Piedad Moscoso

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Piedad Moscoso
Nascimento 1932
Sigsig
Morte 13 de novembro de 2010 (77–78 anos)
Cuenca
Sepultamento Cementerio Patrimonial de Cuenca
Cidadania Equador
Alma mater
  • Universidade de Cuenca
Ocupação ativista, professora, médica
Ideologia política anarquismo

María Piedade Moscoso Serrano (Sígsig, 1932 - Bacia, 13 de novembro de 2010) foi uma educadora, médica e militante feminista equatoriana. É lembrada como pioneira da luta pelos direitos das mulheres na província de Azuay.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu no Cantón Sígsig, da província de Azuay.[1] Passou sua infância e etapa escoar na escola María Mazzarello, centro gerido por freiras salesianas. Posteriormente realizou sua formação secundária no Colégio Rosa de Jesús Cordeiro, onde as tradicionais Catalinas - freiras dominicnas - tinham uma linha de trabalho educativo a favor de uma visão crítica aberta e sensível às necessidades dos pobres.[2]

Realizou seus estudos superiores na Faculdade de Medicina da Universidade de Bacia, onde se graduó em 1956 como a primeira mulher azuaya em obter o título de doutora em dita universidade.[3][4] Durante a época universitária, Moscoso uniu-se aos movimentos de protesto de estudantes relativos às reformas curriculares e a ideia de uma universidade vital unida às necessidades do povo e as sensibilidades humanas. Já então foi uma figura notável que recebeu a condecoración do presidente da FEUE e excontrolador da nação Alfredo Corral Borrero, em reconhecimento a seus méritos de luta. Ademais, as mulheres universitárias agrupadas na Associação Feminina Universitária (AFU) também lhe reconcieron sua valia pela sensibilidade humana e seu compromisso radical.[2]

Em seus anos de juventude esteve relacionada com personalidades de esquerda da época, alojando em sua casa ao Che Guevara durante sua passagem por Equador para México, e voltando-se próxima a Nela Martínez, Manuel Agustín Aguirre, entre outros.[3] Piedade Moscoso sentia-se orgulhosa de ser anarquista e sempre defendeu a liberdade de organização e a liberdade de pensamento.[1]

Na década dos cincuneta, trabalhou como professora em vários colégios do Azuay, entre eles o Manuela Garaicoa, o Manuel J. Rua e o Camponês Javeriano.[3] Segundo relatou a socióloga Cecilia Méndez Mora, "Piedade Moscoso Serrano converteu o campo educativo e assumiu para sua vida a prática criadora de abrir consciência crítica em todos e todas as que tiveram oportunidade de ser seus alunos e alunas. A Dra. Piedade transmitia no sala a força comunicativa de suas convencimientos, assentados em fortes valores humanitários", e continua com "Piedade rompeu as velhas formas, tradicionais e arcaicas, carregadas de normas a cumprir, da educação, e num campo tão difícil como a biologia, conhecimentos que ela dava, lhe imprimiu a inovação necessária para captar o interesse e a curiosidade que se levantava como elemento mágico entre as estudantes da época, para questionar uma educação ancorada no passado".[2]

Ao longo de sua vida foi defensora dos direitos humanos e esteve envolvida em várias causas sociais. Foi uma ativista nas lutas pelos direitos no trabalho, contra as ditaduras militares e contra a repressão social do governo de Leão Febres-Cordeiro Ribadeneyra e sobretudo na defesa dos direitos das mulheres.

Em 1975 fundou o movimento Oito de março, considerado como a primeira organização feminista de Azuay, na luta pelos direitos das mulheres.[3][4] Dois anos depois, em 1977, fundou a Frente Ampla de Mulheres, uma organização política nacional que aglutinou a mulheres progressistas de esquerda.[5] Também impulsionou como sócia fundadora a formação da Rede de Mulheres do Azuay e o Cabildo pelas Mulheres.[3][6]

Faleceu o 13 de novembro de 2010.[1] Anos depois seus restos foram transladados ao parque de personagens ilustres do Cemitério Patrimonial de Bacia. Seu lápida leva inscrita a frase "Símbolo de compromisso e luta pela equidade e a justiça social" e repousa junto à da política socialista Guadalupe Larriva.[1][6]

Tumba no Cemitério Patrimonial de Bacia

Prêmios e reconhecimentos[editar | editar código-fonte]

Foi reconhecida em vida, em 2005, com o prêmio Mary Corylé, por seu pensamento e valente contribuição às reivindicações femininas de Bacia.[1]

Em outubro de 2014 foi declarada postumamente Mulher Ilustre pelo Concejo Cantonal de Bacia por sua luta pelos direitos das mulheres.[5]

Em 2016 recebeu de forma póstuma por parte da Assembleia Nacional de Equador o Prêmio Matilde Hidalgo que leva o nome de outra equatoriana ilustre, poeta, médica, sufragista e defensora dos direitos das mulheres.[4]

Referências

  1. a b c d e f «Piedad Moscoso, una mujer ilustre de Cuenca». El Tiempo. 7 de março de 2015. Consultado em 23 de março de 2018. Cópia arquivada em 19 de março de 2018 
  2. a b c «Mujeres Libertarias: María Piedad Moscoso Serrano, arcilla indócil - Somos Salud». instituciones.msp.gob.ec. Consultado em 10 de novembro de 2020 
  3. a b c d e «Piedad Moscoso, memorial de una mujer libertaria». El Mercurio. 18 de março de 2012. Consultado em 23 de março de 2018. Cópia arquivada em 19 de março de 2018 
  4. a b c «Asamblea Nacional condecora personajes ilustres de Azuay». El Telégrafo. 22 de outubro de 2016. Consultado em 23 de março de 2018. Cópia arquivada em 23 de março de 2018 
  5. a b «Piedad Moscoso, nueva Mujer Ilustre». El Tiempo. 14 de outubro de 2014. Consultado em 23 de março de 2018. Cópia arquivada em 19 de março de 2018 
  6. a b «Cementerio Patrimonial de Cuenca». www.cementeriopatrimonialdecuenca.com. Consultado em 10 de novembro de 2020