Lapões
Lapão Sámi | ||||||||||||
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Línguas | ||||||||||||
Lapônica (Acala, Inari, Quildim, Quemi, Lule, Setentrional, Pite, Escolta, Ter, Meridional, Ume), Russo, Norueguês, Sueco, Finlandês | ||||||||||||
Religiões | ||||||||||||
Luteranismo (incluindo o laestadianismo), Ortodoxia e Xamanismo lapão | ||||||||||||
Grupos étnicos relacionados | ||||||||||||
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O povo lapão ou sámi[6][7][8][9] (em lapão: Sámi, Sápmi ou Sápmelaš; em finlandês: Saame; em sueco e norueguês: Same; em russo: Саамы) constitui o grupo étnico nativo da Lapónia (Sápmi; literalmente Terra dos Sámi), um território abrangendo partes das regiões setentrionais da Noruega, Suécia, Finlândia e da península de Kola, na Rússia. Habitam zonas serranas (fjäll), zonas florestais, zonas costeiras, zonas geladas e fiordes noruegueses.[10][11][12]
Os lapões são um dos maiores grupos indígenas da Europa, totalizando cerca de 70 000 pessoas, das quais 17 000 vivem na Suécia, 35 000 na Noruega, 5 700 na Finlândia e 2 000 na Rússia.[13][14][15]
Falam um grupo de dez variedades linguísticas distintas denominadas genericamente de sámi ou lapão, pertencente à família das línguas fino-úgricas (do grupo linguístico raro no qual se encontram o finlandês e o húngaro).[12]
Destas, seis possuem sua própria norma escrita.[16] As línguas lapônicas têm um alto grau de parentesco, mas não são mutuamente inteligíveis; por exemplo, falantes do lapão do sul não são capazes de compreender o lapão do norte. Inicialmente referia-se a estas distintas línguas como "dialetos", mas hoje considera-se esta terminologia incorreta, devido às grandes diferenças entre as variedades. A maior parte destas línguas é falada em mais de um país, devido ao fato de as fronteiras linguísticas não corresponderem às fronteiras nacionais.
As atividades tradicionais dos lapões são a caça, a pesca, a agricultura e a criação de renas. Esta última implica por vezes uma vida nómada, conduzida por uma minoria. Todavia, hoje em dia a maior parte deste povo tem uma vida sedentária.[12]
A primeira descrição relativamente objetiva da vida dos lapões aparece no livro Lapponia de Johannes Schefferus, publicado em 1673 na Alemanha, e traduzido 300 anos depois para sueco em 1956 .[17][18]
História[editar | editar código-fonte]
Os vestígios mais antigos da presença humana na "Terra dos Lapões" (Sápmi) datam de 9 000 a.C. Os achados feitos no Norte da Suécia testemunham a presença de uma população que subsistia graças à caça de renas selvagens e à pesca do salmão. As suas habitações eram tendas móveis feitas de peles de animais. [19] [20]
Referências históricas[editar | editar código-fonte]
- 98 - O historiador romano Tácito refere na sua obra Germania um povo pelo nome de fenos (fenni), uma latinização de um termo ainda usado na Noruega. Segundo ele, este povo não cultivava a terra, mas comia o que a Natureza dava. Usavam roupas feitas de peles e dormiam no chão.[19][20]
- 150 - O geógrafo grego Ptolomeu menciona um povo pelo nome finos (finnoi), como um dos 7 povos da ilha de Escândia.[19][20]
- 550 - O historiador bizantino Procópio informa que os escritifinos (skrithifinnoi) eram o único povo selvagem de Thule.
- 551 - O historiador godo Jordanes escreve na sua obra Gética que os finos (finni) habitam o extremo norte da ilha de Escandza. E aponta ainda que eles e os sueãs (suíones) negociavam peles, que depois eram vendidas no Império Romano.
História genética[editar | editar código-fonte]

Os lapões contemporâneos têm duas histórias genéticas atrás de si - uma linhagem materna mais antiga confluindo com uma linhagem paterna mais recente. Embora se tenha avançado bastante no conhecimento da linhagem paterna, ainda há trabalho a fazer no que respeita à linhagem materna e às combinações genéticas entre estes dois ramos. Fenotipicamente, são associados ao tipo ou raça laponoide.
Sabemos hoje, que homens portadores do cromossoma Y do grupo N1c, com a mutação N1c-L026, parecem ter chegado à Finlândia, vindos do Sul dos Montes Urais, na Rússia, há cerca de 4 000 anos. Aproximadamente mil anos mais tarde, começaram a migrar para o norte da Escandinávia. Então encontraram e misturaram-se com homens noruegueses, suecos e finlandeses portadores do cromossoma Y dos grupos I1, R1a e R1b.
Isto é, os pais ancestrais dos atuais lapões chegaram à Lapónia, vindos de várias regiões – do Sul da Finlândia, do centro da Suécia e do Leste da Noruega. Num estudo de 2004, sobre o cromossoma Y de 127 homens lapões, 47% pertenciam ao grupo N1c, 26% ao grupo I1, 11% ao grupo R1a e 4% ao grupo R1b. Por outras palavras, os lapões não são, do ponto de vista genético, fundamentalmente diferentes dos outros escandinavos.
Nos tempos pré-históricos, não existiam os atuais estados nacionais. As populações da Escandinávia interagiam umas com as outras sem atritos de maior. Com o advento da Idade Média, surgiram os estados nacionais – cristãos e nacionalistas. Os lapões – pagãos e nómadas – ficaram de fora da corrente dos tempos. Os reinos nórdicos começaram ofensivas contra os lapões baseadas na intolerância religiosa e na cobiça pelos recursos geográficos e naturais dos vastos territórios em que habitavam os Lapões.
Hoje em dia, os Lapões são considerados juridicamente um povo indígena da Suécia, Noruega e Finlândia. A Convenção sobre os Povos Indígenas e Tribais de 1989 foi assinada pela Noruega, mas não pela Finlândia nem pela Suécia.[21][22][23][24]
Lapões notáveis[editar | editar código-fonte]
- Mari Boine - cantora da Noruega
- Börje Salming - jogador de hóquei no gelo da Suécia
- Enok Sarri - clarividente da Suécia
- Lars Levi Læstadius - pastor da Suécia
- Helga Pedersen - política da Noruega
- Renée Zellweger - atriz dos Estados Unidos
- Ole Henrik Magga - linguista da Noruega
Galeria[editar | editar código-fonte]
Família lapônica: Noruega, c. anos 1900.
Lapões: Revista National Geographic de 1917; Foto de Borg Mesch.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ «Sámi in Sweden». sweden.se. 14 de dezembro de 2015. Consultado em 23 de junho de 2019
- ↑ «Focus on Sámi in Norway». Estatísticas da Noruega. Consultado em 23 de junho de 2019. Arquivado do original em 9 de março de 2012
- ↑ a b Lars Thomasson, Peter Sköld. «Samer» (em sueco). Nationalencyklopedin. Consultado em 23 de junho de 2019
- ↑ «Eduskunta — Kirjallinen kysymys 20/2009». Parlamento da Finlândia. Consultado em 23 de junho de 2019. Arquivado do original em 2 de junho de 2014
- ↑ «Russian census of 2002». Serviço Estatístico Federal da Rússia. Consultado em 23 de junho de 2019
- ↑ «Sami os indígenas europeus que tomam conta de renas». Embaixada da Finlândia, Brasília. Consultado em 31 de maio de 2018
- ↑ DAVID DREW ZINGG. «Loiras, Elvis em latim e Papai Noel». Folha de S.Paulo. Consultado em 31 de maio de 2018
- ↑ Oliveira, Ricardo Wagner Menezes de (2016). «1.1 Vikings - Quem são e de onde vieram». Feras petrificadas: o simbolismo religioso dos animais na era viking (Dissertação de Pós-graduação). Universidade Federal da Paraíba. p. 9.
... Os sámi, também conhecidos como lapões, são um grupo étnico que habita a região da Lapônia...
- ↑ «Os Saami: povo de pastores de renas do extremo Norte». Portal Legionário. Consultado em 31 de maio de 2018
- ↑ «Samer» (em sueco). Uppslagsverket Finland - Enciclopédia Finlândia. Consultado em 26 de maio de 2015
- ↑ «Samer» (em norueguês). Store norske leksikon - Grande Enciclopédia Norueguesa. Consultado em 26 de maio de 2015
- ↑ a b c Miranda, Ulrika Junker; Anne Hallberg (2007). «Samer». Bonniers uppslagsbok (em sueco). Estocolmo: Albert Bonniers Förlag. p. 852. 1143 páginas. ISBN 91-0-011462-6
- ↑ Enciclopédia Nacional Sueca - Lapões
- ↑ http://finland.fi/Public/default.aspx?contentid=260949&nodeid=41800&culture=pt-PT
- ↑ «sámi - Significado no Dicionário Rápido». dicionariorapido.com.br. Consultado em 10 de fevereiro de 2016
- ↑ Karlsson, Fred (2008). An Essential Finnish Grammar. Abingdon-on-Thames, Oxfordshire: Routledge, 1. ISBN 978-0-415-43914-5.
- ↑ Magnusson, Thomas; et al. (2004). «Samer». Vad varje svensk bör veta (em sueco). Estocolmo: Albert Bonniers Förlag e Publisher Produktion AB. p. 76. 654 páginas. ISBN 91-0-010680-1
- ↑ «Johannes Schefferus» (em sueco). Nationalencyklopedin – Enciclopédia Nacional Sueca. Consultado em 21 de fevereiro de 2016
- ↑ a b c «Med solens folk (Com o povo do Sol)». Samer. Ett ursprungsfolk i Sverige (em sueco). Kiruna: Parlamento Lapónio da Suécia e Ministério da Agricultura da Suécia. 2004. p. 10-11. 64 páginas. ISBN 91-974667-9-4
- ↑ a b c Inger Zachrisson (2010). «Vittnesbörd om pälshandel?» (PDF). Fornvännen - Journal of Swedish Antiquarian Research (em sueco)
- ↑ Max Ingman e Ulf Gyllensten. «A recent genetic link between Sami and the Volga-Ural region of Russia» (em inglês). European Journal of Human Genetics. Consultado em 9 de janeiro de 2017
- ↑ Per Möller, Olof Östlund, Lena Barnekow, Per Sandgren, Frida Palmbo, Eske Willerslev. «Living at the margin of the retreating Fennoscandian ice sheet: The early Mesolithic sites at Aareavaara, northernmost Sweden» (em inglês). The Holocene. Consultado em 9 de janeiro de 2017
- ↑ Bojs, Karin; Peter Sjölund (2016). «Samer». Svenskarna och deras fäder. De senaste 11 000 åren (em sueco). Estocolmo: Albert Bonniers. p. 81-87. 232 páginas. ISBN 9789100167547
- ↑ «Indigenous and Tribal Peoples Convention, 1989 (No. 169)» (em inglês, francês, espanhol, árabe, alemão, e russo). ILO – International Labour Organization. Consultado em 9 de janeiro de 2017
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Saami Mitochondrial DNA Reveals Deep Maternal Lineage Clusters, Delghandi 1998
- The Origin of the Baltic-Finns from the Physical Anthropological Point of View, Niskanen 2002
- The Western and Eastern Roots of the Saami—the Story of Genetic “Outliers” Told by Mitochondrial DNA and Y Chromosomes, Tambets 2004
- Saami and Berbers—An Unexpected Mitochondrial DNA Link, Achilli 2005
- A recent genetic link between Sami and the Volga-Ural region of Russia, Ingman 2006