da vida mundana para receber apenas a visita de Paulo. No ambiente bucólico daquele bairro viveram os dois um idílio simples. Passeavam nos arredores de mãos dadas como dois namorados, e nessa busca da inocência perdida, ela até se recusava, periodicamente a ser de novo sua amante. É que ela agora já adotando outra vez seu nome de batismo, Maria da Glória, estava esperando um filho de Paulo.

Mas o idílio em que viviam durou pouco. Lúcia sofreu um aborto e, ante a recusa de tomar remédio para expelir o feto sem vida, faleceu de infecção, confessando a Paulo que o amava perdidamente desde o primeiro encontro. Pediu-lhe que cuidasse de sua irmãzinha Ana, a quem deixara em testamento a sua fortuna, cerca de cinqüenta contos de réis, como se fosse sua própria filha. A princípio queria que ele se casasse com Ana, mas, ante sua recusa, pediu-lhe que a protegesse, e morreu dizendo-se sua noiva eterna, sua noiva no céu.

Conclusão

O passado é revelado no presente para que haja o questionamento da realidade proposta. A protagonista alcança, portanto, a purificação através do amor espiritual, que não pode ser contaminado e profanado pela mais leve sombra de desejo físico.

Lúcia/Maria da Glória consegue a purificação interior e é feliz por isso, mas seu erro não é esquecido e a sociedade não perdoa seu passado. Vende seus bens e refugia-se com a irmã num recanto afastado para viver uma vida simples. Com feição de castigo merecido, e com um sentido evidente de autopunição, Lúcia morreu por causa do filho de Paulo, fruto do amor carnal, proibido e condenado pela sociedade e por ela mesma. Há na realidade duas mortes: a de Lúcia (e a seu passado) e a do filho (rompimento com a amor carnal).

E "é através da morte que seu objetivo maior será atingido: a destruição do corpo implica na sobrevivência e supremacia do espírito. A redenção alcançada".

Personagens principais e secundários

  • Lúcia/Maria da Glória: Lúcia é uma mulher de 19 anos, que tem a profissão de cortesã, as mais rica da cidade. É extremamente bonita e elegante, sendo cobiçada pelos homens e invejada pelas mulheres. Pela sua profissão, é muito mal-falada pela cidade, e então as pessoas não sabem quem ela realmente é por dentro. Tem os cabelos anelados escuros e grandes olhos negros. É muito profunda e reflexiva, tendo assim grande complexidade psicológica.
  • Paulo: Paulo é um jovem de 25 anos recém-chegado no Rio de Janeiro. Não tem muito dinheiro, por estar ingressando na vida profissional, e acha isso algo ruim por estar se relacionando com Lúcia, que é muito rica. É um homem ingênuo e que, em algumas passagens do livro, age sem pensar.
  • Sá: Grande amigo de Paulo, tem 30 anos. Mora a cerca de 7 ou 8 anos no Rio de Janeiro. É ele que apresente Lúcia a Paulo. Fala mal de Lúcia, o que desagrada Paulo.
  • Ana: irmã mais nova de Lúcia, de apenas 12 anos. É muito parecida com sua irmã mais velha, também possui os cabelos anelados. No final do livro casa-se.
  • Laura e Nina: Prostitutas assim como Lúcia. Estavam presentes no jantar na casa de Sá, e apresentam inveja da beleza de Lúcia. Lúcia ajuda Laura uma vez, pagando seu aluguel. Paulo marca um encontro com Nina para fazer ciúmes em Lúcia, mas não vai.
  • Cunha: já teve uma relação extra-conjugal com Lúcia, que o deixou por ver sua mulher muito triste e pensativa. Assim como Sá, fala muito mal de Lúcia.
  • Couto: velho homem galanteador. Foi ele que se aproveitou da inocência e necessidade de Lúcia quando esta tinha apenas 14 anos.
  • Rochinha: rapaz de 17 anos que possui velhice precoce por beber demais.
  • Jesuína: mulher que recolhe Lúcia quando ela é expulsa de casa aos 14 anos, e que finge ser sua enfermeira.
  • Jacinto: homem de 45 anos que vive da prostituição de mulheres pobres. Paulo achou que ele e Lúcia são amantes, o que não é verdade.

Ligações externas

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