Macrodontia cervicornis: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Macrodontia cervicornis - 5442.jpg|thumb|centro|250px|[[Fotografia]] de ''M. cervicornis'' ([[fêmea]]); [[espécime]] da coleção do [[Museu de História Natural de Basileia]], [[Alemanha]].]]
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'''''Macrodontia cervicornis''''' (denominado [[Nomenclatura vernácula|popularmente]], em [[língua inglesa|inglês]]ː '''giant jawed sawyer'''<ref name="book" /> ou '''sabertooth longhorn beetle''')<ref name="biolib">{{citar web |url=https://www.biolib.cz/en/taxon/id55574/ |título=Sabertooth Longhorn Beetle - ''Macrodontia cervicornis'' (Linnaeus, 1758) |acessodata=19 de agosto de 2023 |publicado=Biolib.cz |páginas=1 |língua=inglês}}</ref> é um [[inseto]] da [[ordem (biologia)|ordem]] [[Coleoptera]] e da [[família (biologia)|família]] [[Cerambycidae]], [[subfamília]] [[Prioninae]]; um [[besouro]] cujo [[habitat]] são as [[Floresta tropical|florestas tropicais]] [[Humidade|úmidas]]<ref name="springer" /> da [[região neotropical]];<ref name="book">{{Citar livro |autor=BOUCHARD, Patrice |título=The Book of Beetles |subtítulo=A Lifesize Guide to Six Hundred of Nature's Gems |língua=inglês |edição= |local=[[Reino Unido|United Kingdom]] |editora=Ivy Press |ano=2014 |página=544 |total-páginas=656 |isbn=978-1-78240-049-3}}</ref> desde o [[norte]] da [[América do Sul]], na [[Colômbia]] e [[Guianas]], até a [[região sul do Brasil]] ([[Paraná]]),<ref name="iepa" /><ref name="springer" /> também incluindo o [[Equador]], o [[Peru]] e a [[Bolívia]].<ref name="springer">{{citar web |url=https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/168803/2-s2.0-84978173203.pdf?sequence=1&isAllowed=y |título=Assessing the distribution and conservation status of a long-horned beetle with species distribution models |língua=inglês |acessodata=19 de agosto de 2023 |autor=Silva, Daniel P. |autor2=Aguiar, Albert G.; Simião-Ferreira, Juliana |data=2016 |publicado=''Journal of Insect Conservation'', 20 - [[Springer Science+Business Media|Springer]] ([[Universidade Estadual Paulista|UNESP]]) |páginas=611-612}}</ref> A [[espécie]] fora [[Classificação científica|descrita]] em [[1758]], por [[Carolus Linnaeus]], com a [[Nomenclatura binomial|denominação]] ''Cerambyx cervicornis'', em sua [[obra]] ''[[Systema Naturae]]'' (com sua [[localidade-tipo]] descrita como [[América|America]]).<ref name="scielo">{{citar web |url=https://www.scielo.br/j/paz/a/Rzc565cywB7JrGTZXKTjvhf/ |título=Cerambycidae (Coleoptera) do estado do Maranhão, Brasil |acessodata=19 de agosto de 2023 |autor=Martins, Ubirajara R. |autor2=Galileo, Maria Helena M.; Limeira-de-Oliveira, Francisco |data=2009 |publicado=''[[Papéis Avulsos de Zoologia]]'' 49 (19) ([[Scientific Electronic Library Online|SciELO]]) |páginas=1 |língua=português}}</ref><ref>{{citar web |url=https://www.gbif.org/species/11071134/treatments |título=''Cerambyx cervicornis'' Linnaeus, 1758 |acessodata=19 de agosto de 2023 |publicado=[[Global Biodiversity Information Facility|GBIF]] |páginas=1 |língua=inglês}}</ref> Atingindo até 17 [[centímetro]]s de [[comprimento]],<ref name="springer" /> ''Macrodontia cervicornis'' é uma das maiores e mais [[Beleza|belas]] [[espécie]]s de besouros do mundo; apresentando [[dimorfismo sexual]] aparente, com [[macho]]s possuindo suas maníbulas mais desenvolvidas;<ref name="godinho" /><ref name="lima" /><ref>{{citar web |url=https://www.flickr.com/photos/danilogomesg/33635128510/ |título=''Macrodontia cervicornis'' (Female) |autor=Danilo G. |acessodata=19 de agosto de 2023 |data=13 de abril de 2017 |publicado=[[Flickr]] |páginas=1 |língua=inglês}}</ref> o que fez Linnaeus denominá-lo ''cervicornis''ː com [[chifre]]s como um [[cervo]].<ref>{{citar web |url=https://www.gbif.org/species/11071134/treatments |título=A Grammatical Dictionary of Botanical Latin |acessodata=19 de agosto de 2023 |publicado=[[Jardim Botânico de Missouri|Missouri Botanical Garden]] |páginas=1 |língua=inglês |citação=cervicornis,-e (adj.B): horned like a deer [i.e. with antlers], antlered; “cervicorn, branching like antlers; bearing antlers” (WIII); see antlered.}}</ref>


== Descrição ==
'''''Macrodontia cervicornis''''' é o maior e mais conhecido representante do gênero de besouros ''Macrodontia''. Costuma se referir a esta espécie como o segundo maior [[besouro|coleóptero]] do mundo, perdendo apenas para o ''[[Titanus giganteus]]''. A espécie pode chegar a medir o total de 17&nbsp;cm de comprimento, entretanto não ganha o título de maior besouro pelo fato de que estas medidas incluem também o comprimento das longas mandíbulas (para os especialistas, o tamanho das antenas ou das mandíbulas não devem constar nas medidas do comprimento do [[inseto]]).
Machos e fêmeas possuem um [[corpo]] achatado,<ref name="book" /> com uma mesma [[Cor|coloração]] que busca imitar as cores da [[madeira]] cortada e cuja textura, em seus [[élitro]]s, também assim busca se assemelhar,<ref name="godinho">{{Citar livro |autor=GODINHO JR., Celso L. |título=Besouros e Seu Mundo |subtítulo=Com 1400 ilustrações em cores desenhadas pelo autor |língua=português |edição=1ª |local=[[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], [[Brasil]] |editora=Technical Books |ano=2011 |página=213-215 |total-páginas=478 |isbn=978-85-61368-16-6}}</ref> com linhas irregulares sinuosas<ref name="iepa">{{Citar livro |autor=GAMA, José Madson de Freitas |coautor=SOUTO, Raimundo Nonato Picanço |título=Coleção Entomológica do IEPA, Cerambycidae (Coleoptera) |subtítulo=novos registros de ocorrências no Amapá. |url= |língua=português |edição=1ª |local=Rio de Janeiro, Brasil |editora=Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do [[Amapá]] (IEPA) |ano=2001 |página=22 |total-páginas=82 |isbn=85-87794-04-3}}</ref> que tornam a sua [[camuflagem]] quase invisível;<ref name="grund">{{Citar livro |autor=STANEK, V. J. |coautor= |título=Encyclopédie des Insectes |subtítulo=270 illustrations en couleurs |url= |língua=francês |formato= |edição=2ª |local=Praga |editora=Gründ |ano=1985 |página=247-248 |páginas=352 |isbn=2-7000-1319-0 }}</ref> de [[protórax]] estampado em [[Preto|negro]] e [[Marrom|castanho]],<ref name="book" /> dotado de nítidos espinhos pontiagudos, um em sua porção anterior e dois em sua porção posterior.<ref name="iepa" /> Suas mandíbulas encurvadas possuem "dentes" internos, principalmente as de maiores dimensões,<ref name="book" /> e suas [[Antena (biologia)|antenas]] não alcançam a metade dos élitros.<ref name="iepa" />


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O besouro possui uma série de desenhos irregulares sobre seus [[élitro]]s, muitas vezes lembrando desenhos tribais, algo que o faz possuir uma beleza única. Infelizmente também o faz uma vítima do risco de [[extinção]], devido ao fato de ser uma espécie muito cobiçada por colecionadores.
Imagem:The natural history of beetles (Plate 23) (6008010479).jpg|[[Ilustração]] de [[espécime]] [[macho]] de ''M. cervicornis''; retirada da [[obra]] ''The Natural History of Beetles'', de James Duncan ([[1852]]).
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Este besouro demonstra uma grande variabilidade em suas dimensões,<ref name="book" /> com [[espécime]]s de [[Região|regiões]] mais [[Aridez|áridas]] apresentando uma redução do seu tamanho.<ref name="godinho" />
==Distribuição==
Esta espécie é encontrada nas [[Floresta tropical|florestas tropicais]] da [[Colômbia]], [[Equador]], [[Peru]], [[Bolívia]], [[Guiana Francesa|Guianas]] e [[Brasil]]. Algumas outras espécies do mesmo gênero são encontradas em todo o mundo, desde a [[Guatemala]] até à [[Argentina]].


== Referências ==
== Biologia ==
As [[larva]]s de quase todas as espécies de Cerambycidae da subfamília Prioninae desenvolvem-se em troncos cortados ou já secos, por isso os seus representantes não têm tanta importância [[Economia|econômica]] para as [[Plantae|plantas]] [[Agricultura|cultivadas]]<ref name="lima">{{citar web |url=http://www.cerambycoidea.com/titles/lima1955.pdf |título=Família CERAMBYCIDAE, in ''Insetos do Brasil'' |acessodata=11 de agosto de 2023 |autor=LIMA, Costa |coautores= |data=1953 |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=Escola Nacional de Agronomia (cerambycoidea.com) |página=128 |páginas=84-85 |língua=inglês |língua2= |língua3= |lang= |citação= }}</ref> e, no caso desta espécie, desenvolvem-se dentro da [[Ritidoma|casca]] de [[árvore]]s de [[madeira]] macia, mortas ou moribundas, por até 10 [[ano]]s, enquanto os seus [[indivíduo]]s [[adulto]]s vivem apenas os [[Mês|meses]] necessários para se [[Reprodução|reproduzir]];<ref name="springer" /> podendo inclusive atacar [[Arecáceas|palmeiras]] como o [[coqueiro]] (''Cocos nucifera''), mas também outras de [[Género (biologia)|gêneros]] como ''[[Attalea]]'', ''[[Ceiba]]'' e ''[[Jessenia]]''.<ref name="book" />
* World Conservation Monitoring Centre (1996). Macrodontia cervicornis. 2006. IUCN Red List of Threatened Species. IUCN 2006. [http://www.iucnredlist.org www.iucnredlist.org]. Retrieved on 11 May 2006. Listed as Vulnerable (VU A1c v2.3)
{{Portal3|Biologia}}
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Imagem:Cocos nucifera - Köhler–s Medizinal-Pflanzen-187.jpg|[[Ilustração]] de um [[coqueiro]] (''Cocos nucifera''), uma das plantas-alimento das [[larva]]s de ''M. cervicornis''.<ref name="book" />
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== Uso humano ==
Nos primóridios da [[aviação]], no [[século XX]], ''Macrodontia cervicornis'' serviu de modelo para estudos sobre [[aerodinâmica]] por parte do [[Piloto (aviação)|aviador]] [[França|francês]] [[Louis Blériot]].<ref name="godinho" /><ref>TINOCO, Roberto Muylaert (julho 1975). Coleópteros: Monstros e Jóias de natureza. ''[[National Geographic (revista)|Revista Geográfica Universal]]''. Nº 10. p. 37. 124 páginas.</ref> Suas larvas são uma fonte de alimento para os [[povos ameríndios]] do [[Brasil]],<ref name="book" /> possuindo excelente [[Paladar|sabor]];<ref name="grund" /> o que, juntamente com o formato e dimensão dos adultos, que os tornam valiosos para o [[comércio]] de [[Souvenir|lembranças]] e [[colecionismo]], inclusive com [[Sítio eletrónico|sites]] estrangeiros vendendo tais insetos na [[internet]], fez com que a [[União Internacional para a Conservação da Natureza]] a colocasse, em [[2006]], na sua [[Lista Vermelha da IUCN|Lista Vermelha]] como [[espécie vulnerável]] (VU).<ref>{{citar web |url=https://www.iucnredlist.org/species/12591/3362999 |título=''Macrodontia cervicornis'' |acessodata=19 de agosto de 2023 |publicado=[[União Internacional para a Conservação da Natureza|IUCN]] |páginas=1 |língua=inglês}}</ref><ref>{{citar web |url=https://g1.globo.com/Amazonia/0,,MUL1099738-16052,00-SITES+ESTRANGEIROS+VENDEM+INSETOS+BRASILEIROS+NA+INTERNET.html |título=Sites estrangeiros vendem insetos brasileiros na internet |autor=Thenório, Iberê |acessodata=19 de agosto de 2023 |data=13 de abril de 2017 |publicado=[[g1]] |páginas=1 |língua=iportuguês |citação=Em um site de Taiwan, um dos insetos oferecidos é o besouro ''Macrodontia cervicornis'', que vive na Amazônia. O animal, que chega a medir 17 cm, está na lista internacional de animais ameaçados de extinção, elaborada pela União Mundial para a Natureza (IUCN).}}</ref>

{{Referências|col=2}}

== Ligações externas ==
*[https://www.flickr.com/photos/houmingfei/39210857625/ ''Macrodontia cervicornis''] ([[Flickr]])
*[https://www.flickr.com/photos/138327570@N03/23913813182/ ''Macrodontia cervicornis''] ([[Flickr]])
*[https://www.flickr.com/photos/houmingfei/28337120109/ ''Macrodontia cervicornis''] ([[Flickr]])
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{{Commons}}
[[Categoria:Cerambycidae]]
[[Categoria:Prioninae]]
[[Categoria:Macrodontia]]
[[Categoria:Macrodontia]]
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[[Categoria:Cerambicídeos do Brasil]]
[[Categoria:Cerambicídeos do Equador]]
[[Categoria:Cerambicídeos da Guiana Francesa]]
[[Categoria:Cerambicídeos do Peru]]
[[Categoria:Besouros da Amazônia]]
[[Categoria:Coleópteros descritos em 1758]]
[[Categoria:Coleópteros descritos em 1758]]

Revisão das 02h45min de 20 de agosto de 2023

Como ler uma infocaixa de taxonomiaMacrodontia cervicornis
Fotografia de M. cervicornis (macho); espécime coletado na província de Otusco, Peru.
Fotografia de M. cervicornis (macho); espécime coletado na província de Otusco, Peru.
Fotografia de um espécime de M. cervicornis (macho) na exposição do Museu Cívico de História Natural de Milão, Itália.
Fotografia de um espécime de M. cervicornis (macho) na exposição do Museu Cívico de História Natural de Milão, Itália.
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Coleoptera
Subordem: Polyphaga
Família: Cerambycidae
Subfamília: Prioninae[1]
Tribo: Macrodontini[2][3]
Género: Macrodontia
Espécie: M. cervicornis
Nome binomial
Macrodontia cervicornis
(Linnaeus, 1758)[2]
Fotografia de M. cervicornis (fêmea); espécime da coleção do Museu de História Natural de Basileia, Alemanha.
Distribuição geográfica
O besouro M. cervicornis é encontrado na região neotropical.
O besouro M. cervicornis é encontrado na região neotropical.
Sinónimos
Cerambyx cervicornis Linnaeus, 1758[2]

Macrodontia cervicornis (denominado popularmente, em inglêsː giant jawed sawyer[1] ou sabertooth longhorn beetle)[4] é um inseto da ordem Coleoptera e da família Cerambycidae, subfamília Prioninae; um besouro cujo habitat são as florestas tropicais úmidas[5] da região neotropical;[1] desde o norte da América do Sul, na Colômbia e Guianas, até a região sul do Brasil (Paraná),[3][5] também incluindo o Equador, o Peru e a Bolívia.[5] A espécie fora descrita em 1758, por Carolus Linnaeus, com a denominação Cerambyx cervicornis, em sua obra Systema Naturae (com sua localidade-tipo descrita como America).[2][6] Atingindo até 17 centímetros de comprimento,[5] Macrodontia cervicornis é uma das maiores e mais belas espécies de besouros do mundo; apresentando dimorfismo sexual aparente, com machos possuindo suas maníbulas mais desenvolvidas;[7][8][9] o que fez Linnaeus denominá-lo cervicornisː com chifres como um cervo.[10]

Descrição

Machos e fêmeas possuem um corpo achatado,[1] com uma mesma coloração que busca imitar as cores da madeira cortada e cuja textura, em seus élitros, também assim busca se assemelhar,[7] com linhas irregulares sinuosas[3] que tornam a sua camuflagem quase invisível;[11] de protórax estampado em negro e castanho,[1] dotado de nítidos espinhos pontiagudos, um em sua porção anterior e dois em sua porção posterior.[3] Suas mandíbulas encurvadas possuem "dentes" internos, principalmente as de maiores dimensões,[1] e suas antenas não alcançam a metade dos élitros.[3]

Este besouro demonstra uma grande variabilidade em suas dimensões,[1] com espécimes de regiões mais áridas apresentando uma redução do seu tamanho.[7]

Biologia

As larvas de quase todas as espécies de Cerambycidae da subfamília Prioninae desenvolvem-se em troncos cortados ou já secos, por isso os seus representantes não têm tanta importância econômica para as plantas cultivadas[8] e, no caso desta espécie, desenvolvem-se dentro da casca de árvores de madeira macia, mortas ou moribundas, por até 10 anos, enquanto os seus indivíduos adultos vivem apenas os meses necessários para se reproduzir;[5] podendo inclusive atacar palmeiras como o coqueiro (Cocos nucifera), mas também outras de gêneros como Attalea, Ceiba e Jessenia.[1]

Uso humano

Nos primóridios da aviação, no século XX, Macrodontia cervicornis serviu de modelo para estudos sobre aerodinâmica por parte do aviador francês Louis Blériot.[7][12] Suas larvas são uma fonte de alimento para os povos ameríndios do Brasil,[1] possuindo excelente sabor;[11] o que, juntamente com o formato e dimensão dos adultos, que os tornam valiosos para o comércio de lembranças e colecionismo, inclusive com sites estrangeiros vendendo tais insetos na internet, fez com que a União Internacional para a Conservação da Natureza a colocasse, em 2006, na sua Lista Vermelha como espécie vulnerável (VU).[13][14]

Referências

  1. a b c d e f g h i j BOUCHARD, Patrice (2014). The Book of Beetles. A Lifesize Guide to Six Hundred of Nature's Gems (em inglês). United Kingdom: Ivy Press. p. 544. 656 páginas. ISBN 978-1-78240-049-3 
  2. a b c d Martins, Ubirajara R.; Galileo, Maria Helena M.; Limeira-de-Oliveira, Francisco (2009). «Cerambycidae (Coleoptera) do estado do Maranhão, Brasil». Papéis Avulsos de Zoologia 49 (19) (SciELO). 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023 
  3. a b c d e GAMA, José Madson de Freitas; SOUTO, Raimundo Nonato Picanço (2001). Coleção Entomológica do IEPA, Cerambycidae (Coleoptera). novos registros de ocorrências no Amapá. 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA). p. 22. 82 páginas. ISBN 85-87794-04-3 
  4. «Sabertooth Longhorn Beetle - Macrodontia cervicornis (Linnaeus, 1758)» (em inglês). Biolib.cz. 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023 
  5. a b c d e Silva, Daniel P.; Aguiar, Albert G.; Simião-Ferreira, Juliana (2016). «Assessing the distribution and conservation status of a long-horned beetle with species distribution models» (PDF) (em inglês). Journal of Insect Conservation, 20 - Springer (UNESP). pp. 611–612. Consultado em 19 de agosto de 2023 
  6. «Cerambyx cervicornis Linnaeus, 1758» (em inglês). GBIF. 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023 
  7. a b c d GODINHO JR., Celso L. (2011). Besouros e Seu Mundo. Com 1400 ilustrações em cores desenhadas pelo autor 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Technical Books. p. 213-215. 478 páginas. ISBN 978-85-61368-16-6 
  8. a b LIMA, Costa (1953). «Família CERAMBYCIDAE, in Insetos do Brasil» (PDF) (em inglês). Escola Nacional de Agronomia (cerambycoidea.com). p. 128. Consultado em 11 de agosto de 2023 
  9. Danilo G. (13 de abril de 2017). «Macrodontia cervicornis (Female)» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023 
  10. «A Grammatical Dictionary of Botanical Latin» (em inglês). Missouri Botanical Garden. 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023. cervicornis,-e (adj.B): horned like a deer [i.e. with antlers], antlered; “cervicorn, branching like antlers; bearing antlers” (WIII); see antlered. 
  11. a b STANEK, V. J. (1985). Encyclopédie des Insectes. 270 illustrations en couleurs (em francês) 2ª ed. Praga: Gründ. p. 247-248. 352 páginas. ISBN 2-7000-1319-0 
  12. TINOCO, Roberto Muylaert (julho 1975). Coleópteros: Monstros e Jóias de natureza. Revista Geográfica Universal. Nº 10. p. 37. 124 páginas.
  13. «Macrodontia cervicornis» (em inglês). IUCN. 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023 
  14. Thenório, Iberê (13 de abril de 2017). «Sites estrangeiros vendem insetos brasileiros na internet» (em iportuguês). g1. 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023. Em um site de Taiwan, um dos insetos oferecidos é o besouro Macrodontia cervicornis, que vive na Amazônia. O animal, que chega a medir 17 cm, está na lista internacional de animais ameaçados de extinção, elaborada pela União Mundial para a Natureza (IUCN). 

Ligações externas

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