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== História ==
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Epidauro é citada no ''[[Catálogo de navios]]'' (na secção que se encontra no canto II da [[Ilíada]] de [[Homero]]) como «Epidauro dos bons vinhedos».<ref>[[Homero]], ''[[Ilíada]]'',ii,561</ref> Nos séculos [[século VII a.C.|VII a.C.]] e [[século VI a.C.|VI a.C.]], pertencia à [[anfictionia]] chamada «dos [[Minianos]]», cuja fixação era na ilha de [[Poros|Calauria]].<ref>[[Estrabão]], ''[[Geografia de Estrabão|Geografia]]'',viii,6,15.</ref> Em finais do século VI a.C., era governada pelo tirano Procles, que deu sua filha Melisa em casamento a [[Periandro de Corinto|Periandro]], tirano de [[Corinto]].<ref>[[Heródoto]], ''[[História (Heródoto)|]]'',iii,50; v,92</ref> Periandro atacou Epidauro e fez prisioneiro Procles conquistando a cidade. Depois da tirania voltou a [[oligarquia]].

Epidauro é citada no ''[[Catálogo de navios]]'' (na secção que se encontra no canto II da [[Ilíada]] de [[Homero]]) como «Epidauro dos bons vinhedos».<ref> [[Homero]], ''[[Ilíada]]'',ii,561</ref> Nos séculos [[século VII a.C.|VII a.C.]] e [[século VI a.C.|VI a.C.]], pertencia à [[anfictionia]] chamada «dos [[Minianos]]», cuja fixação era na ilha de [[Poros|Calauria]]<ref>[[Estrabão]], ''[[Geografia de Estrabão|Geografia]]'',viii,6,15.</ref>. Em finais do século VI a.C., era governada pelo tirano Procles, que deu sua filha Melisa em casamento a [[Periandro de Corinto|Periandro]], tirano de [[Corinto]].<ref>[[Heródoto]], ''[[História (Heródoto)|]]'',iii,50; v,92</ref> Periandro atacou Epidauro e fez prisioneiro Procles conquistando a cidade. Depois da tirania voltou a [[oligarquia]].


Na época histórica, oligarcas dóricos continuaram a ser os dirigentes da cidade, que era uma das principais cidades comerciais do [[Peloponeso]]. Epidauro colonizou [[Egina]], que durante muito tempo foi uma dependência. Também colonizou [[Cós (Grécia)|Cós]], [[Calimnos]] (''Calidnos'') e [[Nisiros]], mas quando o comércio cresceu, Egina aumentou a sua importância e suplantou a metrópole no século VI a.C.
Na época histórica, oligarcas dóricos continuaram a ser os dirigentes da cidade, que era uma das principais cidades comerciais do [[Peloponeso]]. Epidauro colonizou [[Egina]], que durante muito tempo foi uma dependência. Também colonizou [[Cós (Grécia)|Cós]], [[Calimnos]] (''Calidnos'') e [[Nisiros]], mas quando o comércio cresceu, Egina aumentou a sua importância e suplantou a metrópole no século VI a.C.
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Já na [[século de Péricles|época clássica]], Epidauro gozou de um grande prestígio graças ao seu santuário consagrado a [[Esculápio]], onde se praticava a [[medicina na Antiga Grécia|medicina]] pela interpretação dos sonhos. Compreendia vários edifícios públicos, entre os quais havia um grande templo construido no [[século IV a.C.]]. Em honra de Esculápio se organizavam as ''Asklepieia'', [[Jogos Pan-helénicos]] [[Concurso pentetérico|pentétericos]] que compreendia corridas de cavalo e, a partir do século IV, concursos de poesia. O culto de Esculápio teve o seu apogeu na [[período helenístico|época helenística]].
Já na [[século de Péricles|época clássica]], Epidauro gozou de um grande prestígio graças ao seu santuário consagrado a [[Esculápio]], onde se praticava a [[medicina na Antiga Grécia|medicina]] pela interpretação dos sonhos. Compreendia vários edifícios públicos, entre os quais havia um grande templo construido no [[século IV a.C.]]. Em honra de Esculápio se organizavam as ''Asklepieia'', [[Jogos Pan-helénicos]] [[Concurso pentetérico|pentétericos]] que compreendia corridas de cavalo e, a partir do século IV, concursos de poesia. O culto de Esculápio teve o seu apogeu na [[período helenístico|época helenística]].


Em [[243 a.C.]], Epidauro reuniu a [[Liga Aqueia]]. No Verão de [[225 a.C.]] foi tomada por [[Cleómenes III]], [[Lista de reis de Esparta|rei de Esparta]]<ref>[[Políbio]],ii,3,52.</ref>. Converteu-se em aliada da [[República de Roma]].
Em [[243 a.C.]], Epidauro reuniu a [[Liga Aqueia]]. No Verão de [[225 a.C.]] foi tomada por [[Cleómenes III]], [[Lista de reis de Esparta|rei de Esparta]].<ref>[[Políbio]],ii,3,52.</ref> Converteu-se em aliada da [[República de Roma]].
[[Ficheiro:Epidaurus Theater.jpg|thumb|right|450px|Teatro de Epidauro]]
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Sob domínio romano tinha perdido toda a importância e era praticamente o porto do templo de Esculápio. Pausânias dá uma lista de seus edifícios principais: o templo de [[Atena]] Cisea na [[acrópole]], o templo de [[Dionísio]], o de Artemisa, o de Afrodite, e talvez o de Esculápio; e o de Hera no porto,<ref>Pausânias, ii, 29, 1</ref> provavelmente no actual Cabo Nicolau.
Sob domínio romano tinha perdido toda a importância e era praticamente o porto do templo de Esculápio. Pausânias dá uma lista de seus edifícios principais: o templo de [[Atena]] Cisea na [[acrópole]], o templo de [[Dionísio]], o de Artemisa, o de Afrodite, e talvez o de Esculápio; e o de Hera no porto,<ref>Pausânias, ii, 29, 1</ref> provavelmente no actual Cabo Nicolau.
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Na cidade havia também [[ginásio (Antiga Grécia)|ginásio]], [[palestra]], teatro, construído aproveitando a vertente de uma montanha, com um diâmetro de 112 metros e 32 filas de assentos na parte baixa, 20 na parte central e 24 na superior, com capacidade para 12.000 espectadores e o [[proscénio]].
Na cidade havia também [[ginásio (Antiga Grécia)|ginásio]], [[palestra]], teatro, construído aproveitando a vertente de uma montanha, com um diâmetro de 112 metros e 32 filas de assentos na parte baixa, 20 na parte central e 24 na superior, com capacidade para 12.000 espectadores e o [[proscénio]].


[[Cipião Emiliano]] visitou-a em [[168 a.C.|168]]-[[167 a.C.]], na mesma época que outros grandes lugares do helenismo, como [[Antiga Atenas|Atenas]], [[oráculo de Delfos|Delfos]] e [[Olímpia]]<ref>''Ibid.'' XXX, A, II, 10, 4).</ref>. Em [[87 a.C.]], é arrasada por [[Silas]], que saqueou o tesouro do templo. A última menção de Epidauro remonta ao século VI, no ''Synekdemos'' de [[Hierócles]], uma obra que descreve as divisões administrativas do [[Império Bizantino]].
[[Cipião Emiliano]] visitou-a em [[168 a.C.|168]]-[[167 a.C.]], na mesma época que outros grandes lugares do helenismo, como [[Antiga Atenas|Atenas]], [[oráculo de Delfos|Delfos]] e [[Olímpia]].<ref>''Ibid.'' XXX, A, II, 10, 4).</ref> Em [[87 a.C.]], é arrasada por [[Silas]], que saqueou o tesouro do templo. A última menção de Epidauro remonta ao século VI, no ''Synekdemos'' de [[Hierócles]], uma obra que descreve as divisões administrativas do [[Império Bizantino]].


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Revisão das 15h53min de 28 de janeiro de 2010

Epidauro (grego antigo: Ἐπίδαυρος, Epídauros, latim: Epidaurus) era uma cidade da Grécia antiga, situada na Argólida, às margens do Mar Egeu e célebre pelo santuário de Esculápio, deus da Medicina, que atraía doentes de todo o mundo. Seu teatro ao ar livre está bem conservado. Fundada pelos jônicos, foi ocupada pelos dóricos e aliou-se a Esparta, perdendo sua importância com o desenvolvimento da cidade de Egina, na ilha de mesmo nome. Decaiu com a conquista romana.

Anfiteatro de Epidauro

Famoso também é o Anfiteatro de Epidauro, dos maiores de seu tipo e de seu tempo, possuía uma acústica considerada perfeita para a época, reproduzindo com precisão e, principalmente, de forma audível, mesmo o som de um alfinete jogado ao chão, que podia ser ouvido mesmo nas últimas bancadas.

História

Epidauro é citada no Catálogo de navios (na secção que se encontra no canto II da Ilíada de Homero) como «Epidauro dos bons vinhedos».[1] Nos séculos VII a.C. e VI a.C., pertencia à anfictionia chamada «dos Minianos», cuja fixação era na ilha de Calauria.[2] Em finais do século VI a.C., era governada pelo tirano Procles, que deu sua filha Melisa em casamento a Periandro, tirano de Corinto.[3] Periandro atacou Epidauro e fez prisioneiro Procles conquistando a cidade. Depois da tirania voltou a oligarquia.

Na época histórica, oligarcas dóricos continuaram a ser os dirigentes da cidade, que era uma das principais cidades comerciais do Peloponeso. Epidauro colonizou Egina, que durante muito tempo foi uma dependência. Também colonizou Cós, Calimnos (Calidnos) e Nisiros, mas quando o comércio cresceu, Egina aumentou a sua importância e suplantou a metrópole no século VI a.C.

Epidauro foi sempre fiel aliada de Esparta enquanto que com a sua metrópole, Argos, rompeu relações depois da instauração nesta cidade da democracia. A cidade de Epidauro era governada por artinos (artynae) que presidiam um conselho de 180 membros; os habitantes originais não dórios eram os konipodes que trabalhavam a terra para os seus amos dórios, mas não eram escravos.

Nas Guerras Médicas, a cidade enviou oito navios para a Batalha de Artemisio, 800 homens para Platea e 10 barcos para Salamina. Ao terminar a guerra, Salamina aliou-se com Esparta e entrou na Liga do Peloponeso, contra Atenas e a confederação de Delos. Tomou parte no «assunto de Corcira» e proporcionou trirremes a Corinto. Epidauro constituiu um ponto nevrálgico do confronto entre Atenas e Esparta.

Em 419 a.C., durante a Guerra do Peloponeso, os argivos tentaram conquistar a cidade, mas foram repelidos.

Já na época clássica, Epidauro gozou de um grande prestígio graças ao seu santuário consagrado a Esculápio, onde se praticava a medicina pela interpretação dos sonhos. Compreendia vários edifícios públicos, entre os quais havia um grande templo construido no século IV a.C.. Em honra de Esculápio se organizavam as Asklepieia, Jogos Pan-helénicos pentétericos que compreendia corridas de cavalo e, a partir do século IV, concursos de poesia. O culto de Esculápio teve o seu apogeu na época helenística.

Em 243 a.C., Epidauro reuniu a Liga Aqueia. No Verão de 225 a.C. foi tomada por Cleómenes III, rei de Esparta.[4] Converteu-se em aliada da República de Roma.

Teatro de Epidauro

Sob domínio romano tinha perdido toda a importância e era praticamente o porto do templo de Esculápio. Pausânias dá uma lista de seus edifícios principais: o templo de Atena Cisea na acrópole, o templo de Dionísio, o de Artemisa, o de Afrodite, e talvez o de Esculápio; e o de Hera no porto,[5] provavelmente no actual Cabo Nicolau.

Na cidade havia também ginásio, palestra, teatro, construído aproveitando a vertente de uma montanha, com um diâmetro de 112 metros e 32 filas de assentos na parte baixa, 20 na parte central e 24 na superior, com capacidade para 12.000 espectadores e o proscénio.

Cipião Emiliano visitou-a em 168-167 a.C., na mesma época que outros grandes lugares do helenismo, como Atenas, Delfos e Olímpia.[6] Em 87 a.C., é arrasada por Silas, que saqueou o tesouro do templo. A última menção de Epidauro remonta ao século VI, no Synekdemos de Hierócles, uma obra que descreve as divisões administrativas do Império Bizantino.

Referências

  1. Homero, Ilíada,ii,561
  2. Estrabão, Geografia,viii,6,15.
  3. Heródoto, [[História (Heródoto)|]],iii,50; v,92
  4. Políbio,ii,3,52.
  5. Pausânias, ii, 29, 1
  6. Ibid. XXX, A, II, 10, 4).