Rio Itapemirim

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Rio Itapemirim
Rio Itapemirim
Pôr do sol no rio Itapemirim em Cachoeiro de Itapemirim.
Comprimento aproximadamente 212 km
Nascente Ibitirama
Foz Oceano Atlântico
Afluentes
principais
Rio Castelo, Rio Fruteiras, Rio Estrela do Norte, Rio Muqui
País(es)  Brasil

O rio Itapemirim é um curso de água resultado da fusão de dois braços: o Direito, que nasce em Muniz Freire; e o Esquerdo, que nasce em Ibitirama, na serra do Caparaó. Tem, como maior afluente, o Rio Castelo, e deságua no oceano Atlântico, na altura de Marataízes, no estado do Espírito Santo, no Brasil.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

"Itapemirim" é derivado do termo tupi antigo itapemirĩ, que significa "pequena pedra achatada", através da aglutinação dos termos itá ("pedra"), peb ("achatado") e mirĩ ("pequeno").[1]

A bacia do rio Itapemirim[editar | editar código-fonte]

Localização[editar | editar código-fonte]

A bacia do rio Itapemirim possui área de 687 000 hectares, geograficamente situada entre os meridianos 40º48'e 41º52' de longitude W.G. e entre os paralelos 20º10' e 21º15'.

Compreende dezessete municípios, perfazendo um total de 409 614 habitantes, quais sejam: Alegre, Atílio Viváqua, Conceição do Castelo, Castelo, Ibatiba, Ibitirama, Irupi, Jerônimo Monteiro, Muniz Freire, Muqui, Vargem Alta, Venda Nova do Imigrante, Itapemirim, Cachoeiro do Itapemirim, Marataízes e Iúna (todos no estado do Espírito Santo) e Lajinha (em Minas Gerais).

O rio Itapemirim tem suas nascentes mais distantes localizadas na serra do Caparaó, formadas pelos rios Braço Norte Esquerdo e Braço Norte Direito que se unem no município de Alegre. Mais a jusante, as águas do Itapemirim recebem contribuição do rio Castelo, no distrito de Coutinho, município de Cachoeiro de Itapemirim. O último grande afluente, antes da desembocadura no oceano Atlântico, é o Muqui do Norte, que junta-se ao Itapemirim no município de Itapemirim.

Colonização[editar | editar código-fonte]

A ocupação territorial da bacia pelas populações luso-descendentes foi dinamizada pela introdução da cafeicultura a partir da segunda metade do século XIX. Anteriormente, no período do Brasil Colônia, a bacia fora uma típica região produtora de cana-de-açúcar. Em sequência às lavouras de café, as terras desta região passaram a ser utilizadas como pastagens, acompanhando os ciclos de expansão e retração da economia cafeeira e o esgotamento da fertilidade das terras.

Como toda área de povoamento e colonização no Brasil, a região da bacia do Rio Itapemirim já possui extensas áreas reflorestadas. No entanto, já em 1974, verificou-se que, na região, a cobertura florestal de 118 mil habitantes, ou seja, 17,19% da área de abrangências da bacia. Após 12 anos, a cobertura florestal decresceu para pouco mais de 50 mil habitantes, e fazendo um total de 7,19%.

Impactos ambientais pela ação do homem[editar | editar código-fonte]

Sabe-se que a monocultura de cana-de-açúcar e do café deixaram, após o cultivo de várias décadas, uma sucessão de grandes extensões de solo sob pastagens, localizadas em regiões elevadas que sofrem atualmente com o problema de erosão em vários níveis. Nas encostas com declividade acentuada, a erosão começou a fazer seu trabalho imediatamente após a derrubada e queimada do manto florestal. O complexo solo organomineral, que era decorrência da própria floresta, que o mantinha e reciclava, se degradou, sobretudo transportado pelas águas da chuva.

As terras, carregadas pela erosão, foram assorear as calhas dos córregos e rios, ocasionando problemas de transbordamento, alagamento de margens e mesmo enchentes catastróficas.

O efeito da devastação da cobertura florestal sobre os mananciais e fontes também são preocupantes. Os rios e córregos se alargaram pelo desbarrancamento das margens, tornaram-se mais rasos pelo assoreamento e seus regimes de vazão foram profundamente alterados, transformado-os em laminas delgadas ou fios de água nos períodos secos e correntes tumultuosas e transbordantes na época das chuvas as águas tornaram-se turvas pela grande quantidade de terra levada em suspensão para o fundo do oceano.

Acompanhando a trajetória do Rio Itapemirim, percebe-se, claramente, que o assoreamento ano a ano vem se tornando mais grave. A disponibilidade hídrica reduzida, historicamente observada, e o desmatamento desordenado, caracterizando a degradação constante da Bacia do Rio Itapemirim são responsáveis pela redução drástica potencial de sustentação socioeconômica de toda a região geográfica.

Em anos de baixa precipitação pluviométrica, já se verificaram algumas tendências à desertificação em determinadas regiões da bacia, existindo solos que, por sua baixa capacidade de retenção de água pelo comportamento hidrológico, se assemelham aos ambientes desérticos. Indício disso é o aparecimento da espécie Calothropis procera (algodão-de-seda), planta originária da Índia. Introduzida no Brasil para uso ornamental no estado de Pernambuco, colonizou grandes áreas de pastagens, principalmente nos municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Castelo, Jerônimo Monteiro e Alegre.

Impactos na sociedade[editar | editar código-fonte]

Em termos sociais, verifica-se o processo de decadência da qualidade de vida das populações que habitam a região, devido, em grande parte, ao descaso com que as políticas públicas trataram a questão do Desenvolvimento Rural Sustentável. Diante disto, os agricultores familiares, enquanto categorias majoritárias porém a mais excluídas das políticas, acabaram sendo condenados ao empobrecimento e, muitas vezes, forçados a migrar para outras regiões. [carece de fontes?]

Por sua vez, as cidades ficaram estagnadas economicamente, sem opção de trabalho e oferecendo serviços precários de educação e assistência social, quando oferecerem, como reflexo do próprio subdesenvolvimento da agricultura regional.[carece de fontes?]

Projeto Rio Vida Reflorescer[editar | editar código-fonte]

O Rio Vida Reflorescer é um projeto desenvolvido pela Citágua em parceria com a Pastoral Ecológica, Secretaria de Estado de Agricultura e Secretaria Municipal de Agricultura de Cachoeiro de Itapemirim. O projeto tem, como principal objetivo, a proteção de dez nascentes no município e o reflorestamento do seu entorno, de forma a aumentar a oferta de água e melhorar a qualidade desse bem tão necessário à vida, envolvendo sempre a comunidade e as escolas da região.

Objetivos[editar | editar código-fonte]

  • Recuperação de dez nascentes;
  • Recuperação de dez áreas de mata ciliar com três hectares cada uma;
  • Construção de aproximadamente três mil metros de cerca;
  • Plantio de dez mil mudas de árvores nativas e frutíferas;
  • Mobilização e sensibilização ambiental das comunidades envolvidas no projeto.

Referências

  1. NAVARRO, E. A. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 574.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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