Alógenes

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Alógenes, também chamado de Livro do Estrangeiro (ou Estranho), é um texto Gnóstico Setiano entre os Apócrifos do Novo Testamento. A principal cópia sobrevivente do texto é um manuscrito encontrado no códice XI da Biblioteca de Nag Hammadi, embora estejam faltando muitas linhas. Um pequeno fragmento também sobreviveu mais recentemente descoberto Códice Tchacos, o que pode ajudar a preencher as lacunas.

Allogenes, "o Estranho" (ou "estrangeiro"), seria um meio-humano, meio-divino capaz de se comunicar com reinos além do mundo sensível aos sentidos, no incognoscível.

Conteúdo[editar | editar código-fonte]

O texto é sobre as revelações feitas a Alógenes.[1] Alógenes segue descrevendo como ele superou seu medo e ignorância e ascendeu ao reino esotérico de Deus como entendido pelos gnósticos (O Pai Inefável).[2]

É um texto não cristão, totalmente gnóstico; é amplamente considerado como da seita Setiana, no qual Allogenes é uma alegoria para representar Sete[3].

O texto começa com um Allogenes contando a seu filho Mesos um diálogo com um anjo, Youel, revelando a ele aspectos do Triplo-Poderoso, um ser mais poderoso do que Deus. Depois que Youel conclui sua lição, Allogenes afirma: "Minha alma fraquejou, e eu fugi e fiquei muito perturbado. E eu me virei e vi a luz que me rodeava e o Bem que estava em mim, me tornei divino."

Depois que Allogenes considera as revelações feitas a ele por um período de cem anos, Youel retorna e canta um hino de louvor ao Inominável, e então Allogenes ascende a um encontro com "o Deus inefável e Incognoscível." Ele é guiado ao Aeon de Barbelo pelos Luminares, que se engajam na Teologia Negativa ou Apofática.

Muito tempo é gasto na descrição deste assunto: "Ele não é corpóreo. Ele não é incorpóreo. Ele não é grande. Ele não é pequeno. Ele não é um número. Ele não é uma criatura. Nem é algo que existe, que se pode saber. Mas ele é outra coisa de si mesmo que é superior, que não se pode conhecer."

Depois, uma autoridade não identificada ordena que Allogenes escreva o que aprendeu e o coloque em uma montanha, sob guarda, com um oráculo, e ele dedica a obra a seu filho Mesos; "Estas são as coisas que me foram reveladas."

Tentação de Allogenes[editar | editar código-fonte]

A Tentação de Allogenes é outro texto que utiliza esse personagem, encontrado no Códice Tchacos. Trata-se de um texto gnóstico cristão que coloca Allogenes no lugar de Jesus Cristo sendo tentado por Satanás (cf. cap 4 do Evangelho segundo Mateus), acrescentando alusões gnósticas; onde Allogenes descreve "meu Pai" como "[ele] que se elevou acima de todos os grandes Aeons celestes, cada um com seu próprio Deus".

A Tentação de Allogenes começa com Sakla (isto é, Satanás) tentando Allogenes; "Seja como os deste mundo e coma um dos meus pertences!". Allogenes responde usando quase as mesmas palavras de Jesus Cristo no Evangelho segundo Mateus 4:10: "Afasta-te de mim, Satanás! Não é a ti que procuro, mas meu Pai."

Allogenes também proclama que Satanás não sobreviverá aos séculos e clama a Deus por "conhecimento espiritual"; no Monte Tabor, onde recebe a resposta de uma voz de uma nuvem que lhe diz que "Seus apelos foram ouvidos e estou sendo enviado a você neste local para ir e divulgar as Boas Novas. Mas você ainda não encontrou uma saída desta prisão[4]."

Não está claro como os fragmentos de The Tempatation of Allogenes se encaixam, e parte do material do Evangelho de Judas está misturado; é possível que Judas Iscariotes também seja empregado como personagem no texto.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Grego: ἀλλογενὴς (allogenēs), usado na Septuaginta e cujo significado é "[de uma] família/nação diferente"
  2. Texto integral de Alógenes, em inglês
  3. Birger A. Pearson, Gnosticism, Judaism and Egyptian Christianity. Fortress Press, Minneapolis, 2006
  4. Translation of portions of the book of Allogenes, em inglês, acesso em 04/11/2021.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]