Tráfico de escravos para o Brasil: diferenças entre revisões
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Revisão das 11h15min de 19 de outubro de 2009
O tráfico de escravos para o Brasil refere-se ao período da história em que houve uma migração forçada de Africanos para o Brasil. Portugueses, brasileiros e mais tarde holandeses dominaram um comércio que envolveu a movimentação de milhares de pessoas.
O comércio de escravos estava solidamente implantado no continente Africano e existiu durante milhares de anos. Nações Africanas como os Ashanti do Gana e os Yoruba da Nigéria tinham as suas economias assentes no comércio de escravos. O tráfico e comércio de escravos era intercontinental, registando-se um grande comércio de escravos europeus nos mercados Africanos já durante o Império Romano. Mais tarde com o tráfico de eslavos, os saqaliba, que eram levados para o Al-Andaluz o comércio passou da Europa para África, e continuou com os raids dos Piratas da Barbária que duraram até ao fim do século XIX.
O tráfico de Africanos para o Brasil deu-se paralelamente ao tráfico de Europeus para África. Os portugueses começaram o seu contacto com os mercados de escravos Africanos para resgatar cativos civis e militares desde o tempo da Reconquista.[1] Quando Catarina de Áustria autoriza o tráfico de escravos para o Brasil o comércio de escravos oriundos da África, que antes era dominado pelos Africanos, passa a ser também dominado por Europeus.
As listas dos resgates de cativos escravizados e libertados durante o reinado deD. João V revelam que até brasileiros chegaram a ser capturados e vendidos no mercado Africano.[2][3]
Os escravos Africanos que os portugueses comerciavam, no começo passavam por Portugal, onde uma parte menor era levada principalmente por via marítima, para outros países europeus [4] e outra parte destinava-se ao Brasil e ilhas.
O trafico de escravos para o Brasil não era exclusivo de comerciantes brancos europeus e brasileiros, mas era uma actividade em que os pumbeiros, que eram mestiços, negros livres e também ex-escravos,[5] não só se dedicavam ao tráfico de escravos como controlavam o comércio costeiro – no caso de Angola, também parte do comércio interior –para além de fazerem o papel de de mediadores culturais no comércio de escravos da África Atlântica.
O móbil do tráfico - a economia açucareira
A partir de 1530,com o conhecimento adquirido no fabrico do açucar nas ilhas da Madeira e de São Tomé, e depois com a criação em 1549 do Governo Geral para o Brasil, a Coroa portuguesa procurou incentivar construção de engenhos de açucar no Brasil. Mas os colonos encontraram grandes dificuldades no recrutamento da mão-de-obra e na falta de capitais para financiar a montagem dos engenhos de açucar. [6] As várias epidemias que, a partir de 1560, dizimavam os escravos índios em proporções alarmantes originou a que Coroa portuguesa fizessem leis que proibiam de forma parcial a escravatura de índios isto é, "proibiam a escravização dos índios convertidos e só permitiam a captura de escravos através de guerra justa contra os índios que combatessem ou devorassem os Portugueses, ou os Índios aliados, ou os escravos; esta guerra justa deveria ser decretada pelo soberano ou pelo Governador-Geral". [7] Outras adaptações desta lei surgiram mais tarde.
A subsequente falta de mão de obra levou a que se necessitasse de introduzir mão de obra de outra origem.
Quanto aos holandeses, a partir de 1630 começam ocupar as regiões produtoras de açúcar no Brasil e para suprir a falta de mão de obra escrava, em 1638 lançam-se na conquista do entreposto português de São Jorge da Mina e em 1641 organizam a invasão de Angola.[8]
Argumenta-se que a sobrevivência das primeiras engenhocas, o plantio de cana-de-açúcar, do algodão, do café e do fumo foram os elementos decisivos para que a metrópole enviasse para o Brasil os primeiros escravos africanos, vindos de diversas partes da África, trazendo consigo, seus hábitos, costumes, música, dança, culinária, língua, mitos, ritos e a religião, que se infiltrou no povo, formando, ao lado da religião católica, as duas maiores religiões do Brasil."
os primeiros escravos e a legalização da escravatura
A coroa Portuguesa autorizou a escravatura com a bênção papal, documentada nas bulas de Nicolau V Dum diversus e Divino Amorecommuniti, ambas de 1452, que autorizavam os portugueses a reduzirem os africanos à condição de escravos com o intuito de os cristianizar,[9] A regulamentação da escravatura era legislada nas ordenações manuelinas [10], a adopção da escravatura vinha assim tentar ultrapassar a grande falta de mão de obra, que também se verificava por toda a Europa, devido à recorrência de epidemias muitas provenientes de África e do Oriente. até a primeira metade do século XV a população portuguesa apresentou queda demográfica constante.[11]
Quanto aos governos Africanos, quer fossem de religião muçulmana [12] ou de outras religiões nativas já praticavam a escravatura muito antes dos europeus se iniciarem no tráfico. Diversas nações africanas tinham as suas economias dependentes do tráfico de escravos e viam o comercio de escravos com os europeus como mais uma oportunidade de negócio.[13] [14]
O mais antigo registo de envio de escravos africanos para o Brasil data de 1533 quando Pero de Góis, Capitão-Mor da Costa do Brasil, solicitou ao Rei a remessa de 17 negros para a sua capitania de São Tomé (Paraíba do Sul/Macaé)
Seguidamente, por Alvará de 29 de Março de 1559, D. Catarina de Áustria, regente de Portugal, autorizou cada senhor de engenho do Brasil, mediante certidão passada pelo Governador Geral, a importar até 120 escravos.
Quando os portugueses chegaram a África encontraram um mercado africano de escravos largamente implementado e bastante extenso O africanos eram escravizados por diversos motivos antes de serem adquiridos:[15]
- prisioneiro de guerra
- punição para quem fosse condenado por roubo, assassinato, feitiçaria e, às vezes, adultério
- penhora, as pessoas eram penhoradas como garantia para o pagamento de dívidas.
- rapto individual ou de um grupo pequeno de pessoas no ataque a pequenas vilas,
- troca de um membro da comunidade por comida
Referências
- ↑ [1]
- ↑ Longe de casa As listas dos resgates de cativos efetuados durante o reinado de D. João V revelam quem eram os "brasileiros" aprisionados por corsários do Norte da África
- ↑ [2]
- ↑ [3]
- ↑ [4]
- ↑ [5]
- ↑ [6]
- ↑ [7]
- ↑ [8]
- ↑ [9]http://www.gptec.cfch.ufrj.br/leis/default.asp]
- ↑ [10]
- ↑ [11]
- ↑ [12]
- ↑ [13]
- ↑ [14]
- Aspectos Comparativos do Tráfico de Africanos para o Brasil
- Francisco Félix de Sousa (Xaxá), Mercador de Escravos, 2004 livro de Alberto da Costa e Silva
- A vinda dos escravos, Waldeloir Rego em Mitos e Ritos Africanos da Bahia.
- Cultura marítima: marinheiros e escravos no tráfico negreiro para o Brasil (sécs. XVIII E XIX)
- Origem dos escravos
- Escravidão, um passado para esquecer?
- Herança africana na Bahia