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Língua tâmil

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Tâmil

தமிழ் tamiḻ

Pronúncia:[t̪amiɻ]
Falado(a) em:  Índia[1][2]
Sri Lanka[3] e
Singapura Singapura[4]
Minorias em Malásia, Maurício, e Ilhas Reunião[5]
Total de falantes: 68 milhões nativo,[6][7] 77 milhões total[6]
Posição: 20, 16,
Família: Dravídica
 Meridional
  Tâmil
Escrita: alfabeto tâmil
alfabeto árabe (minoritário)
grantha, vattelluttu, kolezhuthu e palava
Estatuto oficial
Língua oficial de: Tâmil Nadu, Puducherry, Sri Lanka e Singapura
Regulado por: Várias academias e o governo do Tâmil Nadu
Códigos de língua
ISO 639-1: ta
ISO 639-2: tam
ISO 639-3: tam
Distribuição de falantes de tâmil no sul da Índia e no Sri Lanka (1961)
Por limitações técnicas, alguns navegadores podem não mostrar alguns caracteres especiais tâmil.
Trava-língua em tâmil cuja tradução literal é: "Um pobre velho escorregou numa casca de banana e caiu espalhado."

Problemas para escutar este arquivo? Veja a ajuda.
Placa em estação de trem em Chinnasalem em tâmil, hindi e inglês.

A Língua tâmil[8] (தமிழ் Tamiḻ Pronúncia tâmil: [t̪amiɻ] (escutar)) ou tâmul é uma língua dravídica falada por cerca de 68 milhões de pessoas[9] no sul da Índia (oficial no estado de Tâmil Nadu), Sri Lanka, Mianmar, Malásia, Indonésia, Vietnã, Singapura e ainda em zonas do sul e leste da África, pelo povo tâmil.

Há a distinguir ao mínimo dois socioletos razoavelmente divergentes (bramânico e não bramânico), além das variantes locais particulares. Hoje o tâmil é majoritariamente escrito com o alfabeto tâmil, apesar de existirem minorias muçulmanas utilizando o alfabeto árabe (o qual chamam de arwi) e de haver uma série de alfabetos históricos antes comuns, como o vattelluttu e o grantha.[10][11]

O tâmil tem registros datando do século V a.C. O Tolkāppiyam, primeira obra literária da língua, datada entre os séculos III a.C. e III d.C., também é conhecido pela historiografia como um dos mais antigos estudos de gramática,[12] nesta obra aparece pela primeira vez o nome da língua, cujo significado foi entendido por estudiosos da língua como Franklin Southworth e Kamil Zvelebil por algo como 'sua própria língua'.[13][14] Autores como S. V. Subramanian, por outro lado, entendem o termo como significando 'som doce', o que é aproximado pelo léxico tâmil da Universidade de Madras, que define a palavra como 'doçura'.[15][16]

Convencionalmente, a história da língua é dividida em três épocas: antiga, média e moderna.

Tâmil antigo

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O tâmil antigo, a forma mais antiga registrada da língua, estima-se ter emergido caracteristicamente de uma protolíngua dravídica do sul da Índia por volta do século III a.C. Desta língua originaram-se todas as outras grandes línguas dravídicas, com exceção de brami e kurux, e teria se originado da língua proto-dravídica, falada no milênio III a.C.na foz do rio Godavari, por volta do II milênio a.C.Os textos deste período são escritos em uma variedade da escrita brami e a princípio se limitavam a inscrições em cavernas e em cerâmica, estas sendo datadas a partir do século V a.C. O Tolkāppiyam é o primeiro texto longo na língua tâmil. Muitos poemas, datados entre os séculos I e V, também foram preservados.[17] O alfabeto vattelluttu começa a tomar o espaço do brami no século VI, marcando a transição para o tâmil médio, na mesma época em que surgem o alfabeto grantha, posteriormente simplificado pelo Império Palava, em forma como é frequentemente chamado alfabeto pallava.

Tâmil médio

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Acredita-se que a transição para o tâmil médio tenha estado completa por volta do século VIII. Inovações como o tempo presente, a coalescência de nasais alveolares e dentais e o desaparecimento do aytam são características deste período. O alfabeto pallava e o vattelluttu eram os mais utilizados, com o kolezhuthu também adquirindo certa relevância. Pertence a este período o Nannul, gramática tâmil até hoje usada como referência padrão.[18] Esta variante se tornaria a língua malaiala na região de Querala por volta do século XIV, caracterizando-se como o tâmil moderno por volta do século XVII em Tâmil Nadu e Seri Lanca.

Tâmil moderno

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Embora o tâmil formal tenha uma gramática razoavelmente estática a partir da codificação do Nannul no século XIII, a língua tâmil hoje possui particularidades fonológicas claras, algumas transformações de algumas formas gramaticais neste período e, sobretudo, uma linguagem coloquial distanciada deste antigo padrão. O alfabeto grantha sobrevive ativamente até o século XX, quando se completa sua substituição pelo alfabeto tâmil.

As vogais são classificadas em curtas e longas (cinco de cada) e dois ditongos. As vogais longas têm o dobro de duração em comparação com as vogais curtas. Os ditongos são uma vez e meia mais longos que as vogais curtas, embora os gramáticos os coloquem junto às vogais longas. /ɯ/ é alofone de /u/ no final de palavras.

Vogais do tâmil[19]
Curta Longa
Anterior Central Posterior Anterior Central Posterior
Fechada i u/ɯ
Média e o
Aberta a (aɪ̯) (aʊ̯) ஒள

A língua tâmil restringe encontros consonantais. Existem regras bem definidas para o vozeamento de plosivas na forma escrita do tâmil. Plosivas são desvozeadas quando no começo de palavras, em encontros consonantais com outra plosiva e quando geminadas; são vozeadas noutras posições.

Consoantes do tâmil[19]
Labial Dental Alveolar Retroflexa Alvéolo-palatal Velar Glotal
Nasal m ம் ந் n ன் ɳ ண் ɲ ஞ் (ŋ) ங்
Plosiva p ப் (b) த் () tːr ற்ற ʈ ட் (ɖ) k க் (ɡ)
Africada t͡ɕ[a] ச்
Fricativa f[b] s[c] ஸ் (z)[b] ʂ[b] ஷ் ɕ[c] ஶ் x[d] ɦ[d] ஹ்
Tepe ɾ ர்
Vibrante r ற்
Aproximante ʋ வ் ɻ ழ் j ய்
Aproximante lateral l ல் ɭ ள்
  1. /t͡ɕ/ é pronunciado como [s] no meio das palavras.
  2. a b c /f/, /z/ e /ʂ/ são encontrados apenas em palavras estrangeiras e são frequentemente substituídos por sons nativos.
  3. a b [s] e [ɕ] são alofones de /t͡ɕ/ inicial em alguns dialetos.
  4. a b [ɦ] e [x] são alofones de k em alguns dialetos.
Plosivas alofônicas em tâmil
Local Início Geminada Meio Pós-nasal
Velar k x~g ɡ
Palatal tɕ~s tːɕ s
Retroflexa ʈː ɖ~ɽ ɖ
Alveolar tːr r (d)r
Dental t̪ː d̪~ð
Labial p b~β b

Sândi (chamado de puṅarci em tâmil) é o termo para mudanças sonoras que ocorrem quando dois morfemas ou palavras se encontram.

Ocorre inserindo -y- quando seguindo vogais frontais (exceto ai em tâmil falado) e -v- quando posteriores (exceto au e ō em tâmil falado):[20]

ā
fogo INT
tīyā 'fogo?'
yāne ā
elefante INT
yāneyā 'um elefante?'
ā
flor INT
pūvā 'uma flor?'
viḻā ā
flor INT
viḻāvā 'um festival?'
Evolução da escrita tâmil entre os séculos III a.C. e III d.C.

As letras em tâmil que representam as consoantes são conhecidas como meyyeḻuttu ('letras do corpo'). Na descrição gramatical tradicional do tâmil, as consoantes (mei) são classificadas em três categorias com seis em cada: vallinam ('duras'), mellinam ('suaves' ou nasais) e idayinam ('médias').[21]

vallinam mellinam idayinam
Consoante ISO 15919 IPA Consoante ISO 15919 IPA Consoante ISO 15919 IPA
க் k [k], [ɡ], [x], [ɣ], [ɦ] ங் [ŋ] ய் y [j]
ச் c [t͡ɕ], [d͡ʑ], [s], [ɕ] ஞ் ñ [ɲ] ர் r [ɾ]
ட் [ʈ], [ɖ], [ɽ] ண் [ɳ] ல் l [l]
த் t [], [], [ð] ந் n [] வ் v [ʋ]
ப் p [p], [b], [β], [ɸ] ம் m [m] ழ் [ɻ]
ற் [r], [t], [d] ன் [n] ள் [ɭ]

Em tâmil, os glifos usados para representar as vogais são chamados de uyireḻuttu ('letra da vida'), e funcionam como diacríticos ou modificadores dos meyyeḻuttu. As vogais são divididas em curtas e longas (cinco de cada), além de dois ditongos.

Independente Sinal da vogal ISO 15919 IPA Independente Sinal da vogal ISO 15919 IPA
Vogais curtas Vogais longas
N/A a [ʌ] ā []
ி i [i] ī []
u [u], [ɯ] ū []
e [e] ē []
o [o] ō []
Ditongos
ai [] au []
Outras
அஂ aṁ [ã] - aḵ [x]

Forma composta

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Como a escrita tâmil é um abugida, uma sequência consoante-vogal é representada apenas como uma unidade. Usando a consoante 'k' como exemplo:

Formação Forma composta ISO 15919 IPA
க் + ka [ka]
க் + கா [kaː]
க் + கி ki [ki]
க் + கீ [kiː]
க் + கு ku [ku], []
க் + கூ [kuː]
க் + கெ ke [ke]
க் + கே [keː]
க் + கை kai [kaɪ]
க் + கொ ko [ko]
க் + கோ [koː]
க் + கௌ kau [kaʊ]

Enquanto o português é uma língua de ordem SVO, Tâmil é considerada uma língua de ordem SOV, por exemplo, a sentença em português "a raposa comeu a framboesa" seria "a raposa a framboesa comeu" em tâmil.

O tâmil tem pronomes honoríficos (que indicam deferência ou respeito), realiza a distinção t-v e tem inclusividade: distingue entre 'nós' exclusivo (não inclui o interlocutor) e 'nós' inclusivo (inclui o interlocutor). O modo formal da segunda pessoa do singular é idêntica à forma da segunda pessoa do plural, nīnga(ḷ). Os pronomes pessoais (nominativos) são:

Pessoa Singular Pronome Sufixo
I nān -ēn
II informal
formal nīnga(ḷ) -īnga(ḷ)
III masculino avan -ān
feminino ava(ḷ) -ā(ḷ)
masc hon avaru -āru
fem hon avanga(ḷ) -ānka(ḷ)
neutro idu/adu adu
Pessoa Plural Pronome Sufixo
I exclusivo nānga(ḷ) -ōm
inclusivo nāma
II nīnga(ḷ) -īnga(ḷ)
III avanga(ḷ) -ānka(ḷ)

As consoantes em parênteses são deletadas quando no final da palavra (p.ex. ava pōrā 'ela vai'), mas estão presentes se sufixos são adicionados (p.ex. avaḷukku 'a ela' ou ava pōrāḷā? 'ela vai?'). A forma de sufixo dos pronomes são usadas no final da raiz de verbos para indicar pessoa e número do sujeito.[20]

Forma genitiva/oblíqua e dativa

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As formas possessiva e oblíqua dos pronomes diferem das formas no nominativo na primeira e segunda pessoas. A forma dativa dos pronomes da primeira e segunda pessoas do singular usam -akku ao invés de -ukku, que seria o normal para substantivos e pronomes da terceira pessoa.[20]

Pessoa Pronome Gen./Oblíquo Dativo
1 sg nān en enakku
2 sg on onakku
3 m avan avan avanukku
3 f ava(ḷ) ava(ḷ) avaḷukku
3 m hon avaru avar avarukku
3 f hon avanga(ḷ) avanga(ḷ) avangaḷukku
3 n idu/adu idu/adu idukku/adukku
1 pl excl nānga(ḷ) enga(ḷ) engaḷukku
1 pl incl nāma namma namakku
2 pl nīnga(ḷ) onga(ḷ) ongaḷukku
3 pl avangaḷ avangal avangaḷukku

Pronome reflexivo

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No tâmil literário, há o pronome reflexivo tān que refere ao sujeito da sentença e é frequentemente usado para ênfase:[20]

nān tān vandēn
eu se vim
'eu mesmo cheguei; apenas eu vim'

Vários dialetos do tâmil não usam este pronome (senão como marcador enfático), usando pronomes da terceira pessoa em seu lugar.

Os substantivos em tâmil têm dois gêneros, masculino e feminino, e dois números, singular e plural. O sufixo plural, -kaḷ, é inserido após a raiz do verbo e antes do sufixo de caso, se houver.[22]

Os substantivos em tâmil têm sete casos gramaticais: nominativo, dativo, acusativo, locativo, ablativo, associativo e instrumental.

Caso nominativo
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O caso nominativo marca o sujeito do verbo. Em tâmil, verbos no nominativo não recebem sufixos.

Usado quando o verbo expressa movimento para o seu objeto; indica o objeto indireto ou posse (absorve o papel de genitivo). É usado com certos verbos estativos ou defectivos para indicar o sujeito.[20]

en-akku paṇam irukku
para-mim dinheiro está (em algum lugar)
'Eu tenho dinheiro'
ongaḷukku avare teriyumā?
a-você o conhecido?
'Você o conhece?'
avarukku tamiḷ teriyādu
para-ele tâmil não-conhecido
'Ele não sabe tâmil'
Caso acusativo
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O caso acusativo marca o substantivo como 'objeto' ou 'paciente' de alguma ação. O marcador acusativo é -e. Substantivos inanimados não são normalmente marcados a não ser que o falante queira indicar algo específico ou definido.[20]

maratte pāttēn
árvore-ACC ver-1.SG
vi a árvore
vīṭṭe pāttēn
casa-ACC ver-1.SG
vi a casa
avare pāttēn
ele-ACC ver-1.SG
eu o vi
Caso locativo
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O caso locativo é usado para expressar 'localização', 'ausência de movimento' e, às vezes, 'meio de transporte' (p.ex. bas-le 'de ônibus'). O marcador locativo é -le para substantivos inanimados (p.ex. maram 'árvore' + -lemarattu-le 'na árvore') e -kiṭṭe para animados (p.ex. nari 'raposa' + kiṭṭenari-kiṭṭe 'na posse da raposa', nān 'eu' + kiṭṭeen-kiṭṭe 'eu tenho'). Em substantivos animados, significa 'na posse de'.[20]

Caso ablativo
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O caso ablativo é usado para expressar movimento para longe de um objeto ou pessoa. Com substantivos animados, a posposição kiṭṭe deve ser usada como base locativa, adicionando -rundu.[20]

madurey le rundu
Madurai LOC ABL
madureylerundu 'de Madurai'
laybrēriy le rundu
livraria LOC ABL
laybrēriylerundu 'da livraria'
rājā kiṭṭe rundu
rei LOC ABL
rājākkiṭṭeyrundu 'do rei'
en kiṭṭe rundu
eu LOC ABL
enkiṭṭeyrundu 'de mim'
Caso associativo
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O caso associativo expressa acompanhamento social, como 'com' em 'eu fui com ele', mas não como em 'cortei-o com a faca' (este uso seria instrumental).

É marcado com -ōḍe ou -ōḍu. Com substantivos animados sempre significa 'associativo', mas com substantivos inanimados -ōḍe pode ser instrumental (p.ex. rikṣāvōḍe 'de riquixá' ao invés de rikṣāvle) em alguns dialetos.[20]

sneydar ōḍe
amigo ASS
sneydarōḍe 'com (um) amigo'
enga(ḷ) ōḍe
nosso ASS
engaḷōḍe 'conosco'
nari ōḍe
raposa ASS
nari-y-ōḍe 'com a raposa'
Caso instrumental
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Expressa a noção de 'modo pelo qual uma ação foi feita'. Varia amplamente entre os dialetos. Para marcar o caso instrumental, basicamente usa-se -āle, mas, em alguns dialetos, é usado apenas em pronomes:[20]

adan -āle
3.SG.MASC INS
por causa dele
onga(ḷ) -āle
2.SG INS
por causa de você; através da sua intervenção

Outros dialetos usam -ōḍe, o marcador associativo, com substantivos inanimados para expressar instrumentalidade: rikṣāvōḍe 'de riquixá'.

A maior parte dos dialetos usa o locativo -le para expressar 'por meio de' com meios de transporte:

bas -le
ônibus LOC
de ônibus
reyille
trem-LOC
de trem

Adjetivos podem ser comparados usando viḍa (infinitivo do verbo viḍu 'sair, deixar'). A regra para construir uma sentença do tipo 'A é maior que B' seria 'B ACC viḍa A SUBS + -ā irukku'.[20]

anda vīṭṭe viḍa inda vīḍu perusā irukku
aquela casa-ACC do-que esta casa grande-ADV ser
'Esta casa é maior que aquela casa'

Em tâmil, os superlativos podem ser formados através do uso do caso locativo mais o enfático ē. Por exemplo, 'Esta é a maior casa em (toda) Madurai' seria expresso em tâmil como 'Esta em-toda-Madurai-ENF grande casa'.[20]

idu madurey-le-yē periya vīḍu
esta-coisa Madurai-em-ENF grande casa
'Esta é a maior casa em (toda) Madurai'

Os verbos são divididos em sete classes, com três tempos verbais (presente, passado e futuro), três modos (indicativo, optativo e imperativo) e dois números (singular e plural).[22]

Indicativo é o modo verbal que expressa uma certeza, um fato. O primeiro sufixo adicionado após a raiz do verbo marca tempo, seguido pelo sufixo de pessoa, número e gênero.

Tempos verbais[23]
Classe Presente Passado Futuro
I -kiṟ- -t- -v-
II -nt-
III -iṉ-
-i-
IV reduplicação
V -t- -p-
VI -kkiṟ- -tt- -pp-
VII -nt-
Pessoa, número e gênero[23]
Pronomes pessoais Sufixo
nāṉ 'eu' -ēṉ
'você' -āy
avaṉ 'ele' -āṉ
avaḷ 'ela' -āḷ
atu 'isso' -atu, -tu, -um
avar 'ele, ela (HON)' -ār
nāṅkāḷ, nām 'nós' -ōm
nīṅkāḷ 'vocês' -īrkaḷ
avarkaḷ 'eles, elas' -ārkaḷ
avai 'eles, elas (N)'

Optativo é o modo gramatical que indica desejo ou pedido. A forma optativa de um verbo é formada através da adição do sufixo -ka (alomorfo -kka nos verbos de classe VI e VII) ou -attum à raiz do verbo.[22][23]

aracaṉ vāḻ-ka
rei viver-OPT
o rei pode viver
avaṉ-ukku pēṭi eṭu-kka
3.SG.MASC-DAT cólera levar-OPT
a cólera pode levá-lo

O tâmil distingue entre imperativo plural e singular e entre imperativo positivo e negativo.

A forma singular positiva é idêntica à raiz do verbo, portanto não há marcador. O imperativo singular negativo consiste da raiz do verbo com os sufixos -āt e . Para o imperativo plural positivo, adiciona-se o sufixo plural -(u)ṅkaḷ à raiz raiz do verbo; pode ser interpretado tanto como para número singular e honorífico quanto para plural. Enquanto o imperativo plural negativo é formado pela raiz do verbo, seguido pelo negativo alomorfo -āt e pelo sufixo da segunda pessoa do plural -irkaḷ.[23]

Imperativo Singular Plural
Positivo -∅ -(u)ṅkaḷ
Negativo -āt-ē -āt-īrkaḷ

Usando o verbo 'dormir' como exemplo:

Imperativo Singular Plural
Positivo tūṅku 'durma' tūṅk-uṅkaḷ '(por favor) durma(m)'
Negativo tūṅk-āt-ē 'não durma' tūṅk-āt-irkaḷ '(por favor) não durma(m)'

O causativo de um verbo pode ser formado a partir da raiz desse verbo mais um sufixo causativo que consiste dos alomorfos -vi, -pi e -ppi. Em tâmil moderno, este processo derivacional é muito restrito: apenas o sufixo causativo -vi ocorre em algumas raízes:[23]

teri -vi
saber CAU
fazer saber; informar
aṟi -vi
saber CAU
fazer saber; anunciar
viṭu -vi
sair CAU
fazer sair; libertar

O sufixo -ām pode ser adicionado a vários constituintes para indicar que o falante não reivindica responsabilidade pela veracidade de uma declaração. É usualmente adicionado ao último constituinte da sentença (isto é, o verbo), mas será seguido do interrogativo se a sentença for uma pergunta: avaru pōrār-ām 'aparentemente ele irá'; avaru pōrārāmā? 'dizem que ele irá?'.[20]

Tâmil tem relativamente menos empréstimos linguísticos que outras línguas dravídicas, mas foi influenciado pelo sânscrito, prácrito e hindi, também adotando algumas palavras do português e do inglês. Desde o século XX, o uso de palavras nativas é promovido em detrimento de palavras estrangeiras. Palavras onomatopeicas são numerosas e muitas são formadas via reduplicação.[22]

Números em tâmil[22]
Palavra Tradução
oṉṟu um
iraṇṭu dois
mūṉṟu três
nāṉku quatro
aintu cinco
āṟu seis
ēḻu sete
eṭṭu oito
oṉpatu nove
pattu dez
nūṟu cem
Partes do corpo em tâmil[22]
Palavra Tradução
talai cabeça
kaṇ olho
kāl
itayam coração
nākku língua

Artigo 1.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos em tâmil literário:

  • No sistema de escrita nativo:
    • உறுப்புரை 1: மனிதப் பிறிவியினர் சகலரும் சுதந்திரமாகவே பிறக்கின்றனர்; அவர்கள் மதிப்பிலும், உரிமைகளிலும் சமமானவர்கள், அவர்கள் நியாயத்தையும் மனச்சாட்சியையும் இயற்பண்பாகப் பெற்றவர்கள். அவர்கள் ஒருவருடனொருவர் சகோதர உணர்வுப் பாங்கில் நடந்துகொள்ளல் வேண்டும்.।
  • Em tâmil romanizado:
    • Uṟuppurai 1: Maṉitap piṟiviyiṉar cakalarum cutantiramākavē piṟakkiṉṟaṉar; avarkaḷ matippilum, urimaikaḷilum camamāṉavarkaḷ, avarkaḷ niyāyattaiyum maṉaccāṭciyaiyum iyaṟpaṇpākap peṟṟavarkaḷ. Avarkaḷ oruvaruṭaṉoruvar cakōtara uṇarvup pāṅkil naṭantukoḷḷal vēṇṭum.
  • Tâmil no Alfabeto Fonético Internacional:
    • urupːurai ond̺rʉ | mənid̪ə piriʋijinər səgələrum sud̪ən̪d̪irəmaːgəʋeː pirəkːin̺d̺ranər | əvərgəɭ məd̪ipːilum uriməigəɭilum səməmaːnəʋərgəɭ | əvərgəɭ nijaːjatːəijum mənətt͡ʃaːʈt͡ʃijəijum ijərpəɳbaːgə pet̺rəʋərgəɭ | əvərgəɭ oruʋəruɖənoruʋər sagoːdəɾə uɳərʋɨ paːŋgil nəɖən̪d̪ʉkoɭɭəl veːɳɖum |
  • Glosa:
    • Seção 1: Humanos seres todos-eles livremente nascem. Eles direitos-em-e dignidades-em-e iguais. Eles lei-e consciência-e intrinsecamente possuídos. Eles entre-um-outro fraterno sentimento compartilhar-em agir devem.
  • Tradução:
    • Artigo 1: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Referências

  1. «Official languages». UNESCO. Consultado em 10 de maio de 2007. Arquivado do original em 28 de setembro de 2005 
  2. «Official languages of Tamilnadu». Tamilnadu Government. Consultado em 1 de maio de 2007 
  3. «Official languages of Srilanka». State department, US. Consultado em 1 de maio de 2007 
  4. «Singapore Language and Literacy». AsianInfo.Org. Consultado em 17 de novembro de 2007 
  5. Gordon, Raymond G., Jr. (ed.), 2005. Ethnologue: Languages of the World, Fifteenth edition. Dallas, Tex.: SIL International.
  6. a b «Top 30 Languages by Number of Native Speakers: sourced from Ethnologue: Languages of the World, 15th ed. (2005)». Vistawide - World Languages & Cultures. Consultado em 3 de abril de 2007 
  7. «Languages Spoken by More Than 10 Million People». MSN Encarta. Consultado em 2 de abril de 2007 
  8. Correia, Paulo (2023). «Escrever em português sobre a Índia e o Oriente» (PDF). A folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias (73 — outono de 2023). pp. 9–10. ISSN 1830-7809 
  9. «Scheduled Languages in descending order of speaker's strength - 2011» (PDF). Secretário Geral e Comissário de Censo da Índia. Consultado em 14 de abril de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 14 de novembro de 2018 
  10. Arokianathan, S. Writing and Diglossic: A Case Study of Tamil Radio Plays. ciil-ebooks.net
  11. Steever, S. B.; Britto, F. (1988). «Diglossia: A Study of the Theory, with Application to Tamil». Language. 64. 152 páginas. JSTOR 414796. doi:10.2307/414796 
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  13. Southworth 1998, pp. 129–132
  14. Zvelebil 1992, p. ix–xvi
  15. Subramanian, S.V (1980), Heritage of Tamils; Language and Grammar, International Institute of Tamil Studies, pp. 7–12 
  16. Tamil lexicon, Madras: University of Madras, pp. 1924–36, consultado em 26 de fevereiro de 2012. [ligação inativa]
  17. Lehmann, Thomas. Old Tamil. 1998.
  18. Sadasivan, M. P. (13 de janeiro de 2011). «നന്നൂല്‍» [Nannūl] (em malaiala). State Institute of Encyclopaedic Publications. Consultado em 20 de agosto de 2014. Cópia arquivada em 20 de agosto de 2014 
  19. a b Keane, Elinor (janeiro de 2004). «Tamil». Journal of the International Phonetic Association (em inglês) (1): 111–116. ISSN 1475-3502. doi:10.1017/S0025100304001549. Consultado em 21 de abril de 2021 
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  21. Steever, Sanford B. (1996). Bright, William; Daniels, Peter T., eds. The world's writing systems. New York: Oxford University Press. p. 428. OCLC 31969720 
  22. a b c d e f «Tamil». www.languagesgulper.com. Consultado em 23 de abril de 2021 
  23. a b c d e Lehman, Thomas (1993). A grammar of Modern Tamil. [S.l.: s.n.] 

Ligações externas

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