Guaíba (corpo hídrico): diferenças entre revisões
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O rio possui importância ambiental, econômica e histórico cultural para a região<ref>{{Citar periódico|ultimo=Andrade|primeiro=Leonardo Capeleto de|ultimo2=Rodrigues|primeiro2=Lucia Ribeiro|ultimo3=Andreazza|primeiro3=Robson|ultimo4=Camargo|primeiro4=Flávio Anastácio de Oliveira|data=2019-05-30|titulo=Lago Guaíba: uma análise histórico-cultural da poluição hídrica em Porto Alegre, RS, Brasil|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-41522019000200229&lng=pt&tlng=pt|jornal=Engenharia Sanitaria e Ambiental|volume=24|numero=2|paginas=229–237|doi=10.1590/s1413-41522019155281|issn=1809-4457}}</ref>. Atualmente as águas do lago tem múltiplos usos, como abastecimento hídrico, diluição de águas residuais (como esgotos), recreação, pesca e navegação (cargas e transporte público), além de fazer parte da identidade visual da região<ref>{{Citar periódico|ultimo=Andrade|primeiro=Leonardo Capeleto de|ultimo2=Rodrigues|primeiro2=Lucia Ribeiro|ultimo3=Andreazza|primeiro3=Robson|ultimo4=Camargo|primeiro4=Flávio Anastácio de Oliveira|data=2019-05-30|titulo=Lago Guaíba: uma análise histórico-cultural da poluição hídrica em Porto Alegre, RS, Brasil|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-41522019000200229&lng=pt&tlng=pt|jornal=Engenharia Sanitaria e Ambiental|volume=24|numero=2|paginas=229–237|doi=10.1590/s1413-41522019155281|issn=1809-4457}}</ref><ref name=":4" />. O rio é gerido pelo Comitê de Bacia do Rio Guaíba<ref>{{citar web|url=http://comitedolagoguaiba.com.br/historico/|titulo=Comitê do Lago Guaíba: Histórico|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>. |
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==Geografia== |
==Geografia== |
Revisão das 20h22min de 17 de agosto de 2020
Lago Guaíba Guahyba | |
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Vista a partir de Porto Alegre | |
Localização | |
Coordenadas | |
País | Brasil |
Região administrativa | Rio Grande do Sul |
Características | |
Área * | 496 km² |
Comprimento máximo | 50 km |
Largura máxima | 19 km |
Profundidade média | 3 m |
Volume * | 1.44 mil km³ |
Bacia hidrográfica | 2.523 km² |
Afluentes | Delta do Jacuí, Arroio Dilúvio |
Efluentes | Laguna dos Patos |
Localização do Lago Guaíba e de sua Região Hidrográfica[1] | |
* Os valores do perímetro, área e volume podem ser imprecisos devido às estimativas envolvidas, podendo não estar normalizadas. |
O Lago Guaíba localiza-se na região metropolitana de Porto Alegre, banhando as cidades de Porto Alegre, Eldorado do Sul, Guaíba, Barra do Ribeiro e Viamão.
O rio possui importância ambiental, econômica e histórico cultural para a região[2]. Atualmente as águas do lago tem múltiplos usos, como abastecimento hídrico, diluição de águas residuais (como esgotos), recreação, pesca e navegação (cargas e transporte público), além de fazer parte da identidade visual da região[3][4]. O rio é gerido pelo Comitê de Bacia do Rio Guaíba[5].
Geografia
O Lago Guaíba é um corpo hídrico superficial raso e aberto, com vazão (média histórica) de entrada de 780 m³/s (com eventos pontuais ultrapassando os 3.000 m³/s)[6], sendo alimentado principalmente pelos rios: Jacuí (84,6%); Sinos (7,5%); Caí (5,2%); e Gravataí (2,7%); além de diversos arroios em suas margens (como o Arroio Dilúvio).[7] Estes rios desembocam no Delta do Jacuí, formando então o Lago Guaíba, que banha os municípios de Porto Alegre, Eldorado do Sul, Guaíba, Barra do Ribeiro e Viamão. A partir do Guaíba, as águas vão para a Laguna dos Patos e, por sequência, para o Oceano Atlântico.
O Guaíba possui área de 496 km², comprimento máximo de 50 km (entre o Delta do Jacuí e o exutório para Laguna dos Patos) e largura variável, entre 900 m (na altura do Gasômetro) e 19 km (ao sul do lago).
Bacia hidrográfica
A Região Hidrográfica do Guaíba abrange uma área de 84.751 km², cobrindo 251 municípios e 1/3 da área do estado, o que representa cerca de 50% dos municípios e mais de 60% dos habitantes do Rio Grande do Sul[8][9]. Nela, estão situados os núcleos industriais mais importantes do estado, concentrando dois terços da produção industrial do Rio Grande do Sul os centros urbanos mais populosos.
Já a Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba, especificamente, cobre 2.523,62 km² (0,9% da área do Rio Grande do Sul), envolvendo 14 municípios e mais de 2,2 milhões de habitantes[9].
Orla de Porto Alegre
Na orla do Guaíba, encontram-se diversos pontos turísticos e de referência da capital gaúcha, tais como: a Usina do Gasômetro, a área revitalizada da Orla, o estádio de futebol Beira-Rio, o Anfiteatro Pôr do Sol, a Fundação Iberê Camargo, as ruínas do Estaleiro Só, entre outros.
A orla também é o local de muitos clubes náuticos, como: o Iate Clube Guaíba, o Veleiros do Sul, o Clube dos Jangadeiros, entre outros.
O Cais Mauá localiza-se oficialmente no Canal dos Navegantes, sendo parte do Delta do Jacuí (estando à montante do Lago Guaíba).
Praias
O Guaíba possui diversas praias lacustres que são frequentadas pela população. Nem todas estas são utilizadas por banhistas ou possuem balneabilidade adequada. A balneabilidade das praias do Guaíba é monitorada pela FEPAM[10].
Na margem leste
- Praia de Ipanema (Porto Alegre)
- Praia das Pombas (Porto Alegre)
- Praia de Belém Novo (Porto Alegre)
- Praia do Lami (Porto Alegre)
- Praia de Itapuã (Viamão)
Na margem Oeste
- Praia da Alegria (Guaíba)
- Praia da Florida (Guaíba)
- Praia da Picada (Barra do Ribeiro)
Ilhas
Além do arquipélago do Delta do Jacuí (à montante do Guaíba), há diversas ilhas no lago:
- Ilha das Pedras Brancas (ou do Presídio)
- Ilha Francisco Manoel (ou Chico Manoel)
- Ilha das Pombas (próximo ao Parque Estadual de Itapuã)
- Ilha do Junco (no exutório para Laguna dos Patos)
História ambiental
Origem do nome
Na cartografia dos séculos XVII e XVIII (e até princípios do XIX) o Lago Guaíba e a Laguna dos Patos eram denominados conjuntamente de “Rio Grande”, o que gerou o nome do estado: Rio Grande do Sul[11][12][13][14]. Em relação ao Lago, o nome “Guahyba” origina-se da família linguística Tupi-Guarani (primeiros habitantes da região), podendo ser traduzido como “encontro das águas”, denotando a convergência de seus afluentes (no Delta do Jacuí)[15][7]. Entretanto, até o início do século XIX, este manancial foi conhecido por outros nomes, como “Lagoa de Viamão” ou “de Porto Alegre” [12][14].
Fatos históricos
- O Guaíba é o principal manancial de abastecimento hídrico da capital gaúcha desde sua fundação no início no século XVIII[16].
- A enchente de 1941 deixou diversas ruas de Porto Alegre debaixo d'água por dias.
Poluição
A baixa qualidade das águas do Lago Guaíba já eram notadas desde o fim dos anos 1950[17], persistindo por décadas de percepção pública. Até a metade do século XX o lago tinha variados usos de suas águas, sendo um destino popular para banhistas, esportistas e turistas - especialmente entre as décadas de 1940 e 1970. Porém, estas atividades foram restringidas ao longo do tempo pelo aumento da poluição[18][19][20]. Na época, a aceitação da poluição e da "perda" das praias foi vista pela população como uma consequência inevitável do desenvolvimento econômico[20][19][18].
A poluição do Guaíba se dá principalmente através das águas do Delta do Jacuí e dos arroios afluentes. O Delta do Jacuí apresenta poluição derivada de esgotos sanitários (principalmente vindas do Rio Gravataí) e de efluentes industriais (do Caí e dos Sinos) - provenientes da histórica região coureiro-calçadista próxima de Novo Hamburgo e São Leopoldo[8]. Na margem de Porto Alegre a poluição flui principalmente a partir de arroios como o Dilúvio, o Cavalhada, o Salso e outros[18]. Nestes áreas o sedimento do leito do Lago Guaíba apresenta poluição por excesso de nutrientes (C, N, P) e metais potencialmente tóxicos (Zn, Cu, Cr, Ni, Pb, Cd), derivados principalmente de esgotos não tratados e outras fontes derivadas da intensa urbanização e atividade antrópica, como indústrias, esgotos e o intenso fluxo de veículos nas vias[4][18].
Planos de despoluição
Diversos programas já focaram na despoluição do Lago Guaíba, dentre eles o Pró Guaíba[21].
O projeto governamental de saneamento denominado "Programa Integrado Socioambiental "(PISA) tem como objetivo tornar as águas do Guaíba balneáveis novamente, em um prazo de 20 anos (a contar de 2007). O programa envolve a construção de Estações de Tratamento de Esgotos (ETE), entre outras obras correlatas.
Topônimo
Em sua história, o Guaíba já foi classificado como “rio”, “ria”, “estuário” e “lago”. Houve até a indicação de “na dúvida entre o correto termo recomendou-se a utilização do nome apenas como ‘Guaíba’, sem designação.”[22][12][23] Sendo um ambiente transicional, este “acidente geográfico” possui particularidades que dificultam sua simples denominação toponímica, persistindo continuamente a discussão.[23] O governo do Rio Grande do Sul chama o Guaíba de lago desde 1998, quando instituiu o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba.[24]
Os argumentos a favor do Guaíba ser um lago são:[7]
- Os rios que nele desembocam formam um delta (Delta do Jacuí);
- O escoamento da água é bidimensional, formando áreas com velocidades diferenciadas, típico de um lago;
- Os depósitos sedimentares das margens possuem geometria e estrutura características de sistema lacustre;
- A vegetação das margens é de matas de restinga, identificadoras de cordões arenosos lacustres.
Os argumentos a favor do Guaíba ser um rio são:[25]
- tem canais controlando a sedimentação
- tem curto tempo de residência da água
- tem modo de escoamento que acompanha os gradientes do terreno submerso, "o talvegue ao longo de toda extensão entre a Usina do Gasômetro e a Ponta de Itapuã".
Galeria
Ver também
Referências
- ↑ de Andrade, Leonardo Capeleto; Coelho, Fabrício Fernandes; Hassan, Sayed M.; Morris, Lawrence A.; de Oliveira Camargo, Flávio Anastácio (2019). «Sediment pollution in an urban water supply lake in southern Brazil». Environmental Monitoring and Assessment (em inglês). 191 (1). ISSN 0167-6369. doi:10.1007/s10661-018-7132-2
- ↑ Andrade, Leonardo Capeleto de; Rodrigues, Lucia Ribeiro; Andreazza, Robson; Camargo, Flávio Anastácio de Oliveira (30 de maio de 2019). «Lago Guaíba: uma análise histórico-cultural da poluição hídrica em Porto Alegre, RS, Brasil». Engenharia Sanitaria e Ambiental. 24 (2): 229–237. ISSN 1809-4457. doi:10.1590/s1413-41522019155281
- ↑ Andrade, Leonardo Capeleto de; Rodrigues, Lucia Ribeiro; Andreazza, Robson; Camargo, Flávio Anastácio de Oliveira (30 de maio de 2019). «Lago Guaíba: uma análise histórico-cultural da poluição hídrica em Porto Alegre, RS, Brasil». Engenharia Sanitaria e Ambiental. 24 (2): 229–237. ISSN 1809-4457. doi:10.1590/s1413-41522019155281
- ↑ a b de Andrade, Leonardo Capeleto; Coelho, Fabrício Fernandes; Hassan, Sayed M.; Morris, Lawrence A.; de Oliveira Camargo, Flávio Anastácio (2019). «Sediment pollution in an urban water supply lake in southern Brazil». Environmental Monitoring and Assessment (em inglês). 191 (1). ISSN 0167-6369. doi:10.1007/s10661-018-7132-2
- ↑ «Comitê do Lago Guaíba: Histórico»
- ↑ ANDRADE NETO, J.S. (2012). «Descarga sólida em suspensão do sistema fluvial do Guaíba, RS, e sua variabilidade temporal». Pesquisas em Geociências
- ↑ a b c MENEGAT, R.; PORTO, M. L.; CARRARO, C. C.; FERNANDES, L. A. A. (Coord.). Atlas ambiental de Porto Alegre. 3. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006. 228 p.
- ↑ a b Andrade, Leonardo Capeleto de; Andrade, Rodrigo Da Rocha; Camargo, Flávio Anastácio de Oliveira (20 de março de 2018). «The historical influence of tributaries on the water and sediment of Jacuí's Delta, Southern Brazil». Ambiente e Agua - An Interdisciplinary Journal of Applied Science. 13 (2). 1 páginas. ISSN 1980-993X. doi:10.4136/ambi-agua.2150
- ↑ a b «G080 - Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba». SEMA - Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul. Consultado em 6 de maio de 2019
- ↑ FEPAM. «QUALIDADE AMBIENTAL: Projeto Balneabilidade»
- ↑ Andrade, Leonardo Capeleto de; Rodrigues, Lucia Ribeiro; Andreazza, Robson; Camargo, Flávio Anastácio de Oliveira (30 de maio de 2019). «Lago Guaíba: uma análise histórico-cultural da poluição hídrica em Porto Alegre, RS, Brasil». Engenharia Sanitaria e Ambiental. 24 (2): 229–237. ISSN 1809-4457. doi:10.1590/s1413-41522019155281
- ↑ a b c OLIVEIRA, Carlos Alfredo Azevedo (1981). «Um lago chamado Guaíba». Boletim Gaúcho de Geografia
- ↑ OLIVEIRA, Carlos Alfredo Azevedo (1976). «A designação do Guaíba – conceituação em Geografia Física». Boletim Geográfico do Rio Grande do Sul
- ↑ a b SPALDING, W (1961). «O Guaíba, a Lagoa dos Patos e a Barra do Rio Grande». Boletim Geográfico do Rio Grande do Sul
- ↑ Andrade, Leonardo Capeleto de; Rodrigues, Lucia Ribeiro; Andreazza, Robson; Camargo, Flávio Anastácio de Oliveira (30 de maio de 2019). «Lago Guaíba: uma análise histórico-cultural da poluição hídrica em Porto Alegre, RS, Brasil». Engenharia Sanitaria e Ambiental. 24 (2): 229–237. ISSN 1809-4457. doi:10.1590/s1413-41522019155281
- ↑ «Histórico». DMAE. Consultado em 11 de julho de 2018
- ↑ FREITAS, A. F. R. (1962). O destino dos esgotos de Porto Alegre em face da poluição do Guaíba. Rio Grande do Sul: Ed. da Universidade do Rio Grande do Sul. pp. 39 f.
- ↑ a b c d de Andrade, Leonardo Capeleto; Tiecher, Tales; de Oliveira, Jessica Souza; Andreazza, Robson; Inda, Alberto Vasconcellos; de Oliveira Camargo, Flávio Anastácio (2018). «Sediment pollution in margins of the Lake Guaíba, Southern Brazil». Environmental Monitoring and Assessment (em inglês). 190 (1). ISSN 0167-6369. doi:10.1007/s10661-017-6365-9
- ↑ a b Rückert, Fabiano Quadros (6 de fevereiro de 2014). «O problema das águas poluídas na cidade de Porto Alegre (1853-1928) - doi: 10.4025/dialogos.v17i3.763». Diálogos. 17 (3). ISSN 2177-2940. doi:10.4025/dialogos.v17i3.763
- ↑ a b Prestes, A.J.D. A poluição do Guaíba e de suas praias em Porto Alegre a partir dos anos 1960. In: Pereira, E.M.; Rückert, F. Q.; Machado, N.G. (Eds.). História ambiental do Rio Grande do Sul (p. 224). Lajeado: Editora da Univates, 224 p., 2014.
- ↑ «Pró-Guaíba». FEPAM. Consultado em 5 de maio de 2019
- ↑ CHEBATAROFF, Jorge (1959). «Denominação do Guaíba e o moderno conceito de Estuário. Boletim Geográfico do Rio Grande do Sul». Boletim Geográfico do Rio grande do Sul
- ↑ a b ANDRADE, Leonardo Capeleto de. IMPACTOS DO AMBIENTE URBANO NA POLUIÇÃO DOS SEDIMENTOS DO LAGO GUAÍBA. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Agronomia, Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, Porto Alegre, BR-RS, 2018. 116 f.
- ↑ ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, Decreto nº 38989, de 29 de outubro de 1998. Cria o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Guaíba.
- ↑ [1]