José Magro
José Magro | |
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Vice-Presidente da Assembleia Constituinte da III República Portuguesa | |
Período | 1975 |
Deputado à Assembleia Constituinte da III República Portuguesa | |
Período | 1975 |
Membro do Comité Central do Partido Comunista Português | |
Período | 1957 - 1980 |
Dados pessoais | |
Nome completo | José Alves Tavares Magro |
Nascimento | 27 de Março de 1920 Alcântara |
Morte | 2 de Fevereiro de 1980 Lisboa |
Nacionalidade | Portugal |
Cônjuge | Aida Magro |
Partido | Partido Comunista Português |
Ocupação | Político |
José Alves Tavares Magro (Alcântara, Lisboa, 27 de Março de 1920 — Lisboa, 2 de Fevereiro de 1980) foi um político revolucionário antifascista e escritor português, deputado e vice-presidente da Assembleia Constituinte da III República Portuguesa[1] e deputado à Assembleia da República Portuguesa pelo Partido Comunista Português, do qual foi um dirigente histórico. Foi mantido preso pela ditadura do Estado Novo por razões políticas um total de 21 anos, e forçado por esta a viver 29 anos na clandestinidade.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nasce em 1920 numa família da classe média de sentimentos democráticos. Frequenta a Faculdade de Medicina de Lisboa, da qual desiste dois anos depois para trabalhar como empregado de escritório[2]. Torna-se escriturário da Federação Nacional dos Produtores de Trigo.
Início da Atividade Política
[editar | editar código-fonte]Parte de uma série sobre o |
Partido Comunista Português |
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Imprensa partidária |
Relacionados |
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Participa activamente nas lutas estudantis de 1937 a 1942, no contexto das quais adere em 1940 à Federação das Juventudes Comunistas e ao Partido Comunista Português. Em 1945 torna-se funcionário clandestino deste partido. Em 1946, está entre os militantes que participam no histórico IV Congresso do PCP. É-lhe atribuída a tarefa de funcionário do Movimento de Unidade Nacional Antifascista, que exerce por três anos enquanto faz o Serviço Militar.[3] Nesse contexto, assegura o contacto regular com o General José Norton de Matos, presidente do Conselho Nacional deste Movimento, deslocando-se para esse efeito regularmente a Ponte de Lima onde este residia.
Quadro do PCP
[editar | editar código-fonte]Em 1949 regressa à qualidade de funcionário do PCP como membro da Direcção da Organização do Porto. Contudo, ocorre nesse ano a prisão por motivos políticos de importantes dirigentes do PCP como Militão Ribeiro, Álvaro Cunhal, Sofia Ferreira, António Dias Lourenço, Georgette Ferreira, entre outros, que o leva a regressar a Lisboa com a tarefa organizar a militância entre os trabalhadores de empresas dos arredores da cidade. Torna-se membro suplente do Comité Central do PCP.[4]
Actividade clandestina
[editar | editar código-fonte]Os pseudónimos de José Magro na clandestinidade seriam «Artur», e numa segunda fase, «Victor». Foi responsável pela edição de jornais ilegais destinados às Forças Armadas, entre eles A Voz do Sargento, A Voz do Soldado e A Voz do Oficial Miliciano, publicados pela Libertação Nacional, órgão do Conselho Nacional de Unidade Antifascista.[5]
Prisão
[editar | editar código-fonte]José Magro é preso pela primeira vez em Janeiro de 1951. Julgado e condenado a três anos de prisão maior celular e suspensão de direitos políticos por 15 anos[5], é submetido regularmente a tortura violenta pelos funcionários da PIDE, sem nunca ceder a prestar declarações. Preso no Forte de Peniche, é um dos autores de uma tentativa de fuga através de um túnel, descoberta a 20 de Janeiro de 1954, que tem como consequência novos castigos.
É libertado em Fevereiro de 1957. Regressa à clandestinidade, sendo eleito no V Congresso Clandestino do PCP membro pleno do Comité Central. Viajando de Norte a Sul do país preparando as Eleições Presidenciais de 1958. É preso pela segunda vez em 1959 e uma vez mais sujeito a sucessivas torturas violentas às quais resiste sem fazer qualquer confissão. É condenado ao cúmulo jurídico de 10 anos de prisão, suspensão de direitos políticos por 15 anos, e medidas de segurança de seis meses a três anos prorrogáveis. Preso no Forte de Caxias, organiza a histórica fuga de Caxias de Dezembro de 1961 na qual foi um dos oito militantes do PCP evadidos pela via de um carro Chrisler blindado de pertencente ao ditador António de Oliveira Salazar.
De novo em liberdade, organiza clandestinamente as actividades anti-fascistas do dia 1º de Maio de 1962. Detido pela terceira vez a 24 de Maio de 1962 em São Domingos de Rana, só viria a ser libertado após a Revolução dos Cravos, no dia 27 de Abril de 1974, já com 54 anos, 21 dos quais passou na prisão.[4]
Após a Revolução dos Cravos
[editar | editar código-fonte]Retomando a sua posição como membro da Direcção da Organização Regional de Lisboa do PCP, é eleito deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República Portuguesa. Foi também responsável pela Direcção do PCP para as regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Seria reeleito membro o Comité Central do PCP em todos os Congressos deste partido até 1980, ano em que faleceu, com a saúde deteriorada pelas privações vividas na prisão e na clandestinidade.[6]
Obra escrita
[editar | editar código-fonte]Autor do livro Cartas da Clandestinidade, cuja escrita conclui no fim de 1973 enquanto estava preso na prisão de Caxias.
Publicou o livro Cartas da Prisão. Vida Prisional em 1975 pela Editorial Avante.
Seguir-se-á o livro de poemas Torre Cinzenta também pela Editorial Avante em 1980, editora que em 2007 publicaria postumamente o livro Cartas da Clandestinidade.
Toponímia
[editar | editar código-fonte]O nome de José Magro consta da toponímia das cidades da Amadora, Barreiro, na Freguesia da Ajuda em Lisboa, na Freguesia de Unhos em Loures, em Massamá, e em Viana do Alentejo.[7]
Referências
- ↑ «Debates Parlamentares - Deputados Constituintes (Assembleia Constituinte/3ª República)». debates.parlamento.pt. Consultado em 8 de abril de 2022
- ↑ Militante, O. «No centenário do nascimento do camarada José Magro - 1920-2020». O Militante. Consultado em 8 de abril de 2022
- ↑ «José Magro, mais um resistente antifascista, se fosse vivo, faria hoje 97 anos de idade». Ruas com história. 27 de março de 2017. Consultado em 8 de abril de 2022
- ↑ a b «José Magro». Jornal Tornado. 15 de setembro de 2019. Consultado em 8 de abril de 2022
- ↑ a b «Recordamos hoje, José Magro, um lutador anti-fascista, no dia em que faria 100 anos de vida.». Ruas com história. 27 de março de 2020. Consultado em 8 de abril de 2022
- ↑ «Uma vida exemplar». Avante. Consultado em 8 de abril de 2022
- ↑ https://www.plataformacascais.com/artigos/portugal/68816-jose-magro.html
Ligações Externas
[editar | editar código-fonte]- Artigo sobre José Magro na Revista O Militante a propósito do centenário do seu nascimento
- Intervenção de José Magro no VII Congresso Extraordinário do PCP
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Memórias da Resistência, Literatura Autobiográfica da Resistência ao Estado Novo, António Ventura