Federação Portuguesa da Ordem Maçónica Mista Internacional Le Droit Humain

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A Ordem Maçónica Mista Internacional "Le Droit Humain" normalmente designada como "O Direito Humano" em português, "Le Droit Humain" ou "Droit Humain" internacionalmente é uma Obediência maçónica universal que se constituiu pelo esforço conjunto de Maria Deraismes e Georges Martin bem como outros homens e mulheres iniciados. Esta Obediência maçónica em contraste com outras Obediências maçónicas que só operam com base numa jurisdição estadual regional ou de âmbito nacional insere-se no quadro das Ordens globais sendo uma fraternidade universal com um organismo em cada um dos países em que opera, em Portugal, esse organismo é uma Federação[1]

Resumo histórico da Ordem Maçónica Mista Internacional -- "Le Droit Humain" em Portugal

A Ordem Maçónica Mista Internacional - "Le Droit Humain" teve três fases da sua existência e desenvolvimento em Portugal.

A primeira fase histórica é a da 1ª República no qual foi liderada por Adelaide Cabete, grande lutadora e activista pela defesa dos Direitos das Mulheres, pela causa da Igualdade entre os Homens e as Mulheres e pelo ideal republicano de forma de governo.

Teve vida curta, de 1881 a 1885 a primeira Loja Feminina de Adopção em Portugal, na sequência de uma atribulada vida maçónica masculina, sob a vigência do G.O.L.U. - Grande Oriente Lusitano Unido (agora designado como Grande Oriente Lusitano - Maçonaria Portuguesa), mais tarde em 1904 esta Obediência volta a criar Lojas Femininas praticando o Rito de Adopção e surgem assim as Lojas Humanidade e 8 de Dezembro.

Após o reconhecimento, em 1907, destas Lojas Femininas em igualdade com as Masculinas é iniciada em 1907 na agora R.'.L.'. Humanidade, Adelaide Cabete, recebendo assim esta R.'.L.'., em 1909, a Carta patente do Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosacruz, carta esta que lhe confere igualdade entre esta R.'.L.'. e as masculinas para que as suas integrantes prossigam nos Altos Graus do Rito Moderno ou Francês.

Após sucessivos afastamentos e recomeços, e apesar de várias manifestações de solidariedade por algumas Lojas masculinas, o G.O.L.U. – Grande Oriente Lusitano Unido –, em 1923, retira a igualdade de tratamento ao ser-lhe exigido que a R.'.L.'. Humanidade ficasse mas como Loja de Adopção, isto é, sem os plenos direitos que antes detinha em igualdade com as Lojas masculinas.

Adelaide Cabete, então Venerável Mestre da R.'.L.'. Humanidade (exclusivamente feminina) e que se encontrava até então dentro da estrutura do G.O.L.U. - Grande Oriente Lusitano Unido e que se retirou do mesmo depois de ter sido despromovida, pede ao Supremo Conselho Universal Misto "Le Droit Humain" e à Ordem Maçónica Mista Internacional -- "Le Droit Humain" a filiação desta R.'.L.'. o que vem a suceder ainda nesse ano de 1923

Zenite de Paris, 24 de Maio de 1923 Era Vulgar

Eu, abaixo assinado, Grão-Mestre, Presidente do Supremo Conselho Misto Internacional "Le Droit Humain", confiro à Muito Cara e Veneravel Cavaleira Adelaide Cabete, 18º, o poder de proceder à instalação a Oriente de Lisboa (Portugal) da Respeitavel Loja "Le Droit Humain" nº 776 "Humanidade".

Tradução de um extracto da carta de Autorização da Loja Humanidade[2]

Depois desta ruptura e com a admissão há Ordem Maçónica Mista Internacional - "Le Droit Humain", Adelaide Cabete em conjunto com outros Irmãos e Irmãs, e lutando sempre com dificuldades de local de reunião, mas perseguindo tenazmente o objectivo de criar uma Federação autónoma, em Portugal e criou pelo menos mais três Lojas a saber:

Bem como pelo menos dois Triângulos maçónicos, o Triangulo "Solidariedade" a Oriente de Beja e "Amaia" a Oriente de Portalegre, e duas R.'.L.'. de Altos Graus do R.E.A.A. um Capítulo "Humanidade" e o Areópago "Teixeira Simões" ambos a Oriente de Lisboa, dando assim origem à Jurisdição Portuguesa de que foi Presidente até 1935, esta organização contou para além desta ilustre Irmã, com grandes nomes do seu tempo como Ana de Castro Osório.

Depois da Revolução de 28 de Maio de 1926 e com a instauração do Regime ditatorial do Estado Novo o Direito Humano desaparece em Portugal, devido há proibição durante o Estado Novo das Sociedades ditas "Secretas"[3] por causa da Lei n.º 1901, de 21 de Maio de 1935, que foi proposta por José Cabral, antigo iniciado na Maçonaria e que tinha aderido à União Nacional, depois de militar entre os integralistas lusitanos e os nacional-sindicalistas liderados por Rolão Preto, estes últimos, simpatizantes numa primeira fase do nacional-socialismo de Hitler.

Esta lei forçou os seus membros à clandestinidade e, frequentes vezes, à prisão ou ao exílio políticos, tendo por exemplo vários irmãos desta Ordem sido presos políticos, não só por serem Maçons mas porque muitos deles também foram corajosos resistentes políticos antifascistas, por exemplo Adelaide Cabete, continuaria até ao fim da sua vida a lutar pelos seus ideais criando diversas associações, participando em congressos e publicando numerosos artigos em revistas.

Com o 25 de Abril de 1974 e depois de restituída a Liberdade de Associação em Portugal, nomeadamente a Maçónica com a revogação da Lei n.º 1901, é criada em 1980 por um grupo de profanos que foi iniciado, uma nova R.'.L.'. a Oriente de Lisboa, a que deu o nome de "Humanidade" em homenagem à criada em 1923. De referir que ainda havia irmãs vivas do período da 1ª República e da primeira fase da implantação em Portugal do Direito Humano.

Deu-se deste modo início a um novo ciclo tendo sido criados desde então em:

Está em actividade desde 2005 um Triângulo maçónico a Oriente do Montijo.

Existem, ainda três atelier de Altos Graus no Rito Escocês Antigo e Aceito, a saber:

A Jurisdição Portuguesa foi então restabelecida em 1985, e teve desde 1998 um Delegado do Supremo Conselho, de nacionalidade portuguesa.

A terceira fase dá-se a partir da Convenção Internacional de 2007 em que é aceite a constituição da Federação Portuguesa da Ordem Maçónica Mista Internacional "Le Droit Humain" - O Direito Humano, fruto do trabalho organizativo dos últimos Conselhos da Jurisdição Portuguesa e do seu Delegado do Supremo Conselho e de todos os Irmãos e Irmãs que a estes se associaram, tendo sido concedida a carta patente definitiva da mesma por parte do Supremo Conselho Internacional Misto no dia 8 de Dezembro de 2007.

Essa cerimónia que teve lugar nas instalações novas e já definitivas em Lisboa, situadas na Avenida Almirante Reis, foi presidida pela Sereníssima Grão Mestre, Muito Poderoso Soberano Grande Comendador da Ordem Maçónica Mista Internacional - "Le Droit Humain" a M.'. Il.'. Irmã Danièle Juette e contou com a presença do Grão Mestre Adjunto, Poderoso Soberano Grande Comendador M.'. Il.'. Irmão A.'. Ceruelo além de Delegações dos seguintes Países: Áustria, Alemanha, Brasil e de três numerosas delegações de França, Itália e Espanha. Nesta cerimonia também estiveram o Sereníssimo Grão Mestre do Grande Oriente Lusitano - Maçonaria Portuguesa, M.'. II.'. António Reis, e respetivos Grão Mestres Adjuntos, bem como a Grã-Mestre da Grande Loja Feminina de Portugal e respetiva Grã-Mestre Adjunta.

A sua primeira Convenção Federativa em Junho de 2008 elege o seu primeiro Concelho da Federação e o respectivo Presidente, o Irmão M'.'. M.'.'M.G., tendo por essa altura sido elevado ao 33.º Grau, em Paris, o Delegado de então do Supremo Conselho de nacionalidade portuguesa, sendo o primeiro em Portugal com tal Grau.

Na cerimónia do seu primeiro aniversário, no dia 8 de Dezembro de 2008, são assinados dois Tratados de amizade com o Grande Oriente Lusitano - Maçonaria Portuguesa e a Grande Loja Feminina de Portugal, unindo as três mais antigas Obediências de cariz liberal e adogmático em Portugal.

Em Outubro de 2010 parte para o Oriente eterno o primeiro Delegado do Supremo Conselho da Federação Portuguesa da Ordem Maçónica Mista Internacional - "Le Droit Humain", M.'. Il.'. IrmãoJ.'. G.'. que foi o primeiro a ser elevado ao 33.º Grau de nacionalidade portuguesa.

Em 2011 levanta colunas a Oriente de Aveiro a R.'.L.'. "Estrela da Manhã" e na terceira Convenção Federativa de Junho de 2011 é eleito um novo Concelho da Federação e o respetivo Presidente, a Irmã M.'. M .'. F.'.P.'. (reeleita em 2014 [4]), no final desse ano é apontada também uma irmã como Delegado do Supremo Conselho da Federação Portuguesa da Ordem Maçónica Mista Internacional - "Le Droit Humain", sendo o segundo de nacionalidade portuguesa, a M.'. Il.'. Irmã M.'.G.'.G.'..

Ver também

Referências

  1. Para ver mais sobre o que é em Le Droit Humain (Wikipédia Portuguesa), Página oficial da L'Ordre International Maconnique Mixte International "Le Droit Humain" ou ler Andrée Prat, L'ordre maçonnique, le Droit humain, Collection Que sais-je?, n° 3673, PUF, Paris, 2003, ISBN 2130532411.
  2. Breve História da Ordem Maçónica "Le Droit Humain" em Portugal
  3. De referir a este propósito que a Maçonaria é uma Sociedade Discreta, pois secreto é o que se desconhece e não uma organização que naquele tempo era bastante conhecida e até publicitada.
  4. http://www.maconariaportugal.com/ultimas-noticias/214-reeleicao-de-fatima-pires-para-a-federacao-portuguesa-o-direito-humano

  • PRAT, André, L'ordre maçonnique, le Droit humain, Collection Que sais-je?, n° 3673, PUF, Paris, 2003, ISBN 2130532411
  • Order of International Co-Freemasonry, Le Droit Humain: Order of International Co-Freemasonry (Paperback), Kessinger Publishing, LLC (January 11, 2004), ISBN 0766181707
  • ARNAUT, António. Introdução à Maçonaria, 2000, Coimbra Editora, ISBN 9789723214161
  • MARQUES, A. H. de Oliveira; DIAS, João José Alves.História da Maçonaria em Portugal, I Volume - Das origens ao triunfo, Editorial Presença, Lisboa, 1990, ISBN 972-23-1226-X.

Ligações externas

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