Cerastoderma edule

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Cerastoderma edule
Concha de C. edule (Linnaeus, 1758) em Merseyside, noroeste da Inglaterra.
Concha de C. edule (Linnaeus, 1758) em Merseyside, noroeste da Inglaterra.
Conchas de berbigões C. edule (Linnaeus, 1758) em planícies de lama ao largo da ilha de Juist, região alemã da Frísia.
Conchas de berbigões C. edule (Linnaeus, 1758) em planícies de lama ao largo da ilha de Juist, região alemã da Frísia.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia
Subclasse: Autobranchia
Superordem: Imparidentia
Ordem: Cardiida
Superfamília: Cardioidea
Família: Cardiidae
Subfamília: Lymnocardiinae
Tribo: Cerastodermatini[2]
Género: Cerastoderma
Poli, 1795[2]
Espécie: C. edule
Nome binomial
Cerastoderma edule
(Linnaeus, 1758)[2]
Ilustração (1913) de uma concha semiaberta de C. edule (Linnaeus, 1758); a espécie-tipo do gênero Cerastoderma Poli, 1795[3]; retirada da obra Atlas de Poche des Coquilles des Côtes de France (Manche, Océan, Méditerranée) Communes, Pittoresques ou Comestibles (Ph. Dautzenberg).
Conchas de C. edule (Linnaeus, 1758) em um mercado, prontas para consumo alimentício.
Distribuição geográfica
A espécie C. edule (Linnaeus, 1758) está distribuída por grande parte do oeste europeu, incluindo o mar do Norte e o mar Mediterrâneo.[4][5]
A espécie C. edule (Linnaeus, 1758) está distribuída por grande parte do oeste europeu, incluindo o mar do Norte e o mar Mediterrâneo.[4][5]
Sinónimos
Cardium edule Linnaeus, 1758
Cardium vulgare da Costa, 1778
Cardium crenulatum Lamarck, 1819
Cardium radula Deshayes, 1835
Cardium quadrarium Reeve, 1845
Cardium belgicum De Malzine, 1867
Cardium obtritum Locard, 1886
Cerastoderma nunninkae Lucas, 1984
(WoRMS)[2]

Cerastoderma edule (nomeada, em inglêsː common European cockle[6][7], common cockle[5][6], common edible cockle[6][8] ou edible cockle[6][9]; em portuguêsː berbigão ou berbigão-comum-europeu[1][10][11]; em espanholː berberecho, verdigón ou morgueirolo; em catalãoː escopinya de gallet ou catxel[6][12]; em francêsː bucarde comestible[13], sourdon, rigadeau, coque ou coque commune; em alemãoː gemeine Herzmuschel ou essbare Herzmuschel[6] - Herzmuschelː cuja tradução, para o português, é "concha-coração", por lembrar um coração quando com suas valvas unidas e vistas de lado[14] - ; em neerlandêsː kokkel, gewone kokkel ou eetbare hartschelp; em dinamarquêsː Hjertemusling ou almindelig hjertemusling; em danonorueguêsː saueskjell; em neonorueguêsː saueskjel; em eslovenoː užitna srčanka ou srčanke; em croataː kapica; na Bélgicaː Coque ou Kokkel)[6][15] é uma espécie de molusco Bivalvia marinho litorâneo da família Cardiidae, classificada por Carolus Linnaeus em 1758; descrita como Cardium edule em seu Systema Naturae[2]; considerada a espécie-tipo do gênero Cerastoderma Poli, 1795[3], cujo nome é derivado do grego antigo, significando keras ("chifre") e derma ("pele").[16] Habita fundos de praias arenosas e lodosas do nordeste do oceano Atlântico, em águas da zona entremarés e zona nerítica de baixa profundidade, enterradas principalmente em àreas estuarinas[5][17][18] até os 5 metros, incluindo em prados de ervas marinhas Zostera noltii e Cymodocea nodosa[8]; mas suas necessidades de salinidade são específicas, não ocorrendo em lagoas salobras.[5][17] É espécie comestível e muito frequente nas costas marítimas de Portugal[9][14][19], com seu descritor específico derivado do adjetivo latino ĕdūlis ("que se come", "que é de comer").[16][20] Suas conchas vazias são utilizadas nas indústrias de construção e química como fonte de cal.[16]

Descrição da concha[editar | editar código-fonte]

Cerastoderma edule possui concha inflada e ovalada, de contorno subquadrado-arredondado e margem nitidamente crenulada, com valvas similares entre si e cobertas por um perióstraco castanho e reduzido, pouco persistente; esculpida com 22 a 28 costelas radiais e atingindo até 5.6 centímetros de comprimento quando bem desenvolvida; mas normalmente alcançando de 3.5 a 5 centímetros de comprimento. Tem um ligamento externo arqueado e proeminente que é tão longo quanto cerca de um terço da altura da concha. Sua coloração é branca, de um branco-acastanhado a amarelada ou castanha, e por vezes recoberta com manchas irregulares.[5][8][9][17][21]

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

Esta espécie está distribuída pelo hemisfério norte do Atlântico oriental, da Noruega e Rússia, na Lapônia, e pelo mar de Wadden, mar do Norte e canal da Mancha até o Senegal, ao sul, entrando pelo mar Mediterrâneo e mar Negro e indo da Irlanda ao Egito, ao leste.[4][5][8]

Referências

  1. a b da Silva, José Manuel Pedroso; Callapez, Pedro Miguel; Pimentel, Ricardo Jorge (2022). «Contribuição para um vocabulário vernáculo de nomes comuns e populares de moluscos portugueses: suas relações culturais, históricas e heráldicas» (PDF). Boletín de la Sociedad Española de Historia Natural, 116. p. 79. Consultado em 1 de dezembro de 2022. Arquivado do original (PDF) em 20 de junho de 2022 
  2. a b c d e «Cerastoderma edule (Linnaeus, 1758)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2022 
  3. a b «Cerastoderma Poli, 1795» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2022 
  4. a b «Cerastoderma edule (Linnaeus, 1758) distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2022 
  5. a b c d e f CAMPBELL, Andrew C.; NICHOLLS, James (1980). The Hamlyn Guide to the Seashore and Shallow Seas of Britain and Europe (em inglês). England: The Hamlyn Publishing Group. p. 178. 320 páginas. ISBN 0-600-34019-8 
  6. a b c d e f g «Cerastoderma edule (Linnaeus, 1758) vernacular names» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2022 
  7. ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 332. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0 
  8. a b c d «Cerastoderma edule (Linnaeus, 1758) - Common edible cockle» (em inglês). SeaLifeBase. 1 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2022 
  9. a b c DANCE, S. Peter (2002). Smithsonian Handbooks: Shells. The Photographic Recognition Guide to Seashells of the World (em inglês) 2ª ed. London, England: Dorling Kindersley. p. 228. 256 páginas. ISBN 0-7894-8987-2 
  10. Santos, Cátia Sofia Pedro Caetano (2019). «Estado atual das populações de berbigão (Cerastoderma spp.) no estuário do Sado» (PDF). Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. 1 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2022 
  11. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2001). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva. p. 435. 2922 páginas. ISBN 85-7302-383-X 
  12. LINDNER, Gert (1983). Moluscos y Caracoles de los Mares del Mundo (em espanhol). Barcelona, Espanha: Omega. p. 230. 256 páginas. ISBN 84-282-0308-3 
  13. «bucarde comestible» (em inglês). TechDico - English-French technical dictionary and translation. 1 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2022 
  14. a b DAVIDSON, Alan (2014). The Oxford Companion to Food (em inglês) 3 ed. United Kingdom: Oxford University Press - Google Books. p. 201. 960 páginas. ISBN 978-0-19-967733-7. Consultado em 1 de dezembro de 2022 
  15. «Cerastoderma eduleː Denominações comerciais». Commercial designations of fishery and aquaculture products. 1 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2022 
  16. a b c CHAMBERS, Paul (2009). British Seashells. A Guide for Collectors and Beachcombers (em inglês). Barnsley: Remember When - Google Books. p. 158. 233 páginas. ISBN 978-1-84468-051-1. Consultado em 1 de dezembro de 2022 
  17. a b c «Cerastoderma edule (Linnaeus, 1758)» (em inglês). Marine Bivalve Shells of the British Isles. 1 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2022 
  18. ANGELETTI, Sergio (1977). Conchiglie. Raccolta e Collezione (em italiano). Novara: Instituto Geografico de Agostini. p. 43. 92 páginas 
  19. «berbigão». Meu Dicionário - Língua Portuguesa. 1 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2022. 1. ZOOLOGIA (Cerastoderma edule) molusco lamelibrânquio, da família dos Cardiídeos, de concha estriada, muito frequente nas costas marítimas de Portugal, utilizado na alimentação 
  20. AZEVEDO, Fernando de (1950). Pequeno Dicionário Latino-Português 3 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. p. 57. 212 páginas 
  21. CONSIDINE, Douglas M.; CONSIDINE, Glenn D. (1995). Van Nostrand’s Scientific Encyclopedia (em inglês) 8 ed. New York: Springer Science+Business Media - Google Books. p. 2086. 3524 páginas. ISBN 978-1-4757-6920-3. Consultado em 1 de dezembro de 2022