Desenvolvimento e pesquisa de medicamentos contra a COVID-19
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Existe um número limitado de medicamentos eficazes e o tratamento ainda é, em vários países, de suporte ao organismo, com a utilização da oxigenoterapia ou ventilação mecânica invasiva. A OMS (Organização Mundial de Saúde) não recomenda a automedicação para tratar ou prevenir COVID-19.[1]
Histórico
[editar | editar código-fonte]"No início da pandemia de covid-19, em 2020, o número crescente de hospitalizações e mortes causadas por infecções pelo sars-cov-2 motivou profissionais da área da saúde e pesquisadores a buscarem possíveis tratamentos para a covid-19, de modo que, nessa época, vários medicamentos começaram a ser testados contra a doença, tanto de forma empírica quanto por meio de pesquisas", reportou o Jornal da USP em outubro de 2021.[2]
Naquela época, em 2020, sem medicamentos conhecidos, os médicos optavam apenas por tentar manter os pacientes vivos, como oxigenoterapia ou ventilação mecânica invasiva, esperando que a inflamação fosse debelada pelo próprio organismo. Também lançavam mão de substâncias anti-inflamatórias conhecidas, como aspirina, e usavam antibióticos para evitar a entrada de bactérias no corpo debilitado pelo vírus Sars-Cov-2.
Foi neste contexto que surgiram possíveis dados sobre o uso da cloroquina, após o microbiologista francês Didier Raoult dizer que o uso da substância em pacientes teria sido positivo. Posteriormente, cientistas analisaram o estudo e descobriram diversos erros de metodologia de pesquisa, tendo Didier recebido o Prêmio Rusty Razor. "O “prêmio” Rusty Razor, criado pela revista britânica “The Skeptic”, é uma sátira. O vencedor é considerado o pior promotor da pseudociência. Ou seja, o “prêmio” é dedicado a pessoas que propagam a desinformação – como é o caso do francês, que alegou ter provado a eficácia da cloroquina contra a covid-19", escreveu o Yahoo. A cloroquina foi inicialmente defendida por Donald Trump e depois amplamente por Jair Bolsonaro, porém diversos de estudos controlados levaram a descoberta de que ela não era eficaz para tratar a doença (leia o artigo Kit Covid).[3]
Um dos primeiros resultados positivos com anti-inflamatórios foi com o corticóide dexametasona, então já usado em larga escala para tratar outras doenças. Após resultados iniciais, o medicamento passou a ser recomendado em vários países.[4]
Com o avanço dos estudos e a descoberta de novas drogas eficazes ou o desenvolvimento de medicamentos específicos, em janeiro de 2022, a FDA dos Estados Unidos escreveu: "os pacientes hoje têm mais opções de tratamento na batalha contra a doença do coronavírus".[5]
Estudos
[editar | editar código-fonte]Recovery Trial
[editar | editar código-fonte]Um estudo controlado e randomizado em larga escala testa e avalia possíveis tratamentos para COVID-19 desde março de 2020. Chamado, RECOVERY Trial, ele é conduzido por um departamento da Universidade de Oxford e tem a participação de 40 mil pacientes voluntários.[6][7]
Entre os resultados do estudo, foi apontado, por exemplo, que a aspirina, a azitromicina (um antibiótico) e a cloroquina não são eficazes para tratar covid-19.[8]
Tratamentos recomendados ou aprovados
[editar | editar código-fonte]Para pessoas com baixo risco de hospitalização, a OMS não recomenda nenhuma terapia antiviral. Sintomas como febre e dor podem continuar a ser controlados com analgésicos como o paracetamol.[9]
Em diversos países do mundo, como Brasil, Estados Unidos e Reino Unidos, diversos medicamentos já estão em uso para o tratamento da covid-19 e, até dezembro de 2023, os seguintes estavam recomendados, muitos deles pela própria OMS:
- Baricitinibe[10]
- Casirivimabe+imdevimabe (associação de dois medicamentos; também chamado REGN-COV2)[10]
- Dexametasona
- Molnupiravir[11]
- Regen-COV (combinação de dois anticorpos monoclonais antivirais)[12]
- Remdesivir[13]
- Ruxolitinibe (OMS recomentou uso condicional)[10]
- Sotrovimabe[10]
- Tocilizumabe[14]
- Tofacitinibe (OMS recomentou uso condicional)[10]
- Nirmatrelvir+ritonavir (Paxlovid™)[15][16]
No âmbito brasileiro, a ANVISA aprovou os seguintes medicamentos:
- Baricitinibe[17]
- Banlanivimabe e etesevimabe
- Casirivimabe+imdevimabe ou REGN-COV2[18]
- Regkirona (regdanvimabe)[19]
- Remdesivir[20]
- Sotrovimabe[21]
- Nirmatrelvir+ritonavir (Paxlovid™)[22]
- Molnupiravir[23]
Tratamentos não recomendados
[editar | editar código-fonte]Os tratamentos ineficazes ou não recomendados pelo RECOVERY Trial, OMS, ANVISA, FDA e outros são:
- Aspirina (ácido acetilsalicílico)[24]
- Azitromicina[25]
- Colchicina[26][27]
- Hidroxicloroquina[28][29][30]
- Hidroxicloroquina combinado com azitromicina[31]
- Ivermectina[32][33]
- Lopinavir/ritonavir[34][4]
- Nitazoxanida[35]
- Plasma convalescente[36]
- Proxalutamida[37][38][39]
- Empagliflozina[40]
- Fumarato de Dimetila[41]
Medicamentos em pesquisa
[editar | editar código-fonte]Desde o fim de 2023, o grupo RECOVERY Trial está avaliando os seguintes fármacos:[42]
- Corticoides em altas doses naqueles que necessitam de suporte respiratório mecânico
- Sotrovimab
Referências
- ↑ «Coronavirus disease (COVID-19)». www.who.int (em inglês). Consultado em 7 de setembro de 2021
- ↑ «"Tratamento precoce" e "kit covid": a lamentável história do combate à pandemia no Brasil». Jornal da USP. 14 de outubro de 2021. Consultado em 27 de janeiro de 2022
- ↑ «Entenda o que é o "prêmio" Rusty Razor dado a Didier Raoult, cientista francês que defendeu a cloroquina». br.noticias.yahoo.com. Consultado em 27 de janeiro de 2022
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Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Página na FDA dos Estados Unidos sobre opções de tratamento». (em inglês) título original: Know Your Treatment Options for COVID-19)
- «Portal do projeto Recovery» (em inglês)
- Página da OMS com as recomendações mais atualizadas sobre os tratamentos