Gambá: diferenças entre revisões

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* ''[[Didelphis virginiana|D. virginiana]]''
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O '''gambá''', também chamado de '''sariguê''', '''saruê''' ou '''sarigueia''' na [[Bahia]], '''mucura''' na [[Amazônia]], '''timbu''' na [[Paraíba]], [[Pernambuco]] e no [[Rio Grande do Norte]], '''cassaco''' no [[Ceará]], [[Alagoas]] e no [[Agreste]] pernambucano, '''micurê''' no [[Mato Grosso]], '''taibu''', '''tacaca''' e '''ticaca''' em [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e [[Minas Gerais]], e '''saurê''',<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p.832">FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.832</ref> é um [[mamífero]] [[marsupial]] que habita desde o sul dos [[Estados Unidos]] até a [[América do Sul]]. É um dos maiores marsupiais da família dos [[didelfídeos]]. Pertence ao [[Género (biologia)|gênero]] '''''Didelphis'''''. É [[onívoro]]. Seu principal [[predador]] é o [[gato-do-mato]] (''Leopardus'' spp.). Por conta do nome é, por vezes, confundido com o [[cangambá]] (''Mephitis mephitis''),<ref>[http://oglobo.globo.com/sociedade/planeta-dos-gambas-animais-se-espalham-em-varios-bairros-do-rio-13317912 Planeta dos gambás: animais se espalham em vários bairros do Rio]</ref> que não é um marsupial, mas um [[mustelídeo]] (ou um [[mefitídeo]]).
O '''gambá''', também chamado de '''sariguê''', '''saruê''' ou '''sarigueia''' na [[Bahia]], '''mucura''' na [[Amazônia]], '''timbu''' na [[Paraíba]], [[Pernambuco]] e no [[Rio Grande do Norte]], '''cassaco''' no [[Ceará]], [[Alagoas]] e no [[Agreste]] pernambucano, '''micurê''' no [[Mato Grosso]], '''taibu''', '''tacaca''' e '''ticaca''' em [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e [[Minas Gerais]], e '''saurê''',<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p.832">FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.832</ref> é um [[mamífero]] [[marsupial]] do [[Género (biologia)|gênero]] '''''Didelphis''''', encontrado desde o sul dos [[Estados Unidos]] até a [[América do Sul]]. É um dos maiores marsupiais da família dos [[didelfídeos]]. É [[onívoro]]. Seu principal [[predador]] é o [[gato-do-mato]] (''Leopardus'' spp.). Por conta do nome é, por vezes, confundido com o [[cangambá]] (''Mephitis mephitis''),<ref>[http://oglobo.globo.com/sociedade/planeta-dos-gambas-animais-se-espalham-em-varios-bairros-do-rio-13317912 Planeta dos gambás: animais se espalham em vários bairros do Rio]</ref> que não é um marsupial, mas um [[mustelídeo]] (ou um [[mefitídeo]]).


== Etimologia ==
== Etimologia ==
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== Características ==
== Características ==
Os gambás são animais com quarenta a cinquenta centímetros de comprimento, sem contar com a [[cauda]], que chega a medir quarenta centímetros. Têm um [[corpo (anatomia)|corpo]] parecido com o do [[rato]], incluindo a [[cabeça]] alongada, mas com uma [[dentição]] [[poliprotodonte]] (fórmula dental: 5/4, 1/1, 3/3, 4/4 = 50). A cauda tem [[pelo]]s apenas na região [[proximal]], é [[escama (zoologia)|escamosa]] na extremidade e é [[Preensibilidade|preênsil]], ou seja, tem a capacidade de enrolar-se a um suporte, como um ramo de [[árvore]]. As [[pata (animal)|pata]]s são curtas e têm cinco [[dedo]]s em cada [[mão]], com [[garra]]s; o [[hálux]] (primeiro dedo das patas traseiras) é parcialmente [[oponível]] e, em vez de garra, possui uma [[unha]]. Ao contrário da maioria dos marsupiais, sua cauda é menor que seu corpo. Assim como em outros [[marsupial|marsupiais]] (como o [[canguru]]), as fêmeas dos gambás possuem [[marsúpio]] e [[vagina]] bifurcada, mas nenhum dos canais é utilizado para o parto ou para a excreção de urina.<ref name="Krause">{{citar livro|título=The Opossum: Its Amazing Story|página=43|último1=Krause|último2=Krause|primeiro1=William J.|primeiro2=Winifred A.|ano=2006}}</ref>
Os gambás são animais com quarenta a cinquenta centímetros de comprimento, sem contar com a [[cauda]], que chega a medir quarenta centímetros. Têm um [[corpo (anatomia)|corpo]] parecido com o do [[rato]], incluindo a [[cabeça]] alongada, mas com uma [[dentição]] [[poliprotodonte]] (fórmula dental: 5/4, 1/1, 3/3, 4/4 = 50). A cauda tem [[pelo]]s apenas na região [[proximal]], é [[escama (zoologia)|escamosa]] na extremidade e é [[Preensibilidade|preênsil]], ou seja, tem a capacidade de enrolar-se a um suporte, como um ramo de [[árvore]]. As [[pata (animal)|pata]]s são curtas e têm cinco [[dedo]]s em cada [[mão]], com [[garra]]s; o [[hálux]] (primeiro dedo das patas traseiras) é parcialmente [[oponível]] e, em vez de garra, possui uma [[unha]]. Ao contrário da maioria dos marsupiais, sua cauda é menor que seu corpo. Assim como em outros [[marsupial|marsupiais]] (como o [[canguru]]), as fêmeas dos gambás possuem [[marsúpio]] e [[vagina]] bifurcada, mas nenhum dos canais é utilizado para o parto ou para a excreção de urina.<ref name="Krause">{{citar livro|título=The Opossum: Its Amazing Story|página=43|último1=Krause|último2=Krause|primeiro1=William J.|primeiro2=Winifred A.|ano=2006}}</ref>



== Reprodução ==
== Reprodução ==
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== Comportamento ==
== Comportamento ==
Os gambás não vivem em grupos, mas, na época da reprodução, eles formam casais e constroem [[ninho]]s com folhas e galhos secos em buracos de árvores.{{Carece de fontes|ciência=sim|data=setembro de 2017}}


São animais solitários, exceto durante a época reprodutiva. Apresentam hábitos noturnos e crepusculares,<ref>{{citar livro|titulo=Mamíferos do Brasil|ano=2006|autores=Nelio R. dos Reis et al|local=Londrina|paginas=35-38|isbn=}}</ref> se abrigam em cavidades entre rochas ou dentro de troncos ocos, sob a cobertura de arbustos ou plantas mortas e até dentro em tocas, muitas vezes cavadas por eles mesmos.
Seus hábitos são noturnos. Por isso, quando começa escurecer, o gambá sai de seu abrigo para caçar e coletar alimentos. Sendo um animal [[onívoro]], se alimenta praticamente de tudo, como: [[raiz|raízes]], [[fruta]]s, [[verme]]s, [[inseto]]s, escorpiões, aranhas, [[molusco]]s, [[crustáceo]]s ([[caranguejo]]s encontrados em zonas de [[mangal|manguezais]]), [[anfíbio]]s, [[serpente]]s, [[Sauria|lagarto]]s, pequenos mamíferos e [[aves]] (ovos, filhotes e adultos).


São marsupiais nômades que apenas permanecem em um mesmo lugar durante períodos variáveis de tempo em função da espécie e distribuição geográfica, mostrando sinais de comportamento territorial e agressivo, defendendo-se violentamente de outros congêneres.
Alguns gambás são imunes ao veneno de escorpiões e de serpentes, incluindo as [[jararaca]]s (''Bothrops'' sp.), [[cascavel|cascavéis]] (''Crotalus'' spp.) e [[cobra-coral|corais]] (''Micrurus'' spp.), podendo atacá-las pela cabeça e ingeri-las por esta. Segundo um estudo científico, a dose letal em um experimento com gambás foi de 660 miligramas de veneno, o que corresponde a uma dose 4 000 vezes superior à suportada por [[bovino]]s de quatrocentos quilogramas.{{Carece de fontes|ciência=sim|data=setembro de 2017}}


Apenas as fêmeas, ocasionalmente, tendem a viver em pequenos grupos, enquanto os machos, por sua vez, costumam brigar quando se encontram.
== Distribuição geográfica ==

{{revisão-sobre|ciência=sim|Mamíferos|data=Abril de 2008}}
Apesar da agressividade e aparência feroz que caracteriza as espécies deste gênero, quando se sentem ameaçados, às vezes fingem estar mortos ([[tanatose]]) até que o predador desista.<ref name="gardner"/> Deitados lateralmente em um estado catatônico, com os músculos completamente flácidos, somente um eletroencefalograma pode mostrar o estado de alerta extremo em que eles se encontram.<ref>Barratt, E. S. (1965). EEG correlates of tonic immobility in the opossum (''Didelphis virginiana''). Electroencephalography and clinical neurophysiology, 18(7), 709-711.</ref>
[[Imagem:Opossum 2.jpg|thumb|direita|Gambá (''Didelphis virginiana''), com pelagem de inverno]]

Os gambás podem ser encontrados em várias regiões das [[Américas]], desde o [[Canadá]] até a [[Argentina]]. No território [[brasil]]eiro, há, pelo menos, quatro espécies:
Por serem animais muito oportunistas e onívoros,<ref>{{citar periódico|autores=Cerboncini, R. A. S., Passamani, M., & Braga, T. V.|título=Use of space by the black-eared opossum ''Didelphis aurita'' in a rural area in southeastern Brazil|data=2011|publicado=Mammalia|volume=75|numero=3|páginas=287-290}}</ref> eles também se adaptaram à vida em ambientes urbanos, embora não sejam vistos com frequência devido ao seu comportamento noturno e evasivo. As maiores ameaças a esses animais, além da destruição de habitat, são atropelamentos nas estradas, ataques de animais domésticos como cães e também conflitos com humanos.<ref name="museu"/> Algumas comunidades locais em certas regiões também os caçam para se alimentar.
* ''Didelphis aurita'' - [[gambá-de-orelha-preta]]: em todo o estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], Rio de Janeiro, principalmente nas regiões de [[Mata Atlântica]] deste e dos estados próximos; ocorre também no norte do [[Rio Grande do Sul]] e na [[Amazônia]];
* ''Didelphis albiventris'' - [[gambá-de-orelha-branca]]: Brasil Central, especialmente no Estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul; também endêmico no [[Nordeste do Brasil|Nordeste]], especialmente [[Pernambuco]], [[Paraíba]] e adjacências, onde é denominado timbu;
* ''Didelphis marsupialis'' – [[gambá-comum]]: desde o Canadá ao norte da Argentina e [[Paraguai]]; no Brasil, principalmente na região [[Amazônia|amazônica]]
* ''[[Didelphis paraguaiensis]]'' - Rio Grande do Sul e [[Mato Grosso]], podendo também ser encontrado no Paraguai.
* ''[[Didelphis virginiana]]'' - [[gambá-da-virgínia]]: desde o sul do Canadá à América Central.


== Espécies ==
== Espécies ==
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* ''[[Didelphis aurita]]'' Wied-Neuwied, 1826 - [[gambá-de-orelha-preta]]
* ''[[Didelphis aurita]]'' Wied-Neuwied, 1826 - [[gambá-de-orelha-preta]]
* ''[[Didelphis imperfecta]]'' Mondolfi e Pérez-Hernández, 1984
* ''[[Didelphis imperfecta]]'' Mondolfi e Pérez-Hernández, 1984
* ''[[Didelphis marsupialis]]'' Linnaeus, 1758 - [[gambá-comum]] (um exemplar desta espécie foi o primeiro marsupial a ser conhecido pelos [[Europa|europeus]]. [[Vicente Yáñez Pinzón]] foi quem, em 1500, levou este animal para a Europa, o que causou estranheza, uma vez que os marsupiais, na Europa, haviam se [[Extinção|extinguido]] no período [[terciário]], há mais de 60 000 000 de anos.)
* ''[[Didelphis marsupialis]]'' Linnaeus, 1758 - [[gambá-comum]]<!--(um exemplar desta espécie foi o primeiro marsupial a ser conhecido pelos [[Europa|europeus]]. [[Vicente Yáñez Pinzón]] foi quem, em 1500, levou este animal para a Europa, o que causou estranheza, uma vez que os marsupiais, na Europa, haviam se [[Extinção|extinguido]] no período [[terciário]].)-->
* ''[[Didelphis pernigra]]'' J.A. Allen, 1900
* ''[[Didelphis pernigra]]'' J.A. Allen, 1900
* ''[[Didelphis virginiana]]'' Kerr, 1792 - [[gambá-da-virgínia]]
* ''[[Didelphis virginiana]]'' Kerr, 1792 - [[gambá-da-virgínia]]
* †''[[Didelphis solimoensis]]''
* †''[[Didelphis solimoensis]]''

===Filogenia===
Cladograma de ''Didelphis'' extantes<ref name="Upham 2019">{{Citar periódico |autores=Upham, Nathan S.; Esselstyn, Jacob A.; Jetz, Walter |ano=2019 |titulo=Inferring the mammal tree: Species-level sets of phylogenies for questions in ecology, evolution and conservation |publicado=PLOS Biol |volume=17 |numero=12 |paginas=e3000494 |doi=10.1371/journal.pbio.3000494 |pmid=31800571 |pmc=6892540}}</ref><ref>{{Citar periódico |autor=Amador, Lucila I.; Giannini, Norberto P. |ano=2016 |titulo=Phylogeny and evolution of body mass in didelphid marsupials (Marsupialia: Didelphimorphia: Didelphidae) |publicado=Organisms Diversity & Evolution |volume=16 |numero=3 |doi=10.1007/s13127-015-0259-x |url=https://link.springer.com/article/10.1007/s13127-015-0259-x}}</ref>

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== Distribuição geográfica ==
<!--{{revisão-sobre|ciência=sim|Mamíferos|data=Abril de 2008}}posso tirar?-->
[[Imagem:Opossum 2.jpg|thumb|direita|Gambá (''Didelphis virginiana''), com pelagem de inverno]]
Os gambás podem ser encontrados em várias regiões das [[Américas]], desde o [[Canadá]] até a [[Argentina]]. No território [[brasil]]eiro, há, pelo menos, quatro espécies:
* ''Didelphis albiventris'' - [[gambá-de-orelha-branca]]: Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai, Guiana Francesa, Colômbia e Uruguai;<ref name="museu">{{citar web|URL=https://museucerrado.com/r/sarue/|título=''Didelphis albiventris'', Lund 1840|autor=|data=|publicado=Museu Cerrado|acessodata=2020-10-22}}</ref> é encontrado em todo o [[Nordeste do Brasil|Nordeste]] e região central do Brasil,<ref>{{citar periódico|autor=Nascimento, D. C., Campos, B. A. T. P., Fraga, E. C., & Barros, M. C.|issn=1678-4375 |doi=10.1590/1519-6984.184842 |título= Variabilidade genética de populações de gambá de orelha branca, Didelphis albiventris Lund 1840 (Didelphimorphia; Didelphidae) no Brasil|ano=2019|publicado=Brazilian Journal of Biology|volume=79|numero=4|paginas=594-602}}</ref> especialmente no estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul;<ref>{{citar web|acessodata= 2020-10-22|url= https://www.ufrgs.br/faunadigitalrs/mamiferos/ordem-didelphimorphia/familia-didelphidae/gamba-didelphis-albiventris/|titulo=Gambá ''Didelphis albiventris''|website=ufrgs.br}}</ref>
* ''Didelphis aurita'' - [[gambá-de-orelha-preta]]: Argentina, Brasil e Paraguai;<ref name="gardner">{{citar livro|autor=Gardner, A.|titulo=Mammals of South America|ano=2007|isbn=978-0-226-28240-4|editora=The University of Chicago Press}}</ref> no Brasil, é encontrado principalmente nas regiões de [[Mata Atlântica]], nos estados de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], Rio de Janeiro e em estados próximos; ocorre também no norte do [[Rio Grande do Sul]]<ref name="emmons">{{citar livro|autores=Emmons, L.H.; Feer, F.|editora=University of Chicago Press|ano=1997 |titulo=Neotropical rainforest mammals: a field guide}}</ref> e na [[Amazônia]];
* ''Didelphis imperfecta'' – Venezuela, sudoeste do Suriname, Guiana Francesa e norte do Brasil;<ref name="gardner"/>
* ''Didelphis marsupialis'' – [[gambá-comum]]: do nordeste da [[Argentina]] até o [[México]];<ref>{{citar web|url=https://animaldiversity.org/accounts/Didelphis_marsupialis/|titulo=''Didelphis marsupialis'' {{!}} southern opossum|autor=Leila Siciliano Martina| data=2014 |acessodata=2020-10-22 |website= animaldiversity.org}}</ref> no Brasil, principalmente na região [[Amazônia|amazônica]] até o sul do país;<ref>{{citar periódico|autores=Cherem, J. J., Graipel, M. E., Menezes, M. E., & Soldateli, M.|ano=1996|título=Observações sobre a biologia do gambá (''Didelphis marsupialis'') na Ilha de Ratones Grande, Estado de Santa Catarina, Brasil|publicado=Biotemas|volume=9|número=2|páginas=47-56}}</ref>
<!--* ''[[Didelphis paraguaiensis]]'' - Rio Grande do Sul e [[Mato Grosso]], podendo também ser encontrado no Paraguai. OBS: não encontrei essa espécie, pode tirar? Deve ser um nome obsoleto.-->
As outras duas espécies que não são encontradas no território brasileiro são:
* ''[[Didelphis virginiana]]'' - [[gambá-da-virgínia]]: [[Canadá]] até a [[América Central]], é o único marsupial encontrando ao norte do México;
* ''[[Didelphis pernigra]]'' - encontrado principalmente nos [[Andes]]; Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Argentina.<ref>{{citar livro|autor=Chébez, J.C.|título=Otros que se van. Fauna argentina amenazada|editora=Albatros|ano=2009|local=Buenos Aires, Argentina|lingua=es}}</ref>


{{Referências}}
{{Referências}}

Revisão das 01h49min de 23 de outubro de 2020

 Nota: Para outros significados, veja Gambá (desambiguação).
Como ler uma infocaixa de taxonomiaGambá
Didelphis virginiana no parque estadual do Rio Myakka, na Flórida
Didelphis virginiana no parque estadual do Rio Myakka, na Flórida
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Marsupialia
Ordem: Didelphimorphia
Família: Didelphidae
Subfamília: Didelphinae
Género: Didelphis
Linnaeus, 1758
Espécies

O gambá, também chamado de sariguê, saruê ou sarigueia na Bahia, mucura na Amazônia, timbu na Paraíba, Pernambuco e no Rio Grande do Norte, cassaco no Ceará, Alagoas e no Agreste pernambucano, micurê no Mato Grosso, taibu, tacaca e ticaca em São Paulo e Minas Gerais, e saurê,[1] é um mamífero marsupial do gênero Didelphis, encontrado desde o sul dos Estados Unidos até a América do Sul. É um dos maiores marsupiais da família dos didelfídeos. É onívoro. Seu principal predador é o gato-do-mato (Leopardus spp.). Por conta do nome é, por vezes, confundido com o cangambá (Mephitis mephitis),[2] que não é um marsupial, mas um mustelídeo (ou um mefitídeo).

Etimologia

"Gambá" procede do tupi gã'bá, "seio oco".[1] "Sariguê", "saruê", "sarigueia" e "saurê" procedem do tupi antigo sarigûeîa (sarigûé).[3]

Características

Os gambás são animais com quarenta a cinquenta centímetros de comprimento, sem contar com a cauda, que chega a medir quarenta centímetros. Têm um corpo parecido com o do rato, incluindo a cabeça alongada, mas com uma dentição poliprotodonte (fórmula dental: 5/4, 1/1, 3/3, 4/4 = 50). A cauda tem pelos apenas na região proximal, é escamosa na extremidade e é preênsil, ou seja, tem a capacidade de enrolar-se a um suporte, como um ramo de árvore. As patas são curtas e têm cinco dedos em cada mão, com garras; o hálux (primeiro dedo das patas traseiras) é parcialmente oponível e, em vez de garra, possui uma unha. Ao contrário da maioria dos marsupiais, sua cauda é menor que seu corpo. Assim como em outros marsupiais (como o canguru), as fêmeas dos gambás possuem marsúpio e vagina bifurcada, mas nenhum dos canais é utilizado para o parto ou para a excreção de urina.[4]

Reprodução

Gambá fêmea, com a bolsa marsupial cheia de filhotes

Os gambás podem reproduzir-se três vezes durante o ano, dando dez a vinte filhotes em cada gestação, que dura de doze a catorze dias. Como nos restantes marsupiais, ao invés de nascerem filhotes, nascem embriões com cerca de um centímetro de comprimento por um canal pseudovaginal desenvolvido no momento do parto entre ambos os canais normais, que se dirigem para o marsúpio, onde ocorre uma soldadura temporária da boca do embrião com a extremidade do mamilo. Os filhotes permanecem no marsúpio entre 75 e 80 dias após o nascimento,[4] e quando crescem não são ainda capazes de viver sozinhos, sendo transportados pela mãe em seu dorso. Em cativeiro, o período de vida é de dois a quatro anos.

Comportamento

São animais solitários, exceto durante a época reprodutiva. Apresentam hábitos noturnos e crepusculares,[5] se abrigam em cavidades entre rochas ou dentro de troncos ocos, sob a cobertura de arbustos ou plantas mortas e até dentro em tocas, muitas vezes cavadas por eles mesmos.

São marsupiais nômades que apenas permanecem em um mesmo lugar durante períodos variáveis de tempo em função da espécie e distribuição geográfica, mostrando sinais de comportamento territorial e agressivo, defendendo-se violentamente de outros congêneres.

Apenas as fêmeas, ocasionalmente, tendem a viver em pequenos grupos, enquanto os machos, por sua vez, costumam brigar quando se encontram.

Apesar da agressividade e aparência feroz que caracteriza as espécies deste gênero, quando se sentem ameaçados, às vezes fingem estar mortos (tanatose) até que o predador desista.[6] Deitados lateralmente em um estado catatônico, com os músculos completamente flácidos, somente um eletroencefalograma pode mostrar o estado de alerta extremo em que eles se encontram.[7]

Por serem animais muito oportunistas e onívoros,[8] eles também se adaptaram à vida em ambientes urbanos, embora não sejam vistos com frequência devido ao seu comportamento noturno e evasivo. As maiores ameaças a esses animais, além da destruição de habitat, são atropelamentos nas estradas, ataques de animais domésticos como cães e também conflitos com humanos.[9] Algumas comunidades locais em certas regiões também os caçam para se alimentar.

Espécies

Filogenia

Cladograma de Didelphis extantes[10][11]

D. virginiana

D. aurita

D. marsupialis

D. albiventris

D. imperfecta

D. pernigra

Distribuição geográfica

Gambá (Didelphis virginiana), com pelagem de inverno

Os gambás podem ser encontrados em várias regiões das Américas, desde o Canadá até a Argentina. No território brasileiro, há, pelo menos, quatro espécies:

As outras duas espécies que não são encontradas no território brasileiro são:

Referências

  1. a b FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.832
  2. Planeta dos gambás: animais se espalham em vários bairros do Rio
  3. NAVARRO, E. A. Dicionário de Tupi Antigoː a Língua Indígena Clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 439.
  4. a b Krause, William J.; Krause, Winifred A. (2006). The Opossum: Its Amazing Story. [S.l.: s.n.] p. 43 
  5. Nelio R. dos Reis et al. (2006). Mamíferos do Brasil. Londrina: [s.n.] pp. 35–38 
  6. a b c Gardner, A. (2007). Mammals of South America. [S.l.]: The University of Chicago Press. ISBN 978-0-226-28240-4 
  7. Barratt, E. S. (1965). EEG correlates of tonic immobility in the opossum (Didelphis virginiana). Electroencephalography and clinical neurophysiology, 18(7), 709-711.
  8. Cerboncini, R. A. S., Passamani, M., & Braga, T. V. (2011). «Use of space by the black-eared opossum Didelphis aurita in a rural area in southeastern Brazil». Mammalia. 75 (3): 287-290 
  9. a b «Didelphis albiventris, Lund 1840». Museu Cerrado. Consultado em 22 de outubro de 2020 
  10. Upham, Nathan S.; Esselstyn, Jacob A.; Jetz, Walter (2019). «Inferring the mammal tree: Species-level sets of phylogenies for questions in ecology, evolution and conservation». PLOS Biol. 17 (12): e3000494. PMC 6892540Acessível livremente. PMID 31800571. doi:10.1371/journal.pbio.3000494 
  11. Amador, Lucila I.; Giannini, Norberto P. (2016). «Phylogeny and evolution of body mass in didelphid marsupials (Marsupialia: Didelphimorphia: Didelphidae)». Organisms Diversity & Evolution. 16 (3). doi:10.1007/s13127-015-0259-x 
  12. Nascimento, D. C., Campos, B. A. T. P., Fraga, E. C., & Barros, M. C. (2019). «Variabilidade genética de populações de gambá de orelha branca, Didelphis albiventris Lund 1840 (Didelphimorphia; Didelphidae) no Brasil». Brazilian Journal of Biology. 79 (4): 594-602. ISSN 1678-4375. doi:10.1590/1519-6984.184842 
  13. «Gambá Didelphis albiventris». ufrgs.br. Consultado em 22 de outubro de 2020 
  14. Emmons, L.H.; Feer, F. (1997). Neotropical rainforest mammals: a field guide. [S.l.]: University of Chicago Press 
  15. Leila Siciliano Martina (2014). «Didelphis marsupialis | southern opossum». animaldiversity.org. Consultado em 22 de outubro de 2020 
  16. Cherem, J. J., Graipel, M. E., Menezes, M. E., & Soldateli, M. (1996). «Observações sobre a biologia do gambá (Didelphis marsupialis) na Ilha de Ratones Grande, Estado de Santa Catarina, Brasil». Biotemas. 9 (2): 47-56 
  17. Chébez, J.C. (2009). Otros que se van. Fauna argentina amenazada (em espanhol). Buenos Aires, Argentina: Albatros 

Bibliografia

  • GARDNER, A. L. (2005). Order Didelphimorphia. In: WILSON, D. E.; REEDER, D. M. (Eds.) Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference. 3ª edição. Baltimore: Johns Hopkins University Press. p. 3-18.

Ligações externas

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