Epitácio Cafeteira
Epitácio Cafeteira | |
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Senador pelo Maranhão | |
Período | 1º de fevereiro de 2007 até 1º de fevereiro de 2015 e de 1º de fevereiro de 1991 até 1º de fevereiro de 1999 |
Governador do Maranhão | |
Período | 15 de março de 1987 até 3 de abril de 1990 |
Antecessor(a) | Luís Rocha |
Sucessor(a) | João Alberto de Souza |
Deputado federal pelo Maranhão | |
Período | 1975 a 1987 (3 mandatos consecutivos) |
Prefeito de São Luís | |
Período | 1965-1969 |
Antecessor(a) | Djard Ramos Martins |
Sucessor(a) | Vicente Fialho |
Dados pessoais | |
Nascimento | 27 de junho de 1924 João Pessoa, PB |
Morte | 13 de maio de 2018 (93 anos) Brasília, DF |
Partido | PR (1962-1966) MDB (1966-1979) PMDB (1980-1985) PDT (1985-1986) PMDB (1986-1989) PDC (1989-1993) PPR (1993-1995) PPB (1995-2001) PDT (2001-2005) PTB (2005-2018) |
Religião | católico |
Profissão | bancário |
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Epitácio Cafeteira Afonso Pereira, mais conhecido como Epitácio Cafeteira GCIH (João Pessoa, 27 de junho de 1924 – Brasília, 13 de maio de 2018) foi um bancário e político brasileiro, outrora prefeito de São Luís e governador do Maranhão, estado que também representou no Congresso Nacional.[1][2][3][4][5]
Dados biográficos[editar | editar código-fonte]
Filho de José Justino Pereira do Café e Eudóxia Afonso Pereira[nota 1], era técnico em Contabilidade formado pela Escola Técnica de Comércio de Maceió (1960). Funcionário do Banco do Brasil, exerceu os cargos de subchefe de seção e de serviço, contador e inspetor.[2]
Iniciou sua trajetória política nas Oposições Coligadas como candidato a deputado estadual no Maranhão em 1950, mas não obteve êxito. Também foi derrotado ao disputar esse mesmo cargo em Alagoas pela Frente Democrática Trabalhista em 1958.[3]
De volta ao Maranhão, elegeu-se suplente de deputado federal pelo PR em 1962 chegando a exercer o mandato mediante convocação.[4][nota 2] Num desses intervalos apresentou a Emenda Constitucional n° 12/1965, estabelecendo a eleição direta para prefeito da capital maranhense, até então a única do país onde o alcaide era nomeado pelo governador do estado. [6][7]
Prefeito de São Luís[editar | editar código-fonte]
Aprovada a emenda, Epitácio Cafeteira elegeu-se prefeito de São Luís em 3 de outubro de 1965 e foi empossado no dia 16 de outubro para um mandato de quatro anos.[8][6][7][9][10][nota 3][nota 4]
Em 1966, enfrentou uma campanha da maioria dos vereadores para afastá-lo do cargo, devido à falta de prestação de contas do exercício anterior. No entanto, passou a residir no próprio prédio da prefeitura, resistindo por três meses às pressões, mas conseguindo se manter no cargo. A crise política acabou provocando o rompimento político com o então governador do estado José Sarney.[2]
Deputado federal[editar | editar código-fonte]
Membro do MDB após a imposição do bipartidarismo pelos militares, foi candidato a senador em 1970. No entanto, os vencedores foram José Sarney e Alexandre Costa, candidatos da ARENA. Em 1974 e 1978, elegeu-se deputado federal. Em 1974, foi o único do deputado federal do estado eleito pelo MDB. [2][3]
Em outubro de 1979, apresentou um projeto de emenda constitucional que restabelecia a completa autonomia do Poder Legislativo, retirada pelo regime militar. A emenda, no entanto, não foi aprovada porque faltaram três votos para a obtenção da maioria absoluta.[2]
Com o fim do bipartidarismo, ingressou no PMDB em 1979, renovando seu mandato parlamentar em 1982.[2][3][4] Votou favorável à Emenda Dante de Oliveira em 1984, que restabeleceria eleições diretas para a presidência da República, mas que não foi aprovada em votação na Câmara dos Deputados.[2]
Cafeteira reconciliou-se com José Sarney ao escolher Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 1985, na chapa denominada Aliança Democrática. A candidatura de José Sarney como vice-presidente não foi bem aceita por parte dos deputados do MDB, mas Cafeteira defendia que as divergências políticas deveriam ser superadas para que pudesse haver a derrubada da ditadura[11][12] Com a morte de Tancredo Neves em 21 de abril daquele ano, José Sarney foi efetivado presidente da República.[3]
Com o restabelecimento das eleições diretas para as capitais e os municípios considerados áreas de segurança nacional, foi realizada a convenção do PMDB para escolha do candidato às eleições municipais de São Luís de novembro de 1985. Diante de divergências. deixou o PMDB e passou a apoiar o médico Jackson Lago (PDT), seu secretário de Saúde quando fora prefeito de São Luís, filiando-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT) e levando consigo o seu grupo político. Foi eleita como prefeita Gardênia Gonçalves (PDS), esposa do ex-governador João Castelo.[2]
Governador do Maranhão[editar | editar código-fonte]
Em 1986, retorna ao PMDB e são iniciadas as articulações para sua candidatura ao governo do estado. Buscou-se uma coligação que reeditasse a Aliança Democrática no estado, tendo sido formada a chapa Cafeteira/João Alberto, este do Partido da Frente Liberal (PFL). A chapa recebeu o apoio do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), do Partido Comunista Brasileiro (PCB), do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e do Partido Democrático Trabalhista (PDT), entre outros partidos, além do então presidente José Sarney. A coligação heterogênea reuniu quase todos os partidos contrários ao candidato do PDS, João Castelo. Cafeteira foi eleito nas eleições de 1986 com 81,03% dos votos válidos, a maior do país naquela eleição.[3][13][14][nota 5]
Em 26 de novembro de 1987, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal.[15]
Deixou o PMDB por divergências políticas durante o processo de escolha do candidato a presidente pelo partido para as eleições de 1989 e ingressou no PDC. Apoiou a candidatura de Fernando Collor de Mello (PRN) a presidente.[2]
Senador[editar | editar código-fonte]
Em abril de 1990, renunciou ao governo estadual para que pudesse ser candidato a Senado nas eleições de outubro, tendo sido eleitor senador com 59,56% dos votos válidos como adversário do grupo liderado por José Sarney, eleito senador pelo PMDB do Amapá.[nota 6][5]. Durante o mandato de senador, votou a favor do impeachment de Fernando Collor de Mello e contra a PEC que autorizava a reeleição de ocupantes do Poder Executivo.[5]
Com a fusão do PDC com o PDS no Partido Progressista Reformador (PPR) em 4 de abril de 1993,[16] disputou o governo maranhense pelo PPR nas eleições de 1994, em acirrada disputa, na qual Roseana Sarney foi eleita governadora em segundo turno contra Cafeteira com 50,61% dos votos válidos.[17][18]
Em agosto de 1995, se filia ao Partido Progressista Brasileiro (PPB), criado com a fusão do PPR com o Partido Progressista (PP). Foi candidato novamente a governador nas eleições de 1998, mas foi vencido por Roseana Sarney (PFL) novamente, reeleita em primeiro turno com 66,01% dos votos válidos.[5]
Ficou em terceiro lugar como candidato ao Senado Federal pelo PDT em 2002. No entanto, após celebrar uma aliança com o clã Sarney, foi eleito senador pelo PTB em 2006.[3][5]
Epitácio Cafeteira foi o primeiro relator do processo movido contra o senador Renan Calheiros por quebra de decoro parlamentar em 2007, tendo se posicionado a favor da absolvição do então presidente do Senado. Pediu afastamento da relatoria em razão de problemas de saúde.[19]
Entre dezembro de 2012 e fevereiro de 2013, integrou a Comissão Representativa do Congresso Nacional. Não disputou as eleições de 2014, deixando o Senado Federal ao fim da legislatura, em fevereiro de 2015. [5]
Faleceu em 13 de maio de 2018, aos 93 anos, em razão do delicado estado de saúde. O ex-senador morava em Brasília, onde estava internado em uma UTI residencial.[20]
Notas
- ↑ Epitácio Afonso Pereira incorporou oficialmente a seu nome o apelido de infância de “Cafeteira”, ganho na escola. https://oimparcial.com.br/politica/2018/05/05-curiosidades-da-vida-de-epitacio-cafeteira/3/#the-post
- ↑ Primeiro suplente das "Oposições Coligadas" (UDN, PDC, PR, PTN), Epitácio Cafeteira exerceu o mandato de 3 de abril a 1º de maio de 1963. Nesse mesmo ano reassumiu entre 24 de junho e 20 de agosto e depois entre 2 de setembro e 27 de outubro. Foi convocado novamente entre 20 e 31 de março de 1964 e depois retornou à Câmara dos Deputados entre 15 e 17 de fevereiro de 1965 e de 24 a 29 de março do mesmo ano.
- ↑ A proposição de Cafeteira resultou na Emenda Constitucional Número Doze de 8 de abril de 1965.
- ↑ Conforme o Jornal do Brasil, Epitácio Cafeteira obteve 19.822 votos ante 12.948 de Ivar Saldanha, 5.651 de Ivaldo Perdigão Freire e 2.168 de Zemário de Araújo Carvalho. Seus quatro anos de mandato foram determinados pela Emenda Constitucional Número Treze de 8 de abril de 1965, sob posterior interpretação da Justiça Eleitoral.
- ↑ Eleito em 15 de novembro de 1986, Epitácio Cafeteira foi o primeiro governador maranhense a superar um milhão de votos e estabeleceu o recorde de 81,02% dos votos percentuais, marca vigente até os dias atuais.
- ↑ A eleição de Epitácio Cafeteira para senador em 1990 foi facilitada pela decisão de José Sarney em disputar uma vaga pelo recém-criado estado do Amapá. Pesaram na decisão de Sarney fatores como: a melhor articulação de Cafeteira junto às forças políticas do estado, o desgaste de Sarney após sua gestão frente a Presidência da República e o fato de que o Amapá elegeria três senadores ao invés de um como no caso do Maranhão. Fato curioso é que o candidato a governador apoiado pelos aliados de Cafeteira foi João Castelo, a quem o próprio Cafeteira derrotou em 1986. Ao final, a vitória coube a Edison Lobão em segundo turno.
Referências
- ↑ «Ex-governador do Maranhão, Epitácio Cafeteira morre aos 93 anos». G1. Globo.com. 13 de maio de 2018. Consultado em 13 de maio de 2018
- ↑ a b c d e f g h i BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Epitácio Cafeteira no CPDOC». Consultado em 13 de agosto de 2020
- ↑ a b c d e f g BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais». Consultado em 19 de outubro de 2021
- ↑ a b c BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Epitácio Cafeteira». Consultado em 13 de agosto de 2020
- ↑ a b c d e f BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Epitácio Cafeteira». Consultado em 13 de agosto de 2020
- ↑ a b BRASIL. Presidência da República. «Constituição de 1946». Consultado em 13 de agosto de 2020
- ↑ a b Redação (8 de abril de 1965). «São Luís já pode eleger seu prefeito. Primeiro Caderno – p. 07». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 13 de agosto de 2020
- ↑ Redação (9 de março de 1963). «S. Luís quer eleger seu prefeito. Primeiro Caderno – p. 03». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 13 de agosto de 2020
- ↑ Redação (10 de outubro de 1965). «Cafeteira eleito em São Luís. Primeiro Caderno – p. 21». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 13 de agosto de 2020
- ↑ Redação (15 de outubro de 1969). «TSE confirma eleições de novembro. Primeiro Caderno – Política, p. 04». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 13 de agosto de 2020
- ↑ Clóvis Rossi (26 de abril de 1984). «A nação frustrada! Apesar da maioria de 298 votos, faltaram 22 para aprovar diretas. Capa». acervo.folha.com.br. Folha de S.Paulo. Consultado em 19 de outubro de 2021
- ↑ Redação (16 de janeiro de 1985). «Sai de São Paulo o voto para a vitória da Aliança. Política, p. 06». acervo.folha.com.br. Folha de S.Paulo. Consultado em 19 de outubro de 2021
- ↑ Sarney forma bloco no Maranhão para garantir respaldo a Cafeteira (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 26/04/1986. Primeiro caderno, p. 03. Página visitada em 22 de abril de 2016.
- ↑ Palanque de Cafeteira está cheio (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 18/10/1986. Primeiro caderno, p. 02. Página visitada em 14 de agosto de 2020.
- ↑ «Cidadãos Estrangeiras Agraciados com Ordens Nacionais». Resultado da busca de "Epitácio Cafeteira". Presidência da República Portuguesa (Ordens Honoríficas Portuguesas). Consultado em 1 de março de 2016
- ↑ PDS fecha acordo para se fundir com o PDC (online). Folha de S.Paulo, São Paulo (SP), 18/02/1993. Primeiro Caderno, p. 1-9. Página visitada em 13 de agosto de 2020.
- ↑ «Folha de S.Paulo - Segundo turno vira plebiscito no Maranhão - 30/10/1994». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 19 de março de 2023
- ↑ «Folha de S.Paulo - "Morto-vivo" agita a propaganda eleitoral - 14/11/1994». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 19 de março de 2023
- ↑ Congresso em Foco, 17/09/2007 http://congressoemfoco.ig.com.br/Noticia.aspx?id=18960 Congresso em Foco, 17/09/2007 Verifique valor
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(ajuda) [ligação inativa] - ↑ «Ex-governador do Maranhão Epitácio Cafeteira morre em Brasília». Agência Brasil. 14 de maio de 2018. Consultado em 19 de março de 2023
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