Docuficção: diferenças entre revisões
Linha 13: | Linha 13: | ||
Implica ainda o conceito de docuficção que [[documentário]] e [[ficção]] são géneros básicos na teoria do cinema<ref>[http://www.horschamp.qc.ca/new_offscreen/documentary_truth.html The Gap: Documentary Truth between Reality and Perception] – artigo de Randolph Jordan referindo «a crescente indistinção entre documentário e ficção (the increasing lack of distinction between documentary and fiction film)» em [http://www.horschamp.qc.ca/ Hors Champ]</ref>, dado o estatuto [[ontológico]] da [[imagem]] filmada como [[fotografia]]: o [[duplo]] (a imagem filmada do sujeito) é a mesma coisa, como [[representação]] e como [[realidade]] <ref name="latineos1">[http://latineos.com/en/articles/popular-culture/item/84-open-ended-realities.html Open-ended Realities] – artigo de Luciana Lang em [http://latineos.com/ Latineos]</ref> no [[documentário]]. Na [[ficção]] é pura representação: um [[actor]] representa outra pessoa (está para ela tal como ela está para ele), ''standing for''<ref>[http://www.bookrags.com/research/semiotics-eci-03/peirce-charles-sanders-1839-1914-eci-02.html Semiotics] em [http://www.bookrags.com/ Book Regs]</ref><ref>[http://www.aber.ac.uk/media/Documents/S4B/sem02.html Semiotics for Beginners] de [[Daniel Chandler]] em [http://www.aber.ac.uk/en/ Aberystwyth University]</ref>, figurando a pessoa representada. |
Implica ainda o conceito de docuficção que [[documentário]] e [[ficção]] são géneros básicos na teoria do cinema<ref>[http://www.horschamp.qc.ca/new_offscreen/documentary_truth.html The Gap: Documentary Truth between Reality and Perception] – artigo de Randolph Jordan referindo «a crescente indistinção entre documentário e ficção (the increasing lack of distinction between documentary and fiction film)» em [http://www.horschamp.qc.ca/ Hors Champ]</ref>, dado o estatuto [[ontológico]] da [[imagem]] filmada como [[fotografia]]: o [[duplo]] (a imagem filmada do sujeito) é a mesma coisa, como [[representação]] e como [[realidade]] <ref name="latineos1">[http://latineos.com/en/articles/popular-culture/item/84-open-ended-realities.html Open-ended Realities] – artigo de Luciana Lang em [http://latineos.com/ Latineos]</ref> no [[documentário]]. Na [[ficção]] é pura representação: um [[actor]] representa outra pessoa (está para ela tal como ela está para ele), ''standing for''<ref>[http://www.bookrags.com/research/semiotics-eci-03/peirce-charles-sanders-1839-1914-eci-02.html Semiotics] em [http://www.bookrags.com/ Book Regs]</ref><ref>[http://www.aber.ac.uk/media/Documents/S4B/sem02.html Semiotics for Beginners] de [[Daniel Chandler]] em [http://www.aber.ac.uk/en/ Aberystwyth University]</ref>, figurando a pessoa representada. |
||
Pertencendo a ambos os géneros, sendo [[documentário]] e [[ficção]], a docuficção é um [[híbrido]] intencionalmente equívoco que suscita questões [[ética]]s relativas à [[verdade]] <ref name="latineos1"/><ref>[http://www.avila.edu/journal/fall03/StonePaper.htm (NON)FICTION AND THE VIEWER: RE-INTERPRETING THE DOCUMENTARY FILM] – Paper de Tammy Stone, [http://www.avila.edu/ Avila University]</ref><ref> |
Pertencendo a ambos os géneros, sendo [[documentário]] e [[ficção]], a docuficção é um [[híbrido]] intencionalmente equívoco que suscita questões [[ética]]s relativas à [[verdade]] <ref name="latineos1"/><ref>[http://www.avila.edu/journal/fall03/StonePaper.htm (NON)FICTION AND THE VIEWER: RE-INTERPRETING THE DOCUMENTARY FILM] – Paper de Tammy Stone, [http://www.avila.edu/ Avila University]</ref><ref>Ver [http://www.bul.unisi.ch/cerca/bul/memorie/com/pdf/9900Candeloro.pdf hybrid genre] – pág. 50, tese sobre docuficção do Prof. Theo Mäusli</ref><ref>[http://muse.jhu.edu/login?uri=/journals/french_forum/v035/35.2-3.loftus.pdf The appeal of hybrid documentary forms in West Africa] em [http://muse.jhu.edu/ Project Muse]</ref><ref>[http://centerforsocialmedia.wikispaces.com/message/view/Ethical+Practices/90224 Ethics and Documentary Filmmaking] – Artigo de [[Marty Lucas]] em [http://futureofpublicmedia.wikispaces.com/home Center for Social Media] (American University in Washington, D.C)</ref><ref>[http://www.communication.usf.edu/faculty/butchart/ethics-documentary.pdf On Ethics and Documentary: A Real and Actual Truth] – Artigo de [[Garnet C. Butchart]] em Cultural Studies Program, Trent University, Peterborough, Ontário, Canadá, publicado por [http://www.communication.usf.edu University of South Florida]</ref><ref>[http://www.documentary.org/content/what-do-about-documentary-distortion-toward-code-ethics-0 What to Do About Documentary Distortion? Toward a Code of Ethics] – Artigo de [[Bill Nichols]] em [http://www.documentary.org/ Documentary.org]</ref><ref>[http://utdallas.academia.edu/ArdavonNaimi/Papers/844614/Documentary_Film_Prompts-Ethics_in_Documentary_Fiction_vs._Documentary Documentary Film Prompts-Ethics in Documentary/Fiction vs. Documentary] – Paper de [[Ardavon Naimi]] em [http://utdallas.academia.edu University of Texas at Dallas]</ref><ref>[http://www.uniteforsight.org/global-health-university/filmmaking Ethics and Filmmaking in Developing Countries] em [http://www.uniteforsight.org/ Unite For Sight]</ref>. |
||
O termo ''docuficção'' é ainda usado, com alguma frequência em inglês (''docufiction''), para designar uma forma de jornalismo literário : a ''[[não-ficção criativa]]'' (''[http://en.wikipedia.org/wiki/Creative_nonfiction Creative non-fiction]''). |
O termo ''docuficção'' é ainda usado, com alguma frequência em inglês (''docufiction''), para designar uma forma de jornalismo literário : a ''[[não-ficção criativa]]'' (''[http://en.wikipedia.org/wiki/Creative_nonfiction Creative non-fiction]''). |
||
==Origens da docuficção== |
==Origens da docuficção== |
||
Sendo um neologismo, o termo docuficção ilustra uma prática do filme documentário que existe desde [[Robert Flaherty]] <ref>[http://xroads.virginia.edu/~ma01/huffman/frontier/define.html Definition of documentary – New Frontiers in American documentary] (American Studies at The University of Virginia)</ref><ref>[http://www.transartinstitute.org/Example_Papers.html The Impulse of Documentary-Fiction] - Paper em [http://www.transartinstitute.org/About.html Transart Institute]</ref>, e que tem [[Jean Rouch]] como um dos seus mais representativos praticantes no [[Século XX]]. |
Sendo um neologismo, o termo docuficção ilustra uma prática do filme documentário que existe desde [[Robert Flaherty]] <ref>[http://xroads.virginia.edu/~ma01/huffman/frontier/define.html Definition of documentary – New Frontiers in American documentary] (American Studies at The University of Virginia)</ref><ref>[http://www.transartinstitute.org/Example_Papers.html The Impulse of Documentary-Fiction] - Paper em [http://www.transartinstitute.org/About.html Transart Institute]</ref>, e que tem [[Jean Rouch]] como um dos seus mais representativos praticantes no [[Século XX]]. |
Revisão das 22h39min de 11 de fevereiro de 2016
Docuficção (termo que se confunde com docudrama) é um neologismo que designa uma obra cinematográfica híbrida cujo género se situa entre o documentário e a ficção.
É um género cinematográfico que procura captar a realidade “tal como ela é” (como cinema directo ou como cinema-verdade) e que ao mesmo tempo introduz na narrativa elementos irreais ou ficcionais com o intuito de reforçar a representação do real com recurso a determinada forma de expressão artística.
Mais precisamente, é um documentário contaminado por elementos ficcionais[1] cuja adição tem lugar no momento preciso em que os acontecimentos decorrem, em tempo real, e em que alguém, a personagem, desempenha o seu próprio papel na vida real. É um género em expansão, adotado por um número crescente de cineastas[2]. O termo docuficção surgiu no início do século XXI. É vulgarmente usado em várias línguas e aceite para classificação na maior parte dos festivais internacionais de cinema[3][4][5][6][7][8][9][10][11]
Docudrama
Docudrama, por outro lado, é por regra uma recriação[12] de acontecimentos reais em forma de documentário, num tempo subsequente aos eventos factuais que retrata. Há quem indevidamente refira docuficção como sinónimo de docudrama, tomando drama por ficção, o que é vulgar na língua inglesa. Confunde-se assim termos diferentes e o conceito torna-se ambíguo: o sentido de emoção dramática confunde-se com o de expressão fictiva. Docudrama será por isso mais adequado neste sentido: telefilmes ou recriações mediáticas que encenam acontecimentos reais e os dramatizam, muitas vezes com actores.
As televisões dos EUA recorrem com frequência também a uma forma de “falso documentário”, o mockumentary (que se traduz em francês por documenteur: documentário mentiroso), para ilustrar situações reais em estilo trocista. Um «filme ou emissão televisiva com elementos ficcionais apresentados no formato de documentário», recriados regra geral depois de eles terem ocorrido. Retratando eventos num tempo ulterior e recorrendo basicamente à narrativa ficcional é género que também não se deve confundir com docuficção.
Conceito
Implica ainda o conceito de docuficção que documentário e ficção são géneros básicos na teoria do cinema[13], dado o estatuto ontológico da imagem filmada como fotografia: o duplo (a imagem filmada do sujeito) é a mesma coisa, como representação e como realidade [14] no documentário. Na ficção é pura representação: um actor representa outra pessoa (está para ela tal como ela está para ele), standing for[15][16], figurando a pessoa representada.
Pertencendo a ambos os géneros, sendo documentário e ficção, a docuficção é um híbrido intencionalmente equívoco que suscita questões éticas relativas à verdade [14][17][18][19][20][21][22][23][24].
O termo docuficção é ainda usado, com alguma frequência em inglês (docufiction), para designar uma forma de jornalismo literário : a não-ficção criativa (Creative non-fiction).
Origens da docuficção
Sendo um neologismo, o termo docuficção ilustra uma prática do filme documentário que existe desde Robert Flaherty [25][26], e que tem Jean Rouch como um dos seus mais representativos praticantes no Século XX.
No domínio da antropologia visual e da docuficção, a actividade inovadora de Rouch[27][28] permite considerá-lo como o criador de um subgénero designado etnoficção (Jean Rouch and the Genesis of Ethnofiction – tese de Brian Quist, Long Island University). Sendo precursor do género, Robert Flaherty pratica a etnoficção de modo intuitivo, sem método científico, desde “Moana”, filme posterior a Nanook, o esquimó (Nanouk of the North) em que Flaherty se limita a encenar acções reais para reforçar a narrativa sem ficcionar. O termo significa: documentário etnográfico com nativos que desempenham papéis ficcionais. Fazer com que se representem a si próprios ajudará a retratar a realidade [29] que será reforçada com o imaginário. Um documentário não etnográfico com com elementos ficcionais pode ser designado com docuficção pelas mesmas razões.
A etnoficção é uma prática recorrente no cinema português. Leitão de Barros realiza a segunda etnoficção mundial (Maria do Mar - 1930) depois de Moana (1926), também de Flaherty.
Primeiras docuficções por país
- 1926 – Moana (en) de Robert Flaherty, EUA
- 1930 – Maria do Mar de Leitão de Barros, Portugal
- 1932 – O Ouro dos Mares de Jean Epstein, França
- 1948 – La Terra Trema (en) de Luchino Visconti, Itália
- 1952 - Crianças de Hiroshima de Kaneto Shindo, Japão
- 1963 – Pour la suite du monde (Of Whales, the Moon and Men) de Pierre Perrault e Michel Brault, Canada
- 1981 - Transes (fr) de Ahmed El Maânouni, Marrocos
- 1988 – Mortu Nega de Flora Gomes, Guiné-Bissau
- 1990 – Close-Up (en) de Abbas Kiarostami, Irão
- 1991 – Zombie and the Ghost Train (en) de Mika Kaurismäki, Finlândia
- 2002 – Cidade de Deus (filme) de Fernando Meirelles, Brasil
- 2005: Underexposure (en) de Oday Rasheed, Iraque
Outras docuficções históricas
- 1931 - Tabu de F. W. Murnau e Robert Flaherty
- 1934 - O Homem e o Mar (Man of Aran) de Robert Flaherty
- 1945 - Ala-Arriba! de Leitão de Barros
- 1948 - História de Louisiana (Louisiana Story) de Robert Flaherty
- 1956 - Na Bowery (On the Bowery) de Lionel Rogosin
- 1958 - Eu, um Negro (Eu, um Negro), de Jean Rouch
- 1958/59 - Terra Mãe (Indie Matra Bhumi), de Roberto Rossellini, estreia 2007
- 1961 - A Pirâmide Humana (La pyramide humaine) de Jean Rouch
- 1964 - Belarmino de Fernando Lopes
- 1967 - O Diário de David Holzman (David Holzman's Diary), de Jim McBride
- 1967 - Jaguar (Jaguar) de Jean Rouch
- 1973 - Trevico-Torino, viagem no Fiat-Nam (Trevico-Torino, viaggio nel Fiat-Nam) de Ettore Scola
- 1974 - Les Ordres de Michel Brault
- 1976 - Mau Tempo, Marés e Mudança, de Ricardo Costa
- 1976 - Gente da Praia da Vieira de António Campos
- 1976 - Trás-os-Montes de António Reis e Margarida Cordeiro[30]
- 1979 - O Pão e o Vinho de Ricardo Costa
- 1982 - Ana (Ana) de António Reis e Margarida Cordeiro
- 1982 - After the Axe, de Sturla Gunnarsson
- 1990 - The Company of Strangers, de Cynthia Scott
A docuficção em Portugal
A docuficção é pela primeira vez praticada em Portugal em 1930, como etnoficção, por Leitão de Barros : Maria do Mar, seguida de Ala-Arriba! (filme) (1945). A partir da década de sessenta começa a ser explorada por realizadores como Manoel de Oliveira (O Acto da Primavera - 1963), seguido por António Campos (Gente da Praia da Vieira), Ricardo Costa (Mau Tempo, Marés e Mudança), António Reis (Trás-os-Montes, Fernando Lopes (Nós por cá todos bem), quatro docuficções de 1976, e depois por Pedro Costa (Ossos) . Outros surgirão.
docuficções portuguesas recentes
2012/14
Imagens híbridas
Representações de grupos étnicos tornaram-se prática corrente desde que Flaherty filmou Nanook, o Esquimó em 1922 e desde que, por influência sua, Jean Rouch se tornou o pioneiro da etnoficção com Eu, um Negro (Moi, un noir)[31] (1958, antecipando a Nova Vaga) e inventou novo género na antropologia visual. Depois disso, o conceito de etnoficção (etnografia + ficção) ultrapassaria a prática científica e, por analogia, daria origem a uma designação mais ampla (docuficção: documentário + ficção) na qual seria integrada enquanto subgénero. Tal designação seria então usada pata classificar filmes que cedo emergiram em diversos países, por influência directa de Flaherty ou, indirectamente, por semelhança ocasional, em ambos os casos sem correlação alguma e com diferenças significativas nas formas e conteúdos. Por um lado, a sua natureza híbrida tornou-se um dos critérios que juntaram documentário e ficção num conceito único. Por outro lado, pessoas representando o seu papel na vida real é outro que lhe dá fundamento. Estas duas exigências estão intimamente associadas a outras duas na prática da docuficção: 1. ética e estética, i.e., fidelidade à verdade e ao real, 2. significantes e conotações, i.e., formas de expressão reproduzindo factos de um modo ilustrativo ou alusivo, desvelando facetas da vida humana.
Docuficção extrema
A modernidade é o motor que levou a docuficção a transpor nova fronteira e entrar em terreno fértil crescendo, num vasto território governado por figuras ambíguas que se confrontam. Umas vezes empatizam, outras vezes zangam-se. Excedem-se em situações extremas.
Pela primeira vez, correram mal as coisas com uma triste história: Filhos de Hiroshima (1952), os sobreviventes de uma colossal tragédia, uma história de vingança protagonizada pelo Grande Artista (The Great Artiste) e pelo Mal Necessário (Necessary Evil). Uma história de explosões terríveis que implodiram em efeitos catárticos, em imagens de grande beleza, a preto e branco. Visto isso, uma pessoa terá de submeter-se a esta exigência extrema: é coisa que não pode acontecer.
Em estilo diferente e em diferente escala outras se fizeram para gerar menos pathos e um entendimento menos agudo de realidades contemporâneas. Até onde poderão ir? Em que medida certas vaidades de autor ferem os espectadores? Será que esta moda perversa terá futuro? Não há muitos filmes destes. Serão muitos os que se seguem? Será que se adaptam às definições modernas? Ilustração e alusão ("recording" and "interpretation") [32]são polos opostos em diferentes modos de capturar o real, quer no cinema quer em qualquer outra forma de expressão artística. As técnicas de ilustração são objectivas e implicam fidelidade àquilo que é representado: o representante, o significante. A alusão representa matéria subjectiva.
Robert Flaherty ilustraria aquilo que filmava com uma estética apelativa capaz de seduzir espectadores ingénuos: selvagens nobres e belos de países longínquos. Fazia isso com imagens fortes ao serviço de produtores gananciosos. Do mesmo modo seduzido por tais encantos, Jean Rouch, mais que tudo um homem de ciência, aventurou-se em tentativas extremas. Servindo-se de lentes neutras, com um sentido bem diferente da poesia, põe-se a filmar pretos em África com o nobre propósito de descobrir que gente eles são. Submete-se ao confronto em duas frentes, cingindo a estética a imagens despretensiosas e a estética a princípios estritos, coisa indispensável para fazer surgir a verdade.
Depois, servindo-se de novas ferramentas, novos aventureiros tentarão ir mais longe, nos dois sentidos, uns pela necessidade de entreter os espectadores, outros pelo simples prazer da descoberta. Ambos serão bem sucedidos, de uma maneira ou doutra. Ambos, cientes do que fazem, aceitarão submeter-se ao julgamento da História. Certos deles podem ser vistos na encruzilhada certa, lá onde se encontram.
As histórias que estes aventureiros contam acerca de tais encontros são crípticas e revelam um paradoxo perturbante que os assedia a todos de várias maneiras e que contagia as audiências. A maior parte deles não são americanos. Não sabemos porquê. São portugueses. Porquê? Ninguém sabe... Uns tantos são iranianos…
Em vários países, outros lá vão tentando. Por bons motivos, atrevem-se alguns a ultrapassar os limites em que deveriam manter-se: As Mil e uma Noites, Cavalo Dinheiro e.g., (sonhos, dramas, paradigmas de um país). Outros, de humor convergente e em idênticas tentativas, sem dar passo atrás, pisam a linha vermelha sem se queimar: Taxi, Derivas e.g., (autobiografias, comédias, retratos de uma cidade, filmes sem dinheiro, metafilmes [33] ).
Definições
docudrama
- Compact Oxford English Dictionary: «um filme dramatizado baseado em eventos reais e incorporando aspectos de documentário».
- Cambridge Advanced Learner's Dictionary: «um programa de televisão cuja história se baseia num evento ou situação que realmente aconteceu, embora não pretenda ser fiel em todos os detalhes»
- Wikitionary: «Um tipo de drama (um filme, espectáculo de televisão, uma peça de teatro) que combina elementos de documentário e drama, mostrando até certo ponto eventos reais e até certo ponto usando actores representando recriações e acontecimentos documentados».
- American Heritage: «Uma dramatização televisiva ou cinematográfica de uma situação baseada em factos».
- Rhymezone: «um filme ou programa de televisão apresentando factos sobre uma pessoa ou acontecimento»
Referências
- ↑ Il difficile rapporto tra fiction e non fiction che si concretizza nella docu-fiction (A difícil relação entre ficção e não ficção que se concretiza na docuficção) – tese em italiano de Laura Marchesi, Faculdade das Ciências da Comunicação (Università degli Studi di Pavia) em Tesionline, 2005/06
- ↑ What is docufiction? – Ver Section II, pp 37 a 75 (quatro capítulos) da tese do Prof. Theo Mäusli
- ↑ Indie Matra Bhumi (Terra-Mãe) – Festival de Cannes
- ↑ Abel Ferrara to Venice Film Festival, through a docufilm Ischia to Naples – Festival de Veneza
- ↑ The Savage Eye: White Docu-Fiction & Black Reality em Tribeca Film Festival
- ↑ Brian De Palma's On His Iraq Docu-Fiction Comeback at The Huffington Post – Festival de Toronto e Festival de Veneza
- ↑ Darius Mehrjui’s film Diamond 33 – Festival de Veneza
- ↑ New Film Events – London Short Film Festival
- ↑ Oscilloscope 'Howl' for Off Beat Docu-Fiction Sundance Selection em Ion Cinema
- ↑ Docufiction em vários festivais de cinema
- ↑ Ver: Híbridos nas Ligações Externas
- ↑ Ver Docudrama: the real (his)tory Confusion of genres – Pág. 2 da tese de Çiçek Coşkun (New York University School of Education)
- ↑ The Gap: Documentary Truth between Reality and Perception – artigo de Randolph Jordan referindo «a crescente indistinção entre documentário e ficção (the increasing lack of distinction between documentary and fiction film)» em Hors Champ
- ↑ a b Open-ended Realities – artigo de Luciana Lang em Latineos
- ↑ Semiotics em Book Regs
- ↑ Semiotics for Beginners de Daniel Chandler em Aberystwyth University
- ↑ (NON)FICTION AND THE VIEWER: RE-INTERPRETING THE DOCUMENTARY FILM – Paper de Tammy Stone, Avila University
- ↑ Ver hybrid genre – pág. 50, tese sobre docuficção do Prof. Theo Mäusli
- ↑ The appeal of hybrid documentary forms in West Africa em Project Muse
- ↑ Ethics and Documentary Filmmaking – Artigo de Marty Lucas em Center for Social Media (American University in Washington, D.C)
- ↑ On Ethics and Documentary: A Real and Actual Truth – Artigo de Garnet C. Butchart em Cultural Studies Program, Trent University, Peterborough, Ontário, Canadá, publicado por University of South Florida
- ↑ What to Do About Documentary Distortion? Toward a Code of Ethics – Artigo de Bill Nichols em Documentary.org
- ↑ Documentary Film Prompts-Ethics in Documentary/Fiction vs. Documentary – Paper de Ardavon Naimi em University of Texas at Dallas
- ↑ Ethics and Filmmaking in Developing Countries em Unite For Sight
- ↑ Definition of documentary – New Frontiers in American documentary (American Studies at The University of Virginia)
- ↑ The Impulse of Documentary-Fiction - Paper em Transart Institute
- ↑ READING THE IMAGE: Visual Literacy And The Films Of Jean Rouch – artigo de Rayma Watkinson em Inter-disciplanary Net
- ↑ Jean Rouch 1917-2004, A Valediction – Artigo de Michael Eaton em Rouge
- ↑ "Ethnofiction: drama as a creative research practice in ethnographic film." Journal of Media Practice 9, no. 3(2008), eScholarID:1b5648, artigo de Johannes Sjöberg
- ↑ António Reis e Margarida Cordeiro em retrospectiva no Harvard Film Archive – Notícia jornal Público, 17/05/2012
- ↑ Quem diz “Eu, um Negro?” – tese de Lessandro Sócrates, Universidade de São Paulo, Escola de Comunicações e Artes, 2009
- ↑ Docufictions: an intervew with Matin Scorsese on documentary film
- ↑ Metacinema é literalmente “cinema sobre cinema” : um filme que deliberadamente se comenta a si próprio enquanto é feito dando a perceber isso ao espectador. (Ver Metacinema – Wiki en)
Fontes e bibliografia
- (em português) O Estatuto Ontológico da Imagem no Sofista de Platão
- (em inglês) Docu-fiction - Convergence and contamination between documentary representation and fictional simulation , thesis by Prof. Theo Mäusli - Science of Communication Faculty, University of Lugano (Italy) - 1999/2000
- (em inglês) Rosenthal, Alan (199). Why Docudrama? : Fact-Fiction on Film and TV. Carbondale & Edwardsville: Southern Illinois Press. ISBN 9780809321865
- (em inglês) Lipkin, Steven N., ed. (2002). Real Emotional Logic. Film and Television Docudrama As Persuasive Practice. Carbondale: Southern Illinois Press. ISBN 9780809324095
- (em inglês) Docudrama: the real (his)tory thesis by Çiçek Coşkun (New York University School of Education)
- (em inglês) Lipkin, Steven N., ed. (2002). Real Emotional Logic. Film and Television Docudrama As Persuasive Practice. Carbondale: Southern Illinois Press. ISBN 9780809324095
- (em inglês) Paget, Derek (1998). No Other Way to Tell It. Dramadoc/docudrama on television. [S.l.]: Manchester University Press. ISBN 9780719045332
- (em inglês) Docudrama: the real (his)tory tese de Çiçek Coşkun (New York University School of Education)
- (em francês) Le documentaire historique au péril du « docufiction – tese de François Garçon (resumo em francês e inglês)
- (em francês) 3 questions à…Isabelle Veyrat-Masson – entrevista (Le Journal du CNRS)
- (em francês) Peter Watkins, un cinéaste maudit artigo em Critikat
- (em italiano) Un genere cinematografico: la docu-fiction. Il caso di 150 ore a Pavia de Laura Marchesi (tese – resumo)
Referências bibliográficas
- (em inglês) Docu-fiction - Convergence and contamination between documentary representation and fictional simulation , thesis by Prof. Theo Mäusli - Science of Communication Faculty, University of Lugano (Italy) - 1999/2000
- (em português) Documentário, Ficção, Docuficção - O Caso Português (blog de B. Veiga)
Ver também
- Ficção
- Documentário
- Filme etnográfico
- Etnoficção
- Antropologia visual
- Etnoficção
- Cinema directo
- Novo Cinema
- Cinema de Portugal
Ligações externas
Filmes híbridos depois de 2000
- No Quarto de Vanda (2001) – artigo de Cyril Neirat em Cinema Scope
- Brumas (2003) – Artigo de Michelle Orange em Village Voice, 25 março 2011
- Juventude em marcha (2006) – artigo de Manohla Dargis em The New York Times 3 agosto 2007
- Aquele querido mês de agosto (2008) – artigo de Dennis Lim em The New York Times, 20 agosto 2010
- The Mouth of the Wolf (2009) – artigo de Stephen Holden em The New York Times, 3 agosto 2011
- Cortina Fechada (2013) em Rotten Tomatoes
- Taxi (2015) – artigo em The Guardian, novembro 2015