Drosophila melanogaster: diferenças entre revisões

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{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=grO-AwAAQBAJ&dq=%22Sp%C3%A4tzle%22+%22Drosophila%22+%22imunidade%22&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s|título=Imunobiologia de Janeway|ultimo=Murphy|primeiro=Kenneth|data=2014-06-01|editora=Artmed Editora|ano=2014|edicao=8|local=Porto Alegre|página=97-98|páginas=|lingua=pt|isbn=9788582710401}}
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| binomial_autoridade = ([[Johann Wilhelm Meigen|Meigen]], [[1830]])<ref>{{citar livro|autor=Meigen JW|título=Systematische Beschreibung der bekannten europäischen zweiflügeligen Insekten|volume=6|publicado=Schulz-Wundermann|ano=1830|língua=Alemão|url=https://dlib.stanford.edu:6521/text1/dd-ill/insekten6.pdf|urlmorta=morta|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120209085519/https://dlib.stanford.edu:6521/text1/dd-ill/insekten6.pdf|arquivodata=2012-02-09}}</ref>
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A '''''Drosophila melanogaster''''', '''mosca-das-frutas''' ou '''mosca-do-vinagre'''<ref>{{citar web|título=Mosca do vinagre é modelo biológico|url=http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=533&doc=14837&mid=2|publicado=apagina.pt|acessodata=22 de outubro de 2017}}</ref>, é uma espécie de [[insecto]] [[díptero]]. Durante muito tempo as drosófilas foram conhecidas como [[Mosca-das-frutas|moscas-das-frutas]], entretanto essa nomenclatura já não é mais utilizada por referir-se mais apropriadamente às moscas da família [[Tephritidae]], que causam prejuízo aos [[fruticultura|fruticultores]]. As drosófilas se alimentam de [[levedura]]s em frutos já caídos em início de [[decomposição]] e, portanto, não causam prejuízo. Esta espécie é um dos animais mais utilizados em experiências de [[genética]], sendo dos mais importantes organismos modelo em [[Biologia]].


'''''Drosophila melanogaster''''' é uma espécie de [[mosca]] (ordem taxonômica [[Diptera]]) na família [[Drosophilidae]]. A espécie também é conhecida como '''mosca-das-frutas''' ou '''mosca-do-vinagre'''.<ref>{{citar web|título=Mosca do vinagre é modelo biológico|url=http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=533&doc=14837&mid=2|publicado=apagina.pt|acessodata=22 de outubro de 2017}}</ref>
É utilizada em inúmeros estudos genéticos por apresentar [[cromossoma]]s "gigantes", formados por várias multiplicações dos filamentos da [[eucromatina]], facilitando sua observação ao [[microscópio]]. Possui estruturas chamadas "pufes", que são prolongamentos da eucromatina que permitem um maior contato da mesma com o hialoplasma [[Núcleo celular|nuclear]], ativando uma área maior do ADN. Cada um de seus [[olho composto|olhos compostos]] possui cerca de 760 [[omatídeo]]s.


A espécie é amplamente utilizada como um [[organismo modelo]], principalmente em pesquisas de [[genética]].<ref name="Markow2015"/> A espécie é normalmente utilizada em pesquisas devido ao seu ciclo de vida rápido, genética relativamente simples com apenas quatro pares de [[cromossomos]] e grande número de descendentes por geração.<ref name="Encyclopedia of genetics">{{citar enciclopédia|primeiro=James H.|último=Sang|editor =Eric C. R Reeve|enciclopédia=Encyclopedia of genetics|título=Drosophila melanogaster: The Fruit Fly | url=https://books.google.com/books?id=JjLWYKqehRsC&pg=PA157&lpg=PA157&dq=drosophila+eggs+day+lifetime|data=2001-06-23|publicado=Fitzroy Dearborn Publishers, I |língua=inglês|local=EUA|página=157|isbn=978-1-884964-34-3}}</ref> Era originalmente uma espécie africana, com todas as linhagens não-africanas tendo uma origem comum.<ref>{{citar periódico|autores=Baudry E, Viginier B, Veuille M|título=Non-African populations of Drosophila melanogaster have a unique origin|publicado=Molecular Biology and Evolution|volume=21|número=8|páginas=1482–91|data=Agosto 2004|pmid=15014160|doi=10.1093/molbev/msh089}}</ref> [[Distribuição cosmopolita|Sua distribuição geográfica inclui todos os continentes, incluindo ilhas.]]<ref name="Markow2015">{{citar periódico | autores = Markow TA | título = The secret lives of Drosophila flies | language = English | journal = eLife | volume = 4 | data= Junho 2015 | pmid = 26041333 | pmc = 4454838 | doi = 10.7554/eLife.06793 }}</ref> ''D. melanogaster'' é uma praga comum em casas, restaurantes e outros lugares onde a comida é servida.<ref name="ento.psu.edu">{{cite web|url=http://ento.psu.edu/extension/factsheets/vinegar-flies|título=Vinegar Flies, ''Drosophila'' species, Family: ''Drosophilidae''|publisher=Department of Entomology, College of Agricultural Sciences, Pennsylvania State University|data=2017}}</ref>
==Reprodução==
[[Thomas Hunt Morgan]], [[embriologista]], realizou estudos aprofundados com moscas. As moscas estudadas têm dimensões reduzidas e, muito frequentemente, estão sobre os [[fruto]]s maduros, tendo o nome científico ''Drosophila melanogaster''; sendo, por isso, conhecida por mosca-da-fruta.


As moscas pertencentes à família [[Tephritidae]] também são chamadas de "moscas da fruta". Isso pode causar confusão, pois os tefritídeos são pragas que causam prejuízo aos [[fruticultura|fruticultores]]. As drosófilas se alimentam de [[levedura]]s em frutos já caídos em início de [[decomposição]] e, portanto, não causam prejuízo.
Numa amostra de moscas-das-frutas com olhos vermelhos, consideradas a forma selvagem, Morgan encontrou um dia, com grande surpresa, um macho com olhos brancos. Passou então a estudar a transmissão genética desta característica.


== Aparência física ==
A forma desta mosca que predomina na natureza tem o corpo cinzento, [[olho]]s vermelhos e [[asa]]s longas e é designada por forma selvagem. No entanto, também existem outras formas com características alternativas como, por exemplo, olhos brancos, corpo preto ou asas vestigiais.
[[File:Biology Illustration Animals Insects Drosophila melanogaster.svg|thumb|left|Fêmea (esquerda) e macho de ''D. melanogaster'']]
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A [[Alelo selvagem|forma selvagem]] de ''D. melanogaster'' possui o corpo amarelo-acastanhadas, com olhos vermelho e anéis transversais pretos no abdômen. A cor dos olhos do tipo selvagem deve-se a dois pigmentos: xantomantina,<ref>{{citar periódico|autor=Silva Moreno, F. J.|ano=1986|título=Estudio bioquímico de las interacciones entre mutantes que afectan a la síntesis de pteridinas y xantomatina en Drosophila Melanogaster}}</ref> que é marrom e derivada do triptofano, e drosopterinas, que são vermelhas e derivadas do trifosfato de guanosina.<ref name="Ewart 213–224">{{citar periódico |autores=Ewart GD, Howells AJ |título=ABC transporters involved in transport of eye pigment precursors in Drosophila melanogaster |publicado=Methods in Enzymology |volume=292 |páginas=213–24 |data=1998-01-01 |pmid=9711556 |doi=10.1016/S0076-6879(98)92017-1 |isbn=9780121821937 |série=ABC Transporters: Biochemical, Cellular, and Molecular Aspects |url=https://www.sciencedirect.com/bookseries/methods-in-enzymology/vol/292/suppl/C |acessodata= |ultimo= |primeiro=}}</ref>
É costume representar-se a constituição genética das formas alternativas pela letra inicial da palavra inglesa que expressa a característica que elas manifestam. Por exemplo, o [[alelo]] para olhos brancos representa-se por w (de ''white''). Quando este ''[[locus]]'' é ocupado pelo alelo da forma selvagem, este representa-se pela mesma letra acrescida do sinal + (w+).


Apresentam dimorfismo sexual; as fêmeas têm cerca de 2,5 mm de comprimento; os machos são ligeiramente menores com o dorso mais escuro. Os machos são facilmente distinguidos das fêmeas. Os machos apresentam uma mancha preta na extremidade do abdômen, devido à fusão dos segmentos terminais. Possuem uma estrutura pilosa, denominada "pente sexual", na base do metatarso do par de patas anterior.<ref>{{Citar web |url=http://darwin2009.cienciaviva.pt/img/upload/distincao_sexos.pdf |titulo=Distinção dos sexos |acessodata=2020-10-11 |publicado=Estaleiro da Ciência - Guia prático |anooriginal=2008 |arquivoformato=PDF |urlmorta=no |wayb=20201011165218}}</ref> Além disso, os machos têm um aglomerado de pêlos pontiagudos (grampos) ao redor das partes reprodutoras usadas para se prender à fêmea durante o acasalamento. As fêmeas apresentam listas claras e escuras nos segmentos abdominais e não possuem qualquer estrutura pilosa nas patas.

==Ciclo de vida e reprodução==
[[File:Drosophila egg.png|thumb|left|Ovo de ''D. melanogaster'']]
A duração média do ciclo de vida de ''D. melanogaster'' depende das condições ambientais. Em condições ideais de crescimento, a 25°C, o tempo de vida de melanogaster é de cerca de 50 dias, do ovo à morte.<ref>{{Citar periódico|autores=Linford NJ, Bilgir C, Ro J, Pletcher SD|título= Measurement of lifespan in Drosophila melanogaster|periódico=Journal of Visualized Experiments|número=71|data=Janeiro 2013|pmid=23328955|pmc=3582515|doi=10.3791/50068}}</ref> O período de desenvolvimento de ''D. melanogaster'' varia com a temperatura, como em muitas espécies [[Poiquilotermia|ectotérmicas]]. O menor tempo de desenvolvimento (ovo a adulto), 7 dias, é alcançado a 28°C.<ref name=Ashburner_1978>{{Citar livro|autores=Ashburner M, Thompson JN|capítulo=The laboratory culture of ''[[Drosophila]]''|título=The genetics and biology of ''Drosophila''|editor=Ashburner M, Wright TRF|volume=2A|páginas=1–81|editora= Academic Press|ano=1978|isbn=}}</ref><ref name=Ashburner_2005>{{Citar livro| autores = Ashburner M, Golic KG, Hawley RS| título = Drosophila: A Laboratory Handbook. |páginas= 162–4 | edição = 2 | editora = Cold Spring Harbor Laboratory Press | ano = 2005 | isbn = 978-0-87969-706-8 }}</ref>

Os tempos de desenvolvimento aumentam em temperaturas mais altas (11 dias em 30°C}}) devido ao estresse térmico. Em condições ideais, o tempo de desenvolvimento a 25°C é de 8,5 dias, a 18°C leva 19 dias, e a 12°C leva mais de 50 dias.<ref name=Ashburner_1978/><ref name=Ashburner_2005/> Em condições de superlotação, o tempo de desenvolvimento aumenta,<ref name="Chaing">{{Citar periódico|autores= Chiang HC, Hodson AC|título=An analytical study of population growth in ''Drosophila melanogaster''|periódico=Ecological Monographs|ano=1950|volume=20|páginas=173–206 | jstor=1948580|doi=10.2307/1948580|número=3}}</ref> enquanto as moscas emergentes são menores.<ref name="Chaing" /><ref>{{Citar periódico|autor=Bakker K|título=An analysis of factors which determine success in competition for food among larvae of ''Drosophila melanogaster''|publicado=Archives Néerlandaises de Zoologie|ano=1961|volume=14 |páginas=200–281|doi=10.1163/036551661X00061|número =2}}</ref>

Fêmeas depositam cerca de 400 ovos, cinco de cada vez, em frutas podres ou outros materiais adequados, como fungos em decomposição e fluxos de seiva. ''Drosophila melanogaster'' é um inseto [[Holometabolismo|holometabólico]], sofrendo uma [[metamorfose]] completa. Seu ciclo de vida é dividido em 4 fases: [[embrião]], [[larva]], [[pupa]], [[adulto]].<ref>{{cite book | autores = Fernández-Moreno MA, Farr CL, Kaguni LS, Garesse R | título = Mitochondria | chapter = Drosophila melanogaster as a model system to study mitochondrial biology | volume = 372 | pages = 33–49 | data= 2007 | pmid = 18314716 | pmc = 4876951 | doi = 10.1007/978-1-59745-365-3_3 | isbn = 978-1-58829-667-2 | series = Methods in Molecular Biology (Clifton, N.J.) }}</ref> Os ovos, que medem cerca de 0,5 mm, eclodem em 12 a 15 horas (a 25°C). As larvas resultantes crescem por 4 dias (a 25°C) com duas [[ecdise|mudas]] (no 2º e 3º estágio larval), em aproximadamente 24 a 48 horas após a eclosão. Durante esse tempo, se alimentam dos [[microrganismos]] que decompõem a fruta, assim como dos açúcares da fruta. A mãe coloca fezes nas bolsas de ovos para estabelecer a mesma composição microbiana no intestino das larvas. <ref name="pmid24194543">{{citar periódico | autores = Blum JE, Fischer CN, Miles J, Handelsman J | título = Frequent replenishment sustains the beneficial microbiome of Drosophila melanogaster | publicado = mBio | volume = 4 | número = 6 | pages = e00860-13 | data= 2013 | pmid = 24194543 | pmc = 3892787 | doi = 10.1128/mBio.00860-13 }}</ref> As larvas então encapsulam no pupário e passam por uma metamorfose (a 25°C) por quatro dias, após os quais os adultos emergem da pupa.<ref name=Ashburner_1978/><ref name=Ashburner_2005/>

Os machos executam uma sequência de cinco padrões de comportamento para cortejar as fêmeas. Primeiro, os machos se orientam enquanto produzem uma "canção" de cortejo, abrindo suas asas horizontalmente e fazendo-as vibrar. Pouco depois, o macho posiciona-se na parte de trás do abdômen da fêmea em uma postura baixa para dar tapinhas e lamber os genitais da fêmea. Eventualmente, o homem dobra o abdômen e tenta a cópula. As fêmeas podem rejeitar os machos afastando-se deles, chutando-os e expulsando seu ovipositor.<ref>{{citar periódico|autores=Cook R, Connolly K|título=Rejection Responses by Female Drosophila melanogaster: Their Ontogeny, Causality and Effects upon the Behaviour of the Courting Male|publicado=Behaviour|ano=1973|volume=44|número=1/2|páginas=142–166|jstor=4533484|doi=10.1163/156853973x00364}}</ref>

A cópula dura de 15 a 20 minutos,<ref>{{citar periódico|autores=Houot B, Svetec N, Godoy-Herrera R, Ferveur JF|título=Effect of laboratory acclimation on the variation of reproduction-related characters in Drosophila melanogaster|publicado=The Journal of Experimental Biology|volume=213|número=Pt 13|páginas=2322–31|data=Julho 2010|pmid=20543131|doi = 10.1242/jeb.041566}}</ref>durante o qual os machos transferem para a fêmea algumas centenas de [[espermatozoide]]s muito longos (1,76 mm) no fluido seminal. <ref>{{citar livro|título=Developmental Biology|autor=Gilbert SF| ano= 2006 |capítulo = 9: Fertilization in Drosophila | editora = Sinauer Associates | url = http://8e.devbio.com/article.php?ch=9&id=87 | isbn = 978-0-87893-250-4 | edição = 8th | urlmorta = morta| arquivourl = https://web.archive.org/web/20070207233537/http://8e.devbio.com/article.php?ch=9&id=87 | arquivodata = 2007-02-07 }}</ref> As fêmeas armazenam o esperma em um receptáculo tubular e em dois [[espermateca]]s em forma de cogumelo, onde espermatozoides de muitos cruzamentos competem pela fertilização. Acredita-se que exista uma última precedência masculina; o último macho a acasalar com uma fêmea reproduz cerca de 80% de sua prole. Essa precedência ocorre por meio dos mecanismos chamados de deslocamento e incapacitação.<ref name=sperm>{{citar periódico|autores= Price CS, Dyer KA, Coyne JA|título= Sperm competition between Drosophila males involves both displacement and incapacitation |publicado= Nature | volume = 400 |número = 6743 |páginas= 449–52 | data =Julho 1999 | pmid = 10440373 | doi = 10.1038/22755 | | bibcode = 1999Natur.400..449P }}</ref> O deslocamento é atribuído ao manuseio do esperma pela fêmea, à medida que ocorrem os vários acasalamentos, e é mais significativo durante os primeiros 1 ou 2 dias após a cópula. O deslocamento do receptáculo seminal é mais significativo do que o deslocamento do espermateca..<ref name=sperm/> A incapacitação do espermatozoide do primeiro macho pelo espermatozoide do segundo macho é significativa de 2 a 7 dias após a cópula. Acredita-se que o fluido seminal do segundo macho seja responsável por esse mecanismo de incapacitação (sem a remoção do primeiro espermatozoide masculino), que tem efeito antes da [[fertilização]] ocorrer.<ref name=sperm/>

Acredita-se que o atraso na eficácia do mecanismo de incapacitação seja um mecanismo de proteção que evita que uma mosca macho incapacite seu próprio esperma, caso acasale repetidamente com a mesma mosca fêmea. Neurônios sensoriais no útero de ''D. melanogaster'' fêmeas respondem a uma proteína masculina que é encontrada no sêmen. Esta proteína torna a fêmea relutante em copular por cerca de 10 dias após a [[inseminação]]. O sinal é enviado a uma região do cérebro que é homóloga do [[hipotálamo]] e o hipotálamo controla então o comportamento sexual e o desejo. Hormônios gonadotrópicos em ''Drosophila'' mantêm a homeostase e governam a produção reprodutiva por meio de uma inter-relação cíclica, não muito diferente do [[ciclo estral]] dos mamíferos.<ref>{{citar periódico | autores = Meiselman M, Lee SS, Tran RT, Dai H, Ding Y, Rivera-Perez C, Wijesekera TP, Dauwalder B, Noriega FG, Adams ME | display-authors = 6 | título = Drosophila melanogaster | publicado = Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America | volume = 114 | número = 19 | páginas = E3849–E3858 | data= Maio 2017 | pmid = 28439025 | pmc = 5441734 | doi = 10.1073/pnas.1620760114 }}</ref>

== Organismo modelo em genética ==
''D. melanogaster'' foi um dos primeiros [[organismos]] usados para análises genéticas, e hoje é um dos organismos mais amplamente usados e geneticamente conhecidos de todos os [[Eucarioto|eucariotos]]. Todos os organismos usam sistemas genéticos comuns; portanto, compreender processos gerais como a transcrição e replicação do DNA em moscas-das-frutas ajuda a entender esses processos em outros eucariotos, incluindo humanos. A espécie também tem importância na pesquisa ambiental e mutagênese.
[[Ficheiro:Drosophila Gene Linkage Map.svg|miniaturadaimagem|407x407px|[[Alfred Sturtevant]] Mapa de [[Linkage genético|''linkage'' genético]] de ''Drosophila melanogaster'': Este foi o primeiro sucesso mapeamento de genes e fornece evidências importantes para a teoria cromossômica da herança. O mapa mostra as posições relativas das características alélicas no segundo cromossomo de ''Drosophila''. A distância entre os genes (unidades de mapa) é igual à porcentagem de eventos de crossing-over que ocorrem entre diferentes alelos.]]
[[Thomas Hunt Morgan]] começou a usar moscas de fruta em estudos experimentais de hereditariedade em 1910, em um laboratório conhecido como "Fly Room" (sala da mosca). Essa sala era ocupada por oito mesas, nas quais os alunos faziam seus experimentos. Alguns dos experimentos mais importantes da história da biologia foram realizados lá. Morgan e seus alunos elucidaram muitos princípios básicos de hereditariedade, incluindo herança ligada ao sexo, [[epistasia]], alelos múltiplos e [[mapeamento genético]].<ref>{{Citar livro|url=http://archive.org/details/geneticsconceptu0000unse|título=Genetics : a conceptual approach|ultimo=Pierce|primeiro=BA|editora=W.H. Freeman|ano=2004|edicao=2|local=New York|página=|páginas=|isbn=978-0-7167-8881-2}}</ref>

=== Razões para uso em laboratórios ===
[[Ficheiro:EyeColors.jpg|miniaturadaimagem|Tipos de ''D. melanogaster'' (sentido horário): olhos castanhos com corpo preto, olhos cinábrios, olhos sépia com corpo preto (''ebony''), olhos vermelhos, olhos brancos e olhos do tipo selvagem com corpo amarelo.]]
Existem muitos motivos pelos quais a mosca da fruta é uma escolha popular como organismo modelo:

* Baixo custo e fácil manuseio no laboratório.<ref>{{Citar periódico |titulo=Flies and their Golden Apples: The effect of dietary restriction on Drosophila aging and age-dependent gene expression |url=http://dx.doi.org/10.1016/j.arr.2005.06.007 |jornal=Ageing Research Reviews |data=2005-11 |issn=1568-1637 |paginas=451–480 |numero=4 |acessodata=2020-10-11 |doi=10.1016/j.arr.2005.06.007 |primeiro=Scott D. |ultimo=Pletcher |primeiro2=Sergiy |ultimo2=Libert |primeiro3=Danielle |ultimo3=Skorupa}}</ref>
* São facilmente anestesiadas, recuperando rapidamente o estado normal.<ref name=":0">{{citar web |ultimo=Aguiar |primeiro=Cristina Almeida |url=https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/53653/1/Guia%20Trabalhos%20Práticos%20Hereditariedade%20e%20Evolução.pdf |titulo=Hereditariedade e Evolução - Guia de Trabalhos Práticos |data=2015 |acessodata= |publicado=Departamento de Biologia - Universidade do Minho |formato=PDF}}</ref>
* Sua morfologia é fácil de identificar uma vez anestesiada.
* Tem um tempo de geração curto (cerca de 10 dias à temperatura ambiente), portanto, várias gerações podem ser estudadas em poucas semanas.<ref>{{Citar periódico |titulo=Diet, metabolism and lifespan in Drosophila |url=http://dx.doi.org/10.1016/j.exger.2005.06.013 |jornal=Experimental Gerontology |data=2005-11 |issn=0531-5565 |paginas=857–862 |numero=11 |acessodata=2020-10-11 |doi=10.1016/j.exger.2005.06.013 |primeiro=Matthew D.W. |ultimo=Piper |primeiro2=Danielle |ultimo2=Skorupa |primeiro3=Linda |ultimo3=Partridge}}</ref>
* Possui alta fecundidade (as fêmeas põem até 100 ovos por dia e talvez 2.000 durante a vida).<span class="reference" id="cite_ref-Encyclopedia_of_genetics_4-1"></span>
* Machos e fêmeas são facilmente distinguidos, e fêmeas virgens são facilmente isoladas, facilitando o cruzamento genético.
* A larva madura possui cromossomos gigantes nas glândulas salivares, chamados [[Cromossomo politênico|cromossomos politênicos]] , que indicam regiões de transcrição.<ref>{{Citar periódico |titulo=Polytene Chromosomes – A Portrait of Functional Organization of the Drosophila Genome |doi=10.2174/1389202918666171016123830 |primeiro4=Igor F. |ultimo3=Belyaeva |primeiro3=Elena S. |ultimo2=Levitsky |primeiro2=Victor G. |ultimo=Zykova |primeiro=Tatyana Yu |acessodata=2020-10-11 |url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5850506/ |numero=3 |pmid=29606905 |pmc=5850506 |paginas=179–191 |issn=1389-2029 |data=2018-4 |jornal=Current Genomics |ultimo4=Zhimulev}}</ref>
* Possui apenas quatro pares de cromossomos - três autossomos e um par de cromossomos sexuais.
* Os machos não apresentam recombinação meiótica, facilitando os estudos genéticos.
* Existem numerosos mutantes espontâneos e obtêm-se facilmente mutações induzidas.<ref name=":0" />
* Os "cromossomos balanceadores" letais recessivos carregando marcadores genéticos visíveis podem ser usados ​​para manter os estoques de alelos letais em um estado heterozigoto sem recombinação devido a múltiplas inversões no balanceador.
* O desenvolvimento desse organismo - do ovo fertilizado ao adulto maduro - é bem compreendido.
* As técnicas de transformação genética estão disponíveis desde 1987.
* Seu genoma completo foi sequenciado e publicado pela primeira vez em 2000.<ref name=":1">{{Citar periódico |titulo=The Genome Sequence of Drosophila melanogaster |primeiro3=Robert A. |primeiro9=Roger A. |ultimo8=Li |primeiro8=Peter W. |ultimo7=Scherer |primeiro7=Steven E. |ultimo6=Amanatides |primeiro6=Peter G. |ultimo5=Gocayne |primeiro5=Jeannine D. |ultimo4=Evans |primeiro4=Cheryl A. |ultimo3=Holt |ultimo2=Celniker |url=https://science.sciencemag.org/content/287/5461/2185 |primeiro2=Susan E. |ultimo=Adams |primeiro=Mark D. |lingua=en |doi=10.1126/science.287.5461.2185 |acessodata=2020-10-11 |numero=5461 |pmid=10731132 |paginas=2185–2195 |issn=0036-8075 |data=2000-03-24 |jornal=Science |ultimo9=Hoskins}}</ref>
* Os mosaicos sexuais podem ser produzidos prontamente, fornecendo uma ferramenta adicional para estudar o desenvolvimento e o comportamento dessas moscas.<span class="reference" id="cite_ref-Hotta_1972_37-0"></span>

=== Marcadores genéticos ===
Os marcadores genéticos são comumente usados ​​em pesquisas com drosófilas, e a maioria dos [[fenótipos]] são facilmente identificáveis ​​a olho nu ou com um microscópio. Na lista de exemplos de marcadores comuns abaixo, o símbolo do [[alelo]] (em inglês) é seguido pelo nome dos genes afetados e a descrição de seu fenótipo. ''(Observação: os alelos recessivos são escritos em letras minúsculas, enquanto os alelos dominantes são escritos em letras maiúsculas.)''

* Cy<sup>1</sup>: ''Curly''; as asas são curvadas para além do corpo e o voo pode ser um pouco alterado.
* e<sup>1</sup>: ''Ebony''; corpo e asas pretas (os heterozigotos são visivelmente mais escuros que o tipo selvagem).
* Sb<sup>1</sup>: ''Stubble''; os pelos são mais curtos e mais grossos do que os do tipo selvagem.
* w<sup>1</sup>: ''White''; olhos sem pigmentação visual, de cor branca.
* bw: ''Brown''; cor dos olhos determinada por vários pigmentos combinados
* y<sup>1</sup>: ''Yellow''; pigmentação do corpo e asas amarelas. Este é o análogo nas moscas do [[albinismo]].

''Os'' genes de ''Drosophila'' são tradicionalmente nomeados devido ao fenótipo que causam quando sofrem mutação. Por exemplo, a ausência de um determinado gene em ''Drosophila'' resultará em um embrião mutante que não desenvolve o coração; os cientistas nomearam o gene de ''tinman'' ([[Homem de Lata]], a partir do personagem de [[The Wonderful Wizard of Oz]], que não tinha coração).<ref>{{Citar periódico |titulo=tinman and bagpipe: two homeo box genes that determine cell fates in the dorsal mesoderm of Drosophila. |url=http://genesdev.cshlp.org/content/7/7b/1325 |jornal=Genes & Development |data=1993-07-01 |issn=0890-9369 |paginas=1325–1340 |pmid=8101173 |numero=7b |acessodata=2020-10-11 |doi=10.1101/gad.7.7b.1325 |lingua=en |primeiro=N. |ultimo=Azpiazu |primeiro2=M. |ultimo2=Frasch}}</ref> Este sistema de nomenclatura compreende um número maior de nomes de genes do que em outros organismos.

== Genoma ==
[[File:Wild-Type vs. Miniature Wings.jpg|thumb|311x311px|Asa tipo selvagem (esquerda) vs. Asa miniatura (direita)]]O genoma de ''D. melanogaster'' (sequenciado em 2000)<ref name=":1" /> contém quatro pares de cromossomos - um par X/Y e três autossomos rotulados 2, 3 e 4. O quarto cromossomo é tão minúsculo, que muitas vezes é ignorado, com exceção de seu importante gene ''eyeless'' (sem olhos). O genoma sequenciado de ''D. melanogaster'' possui 139,5 milhões de pares de bases,<ref>{{Citar web |url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/genome/?term=drosophila%20melanogaster |titulo=Drosophila melanogaster (ID 47) - Genome - NCBI |acessodata=2020-10-11 |website=www.ncbi.nlm.nih.gov}}</ref> e contém cerca de 15.682 genes de acordo com a versão 73 do Ensemble. Mais de 60% do genoma parece ser DNA funcional não-codificador de proteínas, envolvido em controle da expressão gênica.<ref>{{Citar periódico |titulo=Ubiquitous selective constraints in the Drosophila genome revealed by a genome-wide interspecies comparison |url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1484454/ |jornal=Genome Research |data=2006-7 |issn=1088-9051 |paginas=875–884 |pmc=1484454 |pmid=16751341 |numero=7 |acessodata=2020-10-11 |doi=10.1101/gr.5022906 |primeiro=Daniel L. |ultimo=Halligan |primeiro2=Peter D. |ultimo2=Keightley}}</ref>

A determinação do sexo em ''Drosophila'' ocorre pela proporção de cromossomos X em relação aos autossomos,<ref>{{Citar web |url=https://geneticavirtual.webnode.com.br/genetica-virtual-home/prefacio/determina%C3%A7%C3%A3o%20e%20heran%C3%A7a%20do%20sexo/determina%C3%A7%C3%A3o-do-sexo-em-plantas2/ |titulo=Det. do Sexo em Drosophila :: CARBONARO, T. M. |acessodata=2020-10-11 |website=geneticavirtual.webnode.com.br}}</ref> não pela presença ou ausência de um cromossomo Y, como na determinação sexual humana. Embora o cromossomo Y seja totalmente heterocromático, ele contém pelo menos 16 genes, muitos dos quais têm funções relacionadas ao sexo masculino. <ref>{{Citar periódico |titulo=Origin and evolution of the Drosophila Y chromosome |url=http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0959437X02003568 |jornal=Current Opinion in Genetics & Development |data=2002-12-01 |issn=0959-437X |paginas=664–668 |numero=6 |acessodata=2020-10-11 |doi=10.1016/S0959-437X(02)00356-8 |lingua=en |primeiro=A. Bernardo |ultimo=Carvalho}}</ref>

=== Semelhança com humanos ===
Um estudo publicado em março de 2000, realizado pelo National Human Genome Research Institute, comparou o genoma da ''Drosophila melanogaster'' com o [[genoma humano]], e estimou que cerca de 60% dos genes são conservados entre as duas espécies. Cerca de 75% dos genes de doenças humanas conhecidas têm uma correspondência reconhecível no genoma da espécie. A ''Drosophila'' está sendo usada como um modelo genético para várias doenças humanas, incluindo doenças neurodegenerativas como [[Doença de Parkinson|Parkinson]], [[Doença de Huntington|Huntington]], [[ataxia espinocerebelar]] e [[doença de Alzheimer]]. A mosca também está sendo usada para estudar mecanismos subjacentes ao envelhecimento e estresse oxidativo, imunidade, diabetes e câncer, bem como abuso de drogas.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=2zbZCgAAQBAJ|título=Fly Models of Human Diseases|data=2017-01-02|editora=Academic Press|lingua=en}}</ref><ref>{{Citar periódico |titulo=Immunity in Drosophila melanogaster — from microbial recognition to whole- organism physiology |acessodata=2020-10-11 |primeiro3=Sara |ultimo2=Silverman |primeiro2=Neal |ultimo=Buchon |primeiro=Nicolas |doi=10.1038/nri3763 |numero=12 |url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6190593/ |pmid=25421701 |pmc=6190593 |paginas=796–810 |issn=1474-1733 |data=2014-12 |jornal=Nature reviews. Immunology |ultimo3=Cherry}}</ref><ref>{{Citar periódico |titulo=Drosophila melanogaster as a model to study drug addiction |acessodata=2020-10-11 |primeiro3=Ulrike |ultimo2=Devineni |primeiro2=Anita V. |ultimo=Kaun |primeiro=Karla R. |doi=10.1007/s00439-012-1146-6 |numero=6 |url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3351628/ |pmid=22350798 |pmc=3351628 |paginas=959–975 |issn=0340-6717 |data=2012-6 |jornal=Human Genetics |ultimo3=Heberlein}}</ref> <!--Numa amostra de moscas-das-frutas com olhos vermelhos, consideradas a forma selvagem, Morgan encontrou um dia, com grande surpresa, um macho com olhos brancos. Passou então a estudar a transmissão genética desta característica.
A forma desta mosca que predomina na natureza tem o corpo cinzento, [[olho]]s vermelhos e [[asa]]s longas e é designada por forma selvagem. No entanto, também existem outras formas com características alternativas como, por exemplo, olhos brancos, corpo preto ou asas vestigiais.
É costume representar-se a constituição genética das formas alternativas pela letra inicial da palavra inglesa que expressa a característica que elas manifestam. Por exemplo, o [[alelo]] para olhos brancos representa-se por w (de ''white''). Quando este ''[[locus]]'' é ocupado pelo alelo da forma selvagem, este representa-se pela mesma letra acrescida do sinal + (w+).
[[Ficheiro:Drosophila egg.png|frame|left|Ovo de ''D. melanogaster'']]
[[Ficheiro:Drosophila egg.png|frame|left|Ovo de ''D. melanogaster'']]
Se nas experiências de [[Mendel]] não foi relevante que determinado fenótipo pertencesse à fêmea ou ao macho, isto é, efectuar o cruzamento directo ou o cruzamento recíproco não interferiria nos resultados, o mesmo não se passou nos resultados obtidos por Morgan. Assim, cruzou entre si indivíduos pertencentes a linhas puras, um com olhos brancos e outro com olhos vermelhos (selvagem); mas não só efectuou o cruzamento directo (fêmea de olhos vermelhos com macho de olhos brancos) como o cruzamento recíproco (fêmea de olhos brancos com macho de olhos vermelhos). O alelo que condiciona a cor selvagem (w+) é dominante em relação ao alelo que condiciona a cor branca dos olhos (w).
Se nas experiências de [[Mendel]] não foi relevante que determinado fenótipo pertencesse à fêmea ou ao macho, isto é, efectuar o cruzamento directo ou o cruzamento recíproco não interferiria nos resultados, o mesmo não se passou nos resultados obtidos por Morgan. Assim, cruzou entre si indivíduos pertencentes a linhas puras, um com olhos brancos e outro com olhos vermelhos (selvagem); mas não só efectuou o cruzamento directo (fêmea de olhos vermelhos com macho de olhos brancos) como o cruzamento recíproco (fêmea de olhos brancos com macho de olhos vermelhos). O alelo que condiciona a cor selvagem (w+) é dominante em relação ao alelo que condiciona a cor branca dos olhos (w).

[[Ficheiro:Macho_e_fêmea.jpg|miniaturadaimagem|Exemplares macho e fêmea adultos de ''Drosophila melanogaster.'']]
[[Ficheiro:Macho_e_fêmea.jpg|miniaturadaimagem|Exemplares macho e fêmea adultos de ''Drosophila melanogaster.'']]
No primeiro cruzamento os indivíduos apresentam todos os olhos vermelhos, sendo 50% de fêmeas e 50% de machos. Estes resultados estão de acordo com os previstos por Mendel, evidenciando-se o alelo vermelho como dominante. Porém, no cruzamento recíproco, todas as fêmeas têm olhos vermelhos e todos os machos têm olhos brancos. Não se verifica nestes resultados a uniformidade [[fenótipo|fenotípica]] dos indivíduos da primeira geração.
No primeiro cruzamento os indivíduos apresentam todos os olhos vermelhos, sendo 50% de fêmeas e 50% de machos. Estes resultados estão de acordo com os previstos por Mendel, evidenciando-se o alelo vermelho como dominante. Porém, no cruzamento recíproco, todas as fêmeas têm olhos vermelhos e todos os machos têm olhos brancos. Não se verifica nestes resultados a uniformidade [[fenótipo|fenotípica]] dos indivíduos da primeira geração.

Na drosófila, como na maioria dos animais, o sexo masculino ou sexo feminino depende de um par de [[cromossoma]]s chamados cromossomas sexuais. Os indivíduos que apresentam dois cromossomas sexuais idênticos dizem-se homogaméticos e os que apresentam dois cromossomas sexuais diferentes entre si dizem-se heterogaméticos. As fêmeas de drosófila possuem dois cromossomas X, ao passo que os machos possuem os mesmos autossomas, mas um cromossoma X e um cromossoma Y. O sexo heterogamético é, pois, o sexo masculino.
Na drosófila, como na maioria dos animais, o sexo masculino ou sexo feminino depende de um par de [[cromossoma]]s chamados cromossomas sexuais. Os indivíduos que apresentam dois cromossomas sexuais idênticos dizem-se homogaméticos e os que apresentam dois cromossomas sexuais diferentes entre si dizem-se heterogaméticos. As fêmeas de drosófila possuem dois cromossomas X, ao passo que os machos possuem os mesmos autossomas, mas um cromossoma X e um cromossoma Y. O sexo heterogamético é, pois, o sexo masculino.

[[Ficheiro:Drosophila melanogaster - side (aka).jpg|thumb|left|Drosophila melanogaster vista de lado]]
[[Ficheiro:Drosophila melanogaster - side (aka).jpg|thumb|left|Drosophila melanogaster vista de lado]]
Todavia, a determinação do sexo em drosófilas não é devido à presença do cromossomo Y como na espécie humana e, sim, pela quantidade de cromossomos X dividida pelo número do conjunto autossômico (2n), de modo que o quociente sendo 1, o indivíduo é fêmea, caso seja diferente de 1, o indivíduo é macho. Por exemplo, para uma drosófila com dois cromossomos X, teríamos, Sexo = 2X / 2n = 1 (fêmea); de forma semelhante, se o individuo tiver um cromossomo X e outro Y, teríamos, Sexo = 1X / 2n = 0,5(macho).
Todavia, a determinação do sexo em drosófilas não é devido à presença do cromossomo Y como na espécie humana e, sim, pela quantidade de cromossomos X dividida pelo número do conjunto autossômico (2n), de modo que o quociente sendo 1, o indivíduo é fêmea, caso seja diferente de 1, o indivíduo é macho. Por exemplo, para uma drosófila com dois cromossomos X, teríamos, Sexo = 2X / 2n = 1 (fêmea); de forma semelhante, se o individuo tiver um cromossomo X e outro Y, teríamos, Sexo = 1X / 2n = 0,5(macho).
Considerando então que o alelo responsável pela cor branca dos olhos de drosófila se localiza no cromossoma X, justificam-se os resultados dos dois cruzamentos.-->


== Embriogênese ==
Considerando então que o alelo responsável pela cor branca dos olhos de drosófila se localiza no cromossoma X, justificam-se os resultados dos dois cruzamentos.
''Drosophila melanogaster'' tem sido amplamente estudada na área da biologia do desenvolvimento. Seu pequeno tamanho, curto tempo de geração e numerosos descendentes a tornam ideal para estudos genéticos e embriológicos. Os trabalhos com ''Drosophila'' têm proporcionado a elucidação de processos biológicos envolvidos no estabelecimento dos eixos corporais (dorso-ventral e antero-posterior), formação da linhagem germinativa e do controle da expressão gênica envolvida nesses processos.


[[Ficheiro:Drosophila m oogenesis.png|esquerda|miniatura|[[Ovogênese]] de ''Drosophila melanogaster''. Na imagem, células foliculares que cobrem o ovócito e células cuidadoras (''nurse cells'').]]
== Estabelecimento dos Eixos Corporais ==
''Drosophila melanogaster'' tem sido muito utilizada para estudos na área da biologia do desenvolvimento. Os trabalhos com ''Drosophila'' têm proporcionado a elucidação de processos biológicos envolvidos no estabelecimento dos eixos corporais (dorso-ventral e antero-posterior), formação da linhagem germinativa e do controle da expressão gênica envolvida nesses processos.


Cada folículo ovariano de ''Drosophila'' é constituído por 16 células germinativas conectadas por canais em anel. Duas dessas células adquirem quatro canais de comunicação e são denominadas de pró-ovócitos, e por competição somente uma terminará a meiose I e será o futuro ovócito. As demais 15 células se tornarão nutridoras poliploides, que se especializam em transcrever RNAs mensageiros importantes para o futuro desenvolvimento embrionário.<ref name="ufrj">{{citar livro|url=http://www.inctem.bioqmed.ufrj.br/images/documentos/biblioteca/Capitulo_2_Aspectos_Morfofuncionais_da_Embriologia_de_Artropodes.pdf|título=Tópicos Avançados em Entomologia Molecular|autores=Fonseca, Rodrigo Nunes da; Gomes, Helga; Araújo, Helena|primeiro=|editora=|ano=2012|local=Rio de Janeiro|página=|páginas=|capitulo=Capítulo 2 - Aspectos Morfofuncionais da Embriologia dos Artrópodes|formato=pdf|isbn=978-85-916127-1-0|publicado=INCT – EM}}</ref> A localização assimétrica dos mRNAs especifica os eixos corporais e permite o estabelecimento de gradientes morfógenos de proteínas, que determinam o destino celular durante a fase inicial do desenvolvimento. Estes mRNAs codificam proteínas envolvidas na regulação da transcrição e da tradução, que se difundem pela blastoderme sincicial levando à ativação ou repressão de genes zigóticos. Então, durante a formação do ovócito são transcritos genes codificadores de fatores maternos, e os seus mRNA são posicionados em determinadas regiões deste ovócito. Após a fecundação, estes mRNA são traduzidos em proteínas que ocuparão o mesmo lugar no zigoto.
Os eixos corporais, em qualquer organismo, são estabelecidos e controlados por uma cascata de genes reguladores, que têm a função de ativar ou inibir a expressão de um grupo de genes zigóticos iniciais. Os
[[Ficheiro:Larvas.jpg|miniaturadaimagem|Larvas e pupas de ''Drosophila melanogaster'']]
principais eixos a serem estabelecidos são o antero-posterior, dorso-ventral e direito-esquerdo, que são, basicamente, estabelecidos logo no início do desenvolvimento pela distribuição assimétrica de determinantes (transcritos de regiões específicas) no citoplasma do ovo. O desenvolvimento do embrião dependerá de fatores gerados pela mãe durante a ovogênese e de processos que ocorrem durante o desenvolvimento ovariano.


Após a fertilização do ovócito pelo espermatozoide, o embrião inicial (ou [[sincício|embrião sincicial]]) sofre uma rápida [[replicação do ADN]], ocorrendo 13 divisões nucleares até que aproximadamente 5.000 a 6.000 núcleos se acumulam no citoplasma comum não dividido do embrião. Ao final da 8ª divisão, a maioria dos núcleos migraram à superfície, circundando o saco vitelino (deixando para trás apenas alguns núcleos, que se transformarão em núcleos vitelinos). Após a 10ª divisão, células polares se formam na extremidade posterior do embrião, secretando a [[linha germinal]] do [[sincício]]. Finalmente, após a 13ª divisão, as membranas celulares invaginam-se lentamente, dividindo o sincício em [[célula somática|células somáticas]] individualizadas. Uma vez que se completa este processo, a [[gastrulação]] se inicia.<ref name="flymove">{{Citar periódico |title=FlyMove – a new way to look at development of ''Drosophila'' |author=Katrin Weigmann, Robert Klapper, Thomas Strasser, Christof Rickert, Gerd Technau, Herbert Jäckle, Wilfried Janning & Christian Klämbt |journal=Trends in Genetics |volume=19 |issue=6 |pages=310–311 |doi=10.1016/S0168-9525(03)00050-7 |year=2003 |pmid=12801722 |url= |data= |acessodata= |publicado= |ultimo= |primeiro=}}</ref>
'''Ovogênese:''' O folículo ovariano de ''Drosophila'' é constituído por 16 células germinativas conectadas por canais; uma delas é selecionada para ser o ovócito enquanto que as 15 demais tornam-se células nutridoras. As células nutridoras se especializam em transcrever mRNAs importantes para o futuro desenvolvimento embrionário. A localização assimétrica desses mRNAs nas células vai especificar os eixos corporais, e permite ainda o estabelecimento de gradientes morfógenos de proteínas que determinam o mapa de destino celular durante a fase inicial do desenvolvimento, sendo então um dos fenômenos mais importantes da biologia do desenvolvimento. Estes mRNA codificam proteínas envolvidas na regulação da transcrição e da tradução que se difundem pela blastoderme sincicial levando à ativação ou repressão de genes zigóticos. Então, durante a formação do ovócito são transcritos genes codificadores de fatores maternos, e os seus mRNA são posicionados em determinadas regiões deste ovócito. Após a fecundação, estes mRNA são traduzidos em proteínas que ocuparão o mesmo lugar no zigoto.


A divisão nuclear no embrião inicial da ''Drosophila'' ocorre tão rapidamente que não há pontos de verificação verdadeiros, portanto, podem ocorrer erros na divisão do DNA. Para resolver esse problema, os núcleos nos quais algum erro foi cometido se separam de seus centrossomas e caem para o centro do embrião (o saco vitelino), que não fará parte da mosca.
'''Formação do blastoderma sincicial:''' Após a fertilização do ovócito pelo espermatozoide forma-se uma célula-ovo que irá sofrer clivagens até a formação de uma blastoderma sincicial, ou seja, ocorre a formação de uma célula multinucleada. RNAsm e proteínas depositadas pela mãe durante a ovogênese são determinantes nessa fase


[[File:Drosophila early embryo protein gradients es.svg|thumb|Gradiente anteroposterior de proteínas em ''Drosophila''.]]A rede gênica (interação transcricional e proteica) que direciona o desenvolvimento inicial do embrião da mosca-das-frutas é uma das mais conhecidas hoje, especialmente os padrões ao longo dos eixos anteroposterior (AP) e dorsoventral (DV). Os eixos corporais são estabelecidos logo no início do desenvolvimento pela distribuição assimétrica de determinantes (transcritos de regiões específicas) no citoplasma do ovo. O desenvolvimento do embrião dependerá de fatores gerados pela mãe durante a ovogênese e de processos que ocorrem durante o desenvolvimento ovariano.
'''Formação do blastoderma celular:''' O próximo passo é a migração uniforme dos núcleos para a periferia do citoplasma e a individualização das células. Quando as membranas celulares começam a se formar os RNAsm maternos são degradados permitindo o início da transcrição do genoma zigótico


O embrião sofre movimentos morfogenéticos bem caracterizados durante a gastrulação e desenvolvimento inicial, como extensão germinativa, formação de vários sulcos, invaginação ventral do mesoderma, invaginação posterior e anterior do endoderma (trato digestivo) e extensa segmentação do corpo. até que finalmente eclode na cutícula circundante e passe para o 1º estágio larval. Durante o desenvolvimento larval, tecidos chamados discos imaginários crescem dentro da larva. Os discos imaginários se desenvolvem para formar a maioria das estruturas do corpo adulto, como cabeça, pernas, asas, tórax e genitais. As células do disco imaginário são estacionadas ou paradas momentaneamente durante a embriogênese, mas continuam a crescer e se dividir durante os estágios larvais, ao contrário da maioria das outras células larvais, que se diferenciaram para desempenhar funções especializadas e crescer para experimentar mais divisões celulares. Na metamorfose , a larva forma uma pupa, dentro da qual os tecidos larvais são reabsorvidos e os tecidos imaginários sofrem extensos movimentos morfogenéticos para formar as estruturas adultas.
'''Formação do plasma germinal:''' A formação do plasma germinativo e consequentemente das células germinativas depende de produtos maternais como os genes ''nanos'' e ''oskar.''


== Determinação sexual ==
'''Eixo antero-posterior''': o eixo antero-posterior de ''Drosophila ''se divide em cabeça, tórax e abdómen da larva. Estudos genéticos concluíram que existem quatro sinais maternos localizados que definem a
As moscas ''Drosophila'' têm cromossomos X e Y, bem como [[Autossomo|autossomos]]. No entanto, ao contrário dos humanos, o cromossomo Y não confere masculinidade; em vez disso, codifica os genes necessários para a produção de esperma. O sexo é determinado pela proporção de cromossomos X para autossomos.<ref>{{Citar periódico |titulo=The Sex Determination Gene transformer Regulates Male-Female Differences in Drosophila Body Size |doi=10.1371/journal.pgen.1005683 |ultimo3=Grewal |primeiro3=Savraj S. |ultimo2=Narsaiya |primeiro2=Marcus S. |ultimo=Rideout |primeiro=Elizabeth J. |lingua=en |acessodata=2020-10-11 |url=https://journals.plos.org/plosgenetics/article?id=10.1371/journal.pgen.1005683 |numero=12 |pmid=26710087 |pmc=4692505 |paginas=e1005683 |issn=1553-7404 |data=28/12/2015 |jornal=PLOS Genetics |publicado=}}</ref> Além disso, cada célula "decide" se será masculina ou feminina independentemente do resto do organismo, resultando na ocorrência ocasional de [[Ginandromorfismo|ginandromorfos]].
[[Ficheiro:Expressão_dos_mRNA_dos_genes_nos_e_bicoid.png|miniaturadaimagem|Expressão dos mRNA dos genes nos e bicoid]]
organização básica e a polaridade do eixo embrionário antero-posterior: ''bicoid ''(''bcd''), ''nanos'', ''hunchback ''(''hb'') e ''caudal ''(''cad''). ''bcd'' e ''hb'' dão origem à cabeça e tórax, e ''nanos'' e ''cad'' aos segmentos abdominais.O gene ''bicoid'' (bcd) é um gene maternal que tem seu RNAm localizado na região anterior do ovócito e após a fertilização um gradiente proteico é formado com concentrações maiores da proteína Bcd na região anterior. O gene zigótico hunchback (hb) é transcrito em resposta a altas concentrações de Bcd, definindo a posição da cabeça e tórax. O RNAm do gene ''nos'' está mais concentrado na região posterior e difunde-se para a região anterior, mas apenas o RNAm da região posterior é traduzido. ''Nos'' atua como um repressor da tradução do gene ''hb'' na região posterior. Altas concentrações do RNAm do gene ''oskar'' na região posterior também contribui para o estabelecimento desse eixo.
[[File:Drosophila early embryo protein gradients es.svg|thumb|Gradiente ântero-posterior de proteínas em ''Drosophila''.]]


{| class="wikitable"
[[Ficheiro:Drosophila melanogaster - top (aka).jpg|thumb|left|Drosophila melanogaster vista de cima]]
|-
Mutações no grupo de genes posteriores resultam em larvas com desenvolvimento abdominal anormal. O produto do gene ''oskar'' é responsável pela localização do mRNA de ''nanos ''no polo posterior e também especifica o germoplasma que origina as células germinativas.
! Cromossomos X !! Autossomos !! Proporção de X:A !! Sexo
|-
| XXXX || AAAA || 1 || Fêmea Normal
|-
| XXX || AAA || 1 || Fêmea Normal
|-
| XXY || AA || 1 || Fêmea Normal
|-
| XXYY || AA || 1 || Fêmea Normal
|-
| XX || AA || 1 || Fêmea Normal
|-
| XY || AA || 0.50 || Macho Normal
|-
| X || AA || 0.50 || Macho Normal (estéril)
|-
| XXX || AA || 1.50 || Metafêmea
|-
| XXXX || AAA || 1.33 || Metafêmea
|-
| XX || AAA || 0.66 || [[Ginandromorfismo|Intersex]]
|-
| X || AAA || 0.33 || Metamacho
|}


O desenvolvimento do fenótipo sexual em ''Drosophila'' é mediado por uma série de genes. Três genes principais estão envolvidos na determinação sexual em ''Drosophila''. Estes são: ''sex-lethal, sisterless'', and ''deadpan''. ''Deadpan'' é um gene [[Autossômica|autossômico]] que inibe o gene ''sex-lethal'',<ref>{{Citar periódico |titulo=deadpan, an essential pan-neural gene encoding an HLH protein, acts as a denominator in Drosophila sex determination |ultimo=Younger-Shepherd |primeiro5=Y. N. |ultimo4=Jan |primeiro4=L. Y. |ultimo3=Bier |primeiro3=E. |ultimo2=Vaessin |primeiro2=H. |primeiro=S. |url=https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/1525829/ |doi=10.1016/0092-8674(92)90242-5 |acessodata=2020-10-11 |numero=6 |pmid=1525829 |paginas=911–922 |issn=0092-8674 |data=1992-09-18 |jornal=Cell |ultimo5=Jan}}</ref> enquanto ''sisterless'' é um gene ligado ao cromossomo X,<ref>{{Citar periódico |titulo=Evidence That Sisterless-a and Sisterless-B Are Two of Several Discrete ``numerator Elements'' of the X/a Sex Determination Signal in Drosophila That Switch Sxl between Two Alternative Stable Expression States |url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1203469/ |jornal=Genetics |data=1988-08 |issn=0016-6731 |paginas=829–862 |pmc=1203469 |pmid=3137120 |numero=4 |acessodata=2020-10-11 |primeiro=T. W. |ultimo=Cline}}</ref> e inibe a ação de ''deadpan''.
'''Eixo dorso-ventral:''' é definido por uma bateria de genes (''pipe'', ''easter, spätzle''), cujas proteínas codificadas têm uma meia vida muito curta e a função de controlar a [[expressão dos genes]] do próprio embrião. A proteína Spätzle é ventral no embrião de ''Drosophila ''e expressa genes marcadores do lado ventral, tal como ''twist'' e ''snail'', que são expressos em células que posteriormente iniciam a gastrulação. A ausência da proteína Spätzle no lado dorsal permite a expressão de ''decapentaplegic (ddp)''. A proteína Decapentaplegic especifica a amnioserosa, é secretada e é um membro da família das citocinas TGF-β de vertebrados.


Uma célula AAX possui duas vezes mais ''deadpan'' do que ''sisterless'', então ''sex-lethal'' será inibido, gerando um macho. No entanto, uma célula AAXX possuirá ''sisterless'' o suficiente para inibir a ação de ''deadpan'', permitindo que o gene ''sex-lethal'' seja transcrito, gerando uma fêmea.
A expressão de todos esses genes é transitória e, em ''Drosophila'', inicia-se e termina nas primeiras duas horas da embriogênese, ainda na fase de clivagem. Após esta fase, as células começam a expressar os genes homeóticos (''Hox'') que permitem que os segmentos do corpo mantenham a sua identidade e expressem as suas características.

Mais tarde, o controle pelos genes ''deadpan'' e ''sisterless'' desaparece, e o que se torna importante é a forma do gene ''sex-lethal''. Um promotor secundário é ativado, e esse gene é transcrito tanto em machos como em fêmeas. Porém, a análise de cDNA mostrou que diferentes formas são expressas em machos difere daquele das fêmeas. Foi demonstrado que a ''sex-lethal'' afeta o splicing de seu próprio mRNA.

Em machos, o transcrito nuclear é emendado de uma maneira que fornece três [[Exão|éxons]], e o [[códon]] de terminação está no interior do éxon central. Em fêmeas, a presença do ''sex-lethal'' faz com que o processamento de RNA forneça apenas dois éxons, e o éxon central específico de macho está agora externalizado como um grande íntron. Assim, o mRNA específico de fêmea carece do códon de terminação; os outros sete aminoácidos são produzidos como uma cadeia peptídica completa, novamente dando uma diferença entre machos e fêmeas.<ref>{{citar livro|título=Biologia do desenvolvimento|ultimo=Gilbert|primeiro=Scott F.|editora=FUNPEC Editora|ano=2003|edicao=5|local=Ribeirão Preto|página=|páginas=788-792|isbn=85-87528-61-0}}</ref>

A presença ou ausência de proteínas ''sex-lethal'' funcionais agora vai afetar a transcrição de outra proteína conhecida como ''doublesex''. In the absence of sex-lethal, doublesex will have the fourth exon removed and be translated up to and including exon 6 (DSX-M[ale]), while in its presence the fourth exon which encodes a stop codon will produce a truncated version of the protein (DSX-F[emale]). DSX-F causes transcription of Yolk proteins 1 and 2 in somatic cells, which will be pumped into the oocyte on its production.

== Imunidade ==
Diferente de mamíferos, a ''Drosophila'' possui somente [[Sistema imune inato|imunidade inata]] e carece de uma resposta imune adaptativa. O [[sistema imunitário]] da ''D. melanogaster'' pode ser realizar duas respostas imunes: [[Sistema imune humoral|humoral]] e mediada por células. A primeira é uma resposta sistêmica mediada em grande parte pelas vias de sinalização ''Toll'' e ''Immune defficiency'' (''Imd'').<ref>{{Citar periódico |titulo=The role of microRNAs in haematopoiesis and immunity of Drosophila melanogaster |url=https://repositorio.ul.pt/handle/10451/25990 |data=2016 |acessodata=2020-10-11 |primeiro=Joana Gomes Campos de |ultimo=Carvalho}}</ref> A via ''Imd'' atua contra [[Bactéria gram-negativa|bactérias gram-negativas]] e a via ''Toll'' contra [[Bactéria gram-positiva|bactérias gram-positivas]], [[vírus]] e [[Fungi|fungos]], as quais desencadeiam a produção dos peptídeos antimicrobianos locais e sistêmicos.<ref>{{citar periódico |url=http://hdl.handle.net/10183/185061 |titulo=Mosca-das-frutas como modelo para estudo de patogenicidade e de prospecção de fármacos frente a ''Malassezia pachydermatis'' |acessodata=2020-10-11 |publicado=Universidade Federal do Rio Grande do Sul |ultimo=Merkel |primeiro=Simone |ano=2018 |tipo=Dissertação de Mestrado |local=Porto Alegre, RS |data=}}</ref>
[[Ficheiro:Toll Pathway of Drosophila melanogaster.jpg|miniaturadaimagem|A via ''Toll'' encontrada na mosca-das-frutas]]

=== Via de sinalização ''Toll'' ===
A primeira descrição de [[receptores do tipo Toll]] envolvidos na resposta à infecção foi realizada em ''Drosophila,''<ref>{{Citar periódico |titulo=The Dorsoventral Regulatory Gene Cassette spätzle/Toll/cactus Controls the Potent Antifungal Response in Drosophila Adults |primeiro=Bruno |primeiro5=Jules A. |ultimo4=Reichhart |primeiro4=Jean-Marc |ultimo3=Michaut |primeiro3=Lydia |ultimo2=Nicolas |primeiro2=Emmanuelle |ultimo=Lemaitre |lingua=English |url=https://www.cell.com/cell/abstract/S0092-8674(00)80172-5 |doi=10.1016/S0092-8674(00)80172-5 |acessodata=2020-10-11 |numero=6 |pmid=8808632 |paginas=973–983 |issn=0092-8674 |data=1996-09-20 |jornal=Cell |ultimo5=Hoffmann}}</ref> culminando em um [[Prémio Nobel|prêmio Nobel]] em 2011.<ref>{{Citar web |url=https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/2011/summary/ |titulo=The Nobel Prize in Physiology or Medicine 2011 |acessodata=2020-10-11 |website=NobelPrize.org |lingua=en-US}}</ref>  A via ''Toll'' em ''Drosophila'' é homóloga às vias ''Toll-like'' em [[mamíferos]]. A via ''Toll'' foi descrita como sendo a principal via de defesa contra fungos, bactérias gram-positivas e vírus em ''Drosophila''.<ref>{{citar livro|url=http://www.inctem.bioqmed.ufrj.br/images/documentos/biblioteca/Capitulo_14_Interacao_Patogeno_Vetor_-_Dengue.pdf|título=Tópicos Avançados em Entomologia Molecular|ultimo=|primeiro=|editora=|ano=|local=|página=|páginas=|capitulo=Capítulo 14 - Interação Patógeno-Vetor: Dengue.|formato=PDF}}</ref>

Essa cascata regulatória é iniciada após o reconhecimento do patógeno por [[Receptor de reconhecimento de padrões|receptores de reconhecimento de padrões]] (RRPs). Os receptores do tipo ''Toll'' não conseguem reconhecer diretamente o patógeno; para serem ativados, necessitam da presença de uma proteína ligante, o peptídeo ''Spätzle'' (Spz). Após uma infecção, a proteína precursora pró-''Spätzle'' é clivada pela protease SPE (enzima do processador ''Spätzle'') e dá origem ao ''Spätzle'' ativo, que então se liga ao receptor ''Toll'', localizado na superfície da célula do corpo gordo, e se dimeriza para ativar vias de sinalização de NF-kB a jusante, incluindo múltiplos "domínios de morte" contendo proteínas e reguladores negativos, como a proteína de repetição de anquirina ''Cactus''. A via culmina com a translocação dos fatores de transcrição [[NF-κB]] Dorsal e ''Dif'' (fator de imunidade relacionado ao dorso) para o núcleo.
[[Ficheiro:AMP Ecc15-19-02-2019.tif|esquerda|miniaturadaimagem|Moscas com deficiência de AMP (olhos vermelhos) sofrem crescimento bacteriano galopante (fluorescência verde) após a infecção.]]

=== Via de sinalização ''Imd'' ===
A via ''Imd'' é [[Ortologia|ortóloga]] à superfamília de receptores do [[Factor de necrose tumoral|fator de necrose tumoral]] humano e é desencadeada por [[Bactéria gram-negativa|bactérias Gram-negativas]] através do reconhecimento por proteínas de reconhecimento de peptidoglicano (PGRP), incluindo receptores de superfície (PGRP-LR) e solúveis (LC). A sinalização de ''Imd'' culmina na translocação do fator de transcrição [[NF-κB]] para o núcleo, levando à regulação positiva de genes responsivos a ''Imd'', incluindo a diptericina AMP. Consequentemente, as moscas deficientes em AMPs se assemelham aos mutantes da via ''Imd'' em termos de suscetibilidade à infecção bacteriana.

''D. melanogaster'' tem um "corpo gordo" análoga ao do [[fígado]] humano e é o principal órgão secretor, que produz peptídeos antimicrobianos. Esses peptídeos são secretados na [[hemolinfa]] e se ligam a bactérias infecciosas, matando-as, formando poros em sua parede celular. Além do corpo gordo, os [[hemócitos]], que são células do sangue de ''Drosophila'', são homólogos dos [[Monócito|monócitos]]/[[Macrófago|macrófagos]] de mamíferos e desempenham um papel significativo nas respostas imunológicas. Em resposta aos desafios imunológicos, os hemócitos podem secretar citocinas, para ativar as vias de sinalização a jusante no corpo gordo. No entanto, o mecanismo ainda não está claro.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=grO-AwAAQBAJ&dq=%22Sp%C3%A4tzle%22+%22Drosophila%22+%22imunidade%22&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s|título=Imunobiologia de Janeway|ultimo=Murphy|primeiro=Kenneth|data=2014-06-01|editora=Artmed Editora|ano=2014|edicao=8|local=Porto Alegre|página=|páginas=96-98|lingua=pt|isbn=9788582710401}}</ref>

== Referências ==
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== Bibliografia ==
== Bibliografia ==
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Revisão das 23h17min de 11 de outubro de 2020

Murphy, Kenneth (1 de junho de 2014). Imunobiologia de Janeway 8 ed. Porto Alegre: Artmed Editora. p. 97-98. ISBN 9788582710401 

Como ler uma infocaixa de taxonomiaDrosophila melanogaster

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Diptera
Subordem: Brachycera
Família: Drosophilidae
Género: Drosophila
Subgénero: Sophophora
Espécie: D. melanogaster
Nome binomial
Drosophila melanogaster
(Meigen, 1830)[1]

Drosophila melanogaster é uma espécie de mosca (ordem taxonômica Diptera) na família Drosophilidae. A espécie também é conhecida como mosca-das-frutas ou mosca-do-vinagre.[2]

A espécie é amplamente utilizada como um organismo modelo, principalmente em pesquisas de genética.[3] A espécie é normalmente utilizada em pesquisas devido ao seu ciclo de vida rápido, genética relativamente simples com apenas quatro pares de cromossomos e grande número de descendentes por geração.[4] Era originalmente uma espécie africana, com todas as linhagens não-africanas tendo uma origem comum.[5] Sua distribuição geográfica inclui todos os continentes, incluindo ilhas.[3] D. melanogaster é uma praga comum em casas, restaurantes e outros lugares onde a comida é servida.[6]

As moscas pertencentes à família Tephritidae também são chamadas de "moscas da fruta". Isso pode causar confusão, pois os tefritídeos são pragas que causam prejuízo aos fruticultores. As drosófilas se alimentam de leveduras em frutos já caídos em início de decomposição e, portanto, não causam prejuízo.

Aparência física

Fêmea (esquerda) e macho de D. melanogaster
Vista de cima
Vista frontal

A forma selvagem de D. melanogaster possui o corpo amarelo-acastanhadas, com olhos vermelho e anéis transversais pretos no abdômen. A cor dos olhos do tipo selvagem deve-se a dois pigmentos: xantomantina,[7] que é marrom e derivada do triptofano, e drosopterinas, que são vermelhas e derivadas do trifosfato de guanosina.[8]

Apresentam dimorfismo sexual; as fêmeas têm cerca de 2,5 mm de comprimento; os machos são ligeiramente menores com o dorso mais escuro. Os machos são facilmente distinguidos das fêmeas. Os machos apresentam uma mancha preta na extremidade do abdômen, devido à fusão dos segmentos terminais. Possuem uma estrutura pilosa, denominada "pente sexual", na base do metatarso do par de patas anterior.[9] Além disso, os machos têm um aglomerado de pêlos pontiagudos (grampos) ao redor das partes reprodutoras usadas para se prender à fêmea durante o acasalamento. As fêmeas apresentam listas claras e escuras nos segmentos abdominais e não possuem qualquer estrutura pilosa nas patas.

Ciclo de vida e reprodução

Ovo de D. melanogaster

A duração média do ciclo de vida de D. melanogaster depende das condições ambientais. Em condições ideais de crescimento, a 25°C, o tempo de vida de melanogaster é de cerca de 50 dias, do ovo à morte.[10] O período de desenvolvimento de D. melanogaster varia com a temperatura, como em muitas espécies ectotérmicas. O menor tempo de desenvolvimento (ovo a adulto), 7 dias, é alcançado a 28°C.[11][12]

Os tempos de desenvolvimento aumentam em temperaturas mais altas (11 dias em 30°C}}) devido ao estresse térmico. Em condições ideais, o tempo de desenvolvimento a 25°C é de 8,5 dias, a 18°C leva 19 dias, e a 12°C leva mais de 50 dias.[11][12] Em condições de superlotação, o tempo de desenvolvimento aumenta,[13] enquanto as moscas emergentes são menores.[13][14]

Fêmeas depositam cerca de 400 ovos, cinco de cada vez, em frutas podres ou outros materiais adequados, como fungos em decomposição e fluxos de seiva. Drosophila melanogaster é um inseto holometabólico, sofrendo uma metamorfose completa. Seu ciclo de vida é dividido em 4 fases: embrião, larva, pupa, adulto.[15] Os ovos, que medem cerca de 0,5 mm, eclodem em 12 a 15 horas (a 25°C). As larvas resultantes crescem por 4 dias (a 25°C) com duas mudas (no 2º e 3º estágio larval), em aproximadamente 24 a 48 horas após a eclosão. Durante esse tempo, se alimentam dos microrganismos que decompõem a fruta, assim como dos açúcares da fruta. A mãe coloca fezes nas bolsas de ovos para estabelecer a mesma composição microbiana no intestino das larvas. [16] As larvas então encapsulam no pupário e passam por uma metamorfose (a 25°C) por quatro dias, após os quais os adultos emergem da pupa.[11][12]

Os machos executam uma sequência de cinco padrões de comportamento para cortejar as fêmeas. Primeiro, os machos se orientam enquanto produzem uma "canção" de cortejo, abrindo suas asas horizontalmente e fazendo-as vibrar. Pouco depois, o macho posiciona-se na parte de trás do abdômen da fêmea em uma postura baixa para dar tapinhas e lamber os genitais da fêmea. Eventualmente, o homem dobra o abdômen e tenta a cópula. As fêmeas podem rejeitar os machos afastando-se deles, chutando-os e expulsando seu ovipositor.[17]

A cópula dura de 15 a 20 minutos,[18]durante o qual os machos transferem para a fêmea algumas centenas de espermatozoides muito longos (1,76 mm) no fluido seminal. [19] As fêmeas armazenam o esperma em um receptáculo tubular e em dois espermatecas em forma de cogumelo, onde espermatozoides de muitos cruzamentos competem pela fertilização. Acredita-se que exista uma última precedência masculina; o último macho a acasalar com uma fêmea reproduz cerca de 80% de sua prole. Essa precedência ocorre por meio dos mecanismos chamados de deslocamento e incapacitação.[20] O deslocamento é atribuído ao manuseio do esperma pela fêmea, à medida que ocorrem os vários acasalamentos, e é mais significativo durante os primeiros 1 ou 2 dias após a cópula. O deslocamento do receptáculo seminal é mais significativo do que o deslocamento do espermateca..[20] A incapacitação do espermatozoide do primeiro macho pelo espermatozoide do segundo macho é significativa de 2 a 7 dias após a cópula. Acredita-se que o fluido seminal do segundo macho seja responsável por esse mecanismo de incapacitação (sem a remoção do primeiro espermatozoide masculino), que tem efeito antes da fertilização ocorrer.[20]

Acredita-se que o atraso na eficácia do mecanismo de incapacitação seja um mecanismo de proteção que evita que uma mosca macho incapacite seu próprio esperma, caso acasale repetidamente com a mesma mosca fêmea. Neurônios sensoriais no útero de D. melanogaster fêmeas respondem a uma proteína masculina que é encontrada no sêmen. Esta proteína torna a fêmea relutante em copular por cerca de 10 dias após a inseminação. O sinal é enviado a uma região do cérebro que é homóloga do hipotálamo e o hipotálamo controla então o comportamento sexual e o desejo. Hormônios gonadotrópicos em Drosophila mantêm a homeostase e governam a produção reprodutiva por meio de uma inter-relação cíclica, não muito diferente do ciclo estral dos mamíferos.[21]

Organismo modelo em genética

D. melanogaster foi um dos primeiros organismos usados para análises genéticas, e hoje é um dos organismos mais amplamente usados e geneticamente conhecidos de todos os eucariotos. Todos os organismos usam sistemas genéticos comuns; portanto, compreender processos gerais como a transcrição e replicação do DNA em moscas-das-frutas ajuda a entender esses processos em outros eucariotos, incluindo humanos. A espécie também tem importância na pesquisa ambiental e mutagênese.

Alfred Sturtevant Mapa de linkage genético de Drosophila melanogaster: Este foi o primeiro sucesso mapeamento de genes e fornece evidências importantes para a teoria cromossômica da herança. O mapa mostra as posições relativas das características alélicas no segundo cromossomo de Drosophila. A distância entre os genes (unidades de mapa) é igual à porcentagem de eventos de crossing-over que ocorrem entre diferentes alelos.

Thomas Hunt Morgan começou a usar moscas de fruta em estudos experimentais de hereditariedade em 1910, em um laboratório conhecido como "Fly Room" (sala da mosca). Essa sala era ocupada por oito mesas, nas quais os alunos faziam seus experimentos. Alguns dos experimentos mais importantes da história da biologia foram realizados lá. Morgan e seus alunos elucidaram muitos princípios básicos de hereditariedade, incluindo herança ligada ao sexo, epistasia, alelos múltiplos e mapeamento genético.[22]

Razões para uso em laboratórios

Tipos de D. melanogaster (sentido horário): olhos castanhos com corpo preto, olhos cinábrios, olhos sépia com corpo preto (ebony), olhos vermelhos, olhos brancos e olhos do tipo selvagem com corpo amarelo.

Existem muitos motivos pelos quais a mosca da fruta é uma escolha popular como organismo modelo:

  • Baixo custo e fácil manuseio no laboratório.[23]
  • São facilmente anestesiadas, recuperando rapidamente o estado normal.[24]
  • Sua morfologia é fácil de identificar uma vez anestesiada.
  • Tem um tempo de geração curto (cerca de 10 dias à temperatura ambiente), portanto, várias gerações podem ser estudadas em poucas semanas.[25]
  • Possui alta fecundidade (as fêmeas põem até 100 ovos por dia e talvez 2.000 durante a vida).
  • Machos e fêmeas são facilmente distinguidos, e fêmeas virgens são facilmente isoladas, facilitando o cruzamento genético.
  • A larva madura possui cromossomos gigantes nas glândulas salivares, chamados cromossomos politênicos , que indicam regiões de transcrição.[26]
  • Possui apenas quatro pares de cromossomos - três autossomos e um par de cromossomos sexuais.
  • Os machos não apresentam recombinação meiótica, facilitando os estudos genéticos.
  • Existem numerosos mutantes espontâneos e obtêm-se facilmente mutações induzidas.[24]
  • Os "cromossomos balanceadores" letais recessivos carregando marcadores genéticos visíveis podem ser usados ​​para manter os estoques de alelos letais em um estado heterozigoto sem recombinação devido a múltiplas inversões no balanceador.
  • O desenvolvimento desse organismo - do ovo fertilizado ao adulto maduro - é bem compreendido.
  • As técnicas de transformação genética estão disponíveis desde 1987.
  • Seu genoma completo foi sequenciado e publicado pela primeira vez em 2000.[27]
  • Os mosaicos sexuais podem ser produzidos prontamente, fornecendo uma ferramenta adicional para estudar o desenvolvimento e o comportamento dessas moscas.

Marcadores genéticos

Os marcadores genéticos são comumente usados ​​em pesquisas com drosófilas, e a maioria dos fenótipos são facilmente identificáveis ​​a olho nu ou com um microscópio. Na lista de exemplos de marcadores comuns abaixo, o símbolo do alelo (em inglês) é seguido pelo nome dos genes afetados e a descrição de seu fenótipo. (Observação: os alelos recessivos são escritos em letras minúsculas, enquanto os alelos dominantes são escritos em letras maiúsculas.)

  • Cy1: Curly; as asas são curvadas para além do corpo e o voo pode ser um pouco alterado.
  • e1: Ebony; corpo e asas pretas (os heterozigotos são visivelmente mais escuros que o tipo selvagem).
  • Sb1: Stubble; os pelos são mais curtos e mais grossos do que os do tipo selvagem.
  • w1: White; olhos sem pigmentação visual, de cor branca.
  • bw: Brown; cor dos olhos determinada por vários pigmentos combinados
  • y1: Yellow; pigmentação do corpo e asas amarelas. Este é o análogo nas moscas do albinismo.

Os genes de Drosophila são tradicionalmente nomeados devido ao fenótipo que causam quando sofrem mutação. Por exemplo, a ausência de um determinado gene em Drosophila resultará em um embrião mutante que não desenvolve o coração; os cientistas nomearam o gene de tinman (Homem de Lata, a partir do personagem de The Wonderful Wizard of Oz, que não tinha coração).[28] Este sistema de nomenclatura compreende um número maior de nomes de genes do que em outros organismos.

Genoma

Asa tipo selvagem (esquerda) vs. Asa miniatura (direita)

O genoma de D. melanogaster (sequenciado em 2000)[27] contém quatro pares de cromossomos - um par X/Y e três autossomos rotulados 2, 3 e 4. O quarto cromossomo é tão minúsculo, que muitas vezes é ignorado, com exceção de seu importante gene eyeless (sem olhos). O genoma sequenciado de D. melanogaster possui 139,5 milhões de pares de bases,[29] e contém cerca de 15.682 genes de acordo com a versão 73 do Ensemble. Mais de 60% do genoma parece ser DNA funcional não-codificador de proteínas, envolvido em controle da expressão gênica.[30]

A determinação do sexo em Drosophila ocorre pela proporção de cromossomos X em relação aos autossomos,[31] não pela presença ou ausência de um cromossomo Y, como na determinação sexual humana. Embora o cromossomo Y seja totalmente heterocromático, ele contém pelo menos 16 genes, muitos dos quais têm funções relacionadas ao sexo masculino. [32]

Semelhança com humanos

Um estudo publicado em março de 2000, realizado pelo National Human Genome Research Institute, comparou o genoma da Drosophila melanogaster com o genoma humano, e estimou que cerca de 60% dos genes são conservados entre as duas espécies. Cerca de 75% dos genes de doenças humanas conhecidas têm uma correspondência reconhecível no genoma da espécie. A Drosophila está sendo usada como um modelo genético para várias doenças humanas, incluindo doenças neurodegenerativas como Parkinson, Huntington, ataxia espinocerebelar e doença de Alzheimer. A mosca também está sendo usada para estudar mecanismos subjacentes ao envelhecimento e estresse oxidativo, imunidade, diabetes e câncer, bem como abuso de drogas.[33][34][35]

Embriogênese

Drosophila melanogaster tem sido amplamente estudada na área da biologia do desenvolvimento. Seu pequeno tamanho, curto tempo de geração e numerosos descendentes a tornam ideal para estudos genéticos e embriológicos. Os trabalhos com Drosophila têm proporcionado a elucidação de processos biológicos envolvidos no estabelecimento dos eixos corporais (dorso-ventral e antero-posterior), formação da linhagem germinativa e do controle da expressão gênica envolvida nesses processos.

Ovogênese de Drosophila melanogaster. Na imagem, células foliculares que cobrem o ovócito e células cuidadoras (nurse cells).

Cada folículo ovariano de Drosophila é constituído por 16 células germinativas conectadas por canais em anel. Duas dessas células adquirem quatro canais de comunicação e são denominadas de pró-ovócitos, e por competição somente uma terminará a meiose I e será o futuro ovócito. As demais 15 células se tornarão nutridoras poliploides, que se especializam em transcrever RNAs mensageiros importantes para o futuro desenvolvimento embrionário.[36] A localização assimétrica dos mRNAs especifica os eixos corporais e permite o estabelecimento de gradientes morfógenos de proteínas, que determinam o destino celular durante a fase inicial do desenvolvimento. Estes mRNAs codificam proteínas envolvidas na regulação da transcrição e da tradução, que se difundem pela blastoderme sincicial levando à ativação ou repressão de genes zigóticos. Então, durante a formação do ovócito são transcritos genes codificadores de fatores maternos, e os seus mRNA são posicionados em determinadas regiões deste ovócito. Após a fecundação, estes mRNA são traduzidos em proteínas que ocuparão o mesmo lugar no zigoto.

Após a fertilização do ovócito pelo espermatozoide, o embrião inicial (ou embrião sincicial) sofre uma rápida replicação do ADN, ocorrendo 13 divisões nucleares até que aproximadamente 5.000 a 6.000 núcleos se acumulam no citoplasma comum não dividido do embrião. Ao final da 8ª divisão, a maioria dos núcleos migraram à superfície, circundando o saco vitelino (deixando para trás apenas alguns núcleos, que se transformarão em núcleos vitelinos). Após a 10ª divisão, células polares se formam na extremidade posterior do embrião, secretando a linha germinal do sincício. Finalmente, após a 13ª divisão, as membranas celulares invaginam-se lentamente, dividindo o sincício em células somáticas individualizadas. Uma vez que se completa este processo, a gastrulação se inicia.[37]

A divisão nuclear no embrião inicial da Drosophila ocorre tão rapidamente que não há pontos de verificação verdadeiros, portanto, podem ocorrer erros na divisão do DNA. Para resolver esse problema, os núcleos nos quais algum erro foi cometido se separam de seus centrossomas e caem para o centro do embrião (o saco vitelino), que não fará parte da mosca.

Gradiente anteroposterior de proteínas em Drosophila.

A rede gênica (interação transcricional e proteica) que direciona o desenvolvimento inicial do embrião da mosca-das-frutas é uma das mais conhecidas hoje, especialmente os padrões ao longo dos eixos anteroposterior (AP) e dorsoventral (DV). Os eixos corporais são estabelecidos logo no início do desenvolvimento pela distribuição assimétrica de determinantes (transcritos de regiões específicas) no citoplasma do ovo. O desenvolvimento do embrião dependerá de fatores gerados pela mãe durante a ovogênese e de processos que ocorrem durante o desenvolvimento ovariano.

O embrião sofre movimentos morfogenéticos bem caracterizados durante a gastrulação e desenvolvimento inicial, como extensão germinativa, formação de vários sulcos, invaginação ventral do mesoderma, invaginação posterior e anterior do endoderma (trato digestivo) e extensa segmentação do corpo. até que finalmente eclode na cutícula circundante e passe para o 1º estágio larval. Durante o desenvolvimento larval, tecidos chamados discos imaginários crescem dentro da larva. Os discos imaginários se desenvolvem para formar a maioria das estruturas do corpo adulto, como cabeça, pernas, asas, tórax e genitais. As células do disco imaginário são estacionadas ou paradas momentaneamente durante a embriogênese, mas continuam a crescer e se dividir durante os estágios larvais, ao contrário da maioria das outras células larvais, que se diferenciaram para desempenhar funções especializadas e crescer para experimentar mais divisões celulares. Na metamorfose , a larva forma uma pupa, dentro da qual os tecidos larvais são reabsorvidos e os tecidos imaginários sofrem extensos movimentos morfogenéticos para formar as estruturas adultas.

Determinação sexual

As moscas Drosophila têm cromossomos X e Y, bem como autossomos. No entanto, ao contrário dos humanos, o cromossomo Y não confere masculinidade; em vez disso, codifica os genes necessários para a produção de esperma. O sexo é determinado pela proporção de cromossomos X para autossomos.[38] Além disso, cada célula "decide" se será masculina ou feminina independentemente do resto do organismo, resultando na ocorrência ocasional de ginandromorfos.

Cromossomos X Autossomos Proporção de X:A Sexo
XXXX AAAA 1 Fêmea Normal
XXX AAA 1 Fêmea Normal
XXY AA 1 Fêmea Normal
XXYY AA 1 Fêmea Normal
XX AA 1 Fêmea Normal
XY AA 0.50 Macho Normal
X AA 0.50 Macho Normal (estéril)
XXX AA 1.50 Metafêmea
XXXX AAA 1.33 Metafêmea
XX AAA 0.66 Intersex
X AAA 0.33 Metamacho

O desenvolvimento do fenótipo sexual em Drosophila é mediado por uma série de genes. Três genes principais estão envolvidos na determinação sexual em Drosophila. Estes são: sex-lethal, sisterless, and deadpan. Deadpan é um gene autossômico que inibe o gene sex-lethal,[39] enquanto sisterless é um gene ligado ao cromossomo X,[40] e inibe a ação de deadpan.

Uma célula AAX possui duas vezes mais deadpan do que sisterless, então sex-lethal será inibido, gerando um macho. No entanto, uma célula AAXX possuirá sisterless o suficiente para inibir a ação de deadpan, permitindo que o gene sex-lethal seja transcrito, gerando uma fêmea.

Mais tarde, o controle pelos genes deadpan e sisterless desaparece, e o que se torna importante é a forma do gene sex-lethal. Um promotor secundário é ativado, e esse gene é transcrito tanto em machos como em fêmeas. Porém, a análise de cDNA mostrou que diferentes formas são expressas em machos difere daquele das fêmeas. Foi demonstrado que a sex-lethal afeta o splicing de seu próprio mRNA.

Em machos, o transcrito nuclear é emendado de uma maneira que fornece três éxons, e o códon de terminação está no interior do éxon central. Em fêmeas, a presença do sex-lethal faz com que o processamento de RNA forneça apenas dois éxons, e o éxon central específico de macho está agora externalizado como um grande íntron. Assim, o mRNA específico de fêmea carece do códon de terminação; os outros sete aminoácidos são produzidos como uma cadeia peptídica completa, novamente dando uma diferença entre machos e fêmeas.[41]

A presença ou ausência de proteínas sex-lethal funcionais agora vai afetar a transcrição de outra proteína conhecida como doublesex. In the absence of sex-lethal, doublesex will have the fourth exon removed and be translated up to and including exon 6 (DSX-M[ale]), while in its presence the fourth exon which encodes a stop codon will produce a truncated version of the protein (DSX-F[emale]). DSX-F causes transcription of Yolk proteins 1 and 2 in somatic cells, which will be pumped into the oocyte on its production.

Imunidade

Diferente de mamíferos, a Drosophila possui somente imunidade inata e carece de uma resposta imune adaptativa. O sistema imunitário da D. melanogaster pode ser realizar duas respostas imunes: humoral e mediada por células. A primeira é uma resposta sistêmica mediada em grande parte pelas vias de sinalização Toll e Immune defficiency (Imd).[42] A via Imd atua contra bactérias gram-negativas e a via Toll contra bactérias gram-positivas, vírus e fungos, as quais desencadeiam a produção dos peptídeos antimicrobianos locais e sistêmicos.[43]

A via Toll encontrada na mosca-das-frutas

Via de sinalização Toll

A primeira descrição de receptores do tipo Toll envolvidos na resposta à infecção foi realizada em Drosophila,[44] culminando em um prêmio Nobel em 2011.[45]  A via Toll em Drosophila é homóloga às vias Toll-like em mamíferos. A via Toll foi descrita como sendo a principal via de defesa contra fungos, bactérias gram-positivas e vírus em Drosophila.[46]

Essa cascata regulatória é iniciada após o reconhecimento do patógeno por receptores de reconhecimento de padrões (RRPs). Os receptores do tipo Toll não conseguem reconhecer diretamente o patógeno; para serem ativados, necessitam da presença de uma proteína ligante, o peptídeo Spätzle (Spz). Após uma infecção, a proteína precursora pró-Spätzle é clivada pela protease SPE (enzima do processador Spätzle) e dá origem ao Spätzle ativo, que então se liga ao receptor Toll, localizado na superfície da célula do corpo gordo, e se dimeriza para ativar vias de sinalização de NF-kB a jusante, incluindo múltiplos "domínios de morte" contendo proteínas e reguladores negativos, como a proteína de repetição de anquirina Cactus. A via culmina com a translocação dos fatores de transcrição NF-κB Dorsal e Dif (fator de imunidade relacionado ao dorso) para o núcleo.

Moscas com deficiência de AMP (olhos vermelhos) sofrem crescimento bacteriano galopante (fluorescência verde) após a infecção.

Via de sinalização Imd

A via Imd é ortóloga à superfamília de receptores do fator de necrose tumoral humano e é desencadeada por bactérias Gram-negativas através do reconhecimento por proteínas de reconhecimento de peptidoglicano (PGRP), incluindo receptores de superfície (PGRP-LR) e solúveis (LC). A sinalização de Imd culmina na translocação do fator de transcrição NF-κB para o núcleo, levando à regulação positiva de genes responsivos a Imd, incluindo a diptericina AMP. Consequentemente, as moscas deficientes em AMPs se assemelham aos mutantes da via Imd em termos de suscetibilidade à infecção bacteriana.

D. melanogaster tem um "corpo gordo" análoga ao do fígado humano e é o principal órgão secretor, que produz peptídeos antimicrobianos. Esses peptídeos são secretados na hemolinfa e se ligam a bactérias infecciosas, matando-as, formando poros em sua parede celular. Além do corpo gordo, os hemócitos, que são células do sangue de Drosophila, são homólogos dos monócitos/macrófagos de mamíferos e desempenham um papel significativo nas respostas imunológicas. Em resposta aos desafios imunológicos, os hemócitos podem secretar citocinas, para ativar as vias de sinalização a jusante no corpo gordo. No entanto, o mecanismo ainda não está claro.[47]

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