Gregório Bondar

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Gregório Bondar
Gregório Bondar
Nascimento Gregório Gregorievitch Bondar
18 de novembro de 1881
Zolotonosha, Império Russo
Morte 20 de fevereiro de 1959 (77 anos)
Salvador, Brasil
Nacionalidade brasileiro, russo
Alma mater Universidade de Nancy
Campo(s) agronomia, entomologia, botânica

Gregório Gregorievitch Bondar (18811959) foi um agrônomo, entomologista e pesquisador russo cujo trabalho contribuiu significativamente para a entomologia brasileira.

Em sua homenagem a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira criou em Belmonte (Bahia) uma estação experimental nomeada Estação Experimental Gregório Bondar.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Graduado Engenheiro Agrônomo pelo Instituto Agricola da Universidade de Nancy (França), foi membro da Sociedade Entomológica de Petrogrado (atual Sociedade Entomológica Russa) e da Sociedade Brasileira de Entomologia. Veio para o Brasil em 1910, onde trabalhou no Instituto Agronômico de Campinas, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz e na Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia. Foi um dos pioneiros do Instituto de Cacau da Bahia. Em sua obra destacam-se suas pesquisas voltadas para a lavoura cacaueira, nos campos da Entomologia, Botânica, Fitopatologia e Geologia.

Bondar descreveu diversas espécies novas de palmeiras (Palmae), de cujo estudo econômico publicou diversos livretos.

Publicou diversas outras obras de Botânica Econômica (sobre Apocináceas, Euforbiáceas e Aráceas). Seu livro "Palmeiras do Brasil" foi publicado postumamente, em 1964, pelo Instituto de Botânica de São Paulo.

Início da vida[editar | editar código-fonte]

Bondar nasceu em uma família de agricultores que possuíam 5 hectares de terra na vila de Buromca Malaia, distrito de Zolotonosha. Lá, ele participou da escola secundária, graduando-se em 1892. Em 1894, sua família emigrou para o departamento de Yeniseysk, na Sibéria. Lá, ele trabalhou por um ano como agricultor, sendo posteriormente nomeado como caixeiro para o município. Em 1896, ele se mudou para Kansk, onde trabalhou como balconista no departamento de polícia. Em 1899, ele largou o emprego e voltou para a escola em Krasnoyarsk, graduando-se em 1902. Entre 1902 e 1905, trabalhou como professor de escola primária em Yeniseysk.[1]

A prisão e a primeira migração para o Brasil[editar | editar código-fonte]

Em 1905, Bondar foi delineado pelos militares para combater na Guerra Russo-Japonesa. No mesmo ano, ele foi preso por atividades políticas subversivas. Ele ganhou a anistia com o Manifesto de Outubro do mesmo ano, juntando-se a um levantamento armado em Krasnoyarsk um mês mais tarde. Ele foi novamente preso, escapando em 20 de maio 1906. Ele migrou para a Manchúria sob a identidade de Gregório Kogutovsky, onde trabalhou como professor no Distrito de Hailar até 1908. Naquele ano, ele se mudou para a França para participar da Universidade de Nancy, onde se graduou como engenheiro agrônomo em 1910. Não sendo possível voltar para a Rússia, ele se mudou para o Brasil. Inicialmente, ele trabalhou como fotógrafo free-lance, sendo contratado em 1911 como assistente de pesquisa no departamento de patologia de plantas do Instituto Agronômico de Campinas. Em 1913, recebeu a cidadania brasileira e foi nomeado professor de zoologia e entomologia na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.[1]

Volta à Rússia[editar | editar código-fonte]

No início de 1916, Bondar retornou à Rússia para combater na Primeira Guerra Mundial. Antes de se formar na escola militar, ele foi detido para os encargos de 1905 e enviado para a prisão em São Petersburgo. Ele recebeu a anistia em 1917, após a Revolução Russa. Sendo politicamente moderado, juntou-se ao Movimento Branco e foi eventualmente nomeado como vice-governador do departamento de Yeniseysk. Com a derrota do governo pan, ele foi preso e condenado à morte em 24 de Dezembro de 1919. Sua sentença nunca foi executada e, em 1920, foi libertado com a condição de organização de defesa agrícola contra um gafanhoto ataca pragas do trigo na parte sul do departamento de Yeniseysk. No caminho para o seu destino, ele conseguiu escapar, inicialmente para a Mongólia.[1]

Retorno ao Brasil[editar | editar código-fonte]

Da Mongólia, Bondar viajou para a Manchúria, a Coréia e o Japão. Em Setembro de 1920, ele embarcou no navio Chicago Maru rumo a Santos, no Brasil. Em 1921, Bondar foi contratado pelo estado da Bahia como um entomologista e patologista de plantas no Departamento de Agricultura. Após a resolução de 1921, viveu na Bahia até o final de sua vida. Em 1932, ele foi transferido para o Instituto de Cacau da Bahia. Em 1938, ele foi contratado como consultor técnico pelo Instituto Central de Fomento Econômico da Bahia.[1]

Pesquisas[editar | editar código-fonte]

Bondar descreveu várias novas espécies de palmeiras (Arecaceae). Ele também publicou vários artigos de botânica de plantas da família Apocynaceae, Euphorbiaceae, Araceae e Arecaceae. Seu livro "Palmeiras do Brasil" foi publicado postumamente, em 1964, pelo Instituto de Botânica de São Paulo.[2]

Ele descreveu 318 espécies de insetos, incluindo muitas pragas das plantas estudou. A coleção de Bondar foi adquirida pelo David Rockefeller e doou para o Museu Americano de História Natural, incluindo muitos espécimes-tipo. A maior parte de sua investigação entomológica foi publicada em uma série de documentos chamado Notas Entomológicas da Baía, publicados entre 1937 e 1950 a Revista de Entomologia.[3]

Principais Obras[editar | editar código-fonte]

  • Notas entomológicas da Bahia, I-XXII (1938-1950)
  • Chácaras e Quintaes de 1926 (a, b)
  • A Cultura do Coqueiro no Brasil - Cocos Nucifera (1955)
  • Palmeiras do Brasil (1964)
  • Taro e Taiobas – Abc do Lavrador
  • Boletim N° 7 – O Coqueiro no Brasil (1939)
  • O Dendêzeiro (Abc do Lavrador Prático)
  • Pragas das Laranjeiras e outras Auranciaceas (1915)
  • A Cultura de Cacao na Bahia (1939)
  • Insetos Nocivos ao Cacaueiro (1939)
  • A Lavoura Cacaueira da Bahia
  • Cacau Criollo na Bahia
  • Cacau Branco na Bahia - Espécies e variedades de cacau (1958)

Referências

  1. a b c d BONDAR, Gregório (1943). "Gregório Gregorievich Bondar". [S.l.]: Revista de Entomologia (in Portuguese). pp. 14: 313–319. 
  2. TEIXEIRA, Alcides Ribeiro (1864). "Apresentação". In Bondar, Gregório. Palmeiras do Brasil. [S.l.]: Instituto de Botânica. pp. 5–6 
  3. VAURIE, Patricia (1953). «The Gregorio Bondar types of South American weevils (Coleoptera, Curculionidae). American Museum novitates». Consultado em 22 de outubro de 2015 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • GARCEZ, Angelina Nobre Rolim. Centenário de Gregório Bondar. Salvador: Instituto de Cacau da Bahia, 1981. 149p.
  • TEIXEIRA, Alcides Ribeiro. Apresentação. P. 5-6 in: BONDAR, Gregório. Palmeiras do Brasil. São Paulo: Instituto de Botânica, 1964. 159p., il.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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Abreviatura (zoologia)

A abreviatura Bondar emprega-se para indicar a Gregório Bondar como autoridade na descrição e taxonomia em zoologia.