Endométrio: diferenças entre revisões

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O endométrio é uma camada que é responsável por revestir a [[Útero|parede uterina]]. A cada [[ciclo menstrual]], um novo tecido endometrial é formado, isso é feito através de interações e respostas às ações hormonais. Se não houver concepção ([[fecundação]]) esse tecido é eliminado junto com a [[menstruação]]. O útero tem a função de receber e nutrir o [[feto]] durante toda a [[gravidez]]. Nos estágios iniciais da gestação, o endométrio tem papel indispensável nesse processo, a começar pela implantação embrionária, ou seja, para que o embrião consiga se fixar na parede uterina, é preciso que o tecido endometrial esteja preparado. O endométrio é formado por [[Vaso sanguíneo|vasos sanguíneos]] e [[Glândula|glândulas]] que são estimuladas pelos hormônios ovarianos, o [[estrogênio]] e a [[Progesterona|progesterona.]] Ao longo do ciclo feminino, sua espessura e vascularização passam por alterações.<ref>{{Citar web|ultimo=Oncoguia|primeiro=Instituto|url=http://www.oncoguia.org.br/conteudo/o-endometrio/736/130/|titulo=O endométrio|acessodata=2022-07-24|website=Instituto Oncoguia|lingua=pt-BR}}</ref>
O '''endométrio''' é a [[membrana]] [[muco]]sa que reveste a parede [[útero|uterina]],<Ref> endométrio in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2019. [consult. 2019-03-30 06:14:22]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/endométrio </ref> formado por epitélio cilíndrico simples, estromas e vasos. É estimulado pelos [[hormônios]] ovarianos: [[estrogênio]] (produzido pelos folículos) e [[progesterona]] (produzida pelo [[corpo lúteo]] ou amarelo), tem um aumento na sua espessura devido à grande concentração de progesterona (ocorrendo ao contrário no período menstrual, quando a progesterona decresce), sendo descamado e expelido através da menstruação.


== Epitélio Endometrial ==
É o endométrio que permite o alojamento do [[embrião]] na parede do útero ([[nidação]]). É ele também que, durante os primeiros meses de [[gravidez]], permite a formação da [[placenta]], que vai proporcionar, ao longo de toda a gestação, nutrientes, oxigênio, [[anticorpo]]s, e outros elementos, bem como eliminar todos os produtos tóxicos resultantes do [[metabolismo]], essencial à sobrevivência, saúde e desenvolvimento do novo ser. Ele é parte do organismo genital da mulher.
O epitélio endometrial (EE) é uma monocamada de células cuboidais ( em forma de cubos) que cobre o interior do útero. Como barreira mucosa do trato reprodutivo, a EE deve fornecer proteção contínua contra [[Agente patogénico|patógenos]] que tenham acesso à cavidade uterina, ao mesmo tempo em que permite a implantação embrionária, um evento único e crucial para a continuação da espécie em [[mamíferos]]. A adesão inicial do embrião à [[membrana plasmática]] das células do EE é o pré-requisito para implantação e desenvolvimento [[Placenta|placentário]]. EE é uma população celular especializada em células hormonais regulamentadas que deve sofrer alterações morfológicas e bioquímicas cíclicas para manter um ambiente adequado para o desenvolvimento embrionário pré-implantação. Atuando como modulador, traduz e controla o impacto do embrião no compartimento [[Estroma|estromal]] e vascular, e converte hormonal em sinais embrionários.<ref name=":0">{{Citar periódico |url=https://www.taylorfrancis.com/chapters/mono/10.3109/9780203219034-21/endometrial-epithelium-stanley-glasser-john-aplin-linda-giudice-siamak-tabibzadeh?context=ubx&refId=20a55a67-1d98-47a5-aa5d-9a763dfa37d8 |titulo=The Endometrial Epithelium |acessodata=2022-07-18 |editor-sobrenome=Glasser |editor-nome=Stanley R. |doi=10.3109/9780203219034-21/endometrial-epithelium-stanley-glasser-john-aplin-linda-giudice-siamak-tabibzadeh |editor-sobrenome2=Aplin |editor-nome2=John D. |editor-sobrenome3=Giudice |editor-nome3=Linda C. |editor-sobrenome4=Tabibzadeh |editor-nome4=Siamak}}</ref>


== Angiogênese endometrial ==
===Patologia===
O endométrio apresenta rápido crescimento cíclico e derramamento ao longo da vida reprodutiva da [[fêmea]], proporcionando assim um excelente modelo para o estudo da [[angiogênese]] fisiológica normal. O interesse atual pela angiogênese segue a recente descoberta de uma série de promotores e inibidores de angiogênese altamente específicos, e alguns de seus receptores. A capacidade de manipular o processo angiogênico é de relevância imediata para uma ampla gama de aplicações clínicas. Talvez o mais alto perfil destes seja a inibição do crescimento sólido do [[tumor]] e [[Metástase|metástases]]. Além disso, a capacidade de manipular o crescimento dos vasos sanguíneos é relevante para condições ginecológicas como [[endometriose]], [[menorragia]] e [[Câncer ovariano|câncer de ovário]], e inúmeras outras situações clínicas, como cicatrização de feridas e [[isquemia]], e uma ampla gama de patologias como [[psoríase]], [[artrite reumatoide]] e [[retinopatia diabética]].<ref name=":0" />
A '''Adenomiose''' caracteriza-se pela presença de células endometriais em permeio ao miométrio uterino
( endometrite )


== Regulação de estrogênio e progesterona ==
A '''Doença Inflamatória Pélvica''' é o crescimento da camada basal do endométrio para dentro do [[miométrio]]. A parede uterina geralmente torna-se espessada devido à presença de tecido endometrial e hipertrofia reactiva do endométrio. Pode ocorrer formação de pigmentos de hemossiderina durante o período menstrual (raro).
A regulação de estrogênio e progesterona da [[Mitose|proliferação celular]] no endométrio em mamíferos e humanos, ocorre atuando no útero que sofre ondas de proliferação celular, diferenciação e remodelação em preparação para receber um [[Blástula|blastocisto]]. Esses processos estão sob a regulação geral de hormônios esteroides sexuais ovarianos que atuam através de seus receptores de f[[Transcrição (genética)|ator de transcrição]]. Nas espécies mais estudadas, [[Rato|ratos]] e [[Camundongo|camundongos]], os animais adultos têm um ciclo estral que está sem uma verdadeira [[Menstruação|fase lútea]] e é, portanto, dominado pelo [[Estradiol|estradiol-17β (E2)]]. Apenas quantidades muito pequenas de [[Progesterona|progesterona (P4)]] são sintetizadas antes da ovulação e grande parte do que é sintetizado é amplamente convertido para [[Progesterona|20α-hidroxiprogesterona]], um metabólito inativo. No entanto, o pequeno aumento nos níveis de P4 circulante é necessário para aumentar o feedback positivo do E2 no hipotálamo para causar o hormônio luteinizador ([[Hormônio luteinizante|LH]]) que induz a [[Ovocitação|ovulação]], sincronizando a [[fertilização]] com a preparação uterina para implantação que, no camundongo, ocorre por volta de 4 ou 5 dias depois. Se ocorrer a [[cópula]], o corpo lúteo é mantido e a síntese P4 continua, causando diferenciação do útero e uma mudança de sensibilidade à proliferação celular. A E2 estimula o epitélio para o estrônoma em preparação para implantação de blastocisto. Em comparação com espécies com ciclos estrais, [[primatas]] possuem uma fase luteal que segue a ovulação, p4 continua a ser sintetizado, e as células estrômicas começam a dividir. Se a gravidez não ocorrer, a [[Gonadotrofina coriônica humana|gonadotropina coriônica]] não está disponível para manter a síntese de P4, e a uterina o revestimento é cortado durante a menstruação seguido de proliferação celular para repor a camada funcional perdida.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.taylorfrancis.com/chapters/edit/10.3109/9780203091500-13/estrogen-progesterone-regulation-cell-proliferation-endometrium-muridae-humans-wei-tong-andrea-niklaus-liyin-zhu-haiyan-pan-bo-chen-mira-aubuchon-nanette-santoro-jeffrey-pollard?context=ubx&refId=fe4021f5-62a3-4173-a7e9-6b114e0e5e1c |titulo=Estrogen and progesterone regulation of cell proliferation in the endometrium of muridae and humans |acessodata=2022-07-18 |ultimo=Tong |primeiro=Wei |ultimo2=Niklaus |primeiro2=Andrea |doi=10.3109/9780203091500-13/estrogen-progesterone-regulation-cell-proliferation-endometrium-muridae-humans-wei-tong-andrea-niklaus-liyin-zhu-haiyan-pan-bo-chen-mira-aubuchon-nanette-santoro-jeffrey-pollard |ultimo3=Zhu |primeiro3=Liyin |ultimo4=Pan |primeiro4=Haiyan |ultimo5=Chen |primeiro5=Bo |ultimo6=Aubuchon |primeiro6=Mira |ultimo7=Santoro |primeiro7=Nanette |ultimo8=Pollard |primeiro8=Jeffrey W.}}</ref>


== Principais patologias ==
'''Pólipos'''
*Pólipo endometrial – pólipos com glândulas e estroma abundante resultante da hiperplasia do endométrio. Estroma: monoclonal e glândulas: policlonal. Existem três formas – '''adenossarcoma''' (adeno – compontente epitelial benigno; sarcoma – componente mesenquimatoso maligno); '''tumor do estroma endometrial''' – (nódulo estromal ou sarcoma estromal); '''tumor mulleriano misto''' (ambos os componentes malignos).
'''Adenocarcinoma de endométrio''':
*Adenocarcinoma endometrioide: Adenocarcinoma tipo I do endométrio (80 a 85% dos carcinomas do endométrio). Ocorre mais frequentemente em mulheres pré-menopausicas devido à hiperplasia do endométrio derivado do '''hiperestrogenismo'''.


=== Endometriose ===
:Pode apresentar relação com a [[síndrome de Lynch]] (diploidia – MSI).
A endometriose é uma desordem sistêmica que é caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio em locais ectópicos fora do útero, principalmente no [[Peritónio|peritônio pélvico]] e ovários. A endometriose afeta quase 1 em cada 7 mulheres em idade reprodutiva e muitas vezes resulta em uma vasta gama de problemas ginecológicos, incluindo [[Dispareunia|dispareunia,]] [[dismenorreia]], [[dor pélvica]] e [[infertilidade]]. Nos [[Estados Unidos|EUA]], a endometriose é o terceiro transtorno ginecológico mais comum que requer [[internação]], e uma das principais causas de [[histerectomia]].<ref>{{Citar periódico |url=https://www.taylorfrancis.com/chapters/edit/10.3109/9780203091500-52/endometriosis-erkut-attar-serdar-bulun?context=ubx&refId=775d9b24-2cbd-45fb-9b1e-6597746e9f77 |titulo=Endometriosis |acessodata=2022-07-18 |ultimo=Attar |primeiro=Erkut |ultimo2=Bulun |primeiro2=Serdar |doi=10.3109/9780203091500-52/endometriosis-erkut-attar-serdar-bulun}}</ref>
:Mutação do gene supressor tumoral [[PTEN]] (tirosina fosfatase) é frequente.
:Normalmente detectados em estádio I ou II – melhor prognostico.
:Factores de risco: [[nuliparidade]], [[obesidade]], [[menarca]] precoce, [[menopausa]] tardia, [[diabetes mellitus]], terapia hormonal de substituição, [[tamoxifeno]], [[contraceptivos orais]] antigos, tumor das células da granulosa.


A endometriose é caracterizada pela presença de tecido endometrial, localizado fora da cavidade uterina, como superfície peritoneal, ovários e septo retovaginal. A prevalência gira em torno de 6 a 10%. Em relação à etiopatogenia, a teoria da menstruação retrógrada é aceita, porém alterações na biologia molecular do endométrio parecem ser fundamentais para o desenvolvimento dos focos [[Ectopia cervical|ectópicos]] de endometriose. Mulheres com endometriose podem ser assintomáticas ou apresentar queixas de [[dismenorreia]], [[dispareunia]], [[dor pélvica crônica]] e/ou [[infertilidade]]. Embora o diagnóstico definitivo da endometriose necessite de uma intervenção [[Cirurgia|cirúrgica]], preferencialmente por [[videolaparoscopia]], diversos achados nos exames físico, de imagem e laboratoriais já podem predizer, com alto grau de confiabilidade, que a paciente apresenta endometriose. Os tratamentos mais difundidos atualmente são a cirurgia, a terapia de supressão ovariana ou a associação de ambas. Tratamentos [[Farmacologia|farmacológicos]] que não inibem a função ovariana estão em investigação.<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/j/rbgo/a/8CN65yYx6sNVhjTbNQMrB5K/?lang=pt |titulo=Aspectos atuais do diagnóstico e tratamento da endometriose |data=2010-06 |acessodata=2022-07-24 |jornal=Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia |ultimo=Nácul |primeiro=Andrea Prestes |ultimo2=Spritzer |primeiro2=Poli Mara |paginas=298–307 |lingua=pt |doi=10.1590/S0100-72032010000600008 |issn=0100-7203}}</ref>
*Adenocarcinoma seroso: Aenocarcinoma tipo II do endométrio (10 a 15% dos tumores do endométrio). Ocorre mais frequentemente em mulheres pós-menopausicas como consequência da atrofia.
:Mutações do [[p53]] em 20% dos casos (aneuploidia).
:Muito agressivos e semelhantes ao cistoadenocarcinoma seroso do [[ovário]].
:Lesão precursora é '''carcinoma intra-epitelial endrometrioide'''.
:Detectados em grau III (pouco diferenciado) – estadiamento III ou IV - mau prognóstico.


=== Endometrite ===
'''Carcinoma de células claras''':
A endometrite crônica (EC) é uma doença que, apesar de ainda pouco investigada, tem sido associada a resultados reprodutivos desfavoráveis. Estudos têm mostrado que a EC pode prejudicar a receptividade endometrial, levando a falhas de implantação e perdas gestacionais recorrentes.<ref>{{Citar periódico |url=http://fi-admin.bvsalud.org/document/view/m4vas |titulo=Endometrite crônica e infertilidade |data=2021 |acessodata=2022-07-24 |jornal=Femina |ultimo=Grando |primeiro=Leisa Beatriz |paginas=109–114 |lingua=pt}}</ref>
[[Adenocarcinoma]] caracterizado pela presença de várias combinações de células tumorais claras e em forma de prego. Há três padrões predominantes descritos como túbulo cístico, sólido e papilar. Esses tumores, normalmente localizados nos órgãos reprodutivos femininos, têm sido vistos mais frequentemente em mulheres jovens desde 1970 como o resultado da associação da exposição intrauterina a [[dietilbestrol]]. Lesão precursora é '''carcinoma intra-epitelial endrometrioide''' (tal como no adenocarcinoma seroso do endométrio).


* doenças sexualmente transmissíveis ([[Infeção sexualmente transmissível|DST]]<nowiki/>s) — [[clamídia]], [[gonorreia]], entre outras;
==Veja também==
* [[Aborto|abortos]], [[curetagem]], partos e [[Cesariana|cesarianas]];
*[[Ciclo menstrual]]
* intervenções médicas com manipulação do útero, como [[histeroscopia]], colocação de dispositivo intrauterino ([[Dispositivo intrauterino|DIU]]) etc.;
* [[Diabetes mellitus|diabetes]], [[obesidade]], doenças circulatórias e outras condições clínicas.


=== Adenomiose ===
{{referências}}
A adenomiose é condição uterina [[Benignidade|benigna]], caracterizada pela proliferação [[Miométrio|miometrial]] de tecido endometrial glandular e estromal, associada a [[hiperplasia]] e [[hipertrofia]] do miométrio adjacente, podendo resultar em aumento do volume uterino. Os sinais e sintomas mais frequentes da adenomiose confundem-se com os de outras afecções ginecológicas comuns, o que dificulta a elaboração do diagnóstico diferencial. De fato, embora a adenomiose tenha sido descrita há mais de um século, acredita-se que o diagnóstico clínico ocorra em menos de um terço dos casos. [[Menstruação|Fluxos menstruais]] de volume e/ou duração aumentados são relatadas por 50% a 75% das portadoras de adenomiose, contudo, está presente em aproximadamente 10% dos relatos . Os sangramentos menstruais volumosos parecem estar positivamente relacionados à profundidade e ao número de focos adenomióticos distribuídos no miométrio, informação que pode ser importante para definição terapêutica, por ser a doença mais profunda supostamente menos responsiva a tratamentos conservadores. A dismenorreia também pode estar associada à profundidade e à densidade dos focos adenomióticos no miométrio.<ref>{{citar periódico |url=https://www.researchgate.net/ |titulo=Adenomiose |acessodata=24-07-2022 |publicado=Manual de Ginecologia da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Brasíli |ultimo=Miura Nakagava |primeiro=Hitomi |ultimo2=Carvalho |primeiro2=Bruno |isbn=9788593940002}}</ref>

=== Pólipos endometriais ===
Os [[Pólipo (medicina)|pólipos]] endometriais são lesões benignas, com baixo potencial de [[malignidade]]. No período reprodutivo seu diagnóstico é obtido nas pacientes sintomáticas, com sangramento uterino anormal ou infertilidade. Na [[Menopausa|pós-menopausa]] em sua maioria são assintomáticos, podendo estar associados a sangramento anormal em torno de um terço dos casos. São mais frequentes na pós-menopausa e os fatores de risco para [[Cancro do endométrio|câncer de endométrio]] não têm sido associados da mesma maneira, como de risco para pólipos endometriais, embora sejam [[hormônio]]-dependentes, como nas pacientes usuárias do [[tamoxifeno]], por exemplo. Seu diagnóstico definitivo é realizado pelo exame [[Histologia|histológico]] com amostra obtida de maneira mais eficiente por [[biópsia]] dirigida por meio da [[histeroscopia]], assim como seu tratamento mais efetivo é a ressecção histeroscópica. Pólipos podem apresentar recorrência após tratamento. A [[Polipectomia endoscópica|polipectomia]] é altamente satisfatória na pós-menopausa, tem menor taxa de sucesso em mulheres sintomáticas no período reprodutivo e melhora as taxas de fertilidade em mulheres inférteis.<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/j/rbgo/a/FJS9ZPcJbTpPGBGq7r7YPbc/?lang=pt |titulo=Pólipos endometriais |data=2005-05 |acessodata=2022-07-24 |jornal=Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia |ultimo=Nogueira |primeiro=Antonio Alberto |paginas=289–292 |lingua=pt |doi=10.1590/S0100-72032005000500010 |issn=0100-7203}}</ref>

=== Risco de câncer endometrial em mulheres geriátricas ===
A incidência de distúrbios endometrial pré-malignos e malignos aumenta durante o período pós-[[menopausa]]. O diagnóstico precoce de cânceres endometrial com comportamento agressivo que aumenta durante o período [[Geriatria|geriátrico]] pode permitir opções de tratamento mais simples e também diminuir o risco de morbidade associado ao tratamento. Embora o sangramento vaginal seja o sintoma mais comum, os pacientes podem apresentar sintomas diferentes, como [[Leucorreia|leucorrea]], sangramento pós-sexo, manchas, dor pélvica, ou ter um curso assintomático. A [[ultrassonografia]] transvaginal (TvUSG) é um método não invasivo aceitável com aplicabilidade clínica para avaliação endometrial, e mostra boa correlação com os resultados patológicos. No entanto, o valor de corte em relação à espessura endometrial na literatura ainda é controverso. A [[biópsia]] endometrial é o método padrão-ouro para distinguir o endométrio normal do endométrio patológico. Biópsia endometrial, dilatação e [[curetagem]], e [[histeroscopia]] são os métodos de amostragem endometrial mais comuns. <ref>{{Citar periódico |url=https://www.termedia.pl/doi/10.5114/pm.2018.74898 |titulo=Endometrial histopathology results and evaluation of endometrial cancer risk in geriatric women |data=2018 |acessodata=2022-07-18 |jornal=Menopausal Review |número=1 |ultimo=Günakan |primeiro=Emre |ultimo2=Atak |primeiro2=Zeliha |paginas=18–21 |doi=10.5114/pm.2018.74898 |issn=1643-8876 |pmc=5925196 |pmid=29725280 |ultimo3=Albayrak |primeiro3=Mustafa |ultimo4=Kurban |primeiro4=Yüksel |ultimo5=Şimşek |primeiro5=Gülçin G.}}</ref>

== Veja também ==
*[[Ciclo menstrual]]


== Referências ==
<references />
{{esboço-biologia}}
{{esboço-biologia}}
{{Aparelho reprodutor feminino}}
{{Aparelho reprodutor feminino}}

Revisão das 21h22min de 24 de julho de 2022

O endométrio é uma camada que é responsável por revestir a parede uterina. A cada ciclo menstrual, um novo tecido endometrial é formado, isso é feito através de interações e respostas às ações hormonais. Se não houver concepção (fecundação) esse tecido é eliminado junto com a menstruação. O útero tem a função de receber e nutrir o feto durante toda a gravidez. Nos estágios iniciais da gestação, o endométrio tem papel indispensável nesse processo, a começar pela implantação embrionária, ou seja, para que o embrião consiga se fixar na parede uterina, é preciso que o tecido endometrial esteja preparado. O endométrio é formado por vasos sanguíneos e glândulas que são estimuladas pelos hormônios ovarianos, o estrogênio e a progesterona. Ao longo do ciclo feminino, sua espessura e vascularização passam por alterações.[1]

Epitélio Endometrial

O epitélio endometrial (EE) é uma monocamada de células cuboidais ( em forma de cubos) que cobre o interior do útero. Como barreira mucosa do trato reprodutivo, a EE deve fornecer proteção contínua contra patógenos que tenham acesso à cavidade uterina, ao mesmo tempo em que permite a implantação embrionária, um evento único e crucial para a continuação da espécie em mamíferos. A adesão inicial do embrião à membrana plasmática das células do EE é o pré-requisito para implantação e desenvolvimento placentário. EE é uma população celular especializada em células hormonais regulamentadas que deve sofrer alterações morfológicas e bioquímicas cíclicas para manter um ambiente adequado para o desenvolvimento embrionário pré-implantação. Atuando como modulador, traduz e controla o impacto do embrião no compartimento estromal e vascular, e converte hormonal em sinais embrionários.[2]

Angiogênese endometrial

O endométrio apresenta rápido crescimento cíclico e derramamento ao longo da vida reprodutiva da fêmea, proporcionando assim um excelente modelo para o estudo da angiogênese fisiológica normal. O interesse atual pela angiogênese segue a recente descoberta de uma série de promotores e inibidores de angiogênese altamente específicos, e alguns de seus receptores. A capacidade de manipular o processo angiogênico é de relevância imediata para uma ampla gama de aplicações clínicas. Talvez o mais alto perfil destes seja a inibição do crescimento sólido do tumor e metástases. Além disso, a capacidade de manipular o crescimento dos vasos sanguíneos é relevante para condições ginecológicas como endometriose, menorragia e câncer de ovário, e inúmeras outras situações clínicas, como cicatrização de feridas e isquemia, e uma ampla gama de patologias como psoríase, artrite reumatoide e retinopatia diabética.[2]

Regulação de estrogênio e progesterona

A regulação de estrogênio e progesterona da proliferação celular no endométrio em mamíferos e humanos, ocorre atuando no útero que sofre ondas de proliferação celular, diferenciação e remodelação em preparação para receber um blastocisto. Esses processos estão sob a regulação geral de hormônios esteroides sexuais ovarianos que atuam através de seus receptores de fator de transcrição. Nas espécies mais estudadas, ratos e camundongos, os animais adultos têm um ciclo estral que está sem uma verdadeira fase lútea e é, portanto, dominado pelo estradiol-17β (E2). Apenas quantidades muito pequenas de progesterona (P4) são sintetizadas antes da ovulação e grande parte do que é sintetizado é amplamente convertido para 20α-hidroxiprogesterona, um metabólito inativo. No entanto, o pequeno aumento nos níveis de P4 circulante é necessário para aumentar o feedback positivo do E2 no hipotálamo para causar o hormônio luteinizador (LH) que induz a ovulação, sincronizando a fertilização com a preparação uterina para implantação que, no camundongo, ocorre por volta de 4 ou 5 dias depois. Se ocorrer a cópula, o corpo lúteo é mantido e a síntese P4 continua, causando diferenciação do útero e uma mudança de sensibilidade à proliferação celular. A E2 estimula o epitélio para o estrônoma em preparação para implantação de blastocisto. Em comparação com espécies com ciclos estrais, primatas possuem uma fase luteal que segue a ovulação, p4 continua a ser sintetizado, e as células estrômicas começam a dividir. Se a gravidez não ocorrer, a gonadotropina coriônica não está disponível para manter a síntese de P4, e a uterina o revestimento é cortado durante a menstruação seguido de proliferação celular para repor a camada funcional perdida.[3]

Principais patologias

Endometriose

A endometriose é uma desordem sistêmica que é caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio em locais ectópicos fora do útero, principalmente no peritônio pélvico e ovários. A endometriose afeta quase 1 em cada 7 mulheres em idade reprodutiva e muitas vezes resulta em uma vasta gama de problemas ginecológicos, incluindo dispareunia, dismenorreia, dor pélvica e infertilidade. Nos EUA, a endometriose é o terceiro transtorno ginecológico mais comum que requer internação, e uma das principais causas de histerectomia.[4]

A endometriose é caracterizada pela presença de tecido endometrial, localizado fora da cavidade uterina, como superfície peritoneal, ovários e septo retovaginal. A prevalência gira em torno de 6 a 10%. Em relação à etiopatogenia, a teoria da menstruação retrógrada é aceita, porém alterações na biologia molecular do endométrio parecem ser fundamentais para o desenvolvimento dos focos ectópicos de endometriose. Mulheres com endometriose podem ser assintomáticas ou apresentar queixas de dismenorreia, dispareunia, dor pélvica crônica e/ou infertilidade. Embora o diagnóstico definitivo da endometriose necessite de uma intervenção cirúrgica, preferencialmente por videolaparoscopia, diversos achados nos exames físico, de imagem e laboratoriais já podem predizer, com alto grau de confiabilidade, que a paciente apresenta endometriose. Os tratamentos mais difundidos atualmente são a cirurgia, a terapia de supressão ovariana ou a associação de ambas. Tratamentos farmacológicos que não inibem a função ovariana estão em investigação.[5]

Endometrite

A endometrite crônica (EC) é uma doença que, apesar de ainda pouco investigada, tem sido associada a resultados reprodutivos desfavoráveis. Estudos têm mostrado que a EC pode prejudicar a receptividade endometrial, levando a falhas de implantação e perdas gestacionais recorrentes.[6]

Adenomiose

A adenomiose é condição uterina benigna, caracterizada pela proliferação miometrial de tecido endometrial glandular e estromal, associada a hiperplasia e hipertrofia do miométrio adjacente, podendo resultar em aumento do volume uterino. Os sinais e sintomas mais frequentes da adenomiose confundem-se com os de outras afecções ginecológicas comuns, o que dificulta a elaboração do diagnóstico diferencial. De fato, embora a adenomiose tenha sido descrita há mais de um século, acredita-se que o diagnóstico clínico ocorra em menos de um terço dos casos. Fluxos menstruais de volume e/ou duração aumentados são relatadas por 50% a 75% das portadoras de adenomiose, contudo, está presente em aproximadamente 10% dos relatos . Os sangramentos menstruais volumosos parecem estar positivamente relacionados à profundidade e ao número de focos adenomióticos distribuídos no miométrio, informação que pode ser importante para definição terapêutica, por ser a doença mais profunda supostamente menos responsiva a tratamentos conservadores. A dismenorreia também pode estar associada à profundidade e à densidade dos focos adenomióticos no miométrio.[7]

Pólipos endometriais

Os pólipos endometriais são lesões benignas, com baixo potencial de malignidade. No período reprodutivo seu diagnóstico é obtido nas pacientes sintomáticas, com sangramento uterino anormal ou infertilidade. Na pós-menopausa em sua maioria são assintomáticos, podendo estar associados a sangramento anormal em torno de um terço dos casos. São mais frequentes na pós-menopausa e os fatores de risco para câncer de endométrio não têm sido associados da mesma maneira, como de risco para pólipos endometriais, embora sejam hormônio-dependentes, como nas pacientes usuárias do tamoxifeno, por exemplo. Seu diagnóstico definitivo é realizado pelo exame histológico com amostra obtida de maneira mais eficiente por biópsia dirigida por meio da histeroscopia, assim como seu tratamento mais efetivo é a ressecção histeroscópica. Pólipos podem apresentar recorrência após tratamento. A polipectomia é altamente satisfatória na pós-menopausa, tem menor taxa de sucesso em mulheres sintomáticas no período reprodutivo e melhora as taxas de fertilidade em mulheres inférteis.[8]

Risco de câncer endometrial em mulheres geriátricas

A incidência de distúrbios endometrial pré-malignos e malignos aumenta durante o período pós-menopausa. O diagnóstico precoce de cânceres endometrial com comportamento agressivo que aumenta durante o período geriátrico pode permitir opções de tratamento mais simples e também diminuir o risco de morbidade associado ao tratamento. Embora o sangramento vaginal seja o sintoma mais comum, os pacientes podem apresentar sintomas diferentes, como leucorrea, sangramento pós-sexo, manchas, dor pélvica, ou ter um curso assintomático. A ultrassonografia transvaginal (TvUSG) é um método não invasivo aceitável com aplicabilidade clínica para avaliação endometrial, e mostra boa correlação com os resultados patológicos. No entanto, o valor de corte em relação à espessura endometrial na literatura ainda é controverso. A biópsia endometrial é o método padrão-ouro para distinguir o endométrio normal do endométrio patológico. Biópsia endometrial, dilatação e curetagem, e histeroscopia são os métodos de amostragem endometrial mais comuns. [9]

Veja também

Referências

  1. Oncoguia, Instituto. «O endométrio». Instituto Oncoguia. Consultado em 24 de julho de 2022 
  2. a b Glasser, Stanley R.; Aplin, John D.; Giudice, Linda C.; Tabibzadeh, Siamak (eds.). «The Endometrial Epithelium». doi:10.3109/9780203219034-21/endometrial-epithelium-stanley-glasser-john-aplin-linda-giudice-siamak-tabibzadeh. Consultado em 18 de julho de 2022 
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