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Carlos II de Espanha: diferenças entre revisões

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Carlos morreu sem herdeiros em 1700, com todos os potenciais sucessores Habsburgo tendo morrido antes dele. Ele nomeou em seu testamento seu sobrinho-neto [[Filipe V de Espanha|Filipe, Duque de Anjou]], como seu sucessor. Filipe era neto da meia-irmã de seu pai, [[Maria Teresa de Áustria (1638-1683)|Maria Teresa da Áustria]], primeira esposa do rei [[Luís XIV de França]]. Já que as outras potências europeias viam a possível relação dinástica entre a Espanha e a [[Reino da França|França]] como uma perigosa mudança de equilíbrio de poder, com a [[Guerra da Sucessão Espanhola]] começando pouco depois de sua morte.
Carlos morreu sem herdeiros em 1700, com todos os potenciais sucessores Habsburgo tendo morrido antes dele. Ele nomeou em seu testamento seu sobrinho-neto [[Filipe V de Espanha|Filipe, Duque de Anjou]], como seu sucessor. Filipe era neto da meia-irmã de seu pai, [[Maria Teresa de Áustria (1638-1683)|Maria Teresa da Áustria]], primeira esposa do rei [[Luís XIV de França]]. Já que as outras potências europeias viam a possível relação dinástica entre a Espanha e a [[Reino da França|França]] como uma perigosa mudança de equilíbrio de poder, com a [[Guerra da Sucessão Espanhola]] começando pouco depois de sua morte.

== Infância e problemas de saúde ==
Nascido em 6 de novembro de 1661 no [[Real Alcázar de Madrid|Real Alcázar]], em [[Madrid|Madri]] , Carlos foi o último filho e único filho sobrevivente de [[Filipe IV de Espanha|Filipe IV da Espanha]] e sua segunda esposa, sua sobrinha, [[Maria Ana de Áustria, Rainha de Espanha|Maria Ana da Áustria]]. Apesar de fraco e doentio seu nascimento foi recebido com grande alegria já que o outro herdeiro de Filipe IV, [[Filipe Próspero, Príncipe das Astúrias|Filipe Prospero, Príncipe das Astúrias]], morreu aos 4 anos de idade, e antes dele haviam morrido Fernando Tomas e [[Baltasar Carlos, Príncipe das Astúrias|Baltasar Carlos]] em 1646, com apenas 17 anos de idade. Como consequência, Carlos tornou-se o único herdeiro legítimo de Filipe IV.
[[Ficheiro:Charles II as a child.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|293x293px|O jovem Carlos II. [[Museu do Prado|Museu do Prado.]]]]
A saúde da criança desde o nascimento era particularmente fraca, tanto que o embaixador francês na corte de Madri, apenas alguns meses após o nascimento da criança, relatou assim a [[Luís XIV de França|Luís XIV]] :
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|«O príncipe parece ser extremamente fraco. Tem uma erupção herpética nas bochechas. A cabeça está completamente coberta de crostas. Por duas ou três semanas, uma espécie de dreno ou canal de drenagem se formou sob a orelha direita<ref>{{Citar web|titulo=Carlos II: El fin de una dinastía enferma|url=http://www.arturosoria.com/medicina/art/carlos_II.asp}}</ref>. "
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Por causa de sua saúde particularmente precária, Carlos II não conseguiu falar até os quatro anos de idade, nem andar até oito anos<ref name=":0">{{Citar periódico|ultimo=Alvarez|primeiro=Gonzalo|ultimo2=Ceballos|primeiro2=Francisco C.|ultimo3=Quinteiro|primeiro3=Celsa|data=15/abr/2009|titulo=The Role of Inbreeding in the Extinction of a European Royal Dynasty|url=https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0005174|jornal=PLOS ONE|lingua=en|volume=4|numero=4|paginas=e5174|doi=10.1371/journal.pone.0005174|issn=1932-6203|pmc=PMC2664480|pmid=19367331}}</ref>, e foi tratado como uma criança pequena até os dez anos de idade: seus guardiões haviam evitado sujeitá-lo a qualquer esforço físico ou intelectual, a ponto de nem sequer considerar a higiene pessoal do garoto, tanto que seu meio-irmão [[João José de Áustria]], enquanto [[Favorito|''válido'',]] obrigou-o a lavar e cuidar do cabelo.

Além disso, o rei era frequentemente atingido por ataques muito fortes de enxaqueca, epilepsia e doenças contínuas como gripe, que a crença popular atribuía a uma maldição. Por esse motivo, ele entrou para a história como ''el Hechizado'' ou em português ''O Enfeitiçado.'' Sobre essa crença, o próprio soberano disse:
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|«Muitas pessoas dizem-me que estou enfeitiçado e acredito bem: estas são as coisas que sinto e sofro<ref name=":1">{{Citar web|titulo=Biography of Carlos II of Spain (1661-1700)|url=http://madmonarchs.guusbeltman.nl/madmonarchs/carlos2/carlos2_bio.htm}}</ref>.»
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Estudos médicos recentes mostraram que, por outro lado, a má saúde do rei dependia principalmente da política endogâmica do casamento e, portanto, da prática de contrair casamentos entre parentes sanguíneos da dinastia Habsburgo  (o casamento entre primos de primeiro grau ou entre tio e sobrinho), cujo objetivo era não dispersar os territórios dos Habsburgos<ref>{{Citar periódico|ultimo=Alvarez|primeiro=Gonzalo|ultimo2=Ceballos|primeiro2=Francisco C.|ultimo3=Quinteiro|primeiro3=Celsa|data=15/abr/2009|titulo=The Role of Inbreeding in the Extinction of a European Royal Dynasty|url=https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0005174|jornal=PLOS ONE|lingua=en|volume=4|numero=4|paginas=e5174|doi=10.1371/journal.pone.0005174|issn=1932-6203|pmc=PMC2664480|pmid=19367331}}</ref>, mas era menos vantajoso do ponto de vista genético<ref>{{Citar web|titulo=Troppi matrimoni tra parenti: ecco perché gli Asburgo si estinsero - Corriere della Sera|url=https://www.corriere.it/cronache/09_aprile_15/rosaspina_asburgo_matrimoni_consaguinei_d9a22654-29d7-11de-8317-00144f02aabc.shtml}}</ref>. A mãe de Carlos, Maria Ana da Áustria era filha de [[Maria Ana de Espanha|Maria Ana da Espanha]], que também era irmã de Filipe IV da Espanha, que, por sua vez, foi o pai de Carlos. Filipe IV e Maria Ana da Áustria, pais de Carlos, eram tio e sobrinha, respectivamente, enquanto Maria Anna da Espanha era simultaneamente tia paterna e avó materna de Carlo. Este último, portanto, tinha quatro bisavós em vez de oito e seis bisavós em vez de dezesseis. Segundo um estudo médico, seu coeficiente de consanguinidade era de 0,254, mais de 10 vezes o de Filipe I de Castela, pai do imperador Carlos V e fundador da dinastia.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Alvarez|primeiro=Gonzalo|ultimo2=Ceballos|primeiro2=Francisco C.|ultimo3=Quinteiro|primeiro3=Celsa|data=15/abr/2009|titulo=The Role of Inbreeding in the Extinction of a European Royal Dynasty|url=https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0005174|jornal=PLOS ONE|lingua=en|volume=4|numero=4|paginas=e5174|doi=10.1371/journal.pone.0005174|issn=1932-6203|pmc=PMC2664480|pmid=19367331}}</ref>

A teoria mais seguida atribui seu raquitismo, sua fraqueza mental e esterilidade à síndrome de Klinefelter<ref name=":0" />, mas, além disso, o rei sofria de um acentuado [[prognatismo mandibular]], presente em muitos membros da família e, por esse motivo, chamado ''Lábio Habsburgo''<ref>{{Citar web|titulo=Aventuras na História · Incesto na realeza — e suas consequências|url=https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/incesto-na-realeza-suas-consequencias.phtml|lingua=pt-br|primeiro=Pedro|ultimo=Procópio}}</ref>, que dificultava a fala e a mastigação. Finalmente, as características marcadas do rosto sugeriam a possibilidade de que ele sofria de acromegalia<ref name=":1" />, enquanto a gastrite e vômito frequentes remontam ao fato de que ele estava sofrendo de acidose tubular renal<ref name=":0" />.


==História==
==História==

Revisão das 20h56min de 26 de março de 2020

Carlos II
Carlos II de Espanha
Rei da Espanha, Nápoles, Sardenha e Sicília
Reinado 17 de setembro de 1665
a 1 de novembro de 1700
Antecessor(a) Filipe IV
Sucessor(a) Filipe V
Regente Maria Ana da Áustria (1665–1675)
 
Nascimento 6 de novembro de 1661
  Real Alcázar de Madrid, Madrid, Espanha
Morte 1 de novembro de 1700 (38 anos)
  Real Alcázar de Madrid, Madrid, Espanha
Sepultado em San Lorenzo de El Escorial, Espanha
Esposas Maria Luísa d'Orleães
Maria Ana de Neuburgo
Casa Habsburgo
Pai Filipe IV de Espanha
Mãe Maria Ana da Áustria
Religião Catolicismo
Assinatura Assinatura de Carlos II

Carlos II (Madrid, 6 de novembro de 1661Madrid, 1 de novembro de 1700), também conhecido como Carlos, o Enfeitiçado, foi o Rei da Espanha de 1665 até sua morte, sendo o último monarca espanhol da Casa de Habsburgo. Seus domínios incluíam os Países Baixos Espanhóis e o império espanhol de além-mar, indo das Américas até as Índias Orientais Espanholas.

Segundo relatos históricos, o rei Carlos II – apelidado de “o enfeitiçado” – era física e mentalmente incapacitado. Até os quatro anos, ele não falava e só começou a andar aos oito anos. Sofria de problemas intestinais, inchaços nos pés, pernas, abdômen e face, ejaculação precoce e infertilidade. Morreu aos 39 anos, com aparência de velho, após episódio de febre, dor abdominal, dificuldade respiratória e coma.

Carlos morreu sem herdeiros em 1700, com todos os potenciais sucessores Habsburgo tendo morrido antes dele. Ele nomeou em seu testamento seu sobrinho-neto Filipe, Duque de Anjou, como seu sucessor. Filipe era neto da meia-irmã de seu pai, Maria Teresa da Áustria, primeira esposa do rei Luís XIV de França. Já que as outras potências europeias viam a possível relação dinástica entre a Espanha e a França como uma perigosa mudança de equilíbrio de poder, com a Guerra da Sucessão Espanhola começando pouco depois de sua morte.

Infância e problemas de saúde

Nascido em 6 de novembro de 1661 no Real Alcázar, em Madri , Carlos foi o último filho e único filho sobrevivente de Filipe IV da Espanha e sua segunda esposa, sua sobrinha, Maria Ana da Áustria. Apesar de fraco e doentio seu nascimento foi recebido com grande alegria já que o outro herdeiro de Filipe IV, Filipe Prospero, Príncipe das Astúrias, morreu aos 4 anos de idade, e antes dele haviam morrido Fernando Tomas e Baltasar Carlos em 1646, com apenas 17 anos de idade. Como consequência, Carlos tornou-se o único herdeiro legítimo de Filipe IV.

O jovem Carlos II. Museu do Prado.

A saúde da criança desde o nascimento era particularmente fraca, tanto que o embaixador francês na corte de Madri, apenas alguns meses após o nascimento da criança, relatou assim a Luís XIV :

«O príncipe parece ser extremamente fraco. Tem uma erupção herpética nas bochechas. A cabeça está completamente coberta de crostas. Por duas ou três semanas, uma espécie de dreno ou canal de drenagem se formou sob a orelha direita[1]. "

Por causa de sua saúde particularmente precária, Carlos II não conseguiu falar até os quatro anos de idade, nem andar até oito anos[2], e foi tratado como uma criança pequena até os dez anos de idade: seus guardiões haviam evitado sujeitá-lo a qualquer esforço físico ou intelectual, a ponto de nem sequer considerar a higiene pessoal do garoto, tanto que seu meio-irmão João José de Áustria, enquanto válido, obrigou-o a lavar e cuidar do cabelo.

Além disso, o rei era frequentemente atingido por ataques muito fortes de enxaqueca, epilepsia e doenças contínuas como gripe, que a crença popular atribuía a uma maldição. Por esse motivo, ele entrou para a história como el Hechizado ou em português O Enfeitiçado. Sobre essa crença, o próprio soberano disse:

«Muitas pessoas dizem-me que estou enfeitiçado e acredito bem: estas são as coisas que sinto e sofro[3]

Estudos médicos recentes mostraram que, por outro lado, a má saúde do rei dependia principalmente da política endogâmica do casamento e, portanto, da prática de contrair casamentos entre parentes sanguíneos da dinastia Habsburgo  (o casamento entre primos de primeiro grau ou entre tio e sobrinho), cujo objetivo era não dispersar os territórios dos Habsburgos[4], mas era menos vantajoso do ponto de vista genético[5]. A mãe de Carlos, Maria Ana da Áustria era filha de Maria Ana da Espanha, que também era irmã de Filipe IV da Espanha, que, por sua vez, foi o pai de Carlos. Filipe IV e Maria Ana da Áustria, pais de Carlos, eram tio e sobrinha, respectivamente, enquanto Maria Anna da Espanha era simultaneamente tia paterna e avó materna de Carlo. Este último, portanto, tinha quatro bisavós em vez de oito e seis bisavós em vez de dezesseis. Segundo um estudo médico, seu coeficiente de consanguinidade era de 0,254, mais de 10 vezes o de Filipe I de Castela, pai do imperador Carlos V e fundador da dinastia.[6]

A teoria mais seguida atribui seu raquitismo, sua fraqueza mental e esterilidade à síndrome de Klinefelter[2], mas, além disso, o rei sofria de um acentuado prognatismo mandibular, presente em muitos membros da família e, por esse motivo, chamado Lábio Habsburgo[7], que dificultava a fala e a mastigação. Finalmente, as características marcadas do rosto sugeriam a possibilidade de que ele sofria de acromegalia[3], enquanto a gastrite e vômito frequentes remontam ao fato de que ele estava sofrendo de acidose tubular renal[2].

História

Carlos foi o único filho de Filipe IV de Espanha (1605-1665) e da sua 2ª esposa Maria Ana da Áustria (1635-1696) a sobreviver à morte do pai, tendo sucedido-lhe por sua morte. Do 1º casamento do pai com Isabel de Bourbon, apenas uma filha, mais tarde rainha consorte da França Maria Teresa, sobrevivera à infância.

Seu nascimento foi causa de grande alegria para os Espanhóis, que temiam uma disputa sucessória (que mais tarde ocorreria, por sua morte), caso o grande Filipe IV fosse incapaz de gerar um varão para lhe suceder no trono. Como à data da morte do pai era ainda muito pequeno, a mãe assumiu a regência até 1675, altura em que completou 14 anos. Aproveitando este período de menoridade se fez a paz entre Portugal e Espanha, dando-se por encerradas as guerras da Restauração, em 1668; o acordo foi firmado pelos dois regentes, o infante Pedro por Portugal (em nome do seu irmão Afonso VI) e a rainha-mãe de Espanha por Carlos.

Carlos II de Espanha, por Juan Carreño de Miranda (c. 1675).

Os sucessivos casamentos consaguíneos praticados pelos Habsburgos, dada a tentativa de preservar as propriedades familiares, produziram uma tal degenerescência que Carlos acabaria por nascer raquítico, quase louco, impotente e com outras doenças como epilepsia - além de possuir o célebre maxilar proeminente dos Habsburgos - uma afecção chamada de prognatismo mandibular - característica da interconsaguinidade familiar, bem visível nos retratos do rei. Foi ainda conhecido pelo cognome o Amaldiçoado.

Devido a este conjunto de afecções, foi incapaz de gerar qualquer herdeiro, o que ditou o nascer da Guerra da Sucessão Espanhola (1700-1713) após a sua morte. Desta forma findou o ramo espanhol da casa dos Habsburgos, nascido da divisão dos territórios de Carlos V pelo seu irmão Fernando e pelo seu filho Filipe.

Começara a governar sob a regência da mãe, e o poder caiu nas mãos inexpertas do jesuíta João Everardo Nithard e do aventureiro Fernando de Valenzuela. Pelo Tratado de Aix-la-Chapelle, a Espanha abandonou Flandres à França. Sua maioridade oficial em 1675 e a breve passagem ao poder de Dom João de Áustria (1677 a 1679) não puderam evitar a perda do Franche-Comté e de praças-fortes no Artois pelo Tratado de Nimègue de 1678. Satisfez a Espanha interesses franceses, em 31 de Agosto e em 19 de Novembro de 1679. Em 1684 de novo satisfez à França e aceitou o Tratado de Ratisbona.

Fraco, indolente, quase imbecil desde o nascimento, educado pela mãe, que seria exilada mais tarde da corte pelo jovem Dom João José de Áustria, bastardo de Filipe IV.

Casamentos

Casou em 1679 com Maria Luísa de Orléans nascida Marie Louise de Bourbon-Orléans em Paris em 27 de Março de 1662, que morreria em 12 de Fevereiro de 1689 em Madri, de uma peritonite. Era filha de Filipe I de Orléans (1640-1701) Duque de Orléans, conhecido ludópata, e de Henriqueta Ana Stuart (1644-1670), filha do decapitado rei da Inglaterra Carlos I; era sobrinha de Luís XIV, bela e inteligente, a antítese do marido. Alegre, aficionada à música, guerrearam ela e a sogra durante os dez anos que durou seu casamento, sem filhos. Como não tinha filhos, uns versinhos corriam as ruas: «A pesar de ser extraña, / sabed, bella flor de lís, / si parís, parís a España; / si no parís, a París.»

Enviuvando, casou, atendendo a interesses austríacos, em 28 de Agosto de 1689 com a princesa Maria Ana de Neuburgo ou do Palatinado-Neuburgo, nascida em Düsseldorf em 28 de Outubro de 1667 e morta em 16 de Julho de 1740 em Guadalajara. Era filha do Eleitor Palatino do Reno Filipe Guilherme, da Casa de Wittelsbach, e de Isabel Amélia de Hesse-Darmstadt, a qual tinha fama de ter estado 17 vezes grávida. Era irmã de Leonor Madalena de Neuburgo, a 3ª esposa do imperador Leopoldo I (1640-1705) viúvo de Margarida Teresa da Espanha e de Cláudia Felicidade da Áustria. Outra Neuburgo casara em Portugal com o rei D. Pedro II, uma outra era princesa da Polônia, outra Duquesa de Parma.

Maria Ana possuía considerável influência sobre o marido: desembarcou na Corunha na primavera de 1690 e se viu logo que era robusta, ruiva, orgulhosa, de caráter impetuoso. Manteve-se seis anos em guerra contra a sogra, que morreu em 1696. Ao seu redor havia venda de informações, numerosas falsas gravidezes. Nunca tiveram filhos. O novo rei Filipe V a deixaria viver instalada no magnífico Palácio do Infantado, embora ela tivesse apoiado o Arquiduque Carlos, tendo acabado por falecer no Palácio.

Em 1689 a Espanha se aliou ao Sacro Império e às Províncias Unidas contra Luís XIV: esta Guerra da Liga de Augsburgo terminou pela paix blanche de Ryswick (1697) - mas a Catalunha fora invadida. Viu-se que era um rei fraco de corpo e espírito.

Sem posteridade, Carlos II, sabedor de que havia seis pretendentes ao trono, designou por sucessor Filipe de Anjou, neto de sua meia-irmã mais velha, instigado nisso pelo Cardeal Portocarrero, Arcebispo de Toledo, convencido de que o poder de Luís XIV evitaria o desmembramento do império. Por testamento, com a concordância do papa, o trono iria para o filho único de Luís XIV, o Grande Delfim, como herdeiro direto em função de ter Luís XIV casado com Maria Teresa da Espanha em 1660. Embora a Infanta tivesse assinado uma solene renúncia ao trono espanhol, incorporada ao Tratado dos Pirenéus e confirmada pelo testamento de seu pai Filipe IV, a renúncia foi considerada inválida. Luís XIV foi informado de que a renúncia era inválida porque a sucessão não podia ser afastada da herdeira legal. Ele e seu irmão o Duque de Orléans também figuravam na linha de sucessão por sua mãe Ana, Infanta de Espanha, que também tinha solenemente renunciado aos direitos à sucessão espanhola, renúncia essa também considerada inválida.

A sucessão e a guerra

Tinha 39 anos quando morreu, sem herdeiros da rainha Maria Luísa de Orléans e da rainha Maria Ana de Neuburgo. Aberto o testamento de 2 de Outubro, verificou-se ser o sucessor Filipe de Anjou, o segundo filho do Delfim da França, neto da meia-irmã do falecido rei espanhol. Em 15 de Novembro de 1700, o Rei Luís XIV apresentava o Duque de Anjou à Corte de Versalhes como Filipe V, Rei de Espanha.

Em 1701, o Rei de Portugal Pedro II fará um tratado de aliança ofensiva e defensiva com Espanha e França. Dois anos depois, porém, «le obligaron sus inimigos a unirse con la Casa de Austria» e a fazer um tratado igual com os Aliados, inimigos das duas Coroas…

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Carlos II de Espanha
Casa de Habsburgo
6 de novembro de 1661 – 1 de novembro de 1700
Precedido por
Filipe IV

Rei da Espanha, Nápoles, Sardenha e Sicília
17 de setembro de 1665 – 1 de novembro de 1700
Sucedido por
Filipe V
  1. «Carlos II: El fin de una dinastía enferma» 
  2. a b c Alvarez, Gonzalo; Ceballos, Francisco C.; Quinteiro, Celsa (15/abr/2009). «The Role of Inbreeding in the Extinction of a European Royal Dynasty». PLOS ONE (em inglês). 4 (4): e5174. ISSN 1932-6203. PMC PMC2664480Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 19367331. doi:10.1371/journal.pone.0005174  Verifique data em: |data= (ajuda)
  3. a b «Biography of Carlos II of Spain (1661-1700)» 
  4. Alvarez, Gonzalo; Ceballos, Francisco C.; Quinteiro, Celsa (15/abr/2009). «The Role of Inbreeding in the Extinction of a European Royal Dynasty». PLOS ONE (em inglês). 4 (4): e5174. ISSN 1932-6203. PMC PMC2664480Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 19367331. doi:10.1371/journal.pone.0005174  Verifique data em: |data= (ajuda)
  5. «Troppi matrimoni tra parenti: ecco perché gli Asburgo si estinsero - Corriere della Sera» 
  6. Alvarez, Gonzalo; Ceballos, Francisco C.; Quinteiro, Celsa (15/abr/2009). «The Role of Inbreeding in the Extinction of a European Royal Dynasty». PLOS ONE (em inglês). 4 (4): e5174. ISSN 1932-6203. PMC PMC2664480Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 19367331. doi:10.1371/journal.pone.0005174  Verifique data em: |data= (ajuda)
  7. Procópio, Pedro. «Aventuras na História · Incesto na realeza — e suas consequências»