O Espírito da Verdade (espiritismo)

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 Nota: Para outras religiões cristãs, veja Espírito da Verdade.

Em Espiritismo, o Espírito da Verdade[1] ou o Espírito de Verdade[2][3][4][5][6][7] é um espírito citado nas obras de Allan Kardec. A citação ocorre, primeiramente, em O Livro dos Espíritos, no último parágrafo dos prolegômenos, onde os participantes ativos da obra (personalidades já desencarnadas) são apresentados.

...Lembra-te de que os Bons Espíritos só dispensam assistência aos que servem a Deus com humildade e desinteresse e que repudiam a todo aquele que busca na senda do Céu um degrau para conquistar as coisas da Terra; que se afastam do orgulhoso e do ambicioso. O orgulho e a ambição serão sempre uma barreira erguida entre o homem e Deus. São um véu lançado sobre as claridades celestes, e Deus não pode servir-se do cego para fazer perceptível a luz.
São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito da Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, etc., etc.[2][3]

Muitos[1] sustentam que o Espírito da Verdade seria de fato o Espírito guia (mentor espiritual) de uma falange de espíritos ou a própria falange de espíritos que firmaram os conceitos da codificação espírita; enquanto outros[4] afirmam que ele seria o próprio Jesus Cristo. Este teria usado o pseudônimo “O Espírito da Verdade” para autografar as mensagens psicografadas nas obras básicas do Espiritismo. Para corroborar essa afirmação, dizem que O Espírito da Verdade teria se manifestado isoladamente em várias comunicações contidas no Evangelho Segundo o Espiritismo. Em outras tantas comunicações os espíritos presentes não se identificavam como O Espírito da Verdade e sim como nomes de grandes personalidades históricas, mensageiros de Jesus. A tomar como exemplo Santo Agostinho, São Luiz, Fénelon, entre outros...

Jesus afirmou «Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim.» (João 14:6)

Jesus afirmou também «Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir» (João 16:12–13)

No livro O espírito da verdade,[8] de Chico Xavier e Waldo Vieira, ditado por diversos espíritos, o verbete "espírito da verdade" aparece apenas uma vez no livro sendo utilizado em letras minúsculas no seguinte contexto: "Nele se refletem os pensamentos daqueles servos menores de teus Servos Maiores, aos quais confiaste, em círculos mais estreitos de ação, a sublime tarefa de reviver o espírito da verdade, nos tempos calamitosos de transição que o Planeta atravessa". Porém nas obras de Allan Kardec o espírito que teria se apresentado a ele como sendo "A Verdade" e que teria participado ativamente da Codificação Espírita é sempre citado em letras maiúsculas tanto nas versões em português[2][3][5][6][7] quanto nas versões em francês.[9] Atualmente a Federação Espírita Brasileira,[2][5][6][7] dentre outras editoras,[3] utiliza o nome O Espírito de Verdade em suas obras para se referir ao Espírito que é citado nas obras de Allan Kardec.

O Espírito da Verdade na codificação espírita[editar | editar código-fonte]

O Evangelho Segundo o Espiritismo[editar | editar código-fonte]

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, temos:

  • no capítulo I, item 7:[5]

Assim como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém cumpri-la", também o Espiritismo diz: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução." Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra.

  • no capítulo VI, item 5 (Advento do Espírito da Verdade), temos a mensagem do Espírito da Verdade:[5]

Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divinal. Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade e disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis." Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não vivem na Terra, a clamar: Orai e crede! pois que a morte é a ressurreição, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro. Homens fracos, que compreendeis as trevas das vossas inteligências, não afasteis o facho que a clemência divina vos coloca nas mãos para vos clarear o caminho e reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai. Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar de estender mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as verdades.Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: "Irmãos! Nada perece. Jesus-Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade." - O Espírito da Verdade. Paris, 1860.”

O Livro dos Médiuns[editar | editar código-fonte]

Em O Livro dos Médiuns de Allan Kardec, no capítulo IV, item 48,[6] temos:

Sistema unispírita, ou mono-espírita.

Como variedade do sistema otimista, temos o que se baseia na crença de que um único Espírito se comunica com os homens, sendo esse Espírito o Cristo, que é o protetor da Terra. Diante das comunicações da mais baixa trivialidade, de revoltante grosseria, impregnadas de malevolência e de maldade, haveria profanação e impiedade em supor-se que pudessem emanar do Espírito do bem por excelência. Se os que assim o creem nunca tivessem obtido senão comunicações inatacáveis, ainda se lhes conceberia a ilusão. A maioria deles, porém, concordam em que têm recebido algumas muito ruins, o que explicam dizendo ser uma prova a que o bom Espírito os sujeita, com o lhes ditar coisas absurdas. Assim, enquanto uns atribuem todas as comunicações ao diabo, que pode dizer coisas excelentes para tentar, pensam outros que só Jesus se manifesta e que pode dizer coisas detestáveis, para experimentar os homens. Entre estas duas opiniões tão opostas, quem sentenciará? O bom-senso e a experiência. Dizemos: a experiência, por ser impossível que os que professam idéias tão exclusivas tudo tenham visto e visto bem.
Quando se lhes objeta com os fatos de identidade, que atestam, por meio de manifestações escritas, visuais, ou outras, a presença de parentes ou conhecidos dos circunstantes, respondem que é sempre o mesmo Espírito, o diabo, segundo aqueles, o Cristo, segundo estes, que toma todas as formas. Porém, não nos dizem por que motivo os outros Espíritos não se podem comunicar, com que fim o Espírito da Verdade nos viria enganar, apresentando-se sob falsas aparências, iludir uma pobre mãe, fazendo-lhe crer que tem ao seu lado o filho por quem derrama lágrimas. A razão se nega a admitir que o Espírito, entre todos santo, desça a representar semelhante comédia. Demais, negar a possibilidade de qualquer outra comunicação não importa em subtrair ao Espiritismo o que este tem de mais suave: a consolação dos aflitos? Digamos, pura e simplesmente, que tal sistema é irracional e não suporta exame sério.”

A Gênese[editar | editar código-fonte]

Em A Gênese de Allan Kardec, temos:

  • no capítulo I, item 42,[7] pg. 46:

Demais, se se considerar o poder moralizador do Espiritismo, pela finalidade que assina a todas as ações da vida, por tornar quase tangíveis as conseqüências do bem e do mal, pela força moral, a coragem e as consolações que dá nas aflições, mediante inalterável confiança no futuro, pela idéia de ter cada um perto de si os seres a quem amou, a certeza de os rever, a possibilidade de confabular com eles; enfim, pela certeza de que tudo quanto se fez, quanto se adquiriu em inteligência, sabedoria, moralidade, até à última hora da vida, não fica perdido, que tudo aproveita ao adiantamento do Espírito, reconhece-se que o Espiritismo realiza todas as promessas do Cristo a respeito do Consolador anunciado. Ora, como é o Espírito da Verdade que preside ao grande movimento da regeneração, a promessa da sua vinda se acha por essa forma cumprida, porque, de fato, é ele o verdadeiro Consolador.

  • no capítulo XVII, item 37,[7] pg. 490:

As religiões que se fundaram no Evangelho não podem, pois, dizer-se possuidoras de toda a verdade, porquanto ele, Jesus, reservou para si a complementação ulterior de seus ensinamentos.

  • no capítulo XVII, item 39,[7] pg. 492:

O Consolador é, pois, segundo o pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito da Verdade.

O Espírito da Verdade nas obras complementares de Allan Kardec[editar | editar código-fonte]

Revista Espírita[editar | editar código-fonte]

Nas Revistas Espíritas, de Allan Kardec, temos:

Não poderíeis crer o quanto estou orgulhoso em distribuir, a todos e a cada um, os elogios e os encorajamentos que o Espírito da Verdade, nosso mestre bem amado, me ordenou conceder às vossas piedosas coortes: a ti, Diloud, a ti, sua digna companheira e a todos vossos devotados missionários que derramais os benefícios do Espiritismo, obrigado pelo vosso concurso e pelo vosso zelo.”

  • Revista Espírita de 1864, pág.16, no texto Um caso de Possessão – Senhorita Julie, o Espírito Hahnemann relata:

Essas obsessões freqüentes terão também um lado muito bom, naquilo que sendo penetrada pela prece e pela força moral, pode-se fazê-la cessar e adquirir o direito de expulsar os maus Espíritos, cada um procurará, pela melhoria de sua conduta adquirir esse direito que o Espírito da Verdade, que dirige este globo, conferirá quando for merecido. Tende fé e confiança em Deus, que não permite que se sofra inutilmente e sem motivo.”

  • Revista Espírita de 1864, pág. 399, O Espírito da Verdade, na Comunicação Espírita, afirma:

Há várias moradas na casa de meu Pai, eu lhes disse há dezoito séculos. Estas palavras o Espiritismo veio fazer compreendê-las. E vós, meus bem-amados, trabalhadores que suportais o ardor do dia, que credes ter a vos lamentar da injustiça da sorte, bendizei vossos sofrimentos; agradecei a Deus que vos dá os meios de quitar as dívidas do passado; orai, não dos lábios, mas do vosso coração melhorado, para vir tomar, na casa de meu Pai a melhor morada; porque os grandes serão rebaixados; mas, vós o sabeis, os pequenos e os humildes serão elevados.”

  • Revista Espírita de 1866, pág. 222, no texto Qualificação de Santo aplicada a certos espíritos, se ensina:

O espírito que ditou a comunicação acima é, pois, muito absoluto no que concerne a qualificação de santo, e não está na verdade dizendo que os Espíritos superiores se dizem simplesmente Espíritos da Verdade, qualificação que não seria senão um orgulho mascarado sob outro nome, e que poderia induzir em erro se tomado ao pé da letra, porque ninguém pode se gabar de possuir a verdade absoluta, não mais do que a santidade absoluta. A qualificação de Espírito da Verdade, não pertence senão a um e pode ser considerada como nome próprio; ela é especificada no evangelho. De resto, esse Espírito se comunica raramente, e somente em circunstâncias especiais; deve-se manter em guarda contra aqueles que se apoderam indevidamente desse título: são fáceis de se reconhecer, pela prolixidade e pela vulgaridade de sua linguagem.”

  • Revista Espírita de 1867, pág 271, no texto Caracteres da Revelação Espírita, descreve-se:

Ora, como é o Espírito da Verdade que preside ao grande movimento de regeneração, a promessa de seu advento se encontra do mesmo modo realizada, porque, por conseqüência, ele é que é o verdadeiro Consolador.

  • Revista Espírita de 1868, pág.49, o Espírito Lamennais, no texto Espíritos Marcados, esclarece:

Sim, meus filhos, o povo caminhará mais depressa na nova mensagem anunciada pelo próprio Cristo, e todos virão escutar essa divina palavra, porque nela reconhecerão a linguagem da verdade e o caminho da salvação. Deus que permitiu esclarecer, sustentar vossa caminhada até esse dia, nos permitirá ainda vos dar as instruções que vos são necessárias.”

  • Revista Espírita de 1868, pág. 51, o Espírito Erasto, no texto Futuro do Espiritismo, informa:

Eis, meus filhos, a verdadeira lei do Espiritismo, a verdadeira conquista de um futuro próximo. Caminhai, pois, em vosso caminho imperturbavelmente, sem vos preocupar com as zombarias de uns e amor-próprio ferido de outros. Estamos e ficaremos convosco, sob a égide do Espírito da Verdade, meu senhor e o vosso.”

Obras Póstumas[editar | editar código-fonte]

Em Obras Póstumas de Allan Kardec, na segunda parte, temos Perguntas de Kardec, páginas 331,334 e 335:

Resposta: Sobre isso não pode haver dúvida; será ele quem virá receber-te e felicitar-te, se houveres desempenhado bem tua tarefa.
  • Meu espírito familiar, quem quer que tu sejas, agradeço-te o me teres vindo visitar. Consentirás em dizer-me quem és?
Resposta: Para ti chamar-me-ei A VERDADE e todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei à tua disposição.
  • Terás animado na terra alguma personagem conhecida?
Resposta: Já te disse que, para ti sou A VERDADE; isto, para ti, quer dizer discrição; nada mais saberás a respeito.

Referências

  1. a b «Cópia arquivada». Consultado em 21 de novembro de 2013. Arquivado do original em 17 de julho de 2014 
  2. a b c d http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/135.pdf. Páginas 68 a 71
  3. a b c d Kardec, Allan (2011). «Prolegômenos». O Livro dos Espíritos. Original: Livre des Esprits (francês); tradução de Guilon Ribeiro com adaptações e correções 2ª ed. São José do Rio Preto-SP: Virtude Livros. p. ???. ISBN 9788564365001 
  4. a b «Cópia arquivada». Consultado em 21 de novembro de 2013. Arquivado do original em 10 de dezembro de 2013 
  5. a b c d e O Evangelho Segundo o Espiritismo. Páginas 64—65, 158—159.
  6. a b c d http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/136.pdf. Páginas 74/5
  7. a b c d e f Kardec, Allan (2005). A Gênese (PDF). Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. Col: Obras de Allan Kardec. Traduzido do original em franês "La Genèse" (1868), por Dr. Guillon Ribeiro. [S.l.]: FEB. pp. 46, 490—492. Consultado em 21 de novembro de 2013 
  8. «O espírito da verdade, de Chico Xavier e Waldo Vieira, ditado por diversos espíritos» 
  9. «L'EVANGILE SELON LE SPIRITISME» (PDF). Consultado em 16 de outubro de 2014 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Livros em domínio público[editar | editar código-fonte]

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