Estação Ferroviária de Elvas
Elvas
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Identificação: | 57497 ELV (Elvas)[1] | ||||||||||
Denominação: | Estação de Elvas | ||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3] | ||||||||||
Classificação: | E (estação)[1] | ||||||||||
Linha(s): | Linha do Leste (PK 264+896) | ||||||||||
Altitude: | 230 m (a.n.m) | ||||||||||
Coordenadas: | 38°53′44.07″N × 7°8′32.57″W (=+38.89558;−7.14238) | ||||||||||
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Município: | Elvas | ||||||||||
Serviços: | |||||||||||
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Inauguração: | 4 de julho de 1863 (há 161 anos) | ||||||||||
Website: |
A Estação Ferroviária de Elvas é uma interface da Linha do Leste, que serve a localidade de Elvas, no Distrito de Portalegre, em Portugal. Foi inaugurada em 4 de Julho de 1863,[4] e ligada ainda nesse ano à fronteira com Espanha.[5]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Localização e acessos
[editar | editar código-fonte]Esta interface situa-se na zona de Fontainhas, junto à cidade de Elvas, tendo acesso pelo Largo da Estação.[6]
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]Segundo o Directório da Rede 2012, lançado pela Rede Ferroviária Nacional em 6 Janeiro de 2011, a estação de Elvas apresentava duas vias de circulação, com 388 e 325 m de comprimento, e duas plataformas, que tinham ambas 45 m de extensão, e 100 cm de altura.[7] O edifício de passageiros situa-se do lado sul da via (lado direito do sentido ascendente, para Badajoz).[8][9] Nesta estação insere-se na rede ferroviária o ramal particular Elvas-Celeiros (EPAC).[1]
História
[editar | editar código-fonte]Século XIX
[editar | editar código-fonte]Na década de 1840, o governo de Costa Cabral iniciou um ambicioso programa para o desenvolvimento do país, que incluía vários investimentos em obras públicas, especialmente transportes.[10] Neste sentido, em 1845 uma companhia britânica propôs a construção de várias vias férreas que ligassem Lisboa ao Porto, a Madrid e a Sevilha.[10] A linha para Sevilha deveria passar por Évora, Beja e Mértola, e ter um ramal para Estremoz e Elvas.[10] No entanto, estes planos não foram além dos trabalhos de campo, devido à instabilidade política causada pela revolução de 1846.[10] Com o regresso da estabilidade política, na década de 1850, o governo de Fontes Pereira de Melo renovou o interesse pela instalação de caminhos de ferro em Portugal, tendo sido contratada a construção da Linha do Leste, ligando Lisboa a Espanha por Badajoz.[10]
Um dos técnicos contratados para estudar e planear esta via férrea foi o engenheiro francês Wattier, que propôs um traçado entre Santarém e Elvas, ponto de passagem que considerava como essencial devido à sua importância ao nível económico e militar.[11] Na zona de Elvas, a via férrea deveria acompanhar o Rio Seto até às proximidades da vila, devendo a estação ser implantada entre a Porta de Olivença e o Forte de Santa Luzia.[11] Embora fazer a linha chegar a Elvas pela vertente Norte fosse menos dispendioso, o percurso pelo Rio Seto iria permitir uma melhor localização para a estação ferroviária, e uma melhor cobertura por parte das estruturas de defesa da vila.[11] No entanto, não chegou a assinalar de forma definitiva a posição da estação de Elvas, uma vez que saiu do país antes de ter oportunidade de consultar os engenheiros do exército neste sentido.[11] O lanço da Linha do Leste entre Crato e Elvas abriu à exploração no dia 4 de Julho de 1863, pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, enquanto que o tramo seguinte, entre Elvas e a fronteira com Espanha, entrou ao serviço em 24 de Setembro do mesmo ano.[4]
Em 1873, Amadeu I de Espanha parou na estação de Elvas durante a sua viagem de comboio até Lisboa, após ter abdicado do trono espanhol.[12] Embora fosse oficialmente apenas uma paragem de rotina para se apresentar na alfândega, foi recebido com toda a cerimónia na estação.[12]
Século XX
[editar | editar código-fonte]Projecto abandonado para Estremoz
[editar | editar código-fonte]Em 16 de Janeiro de 1899, a Gazeta noticiou que tinha sido aberto um inquérito administrativo para a apreciação do público sobre os projectos ferroviários dos Planos das Redes Complementares ao Norte do Mondego e Sul do Tejo, incluindo uma linha de Elvas até Estremoz, passando por Borba.[13] Em 27 de Novembro de 1902 foi decretado o plano ferroviário na região a Sul do Rio Tejo, tendo uma das linhas classificadas sido a de Estremoz e Elvas.[14] Assim, a via férrea chegou a Vila Viçosa em 1905.[15][16] Uma comissão de 1927, reunida para actualizar o plano, concordou com a continuação até Elvas, mas, devido à oposição das autoridades militares, a linha não chegou a ser prolongada, ficando em Vila Viçosa.[14]
Décadas de 1910 a 1930
[editar | editar código-fonte]Em 1913, existiam serviços de diligências ligando a estação à vila de Elvas e a Campo Maior.[17]
Em 1933, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses executou várias obras de reparação e melhoramentos, no edifício de passageiros.[18] Nesse ano, a estação foi decorada com vários painéis de azulejos, da autoria do artista Jorge Colaço.[19] Em 1934, foram feitas reparações parciais na estação.[20]
Década de 1960
[editar | editar código-fonte]Em 16 de Agosto de 1968, a Gazeta dos Caminhos de Ferro reportou que a Companhia iria em breve iniciar um programa de renovação das suas vias, incluindo a remodelação parcial do troço entre Torre das Vargens e Elvas.[21]
Século XXI
[editar | editar código-fonte]Em 29 de Agosto de 2017, foram retomados os comboios do Entroncamento a Badajoz, que também serviam a estação de Elvas.[22] Em 2019, foram iniciadas as obras para a linha de Elvas a Évora, que incluiu igualmente a modificação da estação de Elvas, de forma a permitir a circulação e o estacionamento para comboios mais longos.[23]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ a b c (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
- ↑ Diretório da Rede 2025. I.P.: 2023.11.29
- ↑ a b TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 21 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ REIS et al, 2006:12
- ↑ «Elvas - Linha do Leste». Infraestruturas de Portugal. Consultado em 1 de Abril de 2017
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
- ↑ (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
- ↑ a b c d e «80 Anos de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 48 (1173). Lisboa. 1 de Novembro de 1936. p. 507-509. Consultado em 21 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ a b c d «Documentos para a História» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 30 (699). 1 de Fevereiro de 1917. p. 38. Consultado em 21 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ a b FLOREZ, Rafael (1 de Dezembro de 1968). «Toda una Historica Despedida Ferroviaria». Via Libre (em espanhol). Ano 5 (60). Madrid: RENFE. p. 9
- ↑ «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1466). 16 de Janeiro de 1949. p. 112. Consultado em 2 de Abril de 2017 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ a b SOUSA, José Fernando de (1 de Março de 1935). «"O Problema da Defesa Nacional" pelo Coronel Raúl Esteves» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1133). p. 101-103. Consultado em 21 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ MARTINS et al, 1996:12
- ↑ CAPELO et al, 1994:252
- ↑ «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Lisboa. Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 27 de Fevereiro de 2018 – via Biblioteca Nacional Digital
- ↑ «O que se fez nos Caminhos de Ferro em Portugal no Ano de 1933» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1106). 16 de Janeiro de 1934. p. 49-52. Consultado em 21 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ PEREIRA, 1995:418
- ↑ «O que se fez nos Caminhos de Ferro Portugueses, durante o ano de 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1130). 16 de Janeiro de 1935. p. 50-51. Consultado em 19 de Novembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ «Vão melhorar os serviços da C. P.» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 81 (1928). 16 de Agosto de 1968. p. 96. Consultado em 21 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ «ENTRONCAMENTO – Já há comboio directo até Badajoz. CP promove duas viagens diárias (ida e volta)». Rádio Hertz. 30 de Agosto de 2017. Consultado em 25 de Outubro de 2018
- ↑ FURTADO, 2020:41, 50
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- CAPELO, Rui Grilo; RODRIGUES, António Simões; et al. (1994). História de Portugal em Datas. Lisboa: Círculo de Leitores, Lda. 480 páginas. ISBN 972-42-1004-9
- FURTADO, Francisco (2020). A Ferrovia em Portugal: Passado, presente e futuro. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos. 122 páginas. ISBN 978-989-8943-47-7
- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel de; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- PEREIRA, Paulo (1995). História da Arte Portuguesa. Volume III de 3. Barcelona: Círculo de Leitores. 695 páginas. ISBN 972-42-1225-4
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Leitura recomendada
[editar | editar código-fonte]- ANTUNES, J. A. Aranha; et al. (2010). 1910-2010: O caminho de ferro em Portugal. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e REFER - Rede Ferroviária Nacional. 233 páginas. ISBN 978-989-97035-0-6
- CERVEIRA, Augusto; CASTRO, Francisco Almeida e (2006). Material e tracção: os caminhos de ferro portugueses nos anos 1940-70. Col: Para a História do Caminho de Ferro em Portugal. 5. Lisboa: CP-Comboios de Portugal. 270 páginas. ISBN 989-95182-0-4
- QUEIRÓS, Amílcar (1976). Os Primeiros Caminhos de Ferro de Portugal: As Linhas Férreas do Leste e do Norte. Coimbra: Coimbra Editora. 45 páginas
- SALGUEIRO, Ângela (2008). A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses: 1859-1891. Lisboa: Univ. Nova de Lisboa. 145 páginas
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- “Sinalização da estação de Elvas” (diagrama anexo à I.T. n.º 28), 1977
- «Página sobre a Estação de Elvas, no sítio electrónico Wikimapia» (em espanhol)
- «Página sobre a Estação de Elvas, no sítio electrónico da empresa Infraestruturas de Portugal»
- Estação Ferroviária de Elvas na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural