Segundo Tratado do Grande Sete

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O Segundo tratado do grande Sete (NHC VII, 2)[1] é um manuscrito apócrifo gnóstico descoberto entre os códices da Biblioteca de Nag Hammadi (Códice VII). Sua composição é datada de cerca da segunda metade do século II por sua referência à ortodoxia como sendo menor, inferior ou desconhecida.[2].

Sete é citado na Bíblia como sendo filho de Adão e Eva (Gênesis 4:25 e seguintes). Segundo alguns gnósticos, Sete foi o primeiro a receber a revelação da gnose.

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O Segundo Tratado do Grande Sete é um diálogo de revelação alegadamente entregue por Jesus Cristo para os gnósticos; o nome de Sete não ocorre no texto, se supondo que Jesus Cristo é identificado como Sete.[3][4]

O texto apresenta de modo simples, a história da comissão do Salvador pela assembleia celeste, sua descida para a terra, seu encontro com os poderes terrestres e aparente sua crucificação e então o retorno ao Pleroma.[3]

A esta versão da história do Salvador, adicionou-se uma exortação do Salvador para seus seguidores com uma promessa de de benção futura, quando ao fim de seu discurso diz "Descansem então comigo, meus espíritos companheiros e meus irmãos, para sempre".[3]

Assim como no Apocalipse Gnóstico de Pedro (NHC VII, 3), a morte de Jesus Cristo não ocorreu, pensou-se que ele tivesse sofrido e morrido mas os governantes tinham capturado o homem errado, o tratado diz - assim como Basilides citado por Irineu de Lyon, que Simão Cireneu esteve envolvido nos eventos que levaram a crucificação e que outra pessoa - o próprio Simão[5] ou o corpo que Jesus adotou - foi crucificado, enquanto Jesus ficou vivo, entretido com a ignorância e tolice dos governantes:[2][5]

Eu não fui de todo atingido. Aqueles que estavam lá me puniram. E eu não morri de verdade mas aparentemente... A minha morte que eles pensaram ter acontecido, [aconteceu] a eles por seu erro e ignorância... foi outro Simão quem carregou a cruz sobre seus ombros. Foi outro a quem eles puseram a coroa de espinhos... E eu estava gargalhando por sua ignorância.
 
Supostamente narrado por Jesus no Segundo tratado do grande Sete[6][5].

Esta é uma interpretação similar a encontrada no Alcorão e em outros textos islâmicos sobre a suposta morte de Jesus.[2] |Até que manuscritos assim fossem encontrados, acreditava-se que esta ideia fosse apenas encontrada na teologia islâmica do século VII em relação a Jesus.[7] Porém, alguns gnósticos acreditavam que Jesus não era um homem e sim um espírito e que, portanto, não poderia morrer (veja Docetismo).

O texto se também se opõe a Adão, Abraão, Isaque, Jacó, Davi, [[Salomão, os profetas e Moisés. O texto mostra o escárnio que os gnósticos sentiam em relação àqueles que não perceberam sua alegada verdade; que o texto bíblico era falso (pelo menos em alguns aspectos importantes) e que o Deus dos judeus não era o Deus verdadeiro.

Referências

  1. Zlatko Pleše (2006). Poetics of the Gnostic Universe: Narrative And Cosmology in the Apocryphon of John. BRILL. p. 305. ISBN 90-04-11674-5.
  2. a b c Willis Barnstone, Marvin Meyer (2009). The Gnostic Bible. Shambhala Publications. pp. 465–466. ISBN 978-0-8348-2414-0.
  3. a b c Marvin W. Meyer; James MacConkey Robinson (1977). The Nag Hammadi Library in English. Brill Archive. p. 329. ISBN 90-04-05434-0.
  4. Roelof van den Broek (2013). Gnostic Religion in Antiquity. Cambridge University Press. p. 109. ISBN 978-1-107-03137-1.
  5. a b c Kenneth Keulman (1993). Critical Moments in Religious History. Mercer University Press. p. 49. ISBN 978-0-86554-411-6.
  6. Tradução para o inglês por Roger A. Bullard and Joseph A. Gibbons, em inglês
  7. Vide por exemplo Alcorão 4.157 - The Holy Qur'an, na Wikisource em inglês

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