Ataulfo: diferenças entre revisões

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'''Ataúlfo''' ({{langx|got|''Aþawulfs'', ''Athavulf''{{harvref|Geary|2003|p=97}} e ''Atawulf''{{harvref|Bradley|1883|loc=cáp. 11}}|||lit. "lobo nobre"}};{{harvref|Albaigés|1993|p=48}} {{langx|la|''Ataulphus''}}), também citado como '''Adaulfo''' ({{langx|la|''Adaulfus''}}), '''Atavulfo''' ({{langx|la|''Atavulfus''}}) e '''Atiulfo''' ({{langx|la|''Atiulfus''}}),{{harvref|Martindale|1980|p=176-177}} foi um [[rei visigótico]] entre 410 e 415. Membro dos [[Baltungos]] através do casamento de sua irmã de nome desconhecido com {{lknb|Alarico|I}} {{nwrap|r.|395|410}}, com a morte de seu cunhado em 410 foi nomeado rei. Sob seu reinado, os visigodos deram continuidade a seu processo migratório, partindo da [[Itália romana|Itália]] à [[Gália]], onde se instalaram permanentemente e criaram o embrião do posterior [[Reino Visigótico]].
'''Ataúlfo''' ({{langx|got|''Aþawulfs'', ''Athavulf''{{sfn|Geary|2003|p=97}} e ''Atawulf''{{sfn|Bradley|1883|loc=cáp. 11}}|||lit. "lobo nobre"}};{{sfn|Albaigés|1993|p=48}} {{langx|la|''Ataulphus''}}), também citado como '''Adaulfo''' ({{langx|la|''Adaulfus''}}), '''Atavulfo''' ({{langx|la|''Atavulfus''}}) e '''Atiulfo''' ({{langx|la|''Atiulfus''}}),{{sfn|Martindale|1980|p=176-177}} foi um [[rei visigótico]] entre 410 e 415. Membro dos [[Baltungos]] através do casamento de sua irmã de nome desconhecido com {{lknb|Alarico|I}} {{nwrap|r.|395|410}}, com a morte de seu cunhado em 410 foi nomeado rei. Sob seu reinado, os visigodos deram continuidade a seu processo migratório, partindo da [[Itália romana|Itália]] à [[Gália]], onde se instalaram permanentemente e criaram o embrião do posterior [[Reino Visigótico]].


== Biografia ==
== Biografia ==
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=== Família ===
=== Família ===


Era possivelmente filho de [[Alateu]],{{harvref|name=Mor339|Moreno|2007|p=339}} um dos nobres góticos que participaram na [[Batalha de Adrianópolis]] de 376 na qual o [[imperador romano]] [[Valente (imperador)|Valente]] pereceu,{{harvref|MacDowall|2001|p=36}} ou [[Modares]], outro nobre gótico que serviu os romanos durante a [[Guerra Gótica (376–382)|Guerra Gótica]] de 376–382. Segundo Garcia Moreno e [[Herwig Wolfram]], era membro da [[dinastia dos Baltos]] através do casamento de {{lknb|Alarico|I}} {{nwrap|r.|395|410}} com uma irmã sua e também por nascimento, implicando que seu pai também fosse membro.<ref name=Mor339 />{{harvref|Wolfram|1997|p=23}} Em 1 de janeiro de 414, Ataúlfo casar-se-ia com [[Gala Placídia]], irmã do [[imperador romano ocidental]] [[Honório]] {{nwrap|r.|395|423}}, que havia sido capturada pelos [[visigodos]] durante o [[Saque de Roma (410)|Saque de Roma]] de 410. O casamento ocorreu em Narbo (atual [[Narbona]]) e eles tiveram um filho chamado Teodósio que morreu jovem em 415.{{harvref|Mathisen|1999}}{{harvref|name=Mar177|Martindale|1980|p=177}}
Era possivelmente filho de [[Alateu]],{{harvref|name=Mor339|Moreno|2007|p=339}} um dos nobres góticos que participaram na [[Batalha de Adrianópolis]] de 376 na qual o [[imperador romano]] [[Valente (imperador)|Valente]] pereceu,{{sfn|MacDowall|2001|p=36}} ou [[Modares]], outro nobre gótico que serviu os romanos durante a [[Guerra Gótica (376–382)|Guerra Gótica]] de 376–382. Segundo Garcia Moreno e [[Herwig Wolfram]], era membro da [[dinastia dos Baltos]] através do casamento de {{lknb|Alarico|I}} {{nwrap|r.|395|410}} com uma irmã sua e também por nascimento, implicando que seu pai também fosse membro.<ref name=Mor339 />{{sfn|Wolfram|1997|p=23}} Em 1 de janeiro de 414, Ataúlfo casar-se-ia com [[Gala Placídia]], irmã do [[imperador romano ocidental]] [[Honório]] {{nwrap|r.|395|423}}, que havia sido capturada pelos [[visigodos]] durante o [[Saque de Roma (410)|Saque de Roma]] de 410. O casamento ocorreu em Narbo (atual [[Narbona]]) e eles tiveram um filho chamado Teodósio que morreu jovem em 415.{{sfn|Mathisen|1999}}{{harvref|name=Mar177|Martindale|1980|p=177}}


=== Origens ===
=== Origens ===
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[[Imagem:Solidus Priscus Attalus.jpg|thumb|upright=1.05|esquerda|Soldo de [[Prisco Átalo]]]]
[[Imagem:Solidus Priscus Attalus.jpg|thumb|upright=1.05|esquerda|Soldo de [[Prisco Átalo]]]]


A paz entre visigodos e romanos não foi alcançada e Alarico liderou um último cerco a Roma que culminou, em 24 de agosto de 410, no saque da cidade durante três dias.<ref name=Cas33 /> Inúmeras pessoas de prestígio foram capturadas, dentre elas Gala Placídia, irmã dos imperadores Honório e [[Arcádio]] {{nwrap|r.|395|408}} e filha de {{lknb|Teodósio,|o Grande}} {{nwrap|r.|378|395}}, que ficou sob custódia de Ataúlfo.{{harvref|Ruiz|2010|p=116}} Após o saque, os godos se dirigiram para o sul através da [[Campânia]] com objetivo de invadir a [[Sicília]], mas foram impedidos pelo naufrágio de sua frota. No caminho de volta, Alarico adoeceu e veio a falecer em Consência (atual [[Cosença]]), em [[Brútio]].{{harvref|Martindale|1980|p=48}} Com sua morte sem descendentes varões, Ataúlfo foi nomeado como seu sucessor, porém provavelmente sob concorrências de outros pretendentes.{{harvref|name=Wol161|Wolfram|1990|p=161}}
A paz entre visigodos e romanos não foi alcançada e Alarico liderou um último cerco a Roma que culminou, em 24 de agosto de 410, no saque da cidade durante três dias.<ref name=Cas33 /> Inúmeras pessoas de prestígio foram capturadas, dentre elas Gala Placídia, irmã dos imperadores Honório e [[Arcádio]] {{nwrap|r.|395|408}} e filha de {{lknb|Teodósio,|o Grande}} {{nwrap|r.|378|395}}, que ficou sob custódia de Ataúlfo.{{sfn|Ruiz|2010|p=116}} Após o saque, os godos se dirigiram para o sul através da [[Campânia]] com objetivo de invadir a [[Sicília]], mas foram impedidos pelo naufrágio de sua frota. No caminho de volta, Alarico adoeceu e veio a falecer em Consência (atual [[Cosença]]), em [[Brútio]].{{sfn|Martindale|1980|p=48}} Com sua morte sem descendentes varões, Ataúlfo foi nomeado como seu sucessor, porém provavelmente sob concorrências de outros pretendentes.{{harvref|name=Wol161|Wolfram|1990|p=161}}


Apesar dos poucos registros sobreviventes desse período se sabe que pelo tempo de sua nomeação, os visigodos ainda perambulavam pela Itália, sobretudo na [[Calábria]], onde se dedicaram a arrasar a região.<ref name=Wol161 /> Ataúlfo seguiu os planos de Alarico e tentou invadir a Sicília na tentativa de mover-se para a [[África proconsular]], mas falhou. Isso forçou-o a continuar na Itália e, inevitavelmente, negociar com os romanos para manter e alimentar sue povo. Nesse contexto, Ataúlfo e os visigodos uniram-se às lutas de poder a favor e contra a corte de Honório, a presença habitual de usurpadores e as forças centrífugas dispersas em diversas cidades e regiões da [[Gália]], [[Hispânia]] e [[Britânia romana|Britânia]].<ref name=Arc73 />
Apesar dos poucos registros sobreviventes desse período se sabe que pelo tempo de sua nomeação, os visigodos ainda perambulavam pela Itália, sobretudo na [[Calábria]], onde se dedicaram a arrasar a região.<ref name=Wol161 /> Ataúlfo seguiu os planos de Alarico e tentou invadir a Sicília na tentativa de mover-se para a [[África proconsular]], mas falhou. Isso forçou-o a continuar na Itália e, inevitavelmente, negociar com os romanos para manter e alimentar sue povo. Nesse contexto, Ataúlfo e os visigodos uniram-se às lutas de poder a favor e contra a corte de Honório, a presença habitual de usurpadores e as forças centrífugas dispersas em diversas cidades e regiões da [[Gália]], [[Hispânia]] e [[Britânia romana|Britânia]].<ref name=Arc73 />


Em 412, Ataúlfo organizou seu povo e marchou em direção aos [[Alpes]] de onde foi expulso para fora da Itália pelo general [[Constâncio III|Constâncio]].{{harvref|name=El1999|Elton|1999}}{{harvref|Heather|2005|p=237}} Rumou à [[Gália]] para onde se deslocou com o usurpador Prisco Átalo e Gala Placídia, que permaneceu cativa até aceitar casar-se com ele em 414.<ref name=Mar177 /> Na Gália, contactou o usurpador [[Jovino]] {{nwrap|r.|411|413}} e ofereceu-lhe seus serviços, porém interrompeu as negociações quando seu rival Saro fez o mesmo. Aproveitando-se da situação, Jovino aclamou seu irmão [[Sebastiano (usurpador)|Sebastiano]] {{nwrap|r.|412|413}}, o que incitou Ataúlfo a reabrir negociações com Honório;<ref name=El1999 />{{harvref|Heather|2005|p=238}} os autores da ''[[Prosopografia do Império Romano Tardio|PIRT]]'' ressaltam o papel do [[prefeito pretoriano da Gália]] [[Póstumo Dardano]] nesses eventos.<ref name=Mar177 /> Honório aceitou a oferta e Ataúlfo sitiou e capturou Jovino em Valência (atual [[Valence (Drôme)|Valence]]) em 413.<ref name=El1999 />
Em 412, Ataúlfo organizou seu povo e marchou em direção aos [[Alpes]] de onde foi expulso para fora da Itália pelo general [[Constâncio III|Constâncio]].{{harvref|name=El1999|Elton|1999}}{{sfn|Heather|2005|p=237}} Rumou à [[Gália]] para onde se deslocou com o usurpador Prisco Átalo e Gala Placídia, que permaneceu cativa até aceitar casar-se com ele em 414.<ref name=Mar177 /> Na Gália, contactou o usurpador [[Jovino]] {{nwrap|r.|411|413}} e ofereceu-lhe seus serviços, porém interrompeu as negociações quando seu rival Saro fez o mesmo. Aproveitando-se da situação, Jovino aclamou seu irmão [[Sebastiano (usurpador)|Sebastiano]] {{nwrap|r.|412|413}}, o que incitou Ataúlfo a reabrir negociações com Honório;<ref name=El1999 />{{sfn|Heather|2005|p=238}} os autores da ''[[Prosopografia do Império Romano Tardio|PIRT]]'' ressaltam o papel do [[prefeito pretoriano da Gália]] [[Póstumo Dardano]] nesses eventos.<ref name=Mar177 /> Honório aceitou a oferta e Ataúlfo sitiou e capturou Jovino em Valência (atual [[Valence (Drôme)|Valence]]) em 413.<ref name=El1999 />


[[Imagem:Iovinus Solidus Arles RIC 1708.jpg|thumb|Soldo de [[Jovino]] {{nwrap|r.|411|413}}]]
[[Imagem:Iovinus Solidus Arles RIC 1708.jpg|thumb|Soldo de [[Jovino]] {{nwrap|r.|411|413}}]]
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Segundo a ''[[Gética]]'' do [[escritor bizantino]] do {{séc|VI}} [[Jordanes]], Ataúlfo guerreou contra os [[vândalos]] na [[Hispânia]] durante três anos {{nwrap||413|415}}. Ao mesmo tempo, apesar de ter chegado a termos com Honório, sua relação com os romanos deteriorou na Gália e novos conflitos foram deflagados. Em 413, os visigodos capturaram as cidades de Narbona, [[Tolosa (França)|Tolosa]] e Burdígala (atual [[Bordéus]]).{{harvref|name=Cam73|Campi|1998|p=73}} No final desse ano, Ataúlfo foi ferido durante um ataque romano liderado por Bonifácio em [[Marselha]].<ref name=Mar177 /> No começo de 414, Ataúlfo casou-se com Gala e Prisco Átalo enviou-lhe um discurso matrimonial. No final do mesmo ano, o general Constâncio bloqueou os godos, levando Ataúlfo a nomear Átalo como [[augusto (título)|augusto]] em retaliação. O bloqueio, contudo, foi eficiente e os visigodos foram obrigados a se deslocar para a Hispânia em 415.<ref name=El1999 />
Segundo a ''[[Gética]]'' do [[escritor bizantino]] do {{séc|VI}} [[Jordanes]], Ataúlfo guerreou contra os [[vândalos]] na [[Hispânia]] durante três anos {{nwrap||413|415}}. Ao mesmo tempo, apesar de ter chegado a termos com Honório, sua relação com os romanos deteriorou na Gália e novos conflitos foram deflagados. Em 413, os visigodos capturaram as cidades de Narbona, [[Tolosa (França)|Tolosa]] e Burdígala (atual [[Bordéus]]).{{harvref|name=Cam73|Campi|1998|p=73}} No final desse ano, Ataúlfo foi ferido durante um ataque romano liderado por Bonifácio em [[Marselha]].<ref name=Mar177 /> No começo de 414, Ataúlfo casou-se com Gala e Prisco Átalo enviou-lhe um discurso matrimonial. No final do mesmo ano, o general Constâncio bloqueou os godos, levando Ataúlfo a nomear Átalo como [[augusto (título)|augusto]] em retaliação. O bloqueio, contudo, foi eficiente e os visigodos foram obrigados a se deslocar para a Hispânia em 415.<ref name=El1999 />


No percurso, Ataúlfo atravessou os [[Pirineus]] e instalou sua corte em [[Barcino]] (atual [[Barcelona]]), na [[Hispânia Tarraconense|Tarraconense]], local onde nasceu seu filho com Gala e que foi nomeado em memória de seu avô Teodósio como um testemunho do interesse de vincular os visigodos na linhagem romana.{{harvref|Heather|2005|p=239-240}} A criança, entretanto, faleceu alguns meses depois.<ref name=Cam73 /> e isto foi visto mais tarde como o cumprimento de uma profecia de [[Daniel]] que, segundo [[Idácio de Chaves]], dizia: "a filha de um rei do Sul se juntou em casamento a um rei do Norte, e não resta nenhuma filho de sua união."{{harvref|Idácio de Chaves|1906|p=26-27}}
No percurso, Ataúlfo atravessou os [[Pirineus]] e instalou sua corte em [[Barcino]] (atual [[Barcelona]]), na [[Hispânia Tarraconense|Tarraconense]], local onde nasceu seu filho com Gala e que foi nomeado em memória de seu avô Teodósio como um testemunho do interesse de vincular os visigodos na linhagem romana.{{harvref|name=Hea240|Heather|2005|p=239-240}}{{harvref|name=John36|Johnson|2012|p=36}} A criança, entretanto, faleceu alguns meses depois.<ref name=Cam73 /> e isto foi visto mais tarde como o cumprimento de uma profecia de [[Daniel]] que, segundo [[Idácio de Chaves]], dizia: "a filha de um rei do Sul se juntou em casamento a um rei do Norte, e não resta nenhuma filho de sua união."{{sfn|Idácio de Chaves|1906|p=26-27}}


Além disso, a situação no território hispânico não melhorou, pelo contrário, os visigodos continuaram encurralados e os portos de Tarraconense foram bloqueados pela [[marinha romana]], que impediu o provisionamento dos visigodos. Vários godos notáveis aconselharam o rei a atravessar o [[estreito de Gibraltar]] à África, mas Ataúlfo declinou enfatizando seu plano para chegar a um acordo com Honório; a insistência do rei piorou o mal-estar patente que existia entre a nobreza goda contrária a negociar ou cooperar com os romanos.<ref name=Hi141 />
Além disso, a situação no território hispânico não melhorou, pelo contrário, os visigodos continuaram encurralados e os portos de Tarraconense foram bloqueados pela [[marinha romana]], que impediu o provisionamento dos visigodos. Vários godos notáveis aconselharam o rei a atravessar o [[estreito de Gibraltar]] à África, mas Ataúlfo declinou enfatizando seu plano para chegar a um acordo com Honório; a insistência do rei piorou o mal-estar patente que existia entre a nobreza goda contrária a negociar ou cooperar com os romanos.<ref name=Hi141 />


=== Morte ===
=== Morte ===
[[Imagem:Vicente Carducho, "Ataúlfo, rey godo", 1634 - 1635.jpg|thumb|upright=1.05|''Ataúlfo, rei godo'' por [[Vicente Carduch]], 1634-1635 ([[Museu do Prado]], [[Madri]])]]
<!--[[Imagem:Rey godo 03 ATAULFO.png|thumb|upright=1.05|Retrato de Ataúlfo segundo o livro de 1782 ''Retratos dos Reis de Espanha desde Atanarico até nosso monarca católico Dom Carlos III'']]-->


Seguindo sua política de cooperação e aproximação com os romanos, Ataúlfo foi assassinado em 14 de agosto de 415 nos estábulos do palácio de Barcino, durante uma inspeção aos cavalos, vítima de uma conspiração provavelmente arquitetada por [[Sigerico]].{{harvref|name=Cas39|Castro|2000|p=39}}{{sfn|Ruiz|2010|p=120}} Sua morte foi anunciada em [[Constantinopla]] em 24 de setembro de 415.{{sfn|Martindale|1980|p=178}} Talvez foi assassinado por uma pessoa de seu próprio séquito chamado Dúbio ou Eberulfo que havia sido ridicularizado pelo monarca, mas não obstante este fato uma razão mais provável teria sido uma revanche pelo assassinato de Saro, possível irmão de Sigerico.{{sfn|Wolfram|1990|p=165}}
[[Imagem:Rey godo 03 ATAULFO.png|thumb|upright=1.05|Retrato de Ataúlfo segundo o livro de 1782 ''Retratos dos Reis de Espanha desde Atanarico até nosso monarca católico Dom Carlos III'']]


Segundo [[Isidoro de Sevilha]], Ataúlfo havia sido acusado de colaborar e buscar a paz com os romanos e o ano de sua morte foi 416.{{sfn|Isidoro de Sevilha|1966|p=11-12}} Na verdade, Sigerico foi chefe do partido gótico anti-romano e era inimigo do monarca, bem como opositor da [[dinastia dos Baltos]] a qual Alarico e Ataúlfo pertenciam.<ref name=Cas39 />{{sfn|Ruiz|2010|p=121}} Parece que Ataúlfo não morreu no local do atentado e em seu leito de morte nomeou seu irmão mais novo como sucessor,<ref name=Hi141 /> mas Sigerico conseguiu sucedê-lo mesmo assim. Apesar disso, seu reinado durou apenas uma semana, o suficiente para ordenar matar os seis filhos do primeiro matrimônio de Ataúlfo e molestou a viúva Gala.<ref name=Cas39 />{{sfn|Wolfram|1990|p=166}}
Seguindo sua política de cooperação e aproximação com os romanos, Ataúlfo foi assassinado em 14 de agosto de 415 nos estábulos do palácio de Barcino, durante uma inspeção aos cavalos, vítima de uma conspiração provavelmente arquitetada por [[Sigerico]].{{harvref|name=Cas39|Castro|2000|p=39}}{{harvref|Ruiz|2010|p=120}} Sua morte foi anunciada em [[Constantinopla]] em 24 de setembro de 415.{{harvref|Martindale|1980|p=178}} Talvez foi assassinado por uma pessoa de seu próprio séquito chamado Dúbio ou Eberulfo que havia sido ridicularizado pelo monarca, mas não obstante este fato uma razão mais provável teria sido uma revanche pelo assassinato de Saro, possível irmão de Sigerico.{{harvref|Wolfram|1990|p=165}}


== Legado ==
Segundo [[Isidoro de Sevilha]], Ataúlfo havia sido acusado de colaborar e buscar a paz com os romanos e o ano de sua morte foi 416.{{harvref|Isidoro de Sevilha|1966|p=11-12}} Na verdade, Sigerico foi chefe do partido gótico anti-romano e era inimigo do monarca, bem como opositor da [[dinastia dos Baltos]] a qual Alarico e Ataúlfo pertenciam.<ref name=Cas39 />{{harvref|Ruiz|2010|p=121}} Parece que Ataúlfo não morreu no local do atentado e em seu leito de morte nomeou seu irmão mais novo como sucessor,<ref name=Hi141 /> mas Sigerico conseguiu sucedê-lo mesmo assim. Apesar disso, seu reinado durou apenas uma semana, o suficiente para ordenar matar os seis filhos do primeiro matrimônio de Ataúlfo e molestou a viúva Gala.<ref name=Cas39 />{{harvref|Wolfram|1990|p=166}}

Ataúlfo governou os visigodos num momento de turbulência e incerteza. A marcha de seu povo por solo romano foi repetidamente interrompida pelas forças romanas e os visigodos precisavam de territórios para se assentarem. Assim, Ataúlfo viu no casamento com Gala Placídia uma chance de criar laços sanguíneos com a família imperial.<ref name=Hea240 /><ref name=John36 /> Mais que isso, de acordo com [[Paulo Orósio]], Ataúlfo declarou almejar "restaurar e estender o Império Romano pela glória dos godos [...] e ser lembrado pela posteridade como o autor da renovação de Roma".{{sfn|Lee|2013|p=115}}

Quando o [[Romantismo na Alemanha|romantismo nacional alemão]] floresceu no {{séc|XIX}}, Ataúlfo foi um dos germânicos glorificados no [[Templo de Valhala]] erguido pelo [[rei da Baviera]] {{lknb|Luís|I|da Baviera}} {{nwrap|r.|1825|1848}} próximo de [[Ratisbona]]. Sua placa memorial (na qual aparece em [[língua alemã|alemão]] como ''Athaulf'') é a nona dum total de 64.{{harvref|Bouwers|2011|p=238}} O historiador moderno Jonathan J. Arnold avaliou que uma das principais preocupações de Ataúlfo durante seu reinado foi o perigo dos godos sob seu comando não serem capazes de obedecer as leis como era costume entre os romanos.{{harvref|Arnold|2014|p=127; 130}}


== Ver também ==
== Ver também ==
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* {{Citar livro|sobrenome=Arce|nome=Javier|título=Bárbaros y romanos en Hispania (400-507 A.D.)|ano=2007|local=Madri|editora=Marcial Pons.|isbn=978-84-96467-57-6|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Arce|nome=Javier|título=Bárbaros y romanos en Hispania (400-507 A.D.)|ano=2007|local=Madri|editora=Marcial Pons.|isbn=978-84-96467-57-6|ref=harv}}

* {{Citar livro|sobrenome=Arnold|nome=Jonathan J.|título=Theoderic and the Roman Imperial Restoration|ano=2014|editora=Cambridge University Press|local=Cambridge|isbn=1107054400|ref=harv}}

* {{Citar livro|sobrenome=Bouwers|nome=Eveline G.|título=Public Pantheons in Revolutionary Europe: Comparing Cultures of Remembrance, c. 1790-1840|ano=2011|editora=Palgrave Macmillan|local=Universidade de Bielefeld|isbn=023036098X|ref=harv}}


* {{Citar livro|sobrenome=Bradley|nome=Henry|título=The Goths: from the Earliest Times to the End of the Gothic Dominion in Spain|ano=1883|local=Nova Iorque|editora=G.P. Putnam's Sons|edição=2|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Bradley|nome=Henry|título=The Goths: from the Earliest Times to the End of the Gothic Dominion in Spain|ano=1883|local=Nova Iorque|editora=G.P. Putnam's Sons|edição=2|ref=harv}}
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* {{Citar livro|sobrenome=Isidoro de Sevilha|título=History of the Kings of the Goths, Vandals, and Suevi|local=Leida|editora=E. J. Brill|ano=1966| ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=Isidoro de Sevilha|título=History of the Kings of the Goths, Vandals, and Suevi|local=Leida|editora=E. J. Brill|ano=1966| ref=harv}}

* {{Citar livro|sobrenome=Johnson|nome=Scott Fitzgerald|título=The Oxford Handbook of Late Antiquity|isbn=ISBN 978-0-19-999633-9|editora=Oxford University Press|local=Oxford|ano=2012|ref=harv}}

* {{Citar livro|sobrenome=Lee|nome=A. D.|título=From Rome to Byzantium AD 363 to 565: The Transformation of Ancient Rome|ano=2013|editora=Edinburgh University Press|local=Edimburgo|isbn=0748668357|ref=harv}}


* {{Citar livro|sobrenome=MacDowall|nome=Simon|título=Adrianople AD 378: The Goths Crush Rome's Legions|local=Londres|editora=Osprey Publishing| ano=2001|isbn=1841761478|ref=harv}}
* {{Citar livro|sobrenome=MacDowall|nome=Simon|título=Adrianople AD 378: The Goths Crush Rome's Legions|local=Londres|editora=Osprey Publishing| ano=2001|isbn=1841761478|ref=harv}}

Revisão das 21h50min de 12 de fevereiro de 2017

Ataúlfo
Rei visigótico
Ataulfo
Ataúlfo, rei dos visigodos por Raimundo Madrazo, 1858. (Museu do Prado, Madri)
Reinado 410-415
Antecessor(a) Alarico I
Sucessor(a) Sigerico
Morte 14 de agosto de 415
  Barcelona
Irmã de Alarico I
Gala Placídia
Dinastia dos Baltos
Pai Alavivo ou Modares
Filho(s) Crianças não nomeadas (esposa 1)
Teodósio (Gala Placídia)

Ataúlfo (em gótico: Aþawulfs, Athavulf[1] e Atawulf[2]; lit. "lobo nobre";[3] em latim: Ataulphus), também citado como Adaulfo (em latim: Adaulfus), Atavulfo (em latim: Atavulfus) e Atiulfo (em latim: Atiulfus),[4] foi um rei visigótico entre 410 e 415. Membro dos Baltungos através do casamento de sua irmã de nome desconhecido com Alarico I (r. 395–410), com a morte de seu cunhado em 410 foi nomeado rei. Sob seu reinado, os visigodos deram continuidade a seu processo migratório, partindo da Itália à Gália, onde se instalaram permanentemente e criaram o embrião do posterior Reino Visigótico.

Biografia

Família

Era possivelmente filho de Alateu,[5] um dos nobres góticos que participaram na Batalha de Adrianópolis de 376 na qual o imperador romano Valente pereceu,[6] ou Modares, outro nobre gótico que serviu os romanos durante a Guerra Gótica de 376–382. Segundo Garcia Moreno e Herwig Wolfram, era membro da dinastia dos Baltos através do casamento de Alarico I (r. 395–410) com uma irmã sua e também por nascimento, implicando que seu pai também fosse membro.[5][7] Em 1 de janeiro de 414, Ataúlfo casar-se-ia com Gala Placídia, irmã do imperador romano ocidental Honório (r. 395–423), que havia sido capturada pelos visigodos durante o Saque de Roma de 410. O casamento ocorreu em Narbo (atual Narbona) e eles tiveram um filho chamado Teodósio que morreu jovem em 415.[8][9]

Origens

Uma das primeiras menções nos textos históricos a Ataúlfo antes de sua coroação o situa na região da Panônia no comando de um exército misto de germânicos e hunos em 408. Em 409, cruzou os Alpes e atravessou a região italiana do Vêneto com o objetivo de prestar apoio militar a Alarico, que à época estava negociando com o imperador Honório (r. 395–423) em Ravena (então capital do Império Romano do Ocidente).[10][11] Na Itália dirigiu-se à Pisa, onde encontrou um exército de hunos comandado por Olímpio e foi derrotado e sofreu muitas baixas.[9] Apesar disso, seu contingente foi capaz de unir-se ao de Alarico.[11]

No mesmo ano, após não conseguir acordar a paz com Honório, Alarico reuniu suas tropas e tentou novamente tomar Roma pela segunda vez. O usurpador Prisco Átalo (r. 409–410), escolhido pelo senado após o ataque de Alarico e talvez sob sa instigação, nomeou Ataúlfo conde dos domésticos equestres,[12] posição que reteria até o ano seguinte. Ainda em 409, Ataúlfo e Alarico foram convidados pelo general Jóvio a participarem das discussões de paz presididas em Arímino e Ataúlfo liderou um grande exército contra seu inimigo pessoal Saro e seus 300 homens em Piceno.[9]

Rei dos visigodos

Soldo de Honório (r. 395–423)
Soldo de Prisco Átalo

A paz entre visigodos e romanos não foi alcançada e Alarico liderou um último cerco a Roma que culminou, em 24 de agosto de 410, no saque da cidade durante três dias.[12] Inúmeras pessoas de prestígio foram capturadas, dentre elas Gala Placídia, irmã dos imperadores Honório e Arcádio (r. 395–408) e filha de Teodósio, o Grande (r. 378–395), que ficou sob custódia de Ataúlfo.[13] Após o saque, os godos se dirigiram para o sul através da Campânia com objetivo de invadir a Sicília, mas foram impedidos pelo naufrágio de sua frota. No caminho de volta, Alarico adoeceu e veio a falecer em Consência (atual Cosença), em Brútio.[14] Com sua morte sem descendentes varões, Ataúlfo foi nomeado como seu sucessor, porém provavelmente sob concorrências de outros pretendentes.[15]

Apesar dos poucos registros sobreviventes desse período se sabe que pelo tempo de sua nomeação, os visigodos ainda perambulavam pela Itália, sobretudo na Calábria, onde se dedicaram a arrasar a região.[15] Ataúlfo seguiu os planos de Alarico e tentou invadir a Sicília na tentativa de mover-se para a África proconsular, mas falhou. Isso forçou-o a continuar na Itália e, inevitavelmente, negociar com os romanos para manter e alimentar sue povo. Nesse contexto, Ataúlfo e os visigodos uniram-se às lutas de poder a favor e contra a corte de Honório, a presença habitual de usurpadores e as forças centrífugas dispersas em diversas cidades e regiões da Gália, Hispânia e Britânia.[10]

Em 412, Ataúlfo organizou seu povo e marchou em direção aos Alpes de onde foi expulso para fora da Itália pelo general Constâncio.[16][17] Rumou à Gália para onde se deslocou com o usurpador Prisco Átalo e Gala Placídia, que permaneceu cativa até aceitar casar-se com ele em 414.[9] Na Gália, contactou o usurpador Jovino (r. 411–413) e ofereceu-lhe seus serviços, porém interrompeu as negociações quando seu rival Saro fez o mesmo. Aproveitando-se da situação, Jovino aclamou seu irmão Sebastiano (r. 412–413), o que incitou Ataúlfo a reabrir negociações com Honório;[16][18] os autores da PIRT ressaltam o papel do prefeito pretoriano da Gália Póstumo Dardano nesses eventos.[9] Honório aceitou a oferta e Ataúlfo sitiou e capturou Jovino em Valência (atual Valence) em 413.[16]

Soldo de Jovino (r. 411–413)
Síliqua de Sebastiano (r. 412–413)

Segundo a Gética do escritor bizantino do século VI Jordanes, Ataúlfo guerreou contra os vândalos na Hispânia durante três anos (413–415). Ao mesmo tempo, apesar de ter chegado a termos com Honório, sua relação com os romanos deteriorou na Gália e novos conflitos foram deflagados. Em 413, os visigodos capturaram as cidades de Narbona, Tolosa e Burdígala (atual Bordéus).[19] No final desse ano, Ataúlfo foi ferido durante um ataque romano liderado por Bonifácio em Marselha.[9] No começo de 414, Ataúlfo casou-se com Gala e Prisco Átalo enviou-lhe um discurso matrimonial. No final do mesmo ano, o general Constâncio bloqueou os godos, levando Ataúlfo a nomear Átalo como augusto em retaliação. O bloqueio, contudo, foi eficiente e os visigodos foram obrigados a se deslocar para a Hispânia em 415.[16]

No percurso, Ataúlfo atravessou os Pirineus e instalou sua corte em Barcino (atual Barcelona), na Tarraconense, local onde nasceu seu filho com Gala e que foi nomeado em memória de seu avô Teodósio como um testemunho do interesse de vincular os visigodos na linhagem romana.[20][21] A criança, entretanto, faleceu alguns meses depois.[19] e isto foi visto mais tarde como o cumprimento de uma profecia de Daniel que, segundo Idácio de Chaves, dizia: "a filha de um rei do Sul se juntou em casamento a um rei do Norte, e não resta nenhuma filho de sua união."[22]

Além disso, a situação no território hispânico não melhorou, pelo contrário, os visigodos continuaram encurralados e os portos de Tarraconense foram bloqueados pela marinha romana, que impediu o provisionamento dos visigodos. Vários godos notáveis aconselharam o rei a atravessar o estreito de Gibraltar à África, mas Ataúlfo declinou enfatizando seu plano para chegar a um acordo com Honório; a insistência do rei piorou o mal-estar patente que existia entre a nobreza goda contrária a negociar ou cooperar com os romanos.[11]

Morte

Ataúlfo, rei godo por Vicente Carduch, 1634-1635 (Museu do Prado, Madri)

Seguindo sua política de cooperação e aproximação com os romanos, Ataúlfo foi assassinado em 14 de agosto de 415 nos estábulos do palácio de Barcino, durante uma inspeção aos cavalos, vítima de uma conspiração provavelmente arquitetada por Sigerico.[23][24] Sua morte foi anunciada em Constantinopla em 24 de setembro de 415.[25] Talvez foi assassinado por uma pessoa de seu próprio séquito chamado Dúbio ou Eberulfo que havia sido ridicularizado pelo monarca, mas não obstante este fato uma razão mais provável teria sido uma revanche pelo assassinato de Saro, possível irmão de Sigerico.[26]

Segundo Isidoro de Sevilha, Ataúlfo havia sido acusado de colaborar e buscar a paz com os romanos e o ano de sua morte foi 416.[27] Na verdade, Sigerico foi chefe do partido gótico anti-romano e era inimigo do monarca, bem como opositor da dinastia dos Baltos a qual Alarico e Ataúlfo pertenciam.[23][28] Parece que Ataúlfo não morreu no local do atentado e em seu leito de morte nomeou seu irmão mais novo como sucessor,[11] mas Sigerico conseguiu sucedê-lo mesmo assim. Apesar disso, seu reinado durou apenas uma semana, o suficiente para ordenar matar os seis filhos do primeiro matrimônio de Ataúlfo e molestou a viúva Gala.[23][29]

Legado

Ataúlfo governou os visigodos num momento de turbulência e incerteza. A marcha de seu povo por solo romano foi repetidamente interrompida pelas forças romanas e os visigodos precisavam de territórios para se assentarem. Assim, Ataúlfo viu no casamento com Gala Placídia uma chance de criar laços sanguíneos com a família imperial.[20][21] Mais que isso, de acordo com Paulo Orósio, Ataúlfo declarou almejar "restaurar e estender o Império Romano pela glória dos godos [...] e ser lembrado pela posteridade como o autor da renovação de Roma".[30]

Quando o romantismo nacional alemão floresceu no século XIX, Ataúlfo foi um dos germânicos glorificados no Templo de Valhala erguido pelo rei da Baviera Luís I (r. 1825–1848) próximo de Ratisbona. Sua placa memorial (na qual aparece em alemão como Athaulf) é a nona dum total de 64.[31] O historiador moderno Jonathan J. Arnold avaliou que uma das principais preocupações de Ataúlfo durante seu reinado foi o perigo dos godos sob seu comando não serem capazes de obedecer as leis como era costume entre os romanos.[32]

Ver também

Precedido por
Alarico I
Rei visigótico
410415
Sucedido por
Sigerico

Referências

  1. Geary 2003, p. 97.
  2. Bradley 1883, cáp. 11.
  3. Albaigés 1993, p. 48.
  4. Martindale 1980, p. 176-177.
  5. a b Moreno 2007, p. 339.
  6. MacDowall 2001, p. 36.
  7. Wolfram 1997, p. 23.
  8. Mathisen 1999.
  9. a b c d e f Martindale 1980, p. 177.
  10. a b Arce 2007, p. 73.
  11. a b c d Hinojo 2004, p. 141.
  12. a b Castro 2000, p. 33.
  13. Ruiz 2010, p. 116.
  14. Martindale 1980, p. 48.
  15. a b Wolfram 1990, p. 161.
  16. a b c d Elton 1999.
  17. Heather 2005, p. 237.
  18. Heather 2005, p. 238.
  19. a b Campi 1998, p. 73.
  20. a b Heather 2005, p. 239-240.
  21. a b Johnson 2012, p. 36.
  22. Idácio de Chaves 1906, p. 26-27.
  23. a b c Castro 2000, p. 39.
  24. Ruiz 2010, p. 120.
  25. Martindale 1980, p. 178.
  26. Wolfram 1990, p. 165.
  27. Isidoro de Sevilha 1966, p. 11-12.
  28. Ruiz 2010, p. 121.
  29. Wolfram 1990, p. 166.
  30. Lee 2013, p. 115.
  31. Bouwers 2011, p. 238.
  32. Arnold 2014, p. 127; 130.

Bibliografia

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