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[[Ficheiro:Mulasemcabeca.JPG|thumb|Representação artística da mula sem cabeça.]]
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'''Mula sem cabeça''' é um personagem do folclore brasileiro. Na maioria dos contos, é o [[fantasma]] de uma mulher que foi [[Maldição|amaldiçoada]] por ter se entregado com um padre e foi condenada a se transformar em uma mula sem cabeça que tem fogo ao em vez de uma cabeça, galopando através dos campos desde o sol de quinta-feira até o nascer do sol de sexta-feira. O mito tem várias variações em relação ao pecado que transformou a mulher amaldiçoada em um monstro.
'''Mula sem cabeça''' é um personagem do folclore brasileiro. Na maioria dos contos, é o [[fantasma]] de uma mulher que foi [[Maldição|amaldiçoada]] por ter se entregado com um padre e foi condenada a se transformar em uma mula sem cabeça que tem fogo ao em vez de uma cabeça, galopando através dos campos desde o sol de quinta-feira até o nascer do sol de sexta-feira. O mito tem várias variações em relação ao pecado que transformou a mulher amaldiçoada em um monstro.


== História ==
== História ==
É a forma que toma a concubina do [[sacerdote]]. Transforma-se em um forte animal, de identificação controvertida na tradição oral, e galopa, assombrando quem encontra. Lança chispas de fogo pelo buraco de sua cabeça. Suas patas são como calçadas com ferro. A violência do galope e a estridência do relincho são ouvidas ao longe. Às vezes soluça como uma criatura humana.
É a forma que toma a concubina do [[sacerdote]]. Transforma-se em um forte animal, de identificação controvertida na tradição oral, e galopa, assombrando quem encontra. Lança chispas de fogo pelo buraco de sua cabeça. Suas patas são como calçadas com ferro. A violência do galope e a estridência do relincho são ouvidas ao longe. Às vezes soluça como uma criatura humana.


O encanto desaparecerá quando alguém tiver a coragem de arrancar-lhe da cabeça o freio de ferro ou se alguém tirar uma gota de sangue com uma madeira não usada. Dizem-na sem cabeça, mas os relincho são inevitáveis. Quando o freio lhe for retirado, reaparecerá despida, chorando arrependida, e não retomará a forma encantada enquanto o descobridor residir na mesma freguesia. A tradição comum é que esse castigo acompanha a manceba do padre durante o trato amoroso (J. Simões Lopes Neto, Daniel Gouveia, Manuel Ambrósio, etc.). Ou tenha punição depois de morta (Gustavo Barroso, O Sertão e o mundo).
O encanto desaparecerá quando alguém tiver a coragem de arrancar-lhe da cabeça o freio de ferro ou se alguém tirar uma gota de sangue com uma madeira não usada. Dizem-na sem cabeça, mas os relincho são inevitáveis. Quando o freio lhe for retirado, reaparecerá despida, chorando arrependida, e não retomará a forma encantada enquanto o descobridor residir na mesma freguesia. A tradição comum é que esse castigo acompanha a manceba do padre durante o trato amoroso (J. Simões Lopes Neto, Daniel Gouveia, Manuel Ambrósio, etc.). Ou tenha punição depois de morta (Gustavo Barroso, O Sertão e o mundo).


A Mula sem cabeça corre sete freguesias em cada noite, e o processo para seu encantamento é idêntico ao do [[Lobisomem]], assim como, em certas regiões do Brasil, para quebrar-lhe o encanto bastará fazer-lhe sangue, mesmo que seja com a ponta de um alfinete. Para evitar o bruxedo, deverá o amásio amaldiçoar a companheira, sete vezes, antes de celebrar a missa. Manuel Ambrósio cita o número de vezes indispensável, muitíssimo maior (Brasil Interior). Chamam-na também Burrinha de padre ou simplesmente Burrinha. A frase comum é "anda correndo uma burrinha".
A Mula sem cabeça corre sete freguesias em cada noite, e o processo para seu encantamento é idêntico ao do [[Lobisomem]], assim como, em certas regiões do Brasil, para quebrar-lhe o encanto bastará fazer-lhe sangue, mesmo que seja com a ponta de um alfinete. Para evitar o bruxedo, deverá o amásio amaldiçoar a companheira, sete vezes, antes de celebrar a missa. Manuel Ambrósio cita o número de vezes indispensável, muitíssimo maior (Brasil Interior). Chamam-na também Burrinha de padre ou simplesmente Burrinha. A frase comum é "anda correndo uma burrinha".


E todos os sertanejos sabem do que se trata. Em um dos mais populares livros de exemplos na [[Idade Média]], o Scala Celi, de Johanes Gobi Junior, há o episódio em que a hóstia desaparece das mãos do celebrante porque a concubina assiste à missa (Studies in the Scala Celi, de Minnie Luella Carter, dissertação para o doutorado de Filosofia na [[Universidade de Chicago]], 1928). [[Gustavo Barroso]] supõe que a origem do mito provenha do uso privativo das mulas como animais de condução dos prelados, com registros no documentário do século XII
E todos os sertanejos sabem do que se trata. Em um dos mais populares livros de exemplos na [[Idade Média]], o Scala Celi, de Johanes Gobi Junior, há o episódio em que a hóstia desaparece das mãos do celebrante porque a concubina assiste à missa (Studies in the Scala Celi, de Minnie Luella Carter, dissertação para o doutorado de Filosofia na [[Universidade de Chicago]], 1928). [[Gustavo Barroso]] supõe que a origem do mito provenha do uso privativo das mulas como animais de condução dos prelados, com registros no documentário do século XII


== Ver também ==
== Ver também ==
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* [[Cavaleiro sem cabeça]]
* [[Cavaleiro sem cabeça]]
* [[Cumacanga]]
* [[Cumacanga]]
* [[Curupira]]
* [[Curupira]]

== Ligações externas ==
* {{Link||2=http://jangadabrasil.com.br/revista/galeria/imagem/mula.jpg |3=imagem da mula sem cabeça}}
* {{Link||2=http://sitio.globo.com/Sitio/0,25203,4316-p-211293,00.html |3=A mula sem cabeça |4=no programa de TV brasileiro [[Sítio do Picapau Amarelo]]}}
* {{Link||2=http://www.everything2.com/index.pl?node_id=1460559 |3=Mythical Brazilian creatures, |4=Everything2.com}} (''The Headless Mule'', "A Mula Sem-cabeça", é um dos mitos brasileiros descritos)


== Bibliografia ==
== Bibliografia ==
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* [[Luís da Câmara Cascudo|CASCUDO, Luís da Câmara]]. ''[[Dicionário do Folclore Brasileiro]]''. 4º edição. [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], Tecnoprint, [[1972]].
* [[Luís da Câmara Cascudo|CASCUDO, Luís da Câmara]]. ''[[Dicionário do Folclore Brasileiro]]''. 4º edição. [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], Tecnoprint, [[1972]].

== Ligações externas ==
* [http://jangadabrasil.com.br/revista/galeria/imagem/mula.jpg imagem da mula sem cabeça]
* [http://sitio.globo.com/Sitio/0,25203,4316-p-211293,00.html A mula sem cabeça]no programa de TV brasileiro [[Sítio do Picapau Amarelo]]
* {{Link||2=http://www.everything2.com/index.pl?node_id=1460559 |3=Mythical Brazilian creatures, |4=Everything2.com |4=(''The Headless Mule'', "A Mula Sem-cabeça", é um dos mitos brasileiros descritos)}}


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Revisão das 23h38min de 23 de agosto de 2020

Representação artística da mula sem cabeça.

Mula sem cabeça é um personagem do folclore brasileiro. Na maioria dos contos, é o fantasma de uma mulher que foi amaldiçoada por ter se entregado com um padre e foi condenada a se transformar em uma mula sem cabeça que tem fogo ao em vez de uma cabeça, galopando através dos campos desde o sol de quinta-feira até o nascer do sol de sexta-feira. O mito tem várias variações em relação ao pecado que transformou a mulher amaldiçoada em um monstro.

História

É a forma que toma a concubina do sacerdote. Transforma-se em um forte animal, de identificação controvertida na tradição oral, e galopa, assombrando quem encontra. Lança chispas de fogo pelo buraco de sua cabeça. Suas patas são como calçadas com ferro. A violência do galope e a estridência do relincho são ouvidas ao longe. Às vezes soluça como uma criatura humana.

O encanto desaparecerá quando alguém tiver a coragem de arrancar-lhe da cabeça o freio de ferro ou se alguém tirar uma gota de sangue com uma madeira não usada. Dizem-na sem cabeça, mas os relincho são inevitáveis. Quando o freio lhe for retirado, reaparecerá despida, chorando arrependida, e não retomará a forma encantada enquanto o descobridor residir na mesma freguesia. A tradição comum é que esse castigo acompanha a manceba do padre durante o trato amoroso (J. Simões Lopes Neto, Daniel Gouveia, Manuel Ambrósio, etc.). Ou tenha punição depois de morta (Gustavo Barroso, O Sertão e o mundo).

A Mula sem cabeça corre sete freguesias em cada noite, e o processo para seu encantamento é idêntico ao do Lobisomem, assim como, em certas regiões do Brasil, para quebrar-lhe o encanto bastará fazer-lhe sangue, mesmo que seja com a ponta de um alfinete. Para evitar o bruxedo, deverá o amásio amaldiçoar a companheira, sete vezes, antes de celebrar a missa. Manuel Ambrósio cita o número de vezes indispensável, muitíssimo maior (Brasil Interior). Chamam-na também Burrinha de padre ou simplesmente Burrinha. A frase comum é "anda correndo uma burrinha".

E todos os sertanejos sabem do que se trata. Em um dos mais populares livros de exemplos na Idade Média, o Scala Celi, de Johanes Gobi Junior, há o episódio em que a hóstia desaparece das mãos do celebrante porque a concubina assiste à missa (Studies in the Scala Celi, de Minnie Luella Carter, dissertação para o doutorado de Filosofia na Universidade de Chicago, 1928). Gustavo Barroso supõe que a origem do mito provenha do uso privativo das mulas como animais de condução dos prelados, com registros no documentário do século XII

Ver também

Bibliografia

Wikcionário
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Ligações externas