Luiz Carlos Alborghetti

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Luiz Carlos Alborghetti
Luiz Carlos Alborghetti
Luiz Carlos Alborghetti na Assembleia Legislativa do Paraná
Deputado estadual do Paraná
Período 1 de fevereiro de 1987
a 31 de janeiro de 2003
(4 mandatos consecutivos)
Vereador de Londrina
Período 1 de fevereiro de 1983
a 31 de janeiro de 1987[1]
Dados pessoais
Nome completo Luiz Carlos Alborghetti
Alcunha(s) Cadeia
Dalborga
Nascimento 12 de fevereiro de 1945
Andradina, São Paulo, Brasil
Morte 9 de dezembro de 2009 (64 anos)[2]
Curitiba, Paraná, Brasil[2]
Nacionalidade brasileiro
Partido PMDB
PRN
PTB
PFL
DEM
Religião Catolicismo
Profissão repórter policial, radialista e político

Luiz Carlos Alborghetti, mais conhecido apenas como Alborghetti (Andradina, 12 de fevereiro de 1945Curitiba, 9 de dezembro de 2009)[2] foi um jornalista policial, radialista, apresentador de televisão e político brasileiro. Por dezesseis anos, foi deputado estadual no Paraná.[3]

Entre suas características marcantes estavam o tom inflamado, desafiador, robusto e o discurso ácido e informal, não raro com o uso de termos chulos para expressar sua indignação.[4] Seu estilo e formato de apresentação foram pioneiros e influenciaram outras personalidades do rádio e televisão policial no Brasil, tais como o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, que iniciou a carreira como repórter de Alborghetti.[5]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido em Andradina, extremo oeste do estado de São Paulo, mudou-se para o Rio de Janeiro aos dezesseis anos para estudar.[3] Em 1976, iniciou a carreira de radialista na cidade de Goioerê, Paraná, onde foi apresentador de um programa na Rádio Goioerê. Na cidade, também atuou no extinto jornal “Folha do Vale do Piquiri”.[carece de fontes?] No mesmo ano, mudou-se para Londrina, para trabalhar na Rádio Tabajara, num programa policial que criou e que viria a ser a base do seu programa de televisão, onde relatava os crimes ocorridos na cidade.[6] Três anos mais tarde, Alborghetti estreou o programa de televisão chamado "Cadeia", inicialmente para a cidade de Londrina, sendo ampliado posteriormente para todo o estado do Paraná em 1982.[7]

Vida política[editar | editar código-fonte]

Em 1982, Alborghetti foi eleito vereador em Londrina[1] e, quatro anos depois, deputado estadual (em 1986, estava filiado ao PMDB), sendo reeleito em 1990 pelo PRN. Em 1992, estreou o Cadeia Nacional,[8] levando seu programa para todo o Brasil, através da Rede OM de Televisão, atual Central Nacional de Televisão (CNT), que possuía em seu quadro de afiliadas a TV Gazeta, canal de São Paulo.[9][10]

Dois anos mais tarde, deixou, provisoriamente, o comando de seu programa para concorrer a deputado estadual, desta vez pelo PTB.[11] Foi eleito pela terceira vez e, ao retornar ao programa, mudou de emissora e passou a concorrer com o antigo programa, com transmissão voltada apenas para o estado do Paraná, pela então TV Independência, atual RIC Curitiba. Em 1998, deixou o comando deste para tentar a sua terceira reeleição, agora filiado ao PFL, sendo bem-sucedido.[12] Em 2002, tentou novamente a reeleição, sem sucesso,[6] perdendo por cinco mil votos.[13][14]

Estilo[editar | editar código-fonte]

Várias características marcaram a atuação de Alborghetti na televisão: o discurso ácido,[15] uma toalha dependurada sobre os ombros, os óculos de leitura, uma caneta entre os dedos da mão direita e um porrete de madeira, que ele usava para descontar sua raiva batendo em qualquer objeto que visse, principalmente em sua mesa, sempre que algo o enfurecia. Um dos seus influenciados foi o apresentador de televisão Carlos Roberto Massa, o Ratinho, que trabalhou como repórter policial para ele por doze anos, tendo sido lançado em seu programa.[16][3][6][15] Com a frase "Esse governador de São Paulo, Fleury, é um bundão!", dirigida ao então governador do estado de São Paulo na época, Luiz Antônio Fleury Filho, ele foi afastado temporariamente do Cadeia Nacional, dando oportunidade para Ratinho apresentar o programa.[17]

Possuía um tom inflamado e desafiador contra a criminalidade, defendendo o linchamento de criminosos e criticando duramente ativistas de direitos humanos, que segundo Alborghetti, seriam "defensores de bandidos".[18][19][20] Ao denunciar o tráfico no Rio de Janeiro, nos anos 1990, chamou a facção criminosa Comando Vermelho de "bando de bichas". Também, ao comentar sobre o PCC, chamou seu líder Marcos Camacho (o Marcola) de "bundeiro" e "dador de bunda".[21] Em 1997, através do Ministério Público, Alborghetti impediu que a banda Planet Hemp se apresentasse no Paraná, devido às letras do grupo que consistiam basicamente no apoio à descriminalização do uso da maconha.[22]

Cadeia Sem Censura[editar | editar código-fonte]

Em 2006, estreou o programa Cadeia Sem Censura, veiculado de segunda a sexta-feira na Rede Intervalo de Comunicação, uma rádio pela internet posteriormente transformada em programa de televisão, baseada em Curitiba. Ficou seis meses no ar, até agosto do mesmo ano. Por falta de patrocinadores, o programa saiu do ar, fazendo com que Alborghetti migrasse para a Rádio Colombo, também de Curitiba.[23] Alguns de seus vídeos acabaram se popularizando na internet, como o episódio em que ele comenta o filme 300.[3]

Ele também passou a ser referenciado na televisão: o programa Hermes e Renato, da MTV Brasil, fez uma paródia entre 2007 a 2008 do programa de Alborghetti no quadro "Chapa Quente", em que o apresentador Bradock faz o papel de jornalista policial e também no programa Pânico na TV da Rede TV! com vinhetas do jornalista dizendo O Capeta existe e outros vídeos clássicos.[24] Em 2018, foi homenageado pelo humorista Márvio Lúcio no Video Show.[25]

Em 7 de maio de 2007, passou a apresentar seu programa Cadeia Sem Censura exclusivamente pela internet, de segunda a sexta-feira, de 10 às 12 horas, e disponibilizava os programas em sua comunidade oficial do Orkut.[23][26] Estreou, em 3 de março de 2008, o programa Plantão Mais, exibido de segunda a sexta-feira, das 17 às 19 horas, na Rádio Mais AM 1120. Em 4 de agosto de 2008, passou a apresentar o Cadeia Sem Censura na Fusão TV, que foi exibido de segunda a sexta-feira, de 17 às 18 horas.[27]

Morte[editar | editar código-fonte]

Em março de 2009, descobriu que estava com câncer de pulmão. Desde então, iniciou o tratamento e, com o decorrer do tempo, passou a ser acompanhado por especialistas em sua residência. Em 9 de dezembro de 2009, o apresentador morreu em decorrência da enfermidade.[6][8][15] O corpo do apresentador foi velado no saguão da Assembleia Legislativa do Paraná, em 10 de dezembro de 2009. No mesmo dia, o seu corpo foi cremado em Campina Grande do Sul.[28]

Referências

  1. a b «Câmara Municipal de Londrina - 9ª Legislatura». Consultado em 19 de agosto de 2009. Arquivado do original em 26 de setembro de 2009 
  2. a b c William Marchiori (9 de dezembro de 2009). «Morre Alborghetti, a passagem de uma lenda». ALBORGHETTI, Luiz Carlos. Consultado em 8 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 10 de março de 2016 
  3. a b c d «Morre o apresentador e ex-deputado Luiz Carlos Alborghetti». Notícias de Pop & Arte. Portal G1. 9 de dezembro de 2009. Consultado em 8 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 3 de março de 2016 
  4. «Morre Luiz Carlos Alborghetti, dono do bordão 'bandido bom é bandido morto'». Extra. 9 de dezembro de 2009. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  5. Stycer, Mauricio (12 de outubro de 2017). «Ratinho fala sobre início na TV: "Criei o cassetete do Alborghetti"». UOL. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  6. a b c d Eduardo Neco (10 de dezembro de 2009). «Morre, aos 64 anos, o jornalista Luiz Carlos Alborghetti». Portal Imprensa. Consultado em 10 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 16 de julho de 2013 
  7. Galão, Fábio (10 de dezembro de 2009). «Morre o ex-deputado Luiz Carlos Alborghetti». Folha de Londrina. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  8. a b «Morre em Curitiba o apresentador Luiz Carlos Alborghetti». Terra. 10 de dezembro de 2009. Consultado em 10 de dezembro de 2009 
  9. «Apresentador do "Cadeia" se acha tranquilo». Folha de S. Paulo. 12 de dezembro de 1999. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  10. de Souza, Ana Carolina (9 de dezembro de 2009). «Apresentador Alborghetti morre em Curitiba vítima de câncer». Extra. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  11. «Alborghetti volta para o PTB e sigla tem maioria na AL». Folha de Londrina. 13 de setembro de 1999. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  12. «PFL reúne caciques para a filiação de Alborghetti». Folha de Londrina. 12 de setembro de 1997. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  13. Kaseker, Mônica Panis (2004). «O desempenho eleitoral de radialistas políticos nas eleições proporcionais de 2002 no Paraná» (PDF). Universidade Federal do Paraná. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  14. «Apresentador e ex-deputado Luiz Carlos Alborghetti morre aos 64 anos no PR - 09/12/2009 - Poder - Folha de S.Paulo». Folha de S. Paulo. 9 de dezembro de 2009. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  15. a b c «Morre o apresentador Luiz Carlos Alborghetti». Diário do Grande ABC. 10 de dezembro de 2009. Consultado em 10 de dezembro de 2009 [ligação inativa]
  16. «Morre aos 64 anos apresentador Alborghetti». Rádio Cidade. 9 de dezembro de 2009. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  17. Clairefont, Edmundo. «180 segundos de sabedoria». Galileu. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  18. «Ricardo Feltrin: TV aberta vive nova onda de "baixaria"». A Tarde. 7 de agosto de 2014. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  19. Pereira, Wagner Pinheiro (2017). A violência como espetáculo: o crime na televisão brasileira (1961-2016) (PDF) (Tese). Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo (USP). Consultado em 9 de setembro de 2020 
  20. Tapety, Clésio Ibiapina (2011). Os direitos humanos na construção de uma cultura de paz: meios de construção ou de demolição? (Tese). Brasília: Escola Superior do Ministério Público da União. Consultado em 9 de setembro de 2020 
  21. «Não Processa Eu!: Alborghetti». Desfavor. 9 de dezembro de 2009. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  22. «No Dia da Toalha, conheça 3 fatos sobre Alborghetti». UOL. 25 de maio de 2018. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  23. a b «Morre Alborghetti, jornalista que lançou Ratinho na TV». O Fuxico. 9 de dezembro de 2009. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  24. «Estressadas da TV no ano reúnem vingança de Ceni e dia de fúria de comentarista». UOL. 12 de dezembro de 2001. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  25. «Humorista Carioca homenageia Alborghetti em quadro do Vídeo Show». Tribuna do Paraná. 10 de novembro de 2018. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  26. «Antes de morrer, Alborghetti fez vídeo para seus fãs: 'Estou careca, mas legal'». Sidney Rezende. 11 de dezembro de 2009. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  27. «Luis Carlos Alborghetti, o "Cadeia", adeus». Blog do Zé Beto. 9 de dezembro de 2009. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 
  28. «Corpo do apresentador e ex-deputado Alborghetti é cremado em Curitiba». G1. 10 de dezembro de 2019. Consultado em 27 de Fevereiro de 2020 

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