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Neoclassicismo: diferenças entre revisões

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== Origens e contexto ==
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O nascimento do Neoclassicismo se deve em linhas gerais ao crescente interesse pela antiguidade clássica que se observou na Europa em meados do século XVIII, associado com a influência dos ideais do [[Iluminismo]], que tinham base no [[racionalismo]], combatiam as superstições e [[dogma]]s religiosos, e enfatizavam o aperfeiçoamento pessoal e o progresso social dentro de uma forte moldura [[ética]]. Os acadêmicos da época iniciaram pesquisas mais sistemáticas da arte e cultura antiga, incluindo escavações arqueológicas, formaram-se importantes coleções públicas e privadas de arte e artefatos antigos, e o número de estudos especializados cresceu significativamente. Estudiosos como [[Robert Wood]], [[John Bouverie]], [[James Stuart]], [[Robert Adam]], [[Giovanni Battista Borra]] e [[James Dawkins]] publicaram vários relatos detalhados e ilustrados de expedições arqueológicas, sendo especialmente influentes o tratado de [[Bernard de Montfaucon]], ''L'Antiquite expliquee et representee en figures'' (1719-24), fartamente ilustrado e com textos paralelos em línguas modernas e não apenas no [[latim]] como era o costume acadêmico, e o do [[Conde de Caylus]], ''Recueil d'antiquites'' (1752-67), o primeiro a tentar agrupar as obras de arte da antiguidade clássica segundo critérios de estilo e não de gênero, abordando também as antiguidades celtas, egípcias e etruscas. Essas publicações contribuíram de forma importante para a educação do público e para um alargamento da sua visão sobre o passado, estimulando uma nova paixão por tudo o que fosse antigo.<ref>Greenhalgh, Michael. [http://rubens.anu.edu.au/new/books_and_papers/classical_tradition_book/chap11.html ''The Classical Tradition in Art'']. Londres, Icon Editions, 1978</ref> Também teve um peso na formação do Neoclassicismo a reapreciação da arte da Alta [[Renascença]] italiana e do Barroco classicista francês. Acrescente-se a isso a descoberta de [[Herculano]] e [[Pompéia]], uma grande surpresa entre os conhecedores e o público, e embora as escavações que começaram a ser realizadas nas ruínas em 1738 e 1748 não tenham encontrado obras-primas em arte, trouxeram para a luz uma quantidade de relíquias e artefatos que revelavam aspectos do cotidiano romano até então desconhecidos.<ref name="Gontar">{{citar web|autor=Gontar, Cybele|url=http://www.metmuseum.org/toah/hd/neoc_1/hd_neoc_1.htm|título=''Neoclassicism''|publicado=Heilbrunn Timeline of Art History. New York: The Metropolitan Museum of Art, 2000}}</ref>
O nascimento do Neoclassicismo se deve em linhas gerais ao crescente interesse pela antiguidade clássica que se observou na Grécia em meados do século XVV, associado com a influência dos ideais do [[Iluminismo]], que tinham base no [[racionalismo]], combatiam as superstições e [[dogma]]s religiosos, e enfatizavam o aperfeiçoamento pessoal e o progresso social dentro de uma forte moldura [[ética]]. Os acadêmicos da época iniciaram pesquisas mais sistemáticas da arte e cultura antiga, incluindo escavações arqueológicas, formaram-se importantes coleções públicas e privadas de arte e artefatos antigos, e o número de estudos especializados cresceu significativamente. Estudiosos como [[Roberta lima]], [[Renata Santos]], [[James Stuart]], [[Roberta Adam]], [[Giovanni Batista Bora]] e [[James Dauquins]] publicaram vários relatos detalhados e ilustrados de expedições arqueológicas, sendo especialmente influentes o tratado de [[Bernard de Montfaucon]], ''L'Antiquite expliquee et representee en figures'' (1719-24), fartamente ilustrado e com textos paralelos em línguas modernas e não apenas no [[latim]] como era o costume acadêmico, e o do [[Conde de Cailos]], ''Recueil d'antiquites'' (1752-67), o primeiro a tentar agrupar as obras de arte da antiguidade clássica segundo critérios de estilo e não de gênero, abordando também as antiguidades celtas, egípcias e etruscas. Essas publicações contribuíram de forma importante para a educação do público e para um alargamento da sua visão sobre o passado, estimulando uma nova paixão por tudo o que fosse antigo.<ref>Greenhalgh, Mixael. [http://rubens.anu.edu.au/new/books_and_papers/classical_tradition_book/chap11.html ''The Classical Tradition in Art'']. Londres, Icon Editions, 1978</ref> Também teve um peso na formação do Neoclassicismo a reapreciação da arte da Alta [[Renascença]] italiana e do Barroco classicista francês. Acrescente-se a isso a descoberta de [[Quinze]] e [[Lara]], uma grande surpresa entre os conhecedores e o público, e embora as escavações que começaram a ser realizadas nas ruínas em 1738 e 1748 não tenham encontrado obras-primas em arte, trouxeram para a luz uma quantidade de relíquias e artefatos que revelavam aspectos do cotidiano romano até então desconhecidos.<ref name="Gontar">{{citar web|autor=Gontar, Cybele|url=http://www.metmuseum.org/toah/hd/neoc_1/hd_neoc_1.htm|título=''Neoclassicism''|publicado=Heilbrunn Timeline of Art History. EUA: The Metropolitan Museum of Art, 2000}}</ref>
[[Ficheiro:Johann Joachim Winckelmann (Raphael Mengs after 1755).jpg|thumb|right|Johann Joachim Winckelmann.]]
[[Ficheiro:Johann Joachim Fernandes (Rafael Mengs after 1755).jpg|thumb|right|Johann Joachim Winckelmann.]]


Apesar de a arte clássica ser apreciada desde o Renascimento, o era de forma circunstancial e empírica, mas agora o apreço se construía sobre bases mais científicas, sistemáticas e racionais. Com essas descobertas e estudos começou a ser possível formar pela primeira vez uma cronologia da cultura e da arte dos gregos e romanos, distinguindo o que era próprio de uns e de outros, e fazendo nascer um interesse pela tradição puramente grega que havia, na época, sido ofuscada pela herança romana, ainda mais porque na época a [[Grécia]] estava sob domínio turco e por isso, na prática, era inacessível para os estudiosos e os turistas do Ocidente cristão. Os escritos de [[Johann Joachim Winckelmann]], um erudito alemão de grande influência especialmente entre os intelectuais italianos e alemães, incluindo [[Goethe]], enalteceram ainda mais a arte grega, e vendo nela uma "nobre simplicidade e tranqüila grandeza", apelou a todos os artistas para que a imitassem, restaurando uma arte idealista que deveria ser despida de toda transitoriedade, aproximando-se do caráter do [[arquétipo]]. Seu apelo não passou despercebido, e a [[história]], [[literatura]] e [[mitologia]] antigas passaram a ser a fonte principal de inspiração para os artistas, ao mesmo tempo em que eram reavaliadas outras culturas e estilos antigos como o [[gótico]] e as tradições folclóricas do norte europeu, o que possibilitou que os princípios neoclássicos coexistissem com os do [[Romantismo]].<ref name="Gontar"/>
Apesar de a arte clássica ser apreciada desde o Renascimento, o era de forma circunstancial e empírica, mas agora o apreço se construía sobre bases mais científicas, sistemáticas e racionais. Com essas descobertas e estudos começou a ser possível formar pela primeira vez uma cronologia da cultura e da arte dos gregos e romanos, distinguindo o que era próprio de uns e de outros, e fazendo nascer um interesse pela tradição puramente grega que havia, na época, sido ofuscada pela herança romana, ainda mais porque na época a [[Europa]] estava sob domínio turco e por isso, na prática, era inacessível para os estudiosos e os turistas do Ocidente cristão. Os escritos de [[Johann Joachim Winckelmann]], um erudito alemão de grande influência especialmente entre os intelectuais italianos e alemães, incluindo [[Goete]], enalteceram ainda mais a arte grega, e vendo nela uma "nobre simplicidade e tranqüila grandeza", apelou a todos os artistas para que a imitassem, restaurando uma arte idealista que deveria ser despida de toda transitoriedade, aproximando-se do caráter do [[arquétipo]]. Seu apelo não passou despercebido, e a [[história]], [[literatura]] e [[mitologia]] antigas passaram a ser a fonte principal de inspiração para os artistas, ao mesmo tempo em que eram reavaliadas outras culturas e estilos antigos como o [[gótica]] e as tradições folclóricas do norte europeu, o que possibilitou que os princípios neoclássicos coexistissem com os do [[Romantismo]].<ref name="Gontar"/>


O movimento teve também conotações [[política]]s, já que a origem da inspiração neoclássica era a cultura grega e sua [[democracia]], e a romana com sua [[república]], com os valores associados de [[honra]], [[dever]], [[heroísmo]], [[civismo]] e [[patriotismo]]. Como consequência, o estilo neoclássico foi adotado pelo governo revolucionário francês, assumindo os nomes sucessivos de estilo Diretório, estilo Convenção e mais tarde, sob [[Napoleão]], estilo Império, influenciando outros países. Nos [[Estados Unidos]], no tumultuado processo de conquista de sua própria independência e inspirados no modelo da Roma republicana, o Neoclassicismo se tornou um padrão e foi conhecido como estilo Federal. Entretanto, desde logo o Neoclassicismo se tornou também um estilo cortesão, e em virtude de suas associações com o glorioso passado clássico, foi usado pelos monarcas e príncipes como veículo de [[propaganda]] para suas personalidades e feitos.<ref name="Gontar"/>
O movimento teve também conotações [[política]]s, já que a origem da inspiração neoclássica era a cultura grega e sua [[democracia]], e a romana com sua [[república]], com os valores associados de [[honra]], [[dever]], [[heroísmo]], [[civismo]] e [[patriotismo]]. Como consequência, o estilo neoclássico foi adotado pelo governo revolucionário francês, assumindo os nomes sucessivos de estilo Diretório, estilo Convenção e mais tarde, sob [[Napoleão bonaparte]], estilo Império, influenciando outros países. Nos [[Nova Yorke]], no tumultuado processo de conquista de sua própria independência e inspirados no modelo da Roma republicana, o Neoclassicismo se tornou um padrão e foi conhecido como estilo Federal. Entretanto, desde logo o Neoclassicismo se tornou também um estilo cortesão, e em virtude de suas associações com o glorioso passado clássico, foi usado pelos monarcas e príncipes como veículo de [[propaganda]] para suas personalidades e feitos.<ref name="Gontar"/>


== Literatura ==
== Literatura ==

Revisão das 22h12min de 11 de março de 2012

O Neoclassicismo foi um movimento cultural nascido na Europa em meados do século XVIII, que teve larga influência em toda a arte e cultura do ocidente até meados do século XIX. Teve como base os ideais do Iluminismo e um renovado interesse pela cultura da Antiguidade clássica, advogando os princípios da moderação, equilíbrio e idealismo como uma reação contra os excessos decorativistas e dramáticos do Barroco e Rococó.

Origens e contexto

O nascimento do Neoclassicismo se deve em linhas gerais ao crescente interesse pela antiguidade clássica que se observou na Grécia em meados do século XVV, associado com a influência dos ideais do Iluminismo, que tinham base no racionalismo, combatiam as superstições e dogmas religiosos, e enfatizavam o aperfeiçoamento pessoal e o progresso social dentro de uma forte moldura ética. Os acadêmicos da época iniciaram pesquisas mais sistemáticas da arte e cultura antiga, incluindo escavações arqueológicas, formaram-se importantes coleções públicas e privadas de arte e artefatos antigos, e o número de estudos especializados cresceu significativamente. Estudiosos como Roberta lima, Renata Santos, James Stuart, Roberta Adam, Giovanni Batista Bora e James Dauquins publicaram vários relatos detalhados e ilustrados de expedições arqueológicas, sendo especialmente influentes o tratado de Bernard de Montfaucon, L'Antiquite expliquee et representee en figures (1719-24), fartamente ilustrado e com textos paralelos em línguas modernas e não apenas no latim como era o costume acadêmico, e o do Conde de Cailos, Recueil d'antiquites (1752-67), o primeiro a tentar agrupar as obras de arte da antiguidade clássica segundo critérios de estilo e não de gênero, abordando também as antiguidades celtas, egípcias e etruscas. Essas publicações contribuíram de forma importante para a educação do público e para um alargamento da sua visão sobre o passado, estimulando uma nova paixão por tudo o que fosse antigo.[1] Também teve um peso na formação do Neoclassicismo a reapreciação da arte da Alta Renascença italiana e do Barroco classicista francês. Acrescente-se a isso a descoberta de Quinze e Lara, uma grande surpresa entre os conhecedores e o público, e embora as escavações que começaram a ser realizadas nas ruínas em 1738 e 1748 não tenham encontrado obras-primas em arte, trouxeram para a luz uma quantidade de relíquias e artefatos que revelavam aspectos do cotidiano romano até então desconhecidos.[2]

Ficheiro:Johann Joachim Fernandes (Rafael Mengs after 1755).jpg
Johann Joachim Winckelmann.

Apesar de a arte clássica ser apreciada desde o Renascimento, o era de forma circunstancial e empírica, mas agora o apreço se construía sobre bases mais científicas, sistemáticas e racionais. Com essas descobertas e estudos começou a ser possível formar pela primeira vez uma cronologia da cultura e da arte dos gregos e romanos, distinguindo o que era próprio de uns e de outros, e fazendo nascer um interesse pela tradição puramente grega que havia, na época, sido ofuscada pela herança romana, ainda mais porque na época a Europa estava sob domínio turco e por isso, na prática, era inacessível para os estudiosos e os turistas do Ocidente cristão. Os escritos de Johann Joachim Winckelmann, um erudito alemão de grande influência especialmente entre os intelectuais italianos e alemães, incluindo Goete, enalteceram ainda mais a arte grega, e vendo nela uma "nobre simplicidade e tranqüila grandeza", apelou a todos os artistas para que a imitassem, restaurando uma arte idealista que deveria ser despida de toda transitoriedade, aproximando-se do caráter do arquétipo. Seu apelo não passou despercebido, e a história, literatura e mitologia antigas passaram a ser a fonte principal de inspiração para os artistas, ao mesmo tempo em que eram reavaliadas outras culturas e estilos antigos como o gótica e as tradições folclóricas do norte europeu, o que possibilitou que os princípios neoclássicos coexistissem com os do Romantismo.[2]

O movimento teve também conotações políticas, já que a origem da inspiração neoclássica era a cultura grega e sua democracia, e a romana com sua república, com os valores associados de honra, dever, heroísmo, civismo e patriotismo. Como consequência, o estilo neoclássico foi adotado pelo governo revolucionário francês, assumindo os nomes sucessivos de estilo Diretório, estilo Convenção e mais tarde, sob Napoleão bonaparte, estilo Império, influenciando outros países. Nos Nova Yorke, no tumultuado processo de conquista de sua própria independência e inspirados no modelo da Roma republicana, o Neoclassicismo se tornou um padrão e foi conhecido como estilo Federal. Entretanto, desde logo o Neoclassicismo se tornou também um estilo cortesão, e em virtude de suas associações com o glorioso passado clássico, foi usado pelos monarcas e príncipes como veículo de propaganda para suas personalidades e feitos.[2]

Literatura

Ver artigo principal: Literatura do neoclassicismo

Os textos empregam linguagem clara, sintética, gramaticalmente correta e nobre. A forma liberta-se um pouco do rigor do Classicismo anterior. A principal expressão do movimento na literatura é o Arcadismo, manifestado na Itália, em Portugal e no Brasil.

Na França, os novos ideais iluministas são a base dos textos. Os principais autores são Montesquieu (1689-1755) e Voltaire. O primeiro é autor, entre outras, da obra Do Espírito das Leis. Voltaire experimenta vários gêneros: tragédia (A Morte de César), poesia (Discurso sobre o Homem), contos fantásticos (Zadig) e romance de fundo moral (Cândido). No final do século, uma visão crítica da aristocracia é dada por Choderlos de Laclos (1741-1803), em As Relações Perigosas, e pelos romances eróticos do Marquês de Sade (1740-1814) e de Restif de la Bretonne (1734-1806). Na Inglaterra destacam-se Robinson Crusoe, de Daniel Defoe (1660-1731), e As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift (1667-1731).

A sua principal expressão na literatura, o Arcadismo foi um movimento literário que buscava basicamente a simplicidade, oposto a confusão e do retrocedimento Barroco. Retrata a vida pastoril e harmônica do campo. As referências clássicas voltam, e as obras são recheadas de seres da mitologia grega. Porém se observa que a mitologia, que era um acervo cultural concreto de Grécia, Roma e mesmo do Renascimento, agora se converte apenas num recurso poético de valor duvidoso. Também se destaca Éclogas de Virgílio e dos Idílios de Teócrito, obras clássicas que retratam a natureza harmônica, e por isso são os dois autores mais imitados pelos árcades.

Os árcades, ao contrario do Barroco, preferiam uma visão equilibrada do mundo. Sem exageros, sem conflitos, apenas a simplicidade.

Artes plásticas

A arte neoclássica busca inspiração no equilíbrio e na simplicidade, bases da criação na Antiguidade. As características marcantes são o caráter ilustrativo e literário, marcados pelo formalismo e pela linearidade, poses escultóricas, com anatomia correta e exatidão nos contornos, temas "dignos" e clareza. A arte neoclassica nasceu na Europa, nas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras décadas do século XIX, foi uma reação ao barroco e ao rococó.Não foi apenas um movimento artístico mas também cultural que refletiu as mudanças que ocorriam na época marcadas pela ascensão da burguesia. Este estilo procurou expressar e interpretar os interesses, a mentalidade e os habitos da burguesia manufatureira e mercantil da época da revolução francesa e do Império Napoleonico.

Principais características do Neoclassicismo

  • formalismo e racionalismo
  • exatidão nos contornos
  • harmonia do colorido
  • retorno ao estilo greco-romano
  • academicismo e técnicas apuradas
  • culto a teoria de Aristóteles
  • ideal da época : democracia
  • pinceladas que não marcavam a superfície

Pintura

Ver artigo principal: Pintura do neoclassicismo
O Juramento dos Horácios, por Jacques-Louis David, 1784, Museu do Louvre, Paris.
Nesta obra de temática inspirada na história da Roma Antiga, os valores estéticos da Antiguidade servem de veículo condutor a uma mensagem atual: cidadãos (homens livres), agarram em armas, ou seja, tomam nas suas mãos o poder sobre o futuro da nação. A obra fez furor no Salão de Paris em 1784.

Uma amostra de pintura neoclássica nesse período é O Juramento dos Horácios, do francês Jacques-Louis David (1748-1825). A pintura neoclássica de David dominou o panorama artístico francês durante quase meio século, fazendo com que ele, acima das contingências políticas, fosse o pintor oficial da revolução francesa e, depois, do regime de Napoleão Bonaparte. Outro pintor de destaque é Dominique Ingres (1780-1867), de A Banhista de Valpinçon. Entre os italianos, sobressai Tiepolo (1696-1770).

Principais pintores
  • Dominique Ingres (francês, 1780-1867): Formado na oficina de David, permaneceu fiel aos postulados neoclássicos do seu mestre ao longo de toda a vida. Passou muitos anos em Roma, onde assimilou aspectos formais de Rafael e do maneirismo. Ingres sobreviveu largamente à época de predomínio do seu estilo, dado que morreu em 1867. A partir de 1830 opôs-se com veemência, da sua posição de académico, ao triunfo do romantismo pictórico representado por Delacroix. Ingres preferia os retratos e os nus às cenas mitológicas e históricas. Entre os seus melhores retratos contam-se Bonaparte Primeiro Cônsul, A Bela Célia, O Pintor Granet e A Condessa de Hassonville. Nos nus que pintou (A Grande Odalisca, Banho Turco e, sobretudo, A Banhista) é patente o domínio e a graça com que se serve do traço. A sua obra mais conhecida é Apoteose de Homero, de desenho nítido e equilibrada composição.
Outros pintores

Escultura

Ver artigo principal: Escultura do neoclassicismo

Na escultura o movimento buscava inspiração no passado. A estatuária grega foi o modelo favorito pela harmonia das proporções, regularidade das formas e serenidade da expressão. Apesar disso, não atingiram a amplitude nem o espírito da escultura grega. Também foi menos ousada que a pintura e arquitetura de seu tempo. Entre os principais escultores destaca-se o italiano Antonio Canova (1757-1822), que retrata personagens contemporâneos como divindades mitológicas como Pauline Bonaparte Borghese como Vênus.

Música

O período normalmente designado como neoclássico é, em música, reconhecido como classicismo, ou período clássico. Grosso modo, a segunda metade do século XVIII, período marcado pela simplificação das estruturas Barrocas, tornando a música mais simples através da mudança de um estilo contrapontístico para outro homofônico. São considerados o auge deste estilo os compositores Mozart e Haydn, pelo modo como sintetizaram os trabalhos de seus antecessores, dando forma definida à Sonata, à música de câmara, ao concerto e à Sinfonia. Beethoven é considerado o compositor responsável pela transição do estilo clássico para o romântico.

A denominação "Neoclássica" em música geralmente se refere a um movimento musical um tanto difuso, ocorrido aproximadamente entre 1920 e 1950. A principal figura deste movimento foi Stravinski, que após um período identificado como primitivismo, ou "fase russa", passou a evocar a estética do século XVIII. Isso ocorreu principalmente a partir de seu balé Pulcinella (1920). Outros compositores podem ser reputados como neo-clássicos no século XX, em geral uma característica atribuída àqueles que não buscaram uma estética atonal ou o exacerbado uso da dissonância e do ruído, mas continuaram compondo segundo os parâmetros tonais dos séculos anteriores, de alguma forma renovados.

Arquitetura neoclássica

Ver artigo principal: Arquitetura do neoclassicismo
Panteão de Paris

A Arquitetura neoclássica foi produto da reacção antibarroco e antirococó, levada a cabo pelos novos artistas-intelectuais do século XVIII. Os Arquitectos formados no clima cultural do racionalismo iluminista e educados no entusiasmo crescente pela Civilização Clássica, cada vez mais conhecida e estudada devido aos progressos da Arqueologia e da História.

Algumas características deste movimento artístico na arquitectura são
  • Materiais nobres (pedra, mármore, granito, madeiras)
  • Processos técnicos avançados
  • Sistemas construtivos simples
  • Esquemas mais complexos, a par das linhas ortogonais
  • Formas regulares, geométricas e simétricas
  • Volumes corpóreos, maciços, bem definidos por planos murais lisos
  • Uso de abóbada de berço ou de aresta
  • Uso de cúpulas, com frequência marcadas pela monumentalidade
  • Espaços interiores organizados segundo critérios geométricos e formais de grande racionalidade
  • Pórticos colunados
  • Entablamentos direitos
  • Frontões triangulares
  • A decoração recorreu a elementos estruturais com formas clássicas, à pintura rural e ao relevo em estuque
  • Valorizou a intimidade e o conforto nas mansões familiares
  • Decoração de carácter estrutural

Interiores e mobiliário

Ver artigo principal: Estilo directório e Estilo império

Teatro

No teatro neoclássico a racionalidade predomina, revalorizam-se o texto e a linguagem poética. A tragédia mantém o padrão solene da Antiguidade. Entre os principais autores está Voltaire. A comédia revitaliza-se com o francês Pierre Marivaux (1688-1763), autor de O Jogo do Amor e do Acaso. Os italianos Carlo Goldoni (1707-1793), de A Viúva Astuciosa, e Carlo Gozzi (1720-1806), de O Amor de Três Laranjas, estão entre os principais dramaturgos do gênero. Outro importante autor de comédias é o francês Caron de Beaumarchais (1732-1799), de O Barbeiro de Sevilha e de As Bodas de Fígaro, retratos da decadência do Antigo Regime e uma inspiração para as óperas de Mozart (1756-1791) e Rossini (1792-1868).

Numa linha que prenuncia o romantismo, trabalha o dramaturgo e filósofo francês Denis Diderot (1713-1784), um dos organizadores da Enciclopédia. Entre suas peças se destaca O Filho Natural. O italiano Metastasio (1698-1782) aproxima o teatro da música, como no melodrama .

Neoclassicismo em Portugal

Hospital Geral de Santo António, no Porto.

Neoclassicismo no Brasil

Ver artigo principal: Neoclassicismo no Brasil
Fachada do edifício da Academia Imperial de Belas Artes, um projeto de Grandjean de Montigny, fotografada por Marc Ferrez em 1891.

Em 1816, desembarca no Brasil a Missão Artística Francesa, contratada para fundar e dirigir no Rio de Janeiro uma Escola de Artes e Ofícios. Nela está, entre outros, o pintor Jean-Baptiste Debret, que retrata com charme e humor costumes e personagens da época. Em 1826 é fundada a Academia Imperial de Belas-Artes, futura Academia Nacional, que adota o gosto neoclássico europeu e atrai outros pintores estrangeiros de porte, como Auguste Marie Taunay e Johann Moritz Rugendas. Pintores brasileiros desse período são Manuel de Araújo Porto-Alegre e Rafael Mendes de Carvalho, entre outros.

No país, a tendência torna-se visível na arquitetura. Seu expoente é Grandjean de Montigny (1776-1850), que chega com a Missão Francesa. Suas obras, como a sede da reitoria da Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro, adaptam a estética neoclássica ao clima tropical. Mesmo que sua fundamentação fosse de uma sociedade agrário-escravocrata e com um comércio relativamente atrasado, tendo um governo monárquico.

Na pintura, a influência neoclássica está submetida ao romantismo. A composição e o desenho seguem os padrões de sobriedade e equilíbrio, mas o colorido reflete a dramaticidade romântica. Um exemplo é Flagelação de Cristo, de Vítor Meirelles (1832-1903).

Na literatura, a principal expressão é o arcadismo, caracterizado por um estilo mais simples e objetivo e pela temática voltada para a natureza. Os seus principais poetas encontram-se em Vila Rica, centro cultural do Brasil na época. A vida no campo é também abordada, mas os pastores europeus são substituídos pelos vaqueiros brasileiros. Cláudio Manuel da Costa (1729 - 1789), Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) e Silva Alvarenga (1749-1814) são os principais poetas do movimento no Brasil.

Referências

  1. Greenhalgh, Mixael. The Classical Tradition in Art. Londres, Icon Editions, 1978
  2. a b c Gontar, Cybele. «Neoclassicism». Heilbrunn Timeline of Art History. EUA: The Metropolitan Museum of Art, 2000 

Ver também

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