Emmanuel (espírito)

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Emmanuel (espírito)

Emmanuel é o nome dado pelo médium brasileiro Chico Xavier ao espírito a que atribui a autoria de boa parte de suas obras psicografadas. Esse espírito era apontado por Chico Xavier como seu orientador espiritual.

Há também um livro homônimo de Chico Xavier que leva a assinatura de Emmanuel, publicado em 1938.

A obra mediúnica atribuída a Emmanuel é composta por dezenas de livros, muitos deles traduzidos para diversos idiomas. São romances históricos, livros de aconselhamento espiritual, obras de exegese bíblica, etc, entre os quais A Caminho da Luz, Há Dois Mil Anos, Cinquenta Anos Depois, Paulo e Estêvão, Ave, Cristo!, Renúncia, Vida e Sexo e O Consolador.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Alegoria representando o médium Chico Xavier, psicografando uma mensagem de Emmanuel.

No dia 10 de julho de 1927, na fazenda da senhora Carmem Pena Perácio (que orientou os primeiros contatos de Chico Xavier com o serviço mediúnico), enquanto rezavam, Carmem ouviu uma voz de um espírito que se identificou como "Emmanuel - amigo espiritual de Chico", onde logo após o viu como "um jovem imponente, com vestes sacerdotais e aura brilhante".[2]

No ano de 1931 ocorreu o primeiro contato de ambos, no momento em que Chico esteve à sombra de uma árvore, à beira de uma represa, enquanto orava. Nesta hora, viu uma cruz luminosa, percebendo a figura de um senhor que vestia uma túnica sacerdotal. Ocorreu então o famoso diálogo entre Chico e Emmanuel:[2]:

O seu nome popularizou-se no Brasil pela psicografia do médium espírita, que assim descreveu um dos primeiros contatos entre ambos, em 1931, enquanto psicografava Parnaso de Além-Túmulo, a sua primeira obra mediúnica: "Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz."

Local onde o médium Chico Xavier afirmou ter tido o seu primeiro contato com Emmanuel

Ao ser questionado sobre a sua identidade, o espírito teria respondido: "Descansa! Quando te sentires mais forte, pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espírita. Tenho seguido sempre os teus passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos pelos laços mais santos da vida e o sentimento afetivo que me impele para o teu coração tem suas raízes na noite profunda dos séculos…"

Em entrevista, Chico Xavier disse certa vez: "Emmanuel tem sido para mim um verdadeiro pai na Vida Espiritual, pelo carinho com que me tolera as falhas e pela bondade com que repete as lições que devo aprender".[3]

No seu livro "De Amor e Sabedoria de Emmanuel", Clóvis Tavares assim definiu Emmanuel[4]:

O retrato de Emmanuel[editar | editar código-fonte]

Emmanuel (espírito), em pintura de Delpino Filho a pedido de Chico Xavier, década de 1940.

Foi feito um retrato do espírito Emmanuel pelo pintor mineiro Delpino Filho. Chico Xavier informou que o espírito não "posou" para o pintor. Na verdade, o artista foi auxiliado por um pintor desencarnado, que era amigo de Emmanuel. O médium afirmou que o retrato produzido é fiel ao benfeitor, quando na personalidade do senador romano Publius Lentulus Cornelius. O único detalhe que poderia ser corrigido no retrato se refere aos lábios, que são na realidade mais estreitos e masculinos. A pintura original se encontra na sede do Grupo Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo, numa sala de preces, feita no quarto onde Chico nasceu, em 1910.[5]

Análise computacional[editar | editar código-fonte]

A obra atribuída a Emmanuel foi analisada por uma técnica de aprendizado de máquinas chamada Deep Learning. A mesma técnica já foi usada para recriar textos de Shakespeare. No caso de Chico Xavier, o estudo selecionou três dos principais autores atribuídos pelo médium: Emmanuel, André Luiz e Humberto de Campos, conseguindo discriminar esses autores com uma precisão considerável (erro de 5% para Emmanuel).[6]

Encarnações[editar | editar código-fonte]

Entre as supostas encarnações de Emmanuel conhecidas do público estão as seguintes, todas relacionadas na obra Deus conosco:

  • A 1ª encarnação de Emmanuel conhecida na Terra data do século IX a.C.. Seu nome era Simas, grão-sacerdote do templo de Amon-Rá na antiga cidade egípcia de Tebas. Foi reitor da escola de Tânis e pai da futura rainha Samura-Mat (Semíramis), do império da Assíria, da Babilônia, do Sumér e do Akad. A sua história se encontra no livro "Semíramis: a rainha da Assíria, da Babilônia e do Súmer", por Camilo Rodrigues Chaves.[7]
  • a 2ª encarnação se refere ao cônsul romano Publius Lentulus Cornelius Sura, contemporâneo de Júlio César, bem como amigo de Sulla e Cícero. Condenado à morte no ano 63 a.C.[7]
  • a 3ª se refere a Publius Lentulus Cornelius, um senador romano e bisneto do anterior Publius Lentulus Cornelius Sura. Viveu à época do Cristo, de acordo com declarações do médium mineiro. De 24 de outubro de 1938 a 9 de fevereiro de 1939, Emmanuel transmitiu ao médium as suas impressões, revelando-nos o orgulhoso patrício romano Públio Lentulus Cornelius no romance "Há dois mil anos". Públio lutou pela sua Roma, não admitindo a corrupção e demonstrando integridade de caráter. Sofreu ao mesmo tempo durante anos a suspeita de ter sido traído pela esposa a quem tanto amava, Lívia. Teve a oportunidade de se encontrar pessoalmente com Jesus, mas entre a opção de ser servo de Jesus ou servo do mundo, optou pela última. Desencarnou na cidade de Pompeia no ano 79 da nossa era vitimado pelas cinzas do Vesúvio, cego e já voltado aos princípios de Jesus.
  • a 4ª se refere ao escravo Nestório. Na obra "Cinquenta Anos Depois", o personagem renasce em Éfeso no ano 131 com o nome de Nestório. De origem judaica, é escravizado por romanos que o conduzem ao país de sua anterior existência. Nos seus 45 anos presumíveis, mostra em seu porte um orgulho silencioso e inconformado. Apartado do filho, que também fora escravizado, volta a encontrá-lo durante uma pregação nas catacumbas onde tinha a responsabilidade da palavra. Cristão desde a infância, é preso e, por manter-se fiel a Jesus, é condenado à morte. Com os demais, ante o martírio, canta, de olhos postos no Céu e, no mundo espiritual, é recebido pelo seu amor de outrora, Lívia.
  • a 5ª se refere a Basílio, romano filho de escravos gregos que nasceu em Chipre como liberto no ano 233. Casou-se com a escrava Júnia Glaura e teve uma filha, porém ambas morreram precocemente. Posteriormente, adotou para si uma criança abandonada numa cesta, que mais tarde recebeu o nome de Lívia (há uma hipótese de que esta teria sido uma das reencarnações de Xavier, de acordo com informações de Arnaldo Rocha, amigo de longa data de Chico, que afirma que o médium lhe deu esta informação[8]), vivendo com ela até o fim de seus dias, onde fora torturado e morto. Mais detalhes são revelados no livro "Ave Cristo", pela psicografia de Francisco Cândido Xavier.[7]
  • a 6ª se refere a São Remígio, bispo de Reims. Nasceu no ano 437, em Laon. De família nobre e religiosa, considerado o maior orador sacro do reino dos francos pela sua especialidade em retórica. Considerado também o apóstolo dos pagãos, nas Gálias, era conhecido pela sua pureza de espírito bem como pelo seu profundo amor a Deus e ao próximo. Desencarnou em janeiro de 533, aos 96 anos.[7]
  • a 7ª se refere ao padre Manuel da Nóbrega, de acordo com Chico Xavier, em participação no programa "Pinga-Fogo" da extinta TV Tupi, em 1971.[9] O deputado Freitas Nobre teria declarado na noite de 27 de julho de 1971 em programa na mesma rede de televisão que, ao escrever um livro sobre o padre José de Anchieta, teve oportunidade de encontrar e fotografar uma assinatura de Manoel da Nóbrega, como "E. Manuel". De acordo com o seu entendimento, o "E" inicial se deveria à abreviatura de "Ermano", o que, ainda de acordo com o seu entendimento, autorizaria a que o nome fosse grafado Emanuel, um "M" apenas e pronunciado com acentuação oxítona.[10]
  • a 8ª se refere ao Padre Damiano, nascido em 1613 na Espanha. Residiu em Ávila, Castela-a-Velha, onde oficiou na Igreja de São Vicente. Desencarnou em idade avançada no Presbitério de São Jaques do Passo Alto, no burgo de São Marcelo, em Paris. Alguns detalhes desta encarnação constam no livro Renúncia, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier.
  • a 9ª se refere a Jean Jacques Turville, nascido no século XVIII na França. Foi educador da nobreza e prelado católico romano no período anterior à Revolução Francesa, vivendo no norte da França. Fugiu à ferocidade revolucionária indo para a Espanha, onde viveu até a morte.[7]
  • a 10ª se refere ao Padre Amaro, um humilde sacerdote católico que viveu entre os séculos XIX e XX. Viveu no estado brasileiro do Pará. Posteriormente foi ao Rio de Janeiro, onde se dedicou à pregação do Evangelho de Jesus, tendo inclusive tido contato com Bezerra de Menezes.[7] Há uma mensagem psicografada por Chico intitulada "Sacerdote católico que fui", na qual Emmanuel descreve com detalhes o processo de sua desencarnação nesta existência.[7]

A carta de Publius Lentulus Cornelius[editar | editar código-fonte]

Foi encontrada uma carta do senador Publius Lentulus Cornelius nos arquivos do Duque de Cesadini na cidade de Roma, enviada pelo senador em Jerusalém na época de Jesus, que havia sido endereçada ao imperador romano Tibério.

Nela, há uma descrição física e moral de Jesus feita pelo senador. A carta é a seguinte[11]

Nova encarnação de Emmanuel no século XX[editar | editar código-fonte]

De acordo com informações do próprio Chico, ao fim do século XX Emmanuel reencarnou em uma cidade do interior de São Paulo, de acordo com informações da Sr.ª Suzana Maia Mousinho, amiga do médium desde 1957, na qual este a teria confidenciado tal fato.[7]

A informação do reencarne de Emmanuel também já foi informada em diversas outras ocasiões. No livro Entrevistas [12], no ano de 1971, Chico afirmou que "Ele (Emmanuel) afirma que, indiscutivelmente, voltará à reencarnação, mas não diz exatamente o momento preciso em que isto se verificará. Entretanto, pelas palavras dele, admitimos que ele estará regressando ao nosso meio de espíritos encarnados no fim do presente século (XX), provavelmente na última década".

Na pergunta de número 33 do livro A Terra e o Semeador [13], o médium disse: "Isso tem sido objeto de conversações entre ele (Emmanuel) e nós. Ele costuma dizer que nos espera no Além, para, em seguida, retornar à vida física".

Outra informação, que consta no livro Lições de Sabedoria[14], foi obtida através da pergunta de Gugu Liberato: "É verdade que o espírito Emmanuel, que lhe ditou a base do Espiritismo prático no Brasil, se prepara para reencarnar?". Chico então respondeu: "Ele virá novamente, dentre pouco tempo, para trabalhar como professor".

D. Suzana Maia Mousinho e sua nora, D. Maria Idê Cassaño, afirmaram que em outubro de 1996, Chico havia revelado a ambas que Emmanuel começou a se preparar para o seu reencarne naquele mesmo ano. Posteriormente, Sônia Barsante, frequentadora do Grupo Espírita da Prece, afirmou que em um certo dia do ano 2000, Chico entrou em transe mediúnico, e ao regressar afirmou que havia ido em desdobramento até uma cidade do estado de São Paulo na qual pôde presenciar o nascimento de um bebê, Emmanuel reencarnado, e ainda afirmou que "todos iríamos reconhecê-lo".[7]

Referências

  1. «Folha Online - Cotidiano - Confira as principais obras psicografadas de Chico Xavier - 30/06/2002». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 21 de fevereiro de 2018 
  2. a b Souto Maior, Marcel. As Vidas de Chico Xavier. [S.l.]: Leya Brasil 
  3. Centro Espírita Seara dos Pobres. «Emmanuel». Searadospobres.com.br. Consultado em 13 de março de 2008 
  4. Clóvis Tavares, De Amor e Sabedoria de Emmanuel. São Paulo: Editora IDE, 1996.
  5. Clóvis Tavares. Trinta anos com Chico Xavier. São Paulo: Editora IDE, 2001.
  6. «Inteligência artificial pôs à prova psicografia de Chico Xavier». Superinteressante 
  7. a b c d e f g h i Joviano, Wanda. Deus Conosco. [S.l.]: Vinha de Luz 
  8. COSTA, Carlos Alberto Braga. Chico, Diálogos e Recordações… UEM: Belo Horizonte, 2006. pp. 319.
  9. Jaci Régis. «Chico Xavier - Mudou a visão do Espiritismo». Espiritnet.com.br. Consultado em 12 de março de 2008 
  10. Expoentes da Codificação Espírita. Curitiba: Federação Espírita do Paraná, 2002. p. 41 ISBN 85-86255-11-4
  11. «Carta do senador Públio Lentulus ao imperador Tibério, descrevendo as características físicas e morais de Jesus» (PDF). Radioriodejaneiro.am.br. 2 de abril de 2010. Arquivado do original (PDF) em 24 de setembro de 2015 
  12. Entrevistas, editora IDE, 1971
  13. A Terra e o Semeador, editora IDE, 1975
  14. Lições de Sabedoria, organizado pela Dra. Marlene Nobre, editado em 1997 pela Folha Espírita, 2ª ed, p. 171

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Marcel Souto Maior (2003). As Vidas de Chico Xavier 2ª ed. São Paulo: Planeta. 270 páginas 
  • Francisco Cândido Xavier (ditado pelo espírito Emmanuel). Wanda Amorim Joviano e Geraldo Lemos (organizadores) (2008). Deus Conosco 2ª ed. Belo Horizonte: Vinha de Luz. 624 páginas 
  • Francisco Cândido Xavier (ditado pelo espírito Emmanuel). (1939). Há 2000 anos… 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB 
  • Francisco Cândido Xavier (ditado pelo espírito Emmanuel). (1940). 50 anos depois… 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB 
  • Francisco Cândido Xavier (ditado pelo espírito Emmanuel). (1944). Renúncia 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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