Antena 2

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Disambig grey.svg Nota: Para a emissora de rádio colombiana, veja Antena 2 (Colômbia).
Antena 2
Serviço público de rádio
País Portugal Portugal
Frequência(s) 88.0 – 106.8 MHz (Portugal Continental)
Canais FM
Sede Lisboa
Slogan "A arte que toca"
Fundação 2 de maio de 1948 (74 anos)
Pertence a Grupo RTP – Rádio e Televisão de Portugal
Género Música clássica, jazz, world music, cultura
Idioma Português
Cobertura Nacional
Sítio oficial http://www.rtp.pt/antena2/
Emissora Nacional Programa 2 entre 1948-1975
RDP Programa 2 entre 1976-1990

Antena 2 é uma emissora de radiodifusão do Grupo RTP – Rádio e Televisão de Portugal. A sua programação é baseada em música clássica e programas culturais.[1]

Em novembro de 2011 lançou uma rádio online dedicada exclusivamente à ópera, a "Antena 2 Ópera"[2].

A Antena 2 é uma das estações de rádio que faz parte da cadeia da emissora oficial do Estado Português chamada RDP (Radiodifusão Portuguesa); as outras são a Antena 1, a Antena 3, a RDP Internacional e a RDP África.

A Antena 2 é uma emissora de carácter cultural que difunde, essencialmente, música erudita. Emite em frequência modulada cobrindo o continente e as ilhas da Madeira e Açores e em DAB, a partir de 2000 mas não em todo o país; este último não tem produzido os resultados esperados apesar da qualidade do som. As emissões em DAB foram suspensas em junho de 2011.

História[editar | editar código-fonte]

A referência mais antiga que encontrámos da Antena 2 (Programa B da Emissora Nacional, Emissora Nacional/Lisboa 2, Programa 2 da Emissora Nacional, RDP Rádio Cultura e RDP 2) remonta ao ano de 1948.

Segundo o maestro José Atalaya, no seu livro “Labirintos da Música”, foi o Eng. Manuel Bívar, então director técnico da Emissora Nacional, que prometeu uma antena só para os clássicos, artes, ciência e cultura, tal como acontecia com o 3º Programa da BBC de Londres, (criado em Setembro de 1946), um figurino culturalmente muito querido no Quelhas.

Nos anos 40, a Emissora Nacional transmitia em directo a Temporada de Ópera do Teatro de S. Carlos e outros concertos importantes. O desdobramento das emissões (emissores de ondas médias de Ribatejo e Barcarena) aparece referido em 2 de Maio de 1948. O Emissor de Ondas Médias da Castanheira do Ribatejo (construído em 1940 e posto a funcionar em 5 de Fevereiro de 1945 realizando os primeiros programas da manhã da Emissora Nacional) transmitia o programa geral e o Emissor de Ondas Médias de Barcarena emitia só das 21:15 às 23:30.

Assim, o Emissor de Ondas Médias de Castanheira do Ribatejo transmitia o Programa A, o programa geral, e o Emissor de Ondas Médias de Barcarena transmitia o Programa B, e por isso pode pois considerar-se o dia 2 de Maio de 1948 como a data da primeira emissão do Programa B da Emissora Nacional (percursora da actual Antena 2).

Em 6 de Maio é transmitida em directo do Teatro de S. Carlos, a ópera “O Elixir do Amor”. Em 1949, logo a 3 de Janeiro é transmitida a ópera “A Valquíria”, com comentários de Luís de Freitas Branco, a 4, emissão com discos, a 5, uma “História da Música” por Luís de Freitas Branco, a 7, Teatro etc. Às segundas é ópera com o “D. João”, a “Lúcia”, “La Bohème”, e em 24 de Fevereiro de 1949, há a transmissão em directo do “Siegfried” do Teatro de S. Carlos, no dia seguinte, “O Crepúsculo dos Deuses” etc.

As emissões estabilizaram nesse ano de 1949 com o desdobramento das 21:15 às 24:00 e a partir de 11 de Outubro de 1949 passa a denominar-se Programa A e Programa B.

A título de curiosidade e antevendo-se já o nível das emissões, assinale-se, em Dezembro de 1952 a transmissão em gravações do Festival de Bayreuth desse verão, com o Tristão com Karajan, os Mestres-Cantores e o Parsifal por Knappertsbusch e as 4 jornadas da Tetralogia por Joseph Keilberth.

Em Abril de 1954 o Programa B passa a ser transmitido das 19:00 às 24:00.

Aliás, o Programa A da Emissora Nacional a partir de 1962 passou a trabalhar das 7:30 às 10:00 h, das 12h às 15h e a partir das 18h; o Programa B das 12h às 15h e das 18h às 23h, e em 1964 das 12h à 1 hora. A partir dessa altura os dois programas passaram a chamar-se Lisboa 1 e Lisboa 2.

Foi em 1955 que se iniciaram as emissões em frequência modulada da Emissora Nacional.

Em 1968, a Frequência Modelada (FM) passa a emitir em estereofonia com desdobramento em onda média das 21h às 23h, que vai passar só música gravada, uma vez que entre as 23h e a 1:15h era transmitido um programa para a Europa, em francês, inglês e alemão, “A Voz do Ocidente”, para defender as teses do governo no tocante à guerra colonial. Este programa era emitido em ondas médias pelos potentes emissores de Lisboa e Porto (Azurara) e chegava até à Alemanha.

Como curiosidade note-se que também em Espanha o Lisboa 2, em onda média, era muito escutado pois só em 1965 é que este país passou a ter uma emissora similar à nossa.

As vozes mais conhecidas da Lisboa 2 eram as de João da Câmara, Armando Ferreira, Maria Leonor, Gil Montalverne.

Como programas de referência que divulgaram o gosto pela música a gerações inteiras temos a considerar “O Gosto pela Música” (que durou de 1956 a 1985), de João de Freitas Branco (1922-1989), ópera comentada e “O Canto e os seus intérpretes”, de 1959 a 2000, de Maria Helena de Freitas (1913-2004) ou ainda o “Que Deseja Ouvir?” com os discos pedidos pelos ouvintes, também difundido pelo Programa 1 da E.N.. Fora do campo musical havia programas culturais, literários, de história, elaborados por intelectuais ligados ao regime como João Ameal, Paço d’Arcos, Luís Forjaz Trigueiros, Beckert d’Assunção, Amândio César, etc.

Em 1965, os dois programas passaram a chamar-se Programa 1 e Programa 2.

Foi nos anos 60 que o agora Programa 2 atingiu o seu mais alto nível no que toca à divulgação da música dita erudita, ou seja, que se aproximou mais do modelo da Rádio 3 da BBC. Se uma vez por semana havia um recital de câmara dando, assim, trabalho aos nossos intérpretes, apesar de não serem conotados com o regime, compositores como Lopes Graça e outros, viram divulgada a sua obra.

Curiosamente o Estado Novo trabalhou mais pela divulgação de intérpretes e músicos não apoiantes do regime, do que a Antena 2 depois do 25 de Abril até ao fim do século XX.

Os arquivos sonoros da RDP contêm mais música de autores e intérpretes portugueses da década de 64 a 74 do que a partir desta data em diante, em que pouco se fez para preservar a memória dos nossos intérpretes.

Depois do 25 de Abril o Programa 2 passou pelas vicissitudes inerentes a qualquer revolução destacando-se em 1983 o fecho dos dois potentes emissores de OM de Lisboa nos 755 Kcs. 397 m. com 135 Kw de potência, e o do Porto nos 1061 Kcs. 283 m., passando a emitir só em FM. Esta decisão provocou a demissão de José Atalaya, ao tempo director do Programa 2.

Em 1988 passa a emitir 24/24 preenchendo o espaço da madrugada com a transmissão automática de CDs na íntegra. Dois anos depois, a estação é renomeada para Antena 2.

Como directores referimos Pedro do Prado até 1974, Nuno Barreiros, José Atalaia, Fernando Serejo, João Paes, Pereira Bastos, e actualmente, João de Almeida. Em 1993 com João Paes passa a denominar-se Rádio Cultura, voltando a atingir um elevado nível de qualidade; em 1994, sob a direcção de Pereira Bastos, com um novo figurino, caracterizou-se por conflitos constantes com os ouvintes que protestavam pelo aligeiramento da programação, pela insistência na ópera italiana, com o encerramento de um fórum muito concorrido no qual os ouvintes, pela primeira vez na história da rádio estatal, criticavam a orientação programática da estação.

Críticas[editar | editar código-fonte]

Nos últimos anos tem sido entendimento dos seus mentores que música étnica, jazz, blues, new age, música electrónica e ambiental, música de variedades, fados etc também devem caber na sua programação, o que tem levado muitos ouvintes a acusar a actual Antena 2 de superficialidade e, por isso, de não cumprir o modelo para o qual foi criada - a divulgação da música erudita.

Actualmente pode–se ouvir a Antena 2 através da plataformas de televisão por subscrição, sendo a emissão paga, o que tem sido objecto de controvérsia, e pela Internet com as vantagens de escuta diferida de alguns programas.

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]