Corpo-seco: diferenças entre revisões
m Foram revertidas as edições de SisPlatiny por adição de informação suspeita sem fontes (usando Huggle) (3.4.10) Etiqueta: Reversão |
Paginação da referência citada na obra de Cascudo. |
||
Linha 1: | Linha 1: | ||
{{Mais notas|data=fevereiro de 2021}} |
{{Mais notas|data=fevereiro de 2021}} |
||
'''Corpo-seco''' (também conhecido como '''Unhudo'''<ref>{{Citar periódico |url=https://repositorio.unesp.br/handle/11449/89401 |titulo=Comunicação, cultura e mídia: o mito do Unhudo da Pedra Branca |data=2005-04-07 |acessodata=2021-02-16 |jornal=Aleph |ultimo=Guaraldo |primeiro=Tamara de Souza Brandão [UNESP |paginas=215 f. : il. + 1 CD}}</ref>) é uma lenda que faz parte do folclore brasileiro e do folclore ibérico.<ref>{{citar periódico |url=http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/anais4/st4/8.pdf |titulo=Na Trilha do Corpo-Seco |data=2013-01 |acessodata= |jornal=Revista Brasileira de História das Religiões |publicado=Associação Nacional de História |número=15 |ultimo=Reis Filho |primeiro=Lúcio |local=Maringá |issn=1983-2850 |volume=V}}</ref> É descrito como um [[Morto-vivo|cadáver]] ressequido que é expulso da terra como punição por pecado excepcionalmente grave. Em histórias em que o espírito deixa o corpo-seco, é também chamado de '''Bradador'''.{{Sfn|Cascudo|2002|p= |
'''Corpo-seco''' (também conhecido como '''Unhudo'''<ref>{{Citar periódico |url=https://repositorio.unesp.br/handle/11449/89401 |titulo=Comunicação, cultura e mídia: o mito do Unhudo da Pedra Branca |data=2005-04-07 |acessodata=2021-02-16 |jornal=Aleph |ultimo=Guaraldo |primeiro=Tamara de Souza Brandão [UNESP |paginas=215 f. : il. + 1 CD}}</ref>) é uma lenda que faz parte do folclore brasileiro e do folclore ibérico.<ref>{{citar periódico |url=http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/anais4/st4/8.pdf |titulo=Na Trilha do Corpo-Seco |data=2013-01 |acessodata= |jornal=Revista Brasileira de História das Religiões |publicado=Associação Nacional de História |número=15 |ultimo=Reis Filho |primeiro=Lúcio |local=Maringá |issn=1983-2850 |volume=V}}</ref> É descrito como um [[Morto-vivo|cadáver]] ressequido que é expulso da terra como punição por pecado excepcionalmente grave. Em histórias em que o espírito deixa o corpo-seco, é também chamado de '''Bradador'''.{{Sfn|Cascudo|2002|p=299}} |
||
[[Ficheiro:A LENDA DO CORPO SECO E OUTROS CAUSOS DA ROÇA.webm|miniaturadaimagem|História oral sobre corpo-seco, contada por morador do interior de [[São Paulo (estado)|São Paulo]].]] |
[[Ficheiro:A LENDA DO CORPO SECO E OUTROS CAUSOS DA ROÇA.webm|miniaturadaimagem|História oral sobre corpo-seco, contada por morador do interior de [[São Paulo (estado)|São Paulo]].]] |
||
== Descrição == |
== Descrição == |
||
<blockquote>A convergência dos espíritos-bradadores, almas que gritam e choram, comuns no Folclore europeu, como o Corpo-Seco, é um natural e lógica explicação popular. O cadáver ressequido, expulso da terra, parece rejeitado por ela e só se daria por um pecado excepcionalmente grave. O fantasma gritador (Bradador) deve ser, forçosamente, o espírito que animava o Corpo-Seco. Ambos, espírito e corpo, cumprem uma sina, satisfazendo compromissos morais e religiosos.{{Sfn|Cascudo|2002|p=285}}</blockquote>Descrito por [[Basílio de Magalhães]] como "homem maligno e que agrediu a própria mãe que ao morrer, nem Deus nem o diabo o quiseram e a própria terra o repeliu e, um dia, mirrado, dessecado, com a pele engelhada sobre os ossos, da tumba se levantou, em obediência a seu fado, vagando e assombrando os viventes, na caladas da noite".{{Sfn|Cascudo|2002|p= |
<blockquote>A convergência dos espíritos-bradadores, almas que gritam e choram, comuns no Folclore europeu, como o Corpo-Seco, é um natural e lógica explicação popular. O cadáver ressequido, expulso da terra, parece rejeitado por ela e só se daria por um pecado excepcionalmente grave. O fantasma gritador (Bradador) deve ser, forçosamente, o espírito que animava o Corpo-Seco. Ambos, espírito e corpo, cumprem uma sina, satisfazendo compromissos morais e religiosos.{{Sfn|Cascudo|2002|p=285}}</blockquote>Descrito por [[Basílio de Magalhães]] como "homem maligno e que agrediu a própria mãe que ao morrer, nem Deus nem o diabo o quiseram e a própria terra o repeliu e, um dia, mirrado, dessecado, com a pele engelhada sobre os ossos, da tumba se levantou, em obediência a seu fado, vagando e assombrando os viventes, na caladas da noite".{{Sfn|Cascudo|2002|p=298}} |
||
Em [[Ituiutaba]], interior de [[Minas Gerais]], há uma variação desta [[lenda]]:<ref>{{Citar periódico |url=http://www.brjd.com.br/index.php/BRJD/article/view/6020/5359 |titulo=Serra do corpo-seco, Ituiutaba-MG O lugar, a assombração e o mito popular a partir da geografia das representações |data=2020 |acessodata=2021-02-16 |jornal=Brazilian Journal of Development |publicado= |número=1 |ultimo=Portuguez |primeiro=Anderson Pereira |ultimo2=Wolf |primeiro2=Murillo Inojosa |pagina= |paginas=1421–1475 |doi=10.34117/bjdv6n1-099 |issn=2525-8761}}</ref> conta-se que o corpo-seco depois de ser expulso pela terra várias vezes é levado por [[bombeiros]] a uma aparente [[caverna]] em uma [[serra]] que fica ao sul do [[município]]. Diz-se que quem passa à noite pela estrada de terra próxima à "Serra do Corpo-Seco" consegue ouvir os gritos da criatura ecoando de dentro da caverna. |
Em [[Ituiutaba]], interior de [[Minas Gerais]], há uma variação desta [[lenda]]:<ref>{{Citar periódico |url=http://www.brjd.com.br/index.php/BRJD/article/view/6020/5359 |titulo=Serra do corpo-seco, Ituiutaba-MG O lugar, a assombração e o mito popular a partir da geografia das representações |data=2020 |acessodata=2021-02-16 |jornal=Brazilian Journal of Development |publicado= |número=1 |ultimo=Portuguez |primeiro=Anderson Pereira |ultimo2=Wolf |primeiro2=Murillo Inojosa |pagina= |paginas=1421–1475 |doi=10.34117/bjdv6n1-099 |issn=2525-8761}}</ref> conta-se que o corpo-seco depois de ser expulso pela terra várias vezes é levado por [[bombeiros]] a uma aparente [[caverna]] em uma [[serra]] que fica ao sul do [[município]]. Diz-se que quem passa à noite pela estrada de terra próxima à "Serra do Corpo-Seco" consegue ouvir os gritos da criatura ecoando de dentro da caverna. |
Revisão das 18h41min de 20 de setembro de 2021
Corpo-seco (também conhecido como Unhudo[1]) é uma lenda que faz parte do folclore brasileiro e do folclore ibérico.[2] É descrito como um cadáver ressequido que é expulso da terra como punição por pecado excepcionalmente grave. Em histórias em que o espírito deixa o corpo-seco, é também chamado de Bradador.[3]
Descrição
A convergência dos espíritos-bradadores, almas que gritam e choram, comuns no Folclore europeu, como o Corpo-Seco, é um natural e lógica explicação popular. O cadáver ressequido, expulso da terra, parece rejeitado por ela e só se daria por um pecado excepcionalmente grave. O fantasma gritador (Bradador) deve ser, forçosamente, o espírito que animava o Corpo-Seco. Ambos, espírito e corpo, cumprem uma sina, satisfazendo compromissos morais e religiosos.[4]
Descrito por Basílio de Magalhães como "homem maligno e que agrediu a própria mãe que ao morrer, nem Deus nem o diabo o quiseram e a própria terra o repeliu e, um dia, mirrado, dessecado, com a pele engelhada sobre os ossos, da tumba se levantou, em obediência a seu fado, vagando e assombrando os viventes, na caladas da noite".[5]
Em Ituiutaba, interior de Minas Gerais, há uma variação desta lenda:[6] conta-se que o corpo-seco depois de ser expulso pela terra várias vezes é levado por bombeiros a uma aparente caverna em uma serra que fica ao sul do município. Diz-se que quem passa à noite pela estrada de terra próxima à "Serra do Corpo-Seco" consegue ouvir os gritos da criatura ecoando de dentro da caverna.
No Paraná,[7] Santa Catarina e parte do interior de São Paulo leva o nome de Bradador, Berrador, Barrulheiro e Bicho Barulhento e assombraria povoados, gritando nos campos após a meia-noite. Durante o dia assumiria a forma de corpo-seco e assombraria cemitérios.[8]
Em São Luiz do Paraitinga houve o relato do corpo-seco como um homem mau que negou esmolas e agrediu frades mendicantes e foi amaldiçoado por eles. Após sua morte seu corpo teria se tornado um corpo-seco e levado para fora do cemitério para a região que assombraria.[9]
Em Dois Córregos há na tradição oral o mito do Unhudo de Pedra Branca. O Unhudo é descrito como a alma penada de um antigo proprietário de terras, homem alto, com chapéu de palha e cabelos compridos que atacou alguém que colhia flores e frutas de um pomar e assombra a região por seu corpo não se deteriorar.[7]
Há relatos do corpo-seco no estado de Paraná, Amazonas, Minas Gerais, São Paulo e no Nordeste brasileiro e em alguns países africanos de língua portuguesa[10] como nas aparições do corpo-seco por soldados zimbabuanos durante a missão UNAVEM III em Angola.[carece de fontes]
Referências
- ↑ Guaraldo, Tamara de Souza Brandão [UNESP (7 de abril de 2005). «Comunicação, cultura e mídia: o mito do Unhudo da Pedra Branca». Aleph: 215 f. : il. + 1 CD. Consultado em 16 de fevereiro de 2021
- ↑ Reis Filho, Lúcio (janeiro de 2013). «Na Trilha do Corpo-Seco» (PDF). Maringá: Associação Nacional de História. Revista Brasileira de História das Religiões. V (15). ISSN 1983-2850
- ↑ Cascudo 2002, p. 299.
- ↑ Cascudo 2002, p. 285.
- ↑ Cascudo 2002, p. 298.
- ↑ Portuguez, Anderson Pereira; Wolf, Murillo Inojosa (2020). «Serra do corpo-seco, Ituiutaba-MG O lugar, a assombração e o mito popular a partir da geografia das representações». Brazilian Journal of Development (1): 1421–1475. ISSN 2525-8761. doi:10.34117/bjdv6n1-099. Consultado em 16 de fevereiro de 2021
- ↑ a b Jardim, Marcelo Rodrigues (14 de junho de 2006). «Além do mal, aquém do bem: moral em narrativas orais referentes ao Corpo Seco». Boitatá (1): 105–115. ISSN 1980-4504. Consultado em 16 de fevereiro de 2021
- ↑ Cascudo 2002, p. 251.
- ↑ Araújo, Alceu Maynard (2007). Cultura popular brasileira. São Paulo: Martins Fontes. p. 52. OCLC 758821152
- ↑ «Lenda do 'corpo seco' aterroriza moradores no sul de Minas». R7.com. 14 de dezembro de 2014. Consultado em 16 de fevereiro de 2021
Bibliografia
- Cascudo, Luís da Câmara (2002). Geografia dos mitos brasileiros 2a edic̦ão ed. São Paulo: Global. OCLC 54821630