Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan

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Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan
chinês simplificado: 武汉华南海鲜批发市场
Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan
Mapa
Localização Distrito de Jianghan, Wuhan, província de Hubei, República Popular da China
Coordenadas 30° 37′ 11″ N, 114° 15′ 27″ L
Capacidade 1,000+
Construção
Aberto 24 de março de 2005
Fechado 1 de janeiro de 2020

O Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan(pt-BR) ou Mercado Grossista de Frutos do Mar de Huanan(pt-PT?) (chinês simplificado: 武汉华南海鲜批发市场),[1][2] também conhecido como Mercado de Frutos do Mar de Huanan,[3] é um mercado de venda de animais e frutos do mar frescos no distrito de Jianghan, Wuhan, na província de Hubei, República Popular da China. O mercado ficou famoso internacionalmente depois de a Organização Mundial da Saúde ter sido notificada em 31 de dezembro de 2019 de um surto de pneumonia que acabaria por atingir algumas semanas depois a classificação de pandemia.[4] Das 41 pessoas inicialmente infectadas e hospitalizadas por COVID-19 até 2 de janeiro de 2020, dois terços haviam sido expostas ao mercado. O mercado foi fechado em 1 de janeiro de 2020 para procedimentos sanitários e de desinfecção.[5][6] Das 585 amostras de animais retiradas do mercado, 33 confirmaram a contaminação por SARS-CoV-2.[7]

Instalações e operações[editar | editar código-fonte]

O mercado ocupa mais de 50 000m2 e contava com mais de 1000 vendedores.[8][9] É o maior mercado de venda por atacado de frutos do mar em Wuhan e na China Central,[10][11] com uma zona oeste conhecida pela venda de animais selvagens.[12] O mercado estava localizado na parte mais nova da cidade, perto de lojas e prédios de apartamentos[13] e fica a alguns quarteirões da estação ferroviária de Hankou.

No final de 2019, o mercado foi aprovado nas inspeções oficiais da cidade, de acordo com o The Wall Street Journal.[7] No entanto, a Time relatou que condições "insalubres" foram encontradas.[14] Seus corredores são estreitos e as barracas são próximas umas das outras, e os animais vivos eram mantidos próximo aos mortos. Era comum ver animais mortos esfolados ao ar livre.[15] O New York Times informou que "o saneamento era deprimente, com pouca ventilação e lixo empilhado em pisos úmidos".[13]

Itens vendidos[editar | editar código-fonte]

Embora o mercado seja conhecido como mercado de frutos do mar,[16] era conhecido principalmente pela venda de carne de animais selvagens (ye wei em chinês) e outros animais exóticos devido à demanda por esses animais para consumo.[8] Uma lista de preços publicada por um vendedor listou 112 itens, incluindo vários animais selvagens.[3][17][18] O South China Morning Post informou em 29 de janeiro de 2020 que o mercado vendia cerca de "120 variedades de animais selvagens de 75 espécies".[19]

Relação suspeita ao surto de coronavírus[editar | editar código-fonte]

Até 2 de janeiro de 2020, uma nova cepa de coronavírus (designada 2019-nCoV) foi confirmada em 41 pessoas hospitalizadas com pneumonia, onde dois terços das quais tiveram exposição direta ao mercado.[1][5][20][21] Como as espécies de coronavírus (como SARS-CoV e MERS-CoV) circulam principalmente entre animais e, com a relação entre o surto de pneumonia e o mercado sendo estabelecido, suspeitava-se que o vírus pudesse ter sido transmitido de um animal para o homem (zoonose).[22][23] Sugere-se que cobras ou morcegos sejam a fonte do vírus, principalmente considerando a variedade de animais selvagens vendidos no mercado.[6][24][25][26]

Apesar da grande relação do mercado na origem da epidemia, ainda não está claro se o surto de coronavírus começou no mercado. O relato mais antigo de pessoas afetadas com os primeiros sintomas foi em 1 de dezembro de 2019, em uma pessoa que não foi exposta ao mercado ou a nenhuma das outras 40 pessoas afetadas até esse momento.[5][27][28] Das 41 pessoas iniciais encontradas com o novo coronavírus, 13 não tinham vínculo com o mercado, um número significativo de acordo com especialistas em doenças infecciosas. Em uma publicação posterior, o The Lancet informou que das 99 primeiras pessoas confirmadas com SARS-CoV-2019 no Hospital Wuhan Jinyintan entre 1 de janeiro e 20 de janeiro de 2020, 49 tinham histórico de exposição ao mercado. A publicação, no entanto, não opinou se o mercado era a origem ou apenas um elo da epidemia.[29]

Em uma busca para descobrir a origem do SARS-CoV-2019, também foram coletadas amostras de animais do mercado entre 1 de janeiro e 12 de janeiro de 2020.[12] No final de janeiro de 2020, o Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças revelou que o vírus foi encontrado em 33 das 585 amostras de animais,[7][30] das quais 31 vieram de uma área do mercado onde animais silvestres eram predominantemente vendidos. Essa foi outra indicação da relevância que o mercado desempenhou no surto da doença, mas ainda não houve declaração oficial relacionando esse local como a origem da epidemia.

Um artigo publicado em 24 de janeiro de 2020 observou que o mercado não estava associado a nenhum dos casos fora da China.[31]

Fechamento[editar | editar código-fonte]

Em 1 de janeiro de 2020, em resposta ao surto inicial da pneumonia, as autoridades de saúde fecharam o mercado para realizar investigações, além da limpeza e desinfecção do local.[1][23] Na época, a agência estatal de notícias chinesa, Xinhua, afirmou que o mercado tinha sido encerrado para reforma.[13]

Referências

  1. a b c Hui (2020). «The continuing 2019-nCoV epidemic threat of novel coronaviruses to global health — The latest 2019 novel coronavirus outbreak in Wuhan, China». International Journal of Infectious Diseases. 91: 264–266. ISSN 1201-9712. PMID 31953166. doi:10.1016/j.ijid.2020.01.009 
  2. «Wuhan pneumonia: how the search for the source of the mystery illness unfolded». South China Morning Post. Cópia arquivada em 15 de janeiro de 2020 
  3. a b «On the menu at Wuhan virus market: Rats and live wolf pups». CNA. Cópia arquivada em 22 de janeiro de 2020 
  4. Zhu. «A Novel Coronavirus from Patients with Pneumonia in China, 2019». New England Journal of Medicine (em inglês): NEJMoa2001017. ISSN 0028-4793. PMID 31978945. doi:10.1056/NEJMoa2001017 
  5. a b c Huang. «Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan, China». The Lancet (em English). 0. ISSN 0140-6736. PMID 31986264. doi:10.1016/S0140-6736(20)30183-5 
  6. a b «Overview of 2019 novel coronavirus (2019-nCoV) - Summary of relevant conditions | BMJ Best Practice». bestpractice.bmj.com 
  7. a b c «Virus Sparks Soul-Searching Over China's Wild Animal Trade». Wall Street Journal (em inglês). ISSN 0099-9660 
  8. a b «Why wild animals are a key ingredient in China's coronavirus outbreak». bangkokpost.com 
  9. «Archived copy» 华南海鲜批发市场西区有十几家贩卖野味的商户. cb.com.cn (em chinês). Cópia arquivada em 22 de janeiro de 2020 
  10. «Archived copy» 武汉人一年至少吃掉15亿元海鲜 "生吃的"最受欢迎. news.foodmate.net (em chinês). Cópia arquivada em 25 de janeiro de 2020 
  11. «Archived copy» 武汉华南海鲜市场:不入虾协商贩甭想做生意_网易商业报道. biz.163.com (em chinês). Cópia arquivada em 25 de janeiro de 2020 
  12. a b Schnirring, Lisa. «Experts: nCoV spread in China's cities could trigger global epidemic». CIDRAP (em inglês) 
  13. a b c «As New Coronavirus Spread, China's Old Habits Delayed Fight». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331 
  14. «Here's What It's Like in Wuhan, the City at the Center of Coronavirus». Time (em inglês) 
  15. Woodward, Aylin. «The outbreaks of both the Wuhan coronavirus and SARS started in Chinese wet markets. Photos show what the markets look like.». Business Insider 
  16. «The West Blames the Wuhan Coronavirus on China's Love of Eating Wild Animals. The Truth Is More Complex». Time 
  17. South China Morning Post (23 de janeiro de 2020). Why wild animals are a key ingredient in China's coronavirus outbreak. Bangkok Post Public
  18. Zhangxin Zheng. «Outrageous menu from Wuhan's market shows live deer, peacocks, wolf pups & over 100 wild animals on sale». Mothership.sg 
  19. Li, Peter J. «Wuhan coronavirus another reason to ban China's wildlife trade forever». South China Morning Post (em inglês) 
  20. Keevil, William. «Expert reaction to first clinical data from initial cases of new coronavirus in China». Science Media Centre (em inglês) 
  21. «New-type coronavirus causes pneumonia in Wuhan: expert». xinhuanet.com 2020. Cópia arquivada em 9 de janeiro de 2020 
  22. «Transmission of Novel Coronavirus (2019-nCoV)». CDC. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2020 
  23. a b «Promed Post – ProMED-mail». ProMED-mail. Cópia arquivada em 22 de janeiro de 2020 
  24. Ji. «Homologous recombination within the spike glycoprotein of the newly identified coronavirus may boost cross-species transmission from snake to human». Journal of Medical Virology (em inglês). n/a. ISSN 1096-9071. PMID 31967321. doi:10.1002/jmv.25682 
  25. Callaway. «Why snakes probably aren't spreading the new China virus». Nature (em inglês). doi:10.1038/d41586-020-00180-8 
  26. Multeni, Megan. «No, the Wuhan Virus Is Not a 'Snake Flu'». Wired (em inglês). Cópia arquivada em 24 de janeiro de 2020 
  27. Barton, Antigone. «UPDATE Wuhan coronavirus – 2019-nCoV Q&A #6: An evidence-based hypothesis». Science Speaks: Global ID News (em inglês) 
  28. Cohen, Jon. «Wuhan seafood market may not be source of novel virus spreading globally». Science | AAAS (em inglês). Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2020 
  29. Chen. «Epidemiological and clinical characteristics of 99 cases of 2019 novel coronavirus pneumonia in Wuhan, China: a descriptive study». The Lancet (em English). 0. ISSN 0140-6736. PMID 32007143. doi:10.1016/S0140-6736(20)30211-7 
  30. Liu. «Emerging Viruses without Borders: The Wuhan Coronavirus». Viruses (em inglês). 12. 130 páginas. PMID 31979013. doi:10.3390/v12020130 
  31. Gralinski. «Return of the Coronavirus: 2019-nCoV». Viruses (em inglês). 12. 135 páginas. PMID 31991541. doi:10.3390/v12020135