Cirilo Vladimirovich da Rússia

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Cirilo Vladimirovich
Grão-Duque da Rússia
Cirilo Vladimirovich da Rússia
Chefe da Casa de Romanov (disputado)
Período 17 de julho de 1918 - 12 de outubro de 1938
Antecessor(a) Nicolau II
Sucessor(a) Vladimir III (disputado)
 
Nascimento 12 de outubro de 1876
  Palácio de Catarina, Tsarskoye Selo, Rússia
Morte 12 de outubro de 1938 (62 anos)
  Neuilly-sur-Seine, França
Sepultado em Fortaleza de Pedro e Paulo, São Petersburgo, Rússia
Nome completo  
Cyrill Vladimirovich Romanov (Кири́лл Влади́мирович Рома́нов)
Esposa Vitória Melita de Saxe-Coburgo-Gota
Descendência Maria Kirillovna da Rússia
Kira Kyrillovna da Rússia
Vladimir Kirillovich da Rússia
Casa Holsácia-Gottorp-Romanov
Pai Vladimir Alexandrovich da Rússia
Mãe Maria de Mecklemburgo-Schwerin
Religião Ortodoxa Russa

Cirilo Vladimirovich (em russo: Кири́лл Влади́мирович Рома́нов; romaniz.:Kirill Vladimirovič Románov; Tsarskoye Selo, 12 de outubro de 1876 — Neuilly-sur-Seine, 12 de outubro de 1938) foi um membro da família imperial russa. Depois da Revolução Russa de 1917 que resultou nas mortes do czar Nicolau II, do seu filho Alexei Nikolaevich e do seu irmão Miguel Alexandrovich, Cyril assumiu a liderança da família imperial russa e foi pretendente ao trono russo de 1924 até à sua morte.

Sua neta, Maria Vladimirovna da Rússia, é a atual pretendente ao trono russo.

Infância e família[editar | editar código-fonte]

Cyril (esq.) com os seus três irmãos

O grão-duque Cyril nasceu em Tsarskoye Selo, perto de São Petersburgo, no dia 12 de outubro de 1876. O seu pai era o grão-duque Vladimir Alexandrovich, terceiro filho do czar Alexandre II e da sua esposa Maria Alexandrovna. A sua mãe era a duquesa Maria de Mecklemburgo-Schwerin (mais tarde conhecida por Maria Pavlovna da Rússia), filha de Frederico Francisco II de Mecklemburgo-Schwerin e da princesa Augusta de Reuss-Köstritz. Sendo neto pela linha masculina de um czar da Rússia (Alexandre II), Cyril recebeu o título de grão-duque desde o nascimento e deveria ser tratado por “Sua Alteza Imperial”.

Serviço na guerra[editar | editar código-fonte]

Cyril serviu na marinha russa durante a Guerra Russo-Japonesa. Enquanto prestava o seu serviço como primeiro-oficial no “Petropavlovsk”, o navio foi destruído por uma mina japonesa ao largo de Port Arthur em abril de 1904. Cyril escapou por pouco com vida, mas ficou inválido devido a queimaduras, ferimentos graves nas costas e stress pós-traumático.

Casamento[editar | editar código-fonte]

O grão-duque casou-se com a sua prima direita, a princesa Vitória Melita de Saxe-Coburgo-Gota, no dia 8 de outubro de 1905. O pai de Vitória era Alfredo, Duque de Saxe-Coburgo-Gota, segundo filho mais velho da rainha Vitória do Reino Unido. A sua mãe era a grã-duquesa Maria Alexandrovna, uma filha do czar Alexandre II e tia de Cyril.

O casamento causou escândalo nas cortes europeias, uma vez que a princesa Vitória tinha-se divorciado do seu primeiro marido, Ernesto Luís, Grão-Duque de Hesse, também seu primo direito, alguns anos antes. A irmã de Ernesto era a czarina Alexandra Feodorovna, esposa do czar Nicolau II. A czarina já não gostava da sua antiga cunhada e prima direita, influenciando a corte russa a opor-se à união. Pouco depois de regressar à Rússia, o czar retirou o rendimento e títulos imperiais a Cyril, bem como todas as suas condecorações e a sua posição na marinha imperial por ter casado sem a sua permissão. Como golpe final, o czar expulsou o primo da Rússia.[1][2]

Contudo, em 1908, morreu o grão-duque Aleixo Alexandrovich, o último dos filhos do czar Alexandre II, o que colocou Cyril em terceiro lugar da linha de sucessão tendo à sua frente apenas o czarevich Alexis Nikolaevich, hemofílico de nascença, e o irmão do czar, o grão-duque Miguel Alexandrovich que vivia um sério romance com uma plebeia que o poderia levar a perder os direitos de sucessão. Neste cenário, Nicolau II não teve outra escolha senão restaurar a posição de Cyril na marinha e na família imperial. A sua esposa também favoreceu desta posição, recebendo o título de grã-duquesa Vitória Feodorovna da Rússia, com tratamento de "Sua Alteza Imperial". Entre 1909 e 1912, Cyril prestou serviço no cruzador Oleg e foi nomeado seu capitão em 1912. Em 1913, juntou-se à divisão marítima da guarda imperial e tornou-se comandante dos guardas navais em 1915.

Revolução[editar | editar código-fonte]

O grão-duque e a grã-duquesa com seus três filhos.

Durante a Revolução de Fevereiro de 1917, após a abdicação do czar, Cyril levou o seu regimento até à Duma e jurou lealdade ao governo provisório usando uma bracelete vermelha revolucionária no seu uniforme.[3] Isto foi um acto da mais alta traição e, estivesse o regime czarista ainda no activo, o mais provável seria a prisão ou mesmo a morte do grão-duque. Esta acção representou uma grave ofensa para a família imperial e levou muitos dos seus membros a rejeitarem-no como herdeiro legitimo do trono.

Após a Revolução de Outubro, Cyril e Vitória fugiram para a Finlândia e depois para Coburgo, na Alemanha. Posteriormente os membros da família exilada mudaram-se para a França, onde permaneceram pelo resto das suas vidas.

Vida no exílio[editar | editar código-fonte]

Cyril com a sua esposa Vitória durante o exílio

No dia 8 de agosto de 1922, Cyril declarou-se a si próprio como guardador do trono russo. Dois anos depois, no dia 31 de agosto de 1924, foi mais longe e assumiu o título de “Czar e Autocrata de Todas as Rússias”.[4] Apesar de as leis do Império Russo, o colocarem em primeiro lugar depois da execução do czar Nicolau II e da sua família, bem como do seu irmão mais novo, Miguel Alexandrovich, a sua proclamação suscitou polémica uma vez que a sua mãe Maria Pavlovna era luterana e não ortodoxa quando o deu à luz e ainda o acto de traição à coroa que tinha cometido ao jurar lealdade ao regime que destruíra a monarquia.

Após reclamar o trono, o grão-duque ficou conhecido como “o czar soviético”, uma vez que, na hipótese de a monarquia ser restaurada na Rússia, Cyril tinha intenções de aplicar algumas medidas do regime soviético no país.

Enquanto vivia no exílio, Cyril foi apoiado por alguns exilados que se auto-proclamavam “legítimos” (legitimisti, em russo, significava que reconheciam a legitimidade de Cyril em subir ao trono). Os opositores de Cyril (que incluíam Maria Feodorovna, mãe de Nicolau II, bem como as suas duas irmãs) eram conhecidos por “pré-determinados”, que acreditavam que, no despertar de um movimento radical, era necessário convocar um Zemsky Sobor para escolher um líder forte e determinado. Em 1922, um Zemsky Sobor escolheu o primo de Nicolau II, Nicolau Nikolaevich como “Czar da Todas as Rússias”.

Cyril tinha como apoiantes mais fortes um grupo de “legítimos”, conhecido por “Mladorossi”, uma organização de exilados monárquicos que era fortemente influenciada pelo fascismo e que se afastava de outros grupos de apoio. Progressivamente, a organização começou a exibir as suas simpatias pró-sovieticas, afirmando que a monarquia e o sistema soviético poderiam coexistir pacificamente. Cyril tornou-se mais cuidadoso com esta organização quando soube que o seu fundador, Alexandre Kazem-Bek, foi visto a encontrar-se com um agente da OGPU, uma das polícias secretas do regime soviético. O grão-duque aceitou a demissão voluntária de Kasem-Bek. O seu único filho, Vladimir, continuou os seus laços com a organização durante a Segunda Guerra Mundial.

O filho de Cyril, Vladimir, sucedeu-o como chefe da dinastia Romanov, apesar da contestação de alguns membros da família. Após a queda do regime soviético, os restos mortais de Cyril e da sua esposa foram transferidos de Coburgo, na Alemanha, para a Fortaleza de São Pedro e São Paulo em São Petersburgo.

Descendência[editar | editar código-fonte]

Ancestrais[editar | editar código-fonte]

Notas e referências

  1. "Czar Furious With Cousin". New York Times. 15 de Outubro de 1905. p. 6.
  2. "Grand Duke Degraded". New York Times. 17 de Outubro de 1905. p. 1.
  3. "Grand Duke Cyril Dies In Paris Exile". New York Times. 13 de Outubro de 1938. p. 23.
  4. Almanach de Gotha (182nd ed.). Almanach de Gotha. 1998. p. 214.
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