Mswati III de Essuatíni

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Mswati III
Rei de Essuatíni
Rei Mswati III na foto oficial para a sua recepção por Barack Obama em setembro de 2009
Rei de Essuatíni
Reinado 21 de agosto de 1982
– presente (41 anos e 242 dias)
Rainha Ntfombi
Consorte 15 esposas
Coroação 25 de abril de 1986
Antecessor(a) Sobhuza II
 
Nascimento 19 de abril de 1968 (56 anos)
  Mbabane, Essuatíni
Nome de nascimento Makhosetive
Dinastia Casa de Dlamini
Pai Sobhuza II
Mãe Ntfombi
Título(s) Chefe da Casa de Dlamini
Filho(s) 25 filhos
Assinatura Assinatura de Mswati III

Mswati III (registrado à nascença como Makhosetive; Mbabane, 19 de abril de 1968) é o atual soberano de Essuatíni (antiga Suazilândia), desde a morte de seu pai, Sobhuza II, em 1982. Suas políticas internas e estilo de vida luxuoso levaram a vários protestos do povo de seu país e críticas da comunidade internacional.[1]

Ele é irmão da que foi a grande-rainha do povo Zulu, Mantfombi Dlamini, falecida em 2021, e é, portanto, tio do atual rei dos zulus, Misuzulu Zulu.[2]

Ele e sua família moram na Vila Real de Ludzidzini.

Juventude[editar | editar código-fonte]

Foi o sexagésimo sétimo filho do rei Sobhuza II e o único de Ntfombi Tfwala, conhecida como Inkosikati LaTfwala, uma das esposas mais jovens do rei Sobhuza II. Nasceu no Raleigh Fitkin Memorial Hospital, somente quatro horas antes da Suazilândia (atual Essuatíni) alcançar a independência do Reino Unido. Viveu sua infância na Residência Real de Etjeni, perto do Palácio Masundwini. Seu nome de nascimento, Makhosetwe, significa Rei das Nações.

Mswati frequentou a Masundwini Primary School e a Lozitha Palace School. Desenvolveu um grande interesse pela Guarda Real, sendo o primeiro jovem cadete da Umbutfo Swaziland Defence Force (USDF). Empregava seu tempo livre treinando com os soldados nos barracões militares de Masundwini, perto da Residência Real de Etjeni.

Regência[editar | editar código-fonte]

Quando seu pai morreu de pneumonia em 1982, o Conselho Real elegeu ao jovem príncipe de 14 anos, Makhosetwe como futuro rei. Durante os seguintes quatro anos, até sua maior idade, duas mulheres de sua família serviram como regentes: a rainha Dzeliwe Shongwe, no período 1982–1983 e sua mãe, a rainha Ntfombi, entre 1983 e 1986, enquanto terminava sua formação em um colégio da Inglaterra, o Sherborne School.[3]

Reinado[editar | editar código-fonte]

Foi coroado príncipe em setembro de 1983 e rei em 25 de abril de 1986 (aos 18 anos sendo o rei mais jovem de Essuatíni). O rei e sua mãe, cujo título é Ndlovukazi ou Grande Elefanta, governam juntos.[4]

Família[editar | editar código-fonte]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Algumas das esposas do rei em 2013 durante um evento no Japão

O rei é poligâmico, ou seja, tem diversas esposas. As duas primeiras esposas de um rei suazi são escolhidas para ele pelos conselheiros nacionais, já que existem regras complexas sobre a sucessão, sendo a rainha-mãe (a primeira esposa do monarca) a que geralmente escolhe o rei, conforme um ditado tradicional que diz "Inkhosi, yinkhosi ngenina" que significa "um rei é rei por meio de sua mãe". Segundo a tradição, o monarca só pode se casar com suas noivas depois que elas engravidarem, provando que podem ter herdeiros. Até então, elas são chamadas de lipovela (concubinas).[5]

Esposas[editar | editar código-fonte]

Inkhosikati La Mbikiza em 2014

Tradicionalmente, o rei de Essuatíni escolhe uma nova esposa periodicamente, após um ritual de dança conhecido como Umhlanga Annual Reed Dance. Ele tem cerca de 15 esposas (excluindo as falecidas e as que deserdaram): Inkhosikati LaMatsebula, Inkhosikati LaMotsa, Inkhosikati LaMbikiza,[6] Inkhosikati LaNgangaza,[7] Inkhosikati Magongo, Inkhosikati LaMahlangu, Inkhosikati LaNtentesa, Inkhosikati LaNkambule, Inkhosikati LaFogiyane (também chamada Rainha Sindiswa Dlamini),[8] Inkhosikati LaMashwama, Inkhosikati Thandi Dlamini (Comissária para os Refugiados)[9] e Inkhosikati LaHlophe.[10][11][12][5][13]

Esposas falecidas[editar | editar código-fonte]

  • Nothando Dube, também chamada Inkhosikati LaDube: faleceu de câncer em março de 2019. O casal teve duas filhas e um filho. Ela foi a 12ª esposa do rei e, aos 22 anos, foi descoberta tendo um caso com Ndumiso Mamba, o então ministro da Justiça e amigo pessoal de Mswati III. Acabou sendo condenada a prisão domiciliar, depois foi banida da casa real.[14][15][16]
  • Nombuso Masango, ou Inkhosikati LaMasango: faleceu em abril de 2018, após cometer suicídio. O casal teve duas filhas.[17]

Esposas que deserdaram[editar | editar código-fonte]

  • Inkosikati LaMagwaza, Inkhosikati LaHoala e Inkhosikati LaGija.[5][11][12][13]

Filhos[editar | editar código-fonte]

O rei tem cerca de 40 filhos, sendo o mais velho, com sua primeira esposa Inkhosikati LaMatsebula, o príncipe Sicalo.[18]

Sua filha mais velha (com sua terceira esposa, Inkhosikati LaMbikiza) é a princesa Sikhanyiso Dlamini, Ministra das Comunicações de Essuatíni. Outra de suas filhas, a Princesa Lindiwe, é Ministra das Relações Exteriores.[9]

Polêmicas[editar | editar código-fonte]

Mswati tem sido criticado por seu estilo de vida, especialmente pela mídia, principalmente pela compra de diversos carros de luxos e construção de mansões para suas mulheres e filhos. De acordo com a lista Forbes de 2009, o rei tem uma fortuna estimada em 200 milhões de dólares.[19]

Ele também é acusado de ser conservador demais, tendo, por exemplo, em 2017 se declarado contra o divórcio, além de não ter feito esforços para democratizar o país.[20]

Ele também já foi acusado de sequestrar mulheres com as quais queria se casar.[21]

Em 2018 Mswati decidiu alterar o nome de seu país de Suazilândia para Essuatíni, alegando que era necessário abandonar o nome da era colonial, que havia sido dado pelos britânicos. Além disso, segundo o rei, o antigo nome em inglês (Swaziland) era frequentemente confundido com Switzerland (Suíça).[22]

Em abril de 2020 a imprensa internacional reportou que o rei estaria "gravemente doente" de COVID-19, mas no dia 7 de maio o governo no país, que já havia negado os boatos, divulgou duas fotos de Mswati, uma delas com ele sentado no trono e outra usando uma máscara de proteção.[23]

Protestos de 2021[editar | editar código-fonte]

Em meados de 2021, uma onda de protestos a favor da democracia e contra o governo de Mswati levou milhares de pessoas às ruas. Dezenas de pessoas acabaram morrendo ao entrar em conflito com as forças militares e outras dezenas também ficaram feridas. Para tentar conter as manifestações, proibidas no país, o governo chegou a impor um toque de recolher e a colocar as duas principais cidades do país, Manzini e Mbabane, sob controle militar. A internet também chegou a ser cortada.[24][25][26]

Em outubro de 2021, bispos da Conferência Episcopal da África do Sul (SACBC), num encontro com o Primeiro-Ministro Sipho Cleopas Dlamini, pediram que houvesse "esforços para resolver pacificamente as tensões e criar um ambiente favorável para o desenvolvimento e a promoção da justiça".[27]

Curiosidades[editar | editar código-fonte]

  • Em 2019, o príncipe Majaha (terceiro filho do rei e primeiro com sua 2ª esposa, Inkhosikati LaMotsa) anunciou seu namoro com Nothando Hlophe, sendo o primeiro dos filhos do rei a apresentar publicamente sua namorada.[28]
  • Também em 2019, o Zambian Observer publicou que o rei havia ordenado a cada homem no país a se casar ao menos duas vezes. No entanto, o porta-voz do governo negou o anúncio e disse que a matéria era "não só um insulto à monarquia e à cultura do país, mas também uma desgraça para o jornalismo".[29]
  • A denominação oficial do rei no território essuatiniano é seguida do epíteto "louvado seja Seu nome", tradição que se mantém desde o reinado de Sobhuza II, seu pai.[carece de fontes?]

Referências

  1. Bearak, Barry. "In Destitute Swaziland, Leader Lives Royally", New York Times, 6 de setembro de 2008.
  2. Sekudu, Bonolo. «Queen regent of the Zulu Nation | All we know about Mantfombi Dlamini Zulu». News24 (em inglês). Consultado em 1 de maio de 2021 
  3. «Biographie : Sobhuza II du Swaziland - Hommes politiques Swaziland». www.bourse-des-voyages.com. Consultado em 19 de maio de 2021 
  4. «Mswati III | Biografia e fatos». Mswati III | Biografia e fatos. 13 de julho de 2020. Consultado em 19 de maio de 2021 
  5. a b c «King Mswati gets a 15th wife». Monitor (em inglês). 5 de janeiro de 2021. Consultado em 17 de maio de 2023 
  6. «News :: The Swaziland News». www.swazilandnews.co.za. Consultado em 17 de maio de 2023 
  7. «African Royalties : AfrRF Women Crush Wednesday: HRH Inkhosikati LaNgangaza». African Royalties. Consultado em 17 de maio de 2023 
  8. «African Royalties : Inkhosikati LaFogiyane celebrates her birthday». African Royalties. Consultado em 17 de maio de 2023 
  9. a b «Her Royal Highness Princess Lindiwe to leave Eswatini». The Government Of the Kingdom Of Eswatini. 2019 
  10. «African Royalties : eSwati Royal family». African Royalties. 14 de dezembro de 2019. Consultado em 17 de maio de 2023 
  11. a b Nkosi, Sibongakonkhe (19 de setembro de 2017). «New bride, his 14th, for Swazi King Mswati the Third». CityPress (em inglês). Consultado em 13 de setembro de 2019 
  12. a b «King Mswati's 12th wife dies in SA hospital - reports». News24 (em inglês). 8 de março de 2019. Consultado em 13 de setembro de 2019 
  13. a b Mebaley, Annie (28 de agosto de 2014). «Who are the Queens of Swaziland?». This is africa (em inglês). Consultado em 13 de setembro de 2019 
  14. «Rei da Suazilândia descobre que 12ª esposa tem caso com ministro e manda prender os dois». O Globo. 3 de agosto de 2010. Consultado em 19 de maio de 2021 
  15. «Royal wife begs rescue from abuse». The Mail & Guardian (em inglês). 15 de julho de 2011. Consultado em 19 de maio de 2021 
  16. «Mswati's 12th wife kicked out». TimesLIVE (em inglês). Consultado em 17 de maio de 2023 
  17. «UPDATE: Royal family announces funeral for King Mswati's queen». Mpumalanga News. 6 de abril de 2018. Consultado em 13 de setembro de 2019 
  18. «Succession to the Swazi throne». Wikipedia (em inglês). 4 de agosto de 2019 
  19. «Rei da eSwatini gasta R$ 70 milhões em 139 carros de luxo para esposas». noticias.uol.com.br. Consultado em 29 de janeiro de 2020 
  20. Nhlabatsi, Bill Snaddon, Sibusiso. «After Mugabe, could King Mswati be the next strongman to fall?». The M&G Online (em inglês). Consultado em 13 de setembro de 2019 
  21. Rebello, Maleeva (25 de abril de 2018). «Meet King Mswati III of Swaziland, the 50-year-old monarch who has 15 wives and 23 children». The Economic Times 
  22. «Suazilândia muda de nome para ultrapassar herança colonial». www.dn.pt. Consultado em 27 de novembro de 2021 
  23. «Após rumores de que estaria doente de COVID-19, rei de Essuatíni aparece em público - Wikinotícias» 
  24. Welle (www.dw.com), Deutsche. «Protestos no Reino de eSwatini deixam vários mortos e feridos, dizem ativistas | DW | 30.06.2021». DW.COM. Consultado em 14 de outubro de 2021 
  25. «Manifestações contra rei de Essuatíni desestabilizam última monarquia absolutista da África». National Geographic. 3 de agosto de 2021. Consultado em 14 de outubro de 2021 
  26. Marima, Tendai (16 de julho de 2021). «Pro-Democracy Protests Continue In Eswatini, Africa's Last Absolute Monarchy». NPR (em inglês). Consultado em 14 de outubro de 2021 
  27. «Bispos da SACBC ao Primeiro-Ministro de eSwatini: promover a justiça e a paz - Vatican News». www.vaticannews.va. 14 de outubro de 2021. Consultado em 14 de outubro de 2021 
  28. «King Mswati's son unveils girlfriend during Reed Dance ceremony». Journal du Cameroun (em francês). 4 de setembro de 2019. Consultado em 13 de setembro de 2019 
  29. Agency. «eSwatini says fake polygamy story 'insult' to king and country». The M&G Online (em inglês). Consultado em 13 de setembro de 2019