Golpe de Estado no Níger em 2010
Golpe de Estado no Níger em 2010 | |||
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Data | 18 de fevereiro de 2010 | ||
Local | Níger | ||
Desfecho |
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Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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O golpe de Estado no Níger em 2010 foi dado em 18 de fevereiro. Militares tiraram do poder o presidente Mamadou Tandja, que foi preso no palácio presidencial.
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Golpe
[editar | editar código-fonte]O golpe de Estado ocorreu quando um grupo de soldados de um quartel em Tondibia, perto de Niamey, entrou na cidade com veículos blindados ao meio-dia de 18 de fevereiro de 2010 e abriu fogo contra o palácio presidencial. A ação ocorreu quando o presidente Mamadou Tandja estava presidindo uma reunião do governo.[1] Tiros e explosões perto do palácio presidencial foram ouvidos "sem parar" por cerca de 30 minutos, seguidos por "tiroteios esporádicos". Como resultado do ataque, Tandja foi capturado pelos soldados rebeldes.[1]
Pelo menos dez pessoas, incluindo quatro soldados, foram mortos.[2] O governo francês pediu aos cidadãos franceses em Niamey que permanecessem em ambientes fechados por segurança.[3]
Após o início da violência, as ruas do centro da cidade ficaram desertas, enquanto os civis procuravam fugir dos eventos. A estação de rádio nacional Voix du Sahel continuou a transmitir,[4] embora tenha sido interrompida por 15 minutos. Posteriormente, não mencionou a violência durante uma reportagem normal da tarde[1] e tocou música tradicional.
O governo do Níger foi assumido por Salou Djibo.[5] Após executaram o golpe, os militares estabeleceram o Conselho Supremo para a Restauração da Democracia (CSRD), anunciando a abolição da Constituição e a dissolução do governo.[6] Em comunicado lido pela rádio estatal em 22 de fevereiro, o autodenominado CSRD informou que Djibo "exercerá as funções de chefe de Estado e de Governo". Segundo a nota, essa decisão se refere à "organização de poderes e à criação de novas instituições durante o período de transição", mas não diz a duração desse período.[7] Posteriormente, o grupo decretou toque de recolher e fechou as fronteiras com os outros países.[8]
Sete ministros do governo de Tandja ficaram sob poder da junta militar, que porém, garantiu ter libertado todos, acusaram dois dirigentes do antigo partido no poder, o Movimento Nacional para a Sociedade do Desenvolvimento (MNSD). "Há cinco ministros que continuam detidos pela junta, provavelmente em Niamey", afirmou o diretor de comunicação do partido. Ele citou os ministros do Interior, Albadeh Abouba, de Infraestruturas, Lamido Moumouni, das Finanças, Ali Lamine Zène, das Relações Exteriores, Aichatou Mindaoudou, e dos Transportes, Issa Mazou. "Outros dois ministros, o da Defesa, Djida Hamadou, e o da Justiça, Garba Lompo, também estão entre os detidos pela junta militar", afirmou mais tarde Ali Sabo, vice-presidente do partido.[9]
Reação internacional
[editar | editar código-fonte]Países
[editar | editar código-fonte]- França: O governo francês condenou a tomada do poder por "vias não constitucionais", e pediu diálogo para sair da crise em sua ex-colônia.[10]
- Líbia: Com uma visita agendada para Cabo Verde, o secretário-geral do Comitê Popular da Líbia, Baghdadi Mahmoudi, adiou a essa visita, devido à crise político-militar no Níger, com o qual a Líbia tem uma fronteira.[11]
- Senegal: O ministro dos Negócios Estrangeiros do Senegal, Madické Niang, disse no dia 19 de fevereiro, em Niamey, capital do Níger, que o seu país vai fazer tudo para permitir o regresso da democracia ao país. "Conhecendo a qualidade dos nigerinos, estou convencido de que poderemos ajudar este país a reencontrar a estabilidade política", disse o enviado do Presidente senegalês, Abdoulaye Wade, nomeado recentemente mediador da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para a crise nigerina. O ministro disse estar "muito satisfeito" pelo seu encontro com o chefe da Junta, Djibo Salou. "É um homem aberto, disponível. Soubemos que os membros do Governo foram libertados, que o Presidente Tandja encontra-se em excelentes condições e está sendo bem tratado", afirmou.[12]
Organizações
[editar | editar código-fonte]- Cruz Vermelha: Uma delegação da Cruz Vermelha encontrou-se com o presidente deposto, Mamadou Tanja, para se inteirar das condições da sua detenção. Segundo o CSRD, o Presidente "está muito bem, encontra-se numa vivenda da presidência e pode ver a qualquer momento o seu médico pessoal". "A sua família vive atualmente no seu domicílio privado em Niamey, autorizamos uma delegação da Cruz Vermelha que deseja visitar-lhe para se inquirir das condições da sua detenção", indicou.[13]
- União Africana: A UA puniu o Níger pelo golpe, suspendendo-o das atividades a serem realizadas, anunciou o embaixador de Uganda na UA, Mull Sebuja Katende, que preside o Conselho de Paz e Segurança da União Africana, ao final de uma reunião em Addis Abeba, na Etiópia. "A partir deste dia [19 de fevereiro], o Níger não participará mais de nossas atividades", anunciou. "Condenamos o golpe de Estado e impusemos uma sanção ao Níger: está suspenso de todas as atividades da União Africana", declarou Sebuja Katende.[14]
- Nações Unidas: O secretário-geral, Ban Ki-moon, condenou o golpe, e expressou a disposição do organismo internacional para ajudar a resolver a crise de forma pacífica e duradoura. Ban "condena o golpe de Estado no Níger e reitera sua desaprovação de toda mudança anticonstitucional de Governo, assim como toda tentativa de permanecer no poder por meios não-constitucionais", afirmou o porta-voz, Martin Nesirky, por meio de um comunicado. O responsável da ONU "leva em conta a declaração do grupo de que sua intenção é restabelecer a ordem constitucional no Níger", afirmou o porta-voz. Ban também pede ao grupo para "trabalhar para conseguir em prol desse objetivo de maneira pactuada e inclusiva, com o conjunto da sociedade nigerina". Além disso, o comunicado pede "calma e respeito do estado de direito no Níger, da mesma forma que dos direitos humanos".[8]
Referências
- ↑ a b c Todd Pitman, "Armed soldiers storm Niger presidential palace", Associated Press, 18 de fevereiro de 2010.
- ↑ «Niger's junta takeover condemned» (em inglês). 19 de fevereiro de 2010. Consultado em 18 de fevereiro de 2023
- ↑ "Attempted coup under way against President Tandja" Arquivado em 2010-02-21 no Wayback Machine, France24, 18 de fevereiro de 2010.
- ↑ Djibril Saidou, "Niger Capital's Streets Empty After Palace Shooting" Arquivado em 2010-02-24 no Wayback Machine, Bloomberg, 18 de fevereiro de 2010.
- ↑ «G1 > Brasil - NOTÍCIAS - Militares anunciam golpe de estado no Níger». g1.globo.com. Consultado em 18 de fevereiro de 2023
- ↑ «Golpista anuncia que assumirá presidência interina do país - china radio international». portuguese.cri.cn. Consultado em 18 de fevereiro de 2023
- ↑ Chefe de junta no Níger é nomeado chefe de Estado para "período de transição" - G1
- ↑ a b «G1 > Mundo - NOTÍCIAS - ONU condena golpe de Estado no Níger». g1.globo.com. Consultado em 18 de fevereiro de 2023
- ↑ Níger: junta militar mantém presos sete ministros
- ↑ França condena golpe militar no Níger
- ↑ Secretário líbio cancela visita devido a golpe de Estado no Níger
- ↑ «PORTALANGOP.CO.AO - Generic Domain Registration - Marcaria.com». www.portalangop.co.ao. Consultado em 18 de fevereiro de 2023
- ↑ «PORTALANGOP.CO.AO - Generic Domain Registration - Marcaria.com». www.portalangop.co.ao. Consultado em 18 de fevereiro de 2023
- ↑ União Africana pune Níger por golpe de Estado