Foguete Sonda: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Foguete Barreira do Inferno.jpg|thumb|Foguete Sonda III em exposição no [[CLBI]], [[Rio Grande do Norte]]]]
[[Imagem:FamiliaFoguetesSonda-01.jpg|thumb|right|350px|Foguetes da família Sonda em exposição no [[CLBI]], [[Rio Grande do Norte]]. Da frente para o fundo, os foguetes Sonda I, II, III e IV.]]


Os [[Foguete espacial|foguetes]] [[Brasil|brasileiros]] da série '''Sonda''' foram os primeiros foguetes nacionais, lançados à partir do [[Centro de Lançamento da Barreira do Inferno]] no estado do [[Rio Grande do Norte]]. Os conhecimentos adquiridos com esses foguetes serviram de base para a criação dos motores que iriam compor os estágios do [[Veículo Lançador de Satélites]].
Os [[Foguete espacial|foguetes]] da série '''Sonda''' foram os primeiros foguetes fabricados no [[Brasil]], lançados à partir do
[[Centro de Lançamento da Barreira do Inferno]] no estado do [[Rio Grande do Norte]]. Os conhecimentos adquiridos com esses foguetes serviram de base para a
criação dos motores que iriam compor os estágios do futuro [[Veículo Lançador de Satélites]].


São [[Foguetes de sondagem|foguetes de sondagem]] utilizados em missões [[Voo sub-orbital|sub-orbitais]] de exploração do espaço, capazes de lançar cargas úteis compostas por experimentos científicos e tecnológicos.
Os foguetes dessa família, são [[Foguetes de sondagem|foguetes de sondagem]] utilizados em missões [[Voo sub-orbital|sub-orbitais]] de exploração do espaço,
capazes de lançar cargas úteis compostas por experimentos científicos e tecnológicos.<ref name="FRPE"></ref>


O projeto atendia aos dois principais objetivos do planejamento criado pelo [[Grupo Executivo e de Trabalho e Estudos de Projetos Espaciais|GTEPE]] desde 1964,
Inserido no escopo do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), em seu programa decenal, e executado pelo [[Instituto de Aeronáutica e Espaço]] (IAE), o projeto teve o início prático em 1965, quando o foguete '''Sonda I''' fez o seu vôo inaugural. Foi o primeiro lançamento de um foguete nacional do então Campo de Lançamento de Foguetes da Barreira do Inferno (CLFBI), atual Centro de Lançamentos da Barreira do Inferno ([[CLBI]]).
que eram: criar uma base para lançamento de foguetes de sondagem no Brasil e construir foguetes localmente. Primeiro em parceria com os estrangeiros e
paulatinamente envolvendo a indústria privada Brasileira.<ref name="FRPE"></ref>

Esses dois objetivos se materializaram em 1965, com a inauguração do ''Campo de Lançamento de Foguetes da Barreira do Inferno'' (CLFBI), atual [[CLBI]], e nesse
mesno ano, com o lançamento do primeiro foguete Sonda I à partir dele.
==Sonda I==
==Sonda I==
{{Artigo principal|Sonda I}}
[[Ficheiro:Sonda I.jpg|60px|right|Esquema do foguete Sonda I.]]
Em 1965 o GTEPE por intermédio do que viria a se tornar mais tarde o [[CTA]] e em conjunto com a [[Avibras]], iniciaram o desenvolvimento do primeiro foguete de
Em 1965 iniciou-se no [[CTA]] o desenvolvimento do primeiro foguete de sondagem [[meteorologia|meteorológica]], o '''Sonda I'''. Esse foguete foi uma evolução técnica sobre o foguete '''[[ARCAS (foguete)|ARCAS]]''' (modelo Arcas Booster) fabricado pela Atlantic Research Corporation Americana. Naquela época o Brasil precisava honrar acordos de pesquisa meteorológicas com outros Países e só dispunha de foguetes Americanos para tal.
sondagem [[meteorologia|meteorológica]], o '''Sonda I'''. Esse foguete foi uma evolução técnica sobre o foguete '''[[ARCAS (foguete)|Arcas]]''' Americano.
Naquela época o Brasil precisava honrar acordos de pesquisa meteorológicas com outros Países e só dispunha de foguetes Americanos para tal.<ref name="EHPE"></ref>


Inúmeras tecnologias foram desenvolvidas e transferidas para a indústria, o que significou uma economia de divisas superior a US$ 1 milhão por mês. Cerca de 225 foguetes '''Sonda I''' foram lançados da [[CLBI|Barreira do Inferno]], em [[Natal (Rio Grande do Norte)|Natal]], todos com dificuldades técnicas, embora passando por
Inúmeras tecnologias foram desenvolvidas e transferidas para a indústria, o que significou uma economia de divisas superior a US$ 1 milhão por mês. Mais de 200
foguetes '''Sonda I''' foram lançados da [[CLBI|Barreira do Inferno]], em [[Natal (Rio Grande do Norte)|Natal]], todos com dificuldades técnicas, embora passando
modificações continuadas,sendo o último em 1977.
por modificações continuadas,sendo o último em 1977.


Embora o Sonda I não tenha conseguido alcançar a posição de foguete
Embora o Sonda I não tenha conseguido alcançar a posição de foguete operacional, pode-se dizer, entretanto, que ele foi o primeiro passo na busca tecnológica para
operacional, pode-se dizer, entretanto, que foi ele o primeiro passo da busca tecnológica para os outros desenvolvimentos. Foi o Sonda I que propiciou os primeiros contatos com a indústria de compostos químicos, de tubos e artefatos que hoje são comuns nos foguetes que estão sendo fabricados no Brasil.<ref name="autogenerated1">http://www.anovademocracia.com.br/no-13/1038-a-maior-de-todas-as-sabotagens</ref>.
os outros desenvolvimentos. Foi o Sonda I que propiciou os primeiros contatos com a indústria de compostos químicos, de tubos e artefatos que hoje são comuns nos
foguetes que estão sendo fabricados no Brasil.<ref name="NDMS"></ref>


O foguete '''Sonda I''' foi projetado para ser aplicado em estudos da alta [[atmosfera]] e se destinava a transportar cargas úteis [[meteorologia|meteorológicas]] de 4,5 [[kg]] a 70 [[km]] de [[altitude]]. Esse foguete serviu, principalmente, como escola no campo de [[propelente]]s sólidos e outras tecnologias e para o desenvolvimento de foguetes de curto alcance.
O foguete '''Sonda I''' foi projetado para ser aplicado em estudos da alta [[atmosfera]] e se destinava a transportar cargas úteis [[meteorologia|meteorológicas]] de 4,5 [[kg]] a 70 [[km]] de [[altitude]]. Esse foguete serviu, principalmente, como escola no campo de [[propelente]]s sólidos e outras tecnologias e para o desenvolvimento de foguetes de curto alcance.


'''Características'''
;Características
<blockquote style="background: white; border: 1px solid black; padding: 1em;">
* Comprimento total: 3,100 m
<div style="float:right; margin: 0 0 1em 1em;">[[Imagem:Sonda I esquema.jpg|80px]]</div>
* [[Diâmetro]] máximo: 0,127 m
* Nº. de estágios: 2 (1 x S10-1 + 1 x S-10-2)
:'''Foguete de dois estágios: 1 x S10-1 + 1 x S10-2.'''<ref name="S101"></ref><ref name="S102"></ref><ref name="CCOB"></ref><ref name="RVLS"></ref>
*Notas: o motor S10-1 era o booster (27 kN), e o S10-2 uma evolução do [[Arcas]], porém com 4,2 kN de empuxo.
* [[Massa]] Total: 59 kg
*[[Situação]]: Fora de serviço (1975) (?).
* Massa da Carga Útil: 4,5 kg
* [[Apogeu]]: 70 km
*[[Altura (medida)|Altura]]: 3,95 m
*[[Diâmetro]]: 0,127 m (S10-1) 0,114 m (S10-2)
* [[Empuxo]] no lançamento: 27 kN
*[[Massa]]: 59 kg
*[[Carga útil (aérea e espacial)|Carga útil]]: 4,5 kg
*[[Empuxo]] no lançamento: 27 kN
*[[Apoastro|Apogeu]]: 70 km
*[[Estreia]]: Dezembro de 1965.
*Último: 1977
*Lançamentos: 226
</blockquote>


==Sonda II==
==Sonda II==
{{Artigo principal|Sonda II}}
[[Ficheiro:Sonda II.jpg|60px|right|Esquema do foguete Sonda II.]]
O foguete '''Sonda II''' teve origem completamente diversa do Sonda I, e apesar do nome, '''não''' é uma evolução deste.
O foguete '''Sonda II''' teve origem completamente diversa do Sonda I, e apesar do nome, '''não''' é uma evolução deste.


Em 1968, inspirados pelos conhecimantos adquiridos com os foguetes [[Black Brant]] III e IV [[Canadá|Canadenses]], usados no projeto
Nos últimos meses de 1967, a [[NASA]] tinha muito interesse em estabelecer no Brasil um projeto cujo objetivo principal seria a determinação, em curto prazo, das doses de radiação e suas variações, em altitudes orbitais na região da anomalia magnética Brasileira, para dar apoio ao Projeto Apollo. Para isso, a NASA forneceu foguetes [[Black Brant]] IV comprados à empresa Canadense Bristol Aerospace, e devido as necessidades urgentes do projeto Apollo, a Bristol Aerospace precisou repassar integralmente a tecnologia desses foguetes para o pessoal técnico Brasileiro, inclusive os processos de fabricação.
[[South Atlantic Anomaly Probe|SAAP]] um foguete operacionalmente muito bom iniciou-se o desenvolvimento do ''Sonda II''. Já em julho de 1969, foram lançados
os dois primeiros foguetes Sonda II. É verdade que nos primeiros lançamentos os resultados não foram um sucesso, mas já era uma primeira tentativa de ter um
segundo foguete Brasileiro voando.<ref name="EHPE"></ref>


Esse foguete, foi desenvolvido para transporte de cargas úteis científicas e tecnológicas, de 20 a 70 kg, para experimentos na faixa de 50 a 100 km de altitude,
O treinamento teve início no começo de maio de 1968, tendo sido coroado com o primeiro lançamento do Projeto realizado a 11 de junho. De todos os projetos conduzidos, associados a organizações estrangeiras até aquele momento, este pode ser considerado como o mais importante, devido a quantidade de transferência tecnológica envolvida.
com inovações tecnológicas, como novas proteções térmicas, novos propelentes e testes de componentes eletrônicos.
O motor S20, que impulsionava este modelo, foi o primeiro motor a combustível sólido do tipo "composite" fabricado no Brasil.<ref name="EHPE"></ref>


;Características
Já em julho de 1969, um ano depois, foram lançados os dois primeiros foguetes Sonda II. É verdade que nos primeiros lançamentos os resultados não foram um sucesso, mas já era uma primeira tentativa de ter um foguete Brasileiro voando.
<blockquote style="background: white; border: 1px solid black; padding: 1em;">

<div style="float:right; margin: 0 0 1em 1em;">[[Imagem:Sonda II esquema.jpg|80px]]</div>
É fácil de constatar que o foguete Sonda II, foi totalmente inspirado no [[Black Brant]] III. E é claro que não há nenhum demérito em copiar um foguete operacionalmente muito bom. Principalmente naquela época em que quase nada de tecnologia para construção de foguetes existia no Brasil.
:'''Foguete de um estágio: 1 x S20.'''<ref name="EAS2"></ref><ref name="EHPE"></ref>

*Notas: diferente do que se pode imaginar, este modelo '''não''' é uma simples evolução do ''Sonda I''.
O foguete monoestágio '''Sonda II''', foi desenvolvido para transporte de cargas úteis científicas e tecnológicas, de 20 a 70 kg, para experimentos na faixa de 50 a 100 km de altitude, com inovações tecnológicas, como novas proteções térmicas, novos propelentes e testes de componentes eletrônicos.
*[[Situação]]: Fora de serviço (1996).

*[[Altura (medida)|Altura]]: 4,1 m
Entre as inovações tecnológicas obtidas por este modelo, destacam-se: laminados de aço de alta resistência que passaram a ser produzidos localmente. Foram eliminadas as dependências externas na produção de envelopes de motores e minoradas as dificuldades de atendimento de materiais metálicos de alta resistência, em especial nos setores de caldeiraria e ferramental. Foram lançados 61 foguetes '''Sonda II''' do [[CLBI]] e do [[CLA]].<ref name="autogenerated1">http://www.anovademocracia.com.br/no-13/1038-a-maior-de-todas-as-sabotagens</ref>.
*[[Diâmetro]]: 0,300 m

*[[Massa]]: 368 kg
'''Características'''
*[[Carga útil (aérea e espacial)|Carga útil]]: 44 kg
* Comprimento total: 4,534 m
*[[Empuxo]] no lançamento: 36 kN
* Diâmetro máximo: 0,300 m
*[[Apoastro|Apogeu]]: 90 km
* Nº. de estágios: 1 (1 x S-20)
*[[Estreia]]: Julho de 1969.
* Massa Total: 368 kg
*Último: 1996
* Massa da Carga Útil: 70 kg
*Lançamentos: 15
* Apogeu: 100 km
</blockquote>
* Empuxo no lançamento: 36 kN


==Sonda III==
==Sonda III==
{{Artigo principal|Sonda III}}
[[Ficheiro:Sonda III.jpg|60px|right|Esquema do foguete Sonda III.]]
Em 1969, o IAE iniciou o desenvolvimento do próximo modelo da linha de foguetes Sonda. Era o foguete '''Sonda III''' de dois estágios de combustível sólido, sendo este baseado no [[Black Brant]] IV, e capaz de transportar cargas úteis científicas e tecnológicas de 50 a 150 kg para experimentos na faixa de 200 a 650 km de altitude. Foram lançados 29 foguetes '''Sonda III''' do [[CLBI]] e do [[CLA]].
Em 1969, o [[Instituto de Aeronáutica e Espaço|IAE]] iniciou o desenvolvimento do próximo modelo da linha de foguetes Sonda. Era o foguete '''Sonda III''' de dois
estágios de combustível sólido, sendo este baseado no [[Black Brant]] IV, e capaz de transportar cargas úteis científicas e tecnológicas de 60 a 140 kg para
experimentos na faixa de 200 a 650 km de altitude. Foram lançados 29 foguetes '''Sonda III''' do [[CLBI]] e do [[CLA]].<ref name="EHPE"></ref>


Esse veículo recebeu, pela primeira vez, um sistema de instrumentação completa, um sistema de separação de estágios, um sistema de ignição para o segundo estágio, uma carga útil tecnológica para aquisição de dados durante todo o vôo do veículo, um sistema de teledestruição, um sistema para controle de altitude dos três eixos da carga útil, um sistema de recuperação da carga útil no mar e muitos dispositivos eletrônicos. O primeiro protótipo voou em 26 de fevereiro de 1976<ref name="autogenerated2">http://www.redetec.org.br/inventabrasil/sondaf.htm</ref>.
Esse veículo recebeu, pela primeira vez, um sistema de instrumentação completa, um sistema de separação de estágios, um sistema de ignição para o segundo
estágio, uma carga útil tecnológica para aquisição de dados durante todo o vôo do veículo, um sistema de teledestruição, um sistema para controle de altitude
dos três eixos da carga útil, um sistema de recuperação da carga útil no mar e muitos dispositivos eletrônicos. O primeiro protótipo voou em 26 de fevereiro
de 1976.<ref name="RTFS"></ref>


'''Características'''
;Características
<blockquote style="background: white; border: 1px solid black; padding: 1em;">
* Comprimento total: 6,985 m
<div style="float:right; margin: 0 0 1em 1em;">[[Imagem:Sonda III esquema.jpg|80px]]</div>
* Diâmetro máximo: 0,557 m
* Nº. de estágios: 2 (1 x S30 + 1 x S-20) ou (1 x S30 + 1 x S-23) no modelo M1
:'''Foguete de dois estágios: 1 x S30 + 1 x S20.'''<ref name="EAS3"></ref><ref name="RVLS"></ref><ref name="EHPE"></ref>
*Notas: o motor S30 era o booster (27 kN), e o S20 o mesmo usado no Sonda II com 36 kN de empuxo.
* Massa Total: 1.548 kg
*[[Situação]]: Fora de serviço (2002).
* Massa da Carga Útil: 150 kg
*[[Altura (medida)|Altura]]: 8 m
* Apogeu: 650 km
*[[Diâmetro]]: 0,557 m (S30) 0,300 m (S20)
* Empuxo no lançamento: 102 kN
*[[Massa]]: 1.581 kg
*[[Carga útil (aérea e espacial)|Carga útil]]: 140 kg
*[[Empuxo]] no lançamento: 120 kN
*[[Apoastro|Apogeu]]: 250 km
*[[Estreia]]: 26 de Fevereiro de 1976.
*Último: 12 de Maio de 2002
*Lançamentos: 29
</blockquote>


==Sonda IV==
==Sonda IV==
{{Artigo principal|Sonda IV}}
[[Ficheiro:Sonda IV.jpg|60px|right|Esquema do foguete Sonda IV.]]
A partir de 1974, começou a segunda fase de desenvolvimento de foguetes, em que foram equipados sistemas de guiagem, que levou ao projeto preliminar do foguete biestágio '''Sonda IV''', com propulsores carregados com propelente sólido, especificado para permitir o domínio das tecnologias imprescindíveis para o desenvolvimento do [[Veículo Lançador de Satélites]] (VLS).
A partir de 1974, começou a segunda fase de desenvolvimento de foguetes, em que foram equipados sistemas de guiagem, que levou ao projeto preliminar do foguete
biestágio '''Sonda IV''', com propulsores carregados com propelente sólido, especificado para permitir o domínio das tecnologias imprescindíveis para o
desenvolvimento do [[Veículo Lançador de Satélites]] (VLS).


O Sonda IV foi utilizado para o transporte de cargas úteis científicas e tecnológicas de 300 a 500 kg para experimentos na faixa de 700 a 1.000 km de altitude. Seu primeiro lançaento ocorreu em 1984.
O Sonda IV foi utilizado para o transporte de cargas úteis científicas e tecnológicas de 300 a 500 kg para experimentos na faixa de 700 a 1.000 km de altitude.
Seu primeiro lançaento ocorreu em 1984.


Ele foi testado em túnel supersônico, na Alemanha Federal. Possui um primeiro estágio guiado, corrigindo desvios por injeção de freon na saída de gases. Em função desse sistema, o IAE precisou desenvolver um depósito de freon para 90 atmosferas. Garrafas de nitrogênio em aço fazem a injeção atravéz de 24 válvulas, comandadas do chão. Foram desenvolvidos sistemas inerciais em salas ultralimpas, além de processadores de bordo. Por todos esses aspectos, o Sonda IV foi um marco tecnológico no Programa Espacial Brasileiro<ref name="autogenerated2">http://www.redetec.org.br/inventabrasil/sondaf.htm</ref>.
Ele foi testado em túnel supersônico, na Alemanha Federal. Possui um primeiro estágio guiado, corrigindo desvios por injeção de freon na saída de gases.
Em função desse sistema, o IAE precisou desenvolver um depósito de freon para 90 atmosferas. Garrafas de nitrogênio em aço fazem a injeção atravéz de 24 válvulas,
comandadas do chão. Foram desenvolvidos sistemas inerciais em salas ultralimpas, além de processadores de bordo. Por todos esses aspectos, o Sonda IV foi um
marco tecnológico no Programa Espacial Brasileiro.<ref name="RTFS"></ref>


'''Características'''
;Características
<blockquote style="background: white; border: 1px solid black; padding: 1em;">
* Comprimento total: 9,185 m
<div style="float:right; margin: 0 0 1em 1em;">[[Imagem:Sonda III esquema.jpg|80px]]</div>
* Diâmetro máximo: 1,000 m
* Nº de estágios: 2 (1 x S30 + 1 x S-43)
:'''Foguete de dois estágios: 1 x S40 + 1 x S30.'''<ref name="EAS4"></ref><ref name="RVLS"></ref><ref name="EHPE"></ref>
*Notas: o motor S40 era o booster (203 kN), e o S20-2 o mesmo usado no Sonda III com 120 kN de empuxo.
* Massa Total: 6.917 kg
*[[Situação]]: Fora de serviço (1989) (?).
* Massa da Carga Útil: 500 kg
*[[Altura (medida)|Altura]]: 11 m
* Apogeu: 1000 km
*[[Diâmetro]]: 1,008 m (S40) 0,555 m (S30)
* Empuxo no lançamento: 203 kN
*[[Massa]]: 7.270 kg
*[[Carga útil (aérea e espacial)|Carga útil]]: 500 kg
*[[Empuxo]] no lançamento: 203 kN
*[[Apoastro|Apogeu]]: 730 km
*[[Estreia]]: 21 de Novembro de 1984.
*Último: 28 de Março de 1989
*Lançamentos: 4
</blockquote>


==Legado==
==Legado==

Embora não possam ser considerados marcos representativos de uma nova fase do [[Programa espacial brasileiro|Programa Espacial Brasileiro]] ('''PEB'''),
Embora não possam ser considerados marcos representativos de uma nova fase do [[Programa espacial brasileiro|Programa Espacial Brasileiro]] ('''PEB'''),
outros foguetes de sondagem foram desenvolvidos em substituição à '''família Sonda''', hoje desativada. Baseados nos motores que estavam sendo
outros foguetes de sondagem foram desenvolvidos em substituição à '''família Sonda''', hoje desativada. Baseados nos motores que estavam sendo
desenvolvidos para compor os estágios do futuro [[Veículo Lançador de Satélites]] (VLS), foram criados os foguetes da família '''VS''': o [[VS-30]],
desenvolvidos para compor os estágios do futuro [[Veículo Lançador de Satélites]] (VLS), foram criados os foguetes da família '''VS''': o [[VS-30]],
o [[VS-40]] e o mais recente [[VSB-30]]. Este último é o primeiro foguete brasileiro submetido a um processo completo de certificação e por esse motivo
o [[VS-40]] e o mais recente [[VSB-30]]. Este último é o primeiro foguete brasileiro submetido a um processo completo de certificação e por esse motivo
conseguiu se tornar o carro-chefe dos lançadores do Programa Europeu de Microgravidade.<ref name="autogenerated3">http://www.sae.gov.br/site/wp-content/uploads/espacial_site.pdf</ref>
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}}


==Referências==
==Referências==
{{reflist}}
{{reflist|refs=

<ref name="FRPE">[http://freepages.military.rootsweb.ancestry.com/~otranto/fab/programa_espacial.htm FORÇA AÉREA BRASILEIRA - PROGRAMA ESPACIAL BRASILEIRO.]</ref>
<ref name="NDMS">[http://www.anovademocracia.com.br/no-13/1038-a-maior-de-todas-as-sabotagens A Nova Democracia - A maior de todas as sabotagens.]</ref>
<ref name="S101">[http://www.astronautix.com/stages/s101.htm Encyclopedia Astronautica - S-10-1.]</ref>
<ref name="S102">[http://www.astronautix.com/stages/s102.htm Encyclopedia Astronautica - S-10-2.]</ref>
<ref name="CCOB">[http://www.clbi.cta.br/cceit/operacao/show/27 CLBI - CCEIT - Operação Barreira - dez/1975 - 07/12/1975.]</ref>
<ref name="RVLS">[http://www.aereo.jor.br/downloads/VLS-1_V03_Relatorio_Final.pdf RELATÓRIO DA INVESTIGAÇÃO DO ACIDENTE OCORRIDO COM O VLS-1 V03 - 2004.]</ref>
<ref name="EHPE">[http://mtc-m12.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/jeferson/2003/07.02.08.39/doc/publicacao.pdf ESBOÇO HISTÓRICO DA PESQUISA ESPACIAL NO BRASIL - 2003.]</ref>
<ref name="EAS2">[http://www.astronautix.com/lvs/sonda2.htm Encyclopedia Astronautica - Sonda 2.]</ref>
<ref name="RTFS">[http://www.redetec.org.br/inventabrasil/sondaf.htm RedeTec - Foguetes Sonda.]</ref>
<ref name="EAS3">[http://www.astronautix.com/lvs/sonda3.htm Encyclopedia Astronautica - Sonda 3.]</ref>
<ref name="EAS4">[http://www.astronautix.com/lvs/sonda4.htm Encyclopedia Astronautica - Sonda 4.]</ref>
<ref name="DPEB">[http://www.sae.gov.br/site/wp-content/uploads/espacial_site.pdf Secretaria de Assuntos Estratégicos - Desafios do Programa Espacial Brasileiro.]</ref>

}}


=={{Veja também}}==
=={{Veja também}}==
Linha 109: Linha 177:
=={{Ligações externas}}==
=={{Ligações externas}}==
*{{pt}} [http://www.clbi.cta.br/new/index.php Centro de Lançamento da Barreira do Inferno]
*{{pt}} [http://www.clbi.cta.br/new/index.php Centro de Lançamento da Barreira do Inferno]
*{{pt}} [http://www.cla.aer.mil.br/ Centro de Lançamento de Alcântara]
*{{pt}} [http://www.iae.cta.br/ Instituto de Aeronáutica e Espaço]
*{{pt}} [http://www.cta.br/ Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial]


==Fontes externas==
==Fontes externas==
*{{pt}} INPE-10467-RPQ/248 - ESBOÇO HISTÓRICO DA PESQUISA ESPACIAL NO BRASIL - Adalton Gouveia (2003)
*{{pt}} INPE-10467-RPQ/248 - ESBOÇO HISTÓRICO DA PESQUISA ESPACIAL NO BRASIL - Adalton Gouveia (2003)
*{{pt}} RELATÓRIO DA INVESTIGAÇÃO DO ACIDENTE OCORRIDO COM O VLS-1 V03 - 2004 - Ministério da Defesa (2004)
<br/>


{{Programa Espacial Brasileiro}}
{{Programa Espacial Brasileiro}}



Revisão das 20h16min de 23 de outubro de 2012

Foguetes da família Sonda em exposição no CLBI, Rio Grande do Norte. Da frente para o fundo, os foguetes Sonda I, II, III e IV.

Os foguetes da série Sonda foram os primeiros foguetes fabricados no Brasil, lançados à partir do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno no estado do Rio Grande do Norte. Os conhecimentos adquiridos com esses foguetes serviram de base para a criação dos motores que iriam compor os estágios do futuro Veículo Lançador de Satélites.

Os foguetes dessa família, são foguetes de sondagem utilizados em missões sub-orbitais de exploração do espaço, capazes de lançar cargas úteis compostas por experimentos científicos e tecnológicos.[1]

O projeto atendia aos dois principais objetivos do planejamento criado pelo GTEPE desde 1964, que eram: criar uma base para lançamento de foguetes de sondagem no Brasil e construir foguetes localmente. Primeiro em parceria com os estrangeiros e paulatinamente envolvendo a indústria privada Brasileira.[1]

Esses dois objetivos se materializaram em 1965, com a inauguração do Campo de Lançamento de Foguetes da Barreira do Inferno (CLFBI), atual CLBI, e nesse mesno ano, com o lançamento do primeiro foguete Sonda I à partir dele.

Sonda I

Ver artigo principal: Sonda I

Em 1965 o GTEPE por intermédio do que viria a se tornar mais tarde o CTA e em conjunto com a Avibras, iniciaram o desenvolvimento do primeiro foguete de sondagem meteorológica, o Sonda I. Esse foguete foi uma evolução técnica sobre o foguete Arcas Americano. Naquela época o Brasil precisava honrar acordos de pesquisa meteorológicas com outros Países e só dispunha de foguetes Americanos para tal.[2]

Inúmeras tecnologias foram desenvolvidas e transferidas para a indústria, o que significou uma economia de divisas superior a US$ 1 milhão por mês. Mais de 200 foguetes Sonda I foram lançados da Barreira do Inferno, em Natal, todos com dificuldades técnicas, embora passando por modificações continuadas,sendo o último em 1977.

Embora o Sonda I não tenha conseguido alcançar a posição de foguete operacional, pode-se dizer, entretanto, que ele foi o primeiro passo na busca tecnológica para os outros desenvolvimentos. Foi o Sonda I que propiciou os primeiros contatos com a indústria de compostos químicos, de tubos e artefatos que hoje são comuns nos foguetes que estão sendo fabricados no Brasil.[3]

O foguete Sonda I foi projetado para ser aplicado em estudos da alta atmosfera e se destinava a transportar cargas úteis meteorológicas de 4,5 kg a 70 km de altitude. Esse foguete serviu, principalmente, como escola no campo de propelentes sólidos e outras tecnologias e para o desenvolvimento de foguetes de curto alcance.

Características
Foguete de dois estágios: 1 x S10-1 + 1 x S10-2.[4][5][6][7]
  • Notas: o motor S10-1 era o booster (27 kN), e o S10-2 uma evolução do Arcas, porém com 4,2 kN de empuxo.
  • Situação: Fora de serviço (1975) (?).
  • Altura: 3,95 m
  • Diâmetro: 0,127 m (S10-1) 0,114 m (S10-2)
  • Massa: 59 kg
  • Carga útil: 4,5 kg
  • Empuxo no lançamento: 27 kN
  • Apogeu: 70 km
  • Estreia: Dezembro de 1965.
  • Último: 1977
  • Lançamentos: 226

Sonda II

Ver artigo principal: Sonda II

O foguete Sonda II teve origem completamente diversa do Sonda I, e apesar do nome, não é uma evolução deste.

Em 1968, inspirados pelos conhecimantos adquiridos com os foguetes Black Brant III e IV Canadenses, usados no projeto SAAP um foguete operacionalmente muito bom iniciou-se o desenvolvimento do Sonda II. Já em julho de 1969, foram lançados os dois primeiros foguetes Sonda II. É verdade que nos primeiros lançamentos os resultados não foram um sucesso, mas já era uma primeira tentativa de ter um segundo foguete Brasileiro voando.[2]

Esse foguete, foi desenvolvido para transporte de cargas úteis científicas e tecnológicas, de 20 a 70 kg, para experimentos na faixa de 50 a 100 km de altitude, com inovações tecnológicas, como novas proteções térmicas, novos propelentes e testes de componentes eletrônicos. O motor S20, que impulsionava este modelo, foi o primeiro motor a combustível sólido do tipo "composite" fabricado no Brasil.[2]

Características
Foguete de um estágio: 1 x S20.[8][2]

Sonda III

Ver artigo principal: Sonda III

Em 1969, o IAE iniciou o desenvolvimento do próximo modelo da linha de foguetes Sonda. Era o foguete Sonda III de dois estágios de combustível sólido, sendo este baseado no Black Brant IV, e capaz de transportar cargas úteis científicas e tecnológicas de 60 a 140 kg para experimentos na faixa de 200 a 650 km de altitude. Foram lançados 29 foguetes Sonda III do CLBI e do CLA.[2]

Esse veículo recebeu, pela primeira vez, um sistema de instrumentação completa, um sistema de separação de estágios, um sistema de ignição para o segundo estágio, uma carga útil tecnológica para aquisição de dados durante todo o vôo do veículo, um sistema de teledestruição, um sistema para controle de altitude dos três eixos da carga útil, um sistema de recuperação da carga útil no mar e muitos dispositivos eletrônicos. O primeiro protótipo voou em 26 de fevereiro de 1976.[9]

Características
Foguete de dois estágios: 1 x S30 + 1 x S20.[10][7][2]
  • Notas: o motor S30 era o booster (27 kN), e o S20 o mesmo usado no Sonda II com 36 kN de empuxo.
  • Situação: Fora de serviço (2002).
  • Altura: 8 m
  • Diâmetro: 0,557 m (S30) 0,300 m (S20)
  • Massa: 1.581 kg
  • Carga útil: 140 kg
  • Empuxo no lançamento: 120 kN
  • Apogeu: 250 km
  • Estreia: 26 de Fevereiro de 1976.
  • Último: 12 de Maio de 2002
  • Lançamentos: 29

Sonda IV

Ver artigo principal: Sonda IV

A partir de 1974, começou a segunda fase de desenvolvimento de foguetes, em que foram equipados sistemas de guiagem, que levou ao projeto preliminar do foguete biestágio Sonda IV, com propulsores carregados com propelente sólido, especificado para permitir o domínio das tecnologias imprescindíveis para o desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS).

O Sonda IV foi utilizado para o transporte de cargas úteis científicas e tecnológicas de 300 a 500 kg para experimentos na faixa de 700 a 1.000 km de altitude. Seu primeiro lançaento ocorreu em 1984.

Ele foi testado em túnel supersônico, na Alemanha Federal. Possui um primeiro estágio guiado, corrigindo desvios por injeção de freon na saída de gases. Em função desse sistema, o IAE precisou desenvolver um depósito de freon para 90 atmosferas. Garrafas de nitrogênio em aço fazem a injeção atravéz de 24 válvulas, comandadas do chão. Foram desenvolvidos sistemas inerciais em salas ultralimpas, além de processadores de bordo. Por todos esses aspectos, o Sonda IV foi um marco tecnológico no Programa Espacial Brasileiro.[9]

Características
Foguete de dois estágios: 1 x S40 + 1 x S30.[11][7][2]
  • Notas: o motor S40 era o booster (203 kN), e o S20-2 o mesmo usado no Sonda III com 120 kN de empuxo.
  • Situação: Fora de serviço (1989) (?).
  • Altura: 11 m
  • Diâmetro: 1,008 m (S40) 0,555 m (S30)
  • Massa: 7.270 kg
  • Carga útil: 500 kg
  • Empuxo no lançamento: 203 kN
  • Apogeu: 730 km
  • Estreia: 21 de Novembro de 1984.
  • Último: 28 de Março de 1989
  • Lançamentos: 4

Legado

Embora não possam ser considerados marcos representativos de uma nova fase do Programa Espacial Brasileiro (PEB), outros foguetes de sondagem foram desenvolvidos em substituição à família Sonda, hoje desativada. Baseados nos motores que estavam sendo desenvolvidos para compor os estágios do futuro Veículo Lançador de Satélites (VLS), foram criados os foguetes da família VS: o VS-30, o VS-40 e o mais recente VSB-30. Este último é o primeiro foguete brasileiro submetido a um processo completo de certificação e por esse motivo conseguiu se tornar o carro-chefe dos lançadores do Programa Europeu de Microgravidade.[12]

Referências

Ver também

Ligações externas

Fontes externas

  • (em português) INPE-10467-RPQ/248 - ESBOÇO HISTÓRICO DA PESQUISA ESPACIAL NO BRASIL - Adalton Gouveia (2003)
  • (em português) RELATÓRIO DA INVESTIGAÇÃO DO ACIDENTE OCORRIDO COM O VLS-1 V03 - 2004 - Ministério da Defesa (2004)