Comportamento homossexual no reino animal: diferenças entre revisões
m Revertidas edições por 177.180.249.121 para a última versão por Zoldyick, de 23h13min de 10 de maio de 2013 (UTC) |
|||
Linha 1: | Linha 1: | ||
{{Orientação sexual}} |
{{Orientação sexual}} |
||
O ''' |
O ''' homossexualismo em animais''' comportamento [[Homossexualidade|homossexual]] e [[Bissexualidade|birefere-se à evidência documentada de ssexual]] em várias espécies não-[[Homo sapiens|humanas]]. Tais comportamentos incluem [[sexo]], [[namoro]], [[afeição]] e [[parentalidade]] entre animais do mesmo sexo. Uma pesquisa de 1999, feita pelo pesquisador [[Bruce Bagemihl]], mostra que o comportamento homossexual já foi observado em cerca de 1.500 espécies animais, variando de [[primata]]s a [[Acanthocephala|vermes intestinais]], e é bem documentado em 500 delas.<ref name="ReferenceA">Bruce Bagemihl, ''Biological Exuberance: Animal Homosexuality and Natural Diversity,'' St. Martin's Press, 1999; ISBN 0312192398</ref><ref name="Biological Exuberance: Animal">{{cite web |
||
| last =Harrold |
| last =Harrold |
||
| first =Max |
| first =Max |
Revisão das 14h31min de 22 de junho de 2013
Parte da série sobre |
Orientação sexual |
---|
Orientações Assexual (Cinza (Demissexual)) · Ceterossexual · Monossexual (Androssexual · Ginessexual · Heterossexual · Homossexual) · Plurissexual (Bissexual · Onissexual · Pansexual · Polissexual) · Pomossexual |
Conceitos alternativos |
Pesquisas Biologia · Demografia · Escala de Kinsey · Grade de Klein · Diversidade sexual · Sexologia · Fluidez sexual · Neurociência · Hormônios pré-natais
|
Categoria |
O homossexualismo em animais comportamento homossexual e birefere-se à evidência documentada de ssexual em várias espécies não-humanas. Tais comportamentos incluem sexo, namoro, afeição e parentalidade entre animais do mesmo sexo. Uma pesquisa de 1999, feita pelo pesquisador Bruce Bagemihl, mostra que o comportamento homossexual já foi observado em cerca de 1.500 espécies animais, variando de primatas a vermes intestinais, e é bem documentado em 500 delas.[1][2] O comportamento animal sexual toma muitas formas diferentes, mesmo dentro da mesma espécie. As motivações e implicações de tais comportamentos têm ainda de ser totalmente compreendidas, uma vez que a maioria das espécies ainda não foram totalmente estudadas.[3] De acordo com Bagemihl, "o reino animal [faz] isso com muito maior diversidade sexual - inclusive homossexual, bissexual e sexo não-reprodutivo - do que a comunidade científica e a sociedade em geral estão previamente dispostas a aceitar."[4] A pesquisa atual indica que várias formas de comportamento sexual homossexual são encontradas em todo o reino animal.[5] Uma nova revisão feita em 2009 das pesquisas já existentes mostrou que o comportamento homossexual é um fenômeno quase universal no reino animal, comum em várias espécies.[6] Esse tipo de comportamento sexual é mais registrado em espécies sociais. De acordo com o que disse a geneticista Simon Levay em 1996, "embora o comportamento homossexual seja muito comum no mundo animal, parece ser muito incomum que os animais tenham uma predisposição de longa duração para se engajar em tal comportamento à exclusão das atividades heterossexuais. Assim, uma orientação homossexual, se é que se pode falar de tal coisa nos animais, parece ser uma raridade."[7] Uma das espécies em que a orientação homossexual exclusiva ocorre, entretanto, é a da ovelha domesticada (Ovis aries).[8][9] "Cerca de 10% dos carneiros (machos) se recusam a acasalar com fêmeas, mas prontamente se acasalam com outros carneiros do mesmo sexo."[9]
A observação do comportamento homossexual em animais pode ser visto como um argumento a favor e contra a aceitação da homossexualidade em humanos e tem sido usada especialmente contra a alegação de que é um peccatum contra naturam ("pecado contra a natureza").[1] Por exemplo, a homossexualidade em animais foi citada na decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos no julgamento Lawrence versus Texas, que derrubou as leis contra a sodomia de 14 estados daquele país.[10]
Aplicação do termo homossexual a animais
O termo homossexual foi cunhado por Karl-Maria Kertbeny em 1868 para descrever atração sexual pelo mesmo sexo e o comportamento sexual em humanos.[11] O uso do termo em estudos em animais tem sido controverso por duas razões principais: a sexualidade animal e os seus fatores motivadores foram e continuam sendo mal entendidos e o termo tem fortes implicações culturais na sociedade ocidental que são irrelevantes para outras espécies não-humanas.[12] Sendo assim, ao comportamento homossexual foi dado vários termos ao longo dos anos. Ao descrever os animais, a palavra homossexual é preferível em relação a termos como gays, lésbicas e outros em uso atualmente, já que estes são ainda mais vistos como ligados à homossexualidade humana.[13]
A preferência e motivação animal é sempre inferida a partir do comportamento. Em animais selvagens, os pesquisadores não podem estabelecer uma regra capaz de mapear toda a vida de um indivíduo e deve-se inferir a partir da frequência de observações individuais de comportamento. O uso correto do termo homossexual é quando um animal apresenta comportamento homossexual; no entanto, este artigo está em conformidade com o uso feito pela pesquisa moderna[13][14][15][16][17] a aplicação do termo homossexualidade para todo o comportamento sexual (cópula, estimulação genital, jogos de acasalamento e comportamento de exibição sexual) entre animais do mesmo sexo. Na maioria dos casos, presume-se que o comportamento homossexual não é senão parte do repertório comportamental sexual geral dos animais, fazendo com que o termo "bissexual" seja melhor aplicado em vez de "homossexual", de acordo como essas palavras são comumente compreendidas em seres humanos.[16] No entanto, casos de preferência homossexual e pares homossexuais exclusivos também são registrados no reino animal.[18]
Pesquisas
A presença de comportamento homossexual não foi "oficialmente" observada em larga escala em animais até tempos recentes, possivelmente devido ao viés do observador causado por atitudes sociais em relação a esse tipo de comportamento sexual,[19] confusão inocente, ou mesmo de um medo de "ser ridicularizado por seus colegas".[20] O biólogo Janet Mann, da Universidade de Georgetown, diz: "Os cientistas que estudam o tema são frequentemente acusados de tentar encaminhar uma agenda e seu trabalho pode ficar sob maior escrutínio do que o de seus colegas que estudam outros temas."[21] Eles também notaram que "nem todo ato sexual tem uma função reprodutiva ... isso é verdade para os seres humanos e não-humanos."[21] Isso parece ser difundido entre as aves e os mamíferos sociais, particularmente os mamíferos marinhos e os primatas. A verdadeira extensão da homossexualidade em animais não é totalmente conhecida. Enquanto estudos têm demonstrado o comportamento homossexual em várias espécies, Petter Bøckman, o assessor científico da exposição Against Nature? em 2007, especulou que a verdadeira extensão do fenômeno pode ser muito maior do que é até então reconhecida:
Não foi encontrada nenhuma espécie em que o comportamento homossexual não demonstrou-se existente, com exceção de espécies que nunca fazem sexo, tais como ouriços e aphis. Além disso, uma parte do reino animal é hermafrodita, realmente bissexual. Para eles, a homossexualidade não é um problema.[20]
Um exemplo de comportamento homossexual em animais é notado por Bruce Bagemihl, quando ele descreveu as girafas durante o acasalamento, quando nove em cada dez pares ocorrem entre machos.
Todo momento que um macho cheirou uma fêmea foi relatado como sexo, enquanto o sexo anal com orgasmo entre machos foi apenas relatado como dominação, concorrência ou forma de cumprimento.[22]
Alguns pesquisadores acreditam que esse comportamento tem sua origem na organização social do sexo masculino e na dominância social, semelhante aos traços de dominância mostrados na sexualidade. Outros, particularmente Joan Roughgarden, Bruce Bagemihl, Thierry Lode[23] e Paul Vasey sugerem que a função social do sexo (seja homossexual ou heterossexual) não está necessariamente ligada à dominação, mas serve para fortalecer as alianças e laços sociais dentro de um rebanho. Outros argumentaram que a teoria da organização social é inadequada porque não pode explicar alguns comportamentos homossexuais, por exemplo, de espécies de pinguins, onde indivíduos do mesmo sexo são companheiros por toda a vida e recusam-se a formar um par com as fêmeas quando surge essa oportunidade.[24][25] Enquanto pesquisas em muitos cenários de acasalamento ainda sejam apenas anedóticas, um corpo crescente de trabalhos científicos confirmam que a homossexualidade permanente ocorre não só em espécies com ligações permanentes entre pares,[17] mas também em espécies não-monogâmicas, como as ovelhas.
Abaixo, uma citação de um relatório sobre as ovelhas:
Aproximadamente 8% dos carneiros exibem preferências sexuais [isto é, mesmo quando recebem uma oportunidade de escolha] por parceiros do sexo masculino (carneiros machos) em contraste com a maioria carneiros, que preferem parceiros do sexo feminino (fêmeas). Nós identificamos um grupo de células dentro da área pré-óptica média do hipotálamo anterior de ovelhas adultas da mesma idade que era significativamente maior em carneiros adultos do que em ovelhas...[26]
Na verdade, indivíduos aparentemente homossexuais são conhecidos em todas as espécies domésticas tradicionais, de ovelhas, gados, cavalos e gatos, até cães e periquitos.[1]
A fim de relatar o comportamento homossexual nos outros animais, o Museu de História Natural de Oslo, na Noruega, apresentou em 2006 a primeira exposição dedicada a "animais gays", que foi chamada de "Against Nature?", exibindo cerca de 500 espécies que existem relatos de comportamento homossexual de um universo de 1.500 relatos, desde mamíferos e insetos até crustáceos. Nos pássaros australianos Galahs (Roseate Cockatoo), por exemplo, cerca de 44% dos pares são formados por indivíduos do mesmo sexo. Além desses, há registros bem mais antigos, como os de Aristóteles, que fez menção a hienas lésbicas. Em entrevista à Revista da Folha, o coordenador da mostra, Geir Söli, disse que "a ideia surgiu depois de analisarmos o livro do biólogo Bruce Bagemihl, 'Biological Exuberance: Animal Homosexuality and Natural Diversity', no qual ele descreve cientificamente a homossexualidade de muitas espécies animais. Acreditamos que essa seja uma forma de contribuir socialmente para a discussão de um tema que ainda causa tanta polêmica".[27]
Um estudo publicado pelo periódico "Trends in Ecology and Evolution" concluiu a importância do comportamento homossexual para a evolução de muitas espécies animais, como entre as fêmeas do albatroz-de-laysan (Phoebastria immutabilis), do Havaí, que se unem a outras fêmeas para criar os filhotes, especialmente na escassez de machos, tendo mais sucesso que as fêmeas solteiras. O estudo conclui que a homossexualidade ajudou as espécies de diferentes maneiras ao longo da evolução.[28][29]
Base genética e fisiológica
Pesquisadores descobriram que a desativação do gene FucM (fucose mutarotase) em ratos de laboratório - o que influencia os níveis de estrogênio a que o cérebro é exposto - fez com que os camundongos fêmeas se comportassem como se tivessem crescido com o sexo masculino. "O rato mutante feminino foi submetido a um programa de desenvolvimento ligeiramente alterado no cérebro para se parecer com o cérebro masculino em termos de preferência sexual", disse o professor Chankyu Park do Instituto Coreano de Ciência e Tecnologia Avançada em Daejeon, Coreia do Sul, que liderou a pesquisa. Suas descobertas mais recentes foram publicados na revista científica BMC Genetics em 7 de julho de 2010.[30][31] Em março de 2011, uma pesquisa mostrou que a serotonina está envolvida no mecanismo de orientação sexual de ratos.[32][33]
Ver também
Referências
- ↑ a b c Bruce Bagemihl, Biological Exuberance: Animal Homosexuality and Natural Diversity, St. Martin's Press, 1999; ISBN 0312192398
- ↑ Harrold, Max (16 de fevereiro de 1999). «Biological Exuberance: Animal Homosexuality and Natural Diversity». The Advocate, reprinted in Highbeam Encyclopedia. Consultado em 10 de setembro de 2007
- ↑ Gordon, Dr Dennis (10 de abril de 2007). «'Catalogue of Life' reaches one million species». National Institute of Water and Atmospheric Research. Consultado em 10 de setembro de 2007
- ↑ Calvin Reid Gay Lib for the Animals: A New Look At Homosexuality in Nature. Volume 245 Issue 5 02/01/1999, Feb 01, 1999
- ↑ "Same-sex Behavior Seen In Nearly All Animals, Review Finds", Science Daily
- ↑ «Same-sex behavior seen in nearly all animals». Physorg.com. 16 de junho de 2009. Consultado em 17 de novembro de 2010
- ↑ Levay, Simon (1996). Queer Science: The Use and Abuse of Research into Homosexuality. Cambridge, Massachusetts: MIT Press. p. 207
- ↑ Animal Homosexuality: A Biosocial Perspective By Aldo Poiani, A. F. Dixson, Aldo Poiani, A. F. Dixson, p. 179, 2010, Cambridge University Press
- ↑ a b Levay, Simon (2011). Gay, Straight, and The Reason Why The Science of Sexual Orientation. Cambridge, Massachusetts: Oxford University Press. pp. 70–71
- ↑ Smith, Dinitia (7 de fevereiro de 2004). «Love That Dare Not Squeak Its Name». New York Times. Consultado em 10 de setembro de 2007-09-10 Verifique data em:
|acessodata=
(ajuda) - ↑ O primeiro uso conhecido da palavra Homoseksuäl é encontrado em Benkert Kertbeny, K.M. (1869): Parágrafo 143 des Preussichen Strafgesetzebuches vom 14/4-1851 und seine Aufrechterhaltung als Paragraph 152 im Entwurf eines Strafgesetzbuches fur den Norddeutschen Bundes, Leipzig, 1869. Reprinted in Jahrbuch fur sexuelle Zwischenstufen 7 (1905), pp. 1-66
- ↑ Dorit, Robert (September–Outubro de 2004). «Rethinking Sex». American Scientist. Consultado em 11 de setembro de 2007 Verifique data em:
|data=
(ajuda) - ↑ a b Bruce Bagemihl, Biological Exuberance: Animal Homosexuality and Natural Diversity, St. Martin's Press, 1999; pp.122-166
- ↑ Joan Roughgarden, Evolutions rainbow: Diversity, gender and sexuality in nature and people, University of California Press, Berkeley, 2004; pp.13-183
- ↑ Vasey, Paul L. (1995), Homosexual behaviour in primates: A review of evidence and theory, International Journal of Primatology 16: p 173-204
- ↑ a b Sommer, Volker & Paul L. Vasey (2006), Homosexual Behaviour in Animals, An Evolutionary Perspective. Cambridge University Press, Cambridge. ISBN 0521864461
- ↑ a b Douglas, Kate (7 de dezembro de 2009). «Homosexual selection: The power of same-sex liaisons». New Scientist. Consultado em 21 de dezembro de 2009
- ↑ Gailey, D. A.; Hall (J.C.). «Behavior and Cytogenetics of fruitless in Drosophila melanogaster: Different Courtship Defects Caused by Separate, Closely Linked Lesions». The Genetics Society of America. Genetics. 121 (4): 773–785. PMC 1203660. PMID 2542123. Consultado em 14 de dezembro de 2008 Verifique data em:
|data=
(ajuda) - ↑ Joan Roughgarden, Evolutions rainbow: Diversity, gender and sexuality in nature and people, University of California Press, Berkeley, 2004
- ↑ a b «1,500 Animal Species Practice Homosexuality». News-medical.net. 23 de outubro de 2006. Consultado em 10 de setembro de 2007
- ↑ a b Moskowitz, Clara (19 May 2008). «Homosexuality Common in the Wild, Scientists Say». Fox News. Consultado em 2 de julho de 2008 Verifique data em:
|data=
(ajuda) - ↑ Bruce Bagemihl, citing a study by Leuthold, W. (1977): African Ungulates: A Comparative Review of Their Ethology and Behavioural Ecology. Springer Verlag, Berlin, cited in Biological Exuberance: Animal Homosexuality and Natural Diversity, 1999;
- ↑ Thierry Lodé "La guerre des sexes chez les animaux" Eds O Jacb, Paris, 2006, ISBN 2-7381-1901-8
- ↑ «Cold Shoulder for Swedish Seductresses | Germany | Deutsche Welle | 10.02.2005». Dw-world.de. Consultado em 17 de novembro de 2010
- ↑ «Gay penguin couple adopts abandoned egg in German zoo». CBC News. 5 de junho de 2009
- ↑ Roselli, Charles E.; Kay Larkin, John A. Resko, John N. Stellflug and Fred Stormshak (2004,). «The Volume of a Sexually Dimorphic Nucleus in the Ovine Medial Preoptic Area/Anterior Hypothalamus Varies with Sexual Partner Preference». Journal of Endocrinology, Endocrine Society, Bethesda, MD. 145 (2): 478–483. Consultado em 10 de setembro de 2007 Verifique data em:
|data=
(ajuda) - ↑ G1, ed. (26 de novembro de 2006). «Exposição na Noruega derruba argumento de que homossexualismo é antinatural». Consultado em 18 de março de 2012
- ↑ «Contribuição Evolutiva: Estudo divulgado por importante periódico afirma que homossexualidade foi fundamental para evolução». Mixbrasil. 17 de junho de 2009. Consultado em 19 de junho de 2009
- ↑ «Homossexualidade ajuda a moldar evolução, diz estudo». Folha. 17 de junho de 2009. Consultado em 6 de setembro de 2009
- ↑ Moore, Matthew (8 de julho de 2010). «Female mice 'can be turned lesbian by deleting gene'». Londres: Telegraph.co.uk. Consultado em 17 de novembro de 2010
- ↑ «Full text | Male-like sexual behavior of female mouse lacking fucose mutarotase». BioMed Central. 7 de julho de 2010. Consultado em 17 de novembro de 2010
- ↑ «Sexual preference chemical found in mice». BBC News. 23 de março de 2011. Consultado em 24 de março de 2011
- ↑ «Molecular regulation of sexual preference revealed by genetic studies of 5-HT in the brains of male mice». Nature. 23 de março de 2011. Consultado em 24 de março de 2011