Márcia Eufêmia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Eufêmia (desambiguação).
Márcia Eufêmia
Imperatriz-consorte romana do ocidente
Márcia Eufêmia
Reinado 453 - 12 de abril de 467
Consorte Antêmio
Antecessor(a) Licínia Eudóxia
Sucessor(a) Placídia
Floruit 453-467
Pai Marciano
Filho(s) Alípia
Antemíolo
Marciano
Procópio Antêmio
Rômulo

Márcia Eufêmia (português brasileiro) ou Márcia Eufémia (português europeu) foi uma imperatriz-consorte romana do ocidente e esposa do imperador Antêmio.

Família[editar | editar código-fonte]

Márcia Eufêmia era a única filha conhecida do imperador romano do Oriente Marciano, mas não se sabe o nome de sua mãe.[1][2][3] Sua madrasta foi a imperatriz Élia Pulquéria, a segunda esposa de seu pai. O casamento deles era apenas uma aliança política para trazer Marciano para a Dinastia teodosiana, uma vez Pulquéria havia feito um voto de castidade.[1][4]

Evágrio Escolástico cita Prisco de Pânio, afirmando que Marciano era "um trácio de nascimento e filho de um militar. Em sua ânsia de seguir o estilo de vida de seu pai, ele partiu para Filipópolis, onde ele poderia se alistar nas legiões".[5] Porém, Teodoro Lector conta que Marciano era ilírio.[6]

Casamento[editar | editar código-fonte]

Acredita-se que o casamento de Eufêmia com Antêmio tenha ocorrido em 453.[6] Seu novo marido era filho de Procópio, mestre dos dois exércitos (magister utriusque militiae) do Império Romano do Oriente entre 422 e 424. De acordo com Sidônio Apolinário, o mestre dos soldados era um descendente homônimo de Procópio, que tentou usurpar o trono entre 365 e 366.[7][8]

Pai e filho eram considerados descendentes de Artemísia que, por volta de 380, foi mencionada por João Crisóstomo como sendo a viúva de um usurpador romano que empobreceu depois do fracasso de sua revolta. Na época que João a mencionou, Artemísia vivia como uma mendiga cega. Zósimo relata que Procópio morreu deixando esposa e filhos, o que dá força à possível identificação com Artemísia.[9] A referência de Crisóstomo vem de sua "Epístola à viúva": "Diz-se também que Artemísia, que era esposa de um homem de grande reputação por ter tentado também usurpar o trono, foi reduzida a esta mesma condição de pobreza e também à cegueira; pois o tamanho de seu desespero e a abundância de suas lágrimas destruíram sua vista; e agora ela precisa que outros a guiem pela mão e a levem para as portas dos outros para que consiga obter até mesmo sua comida".[10]

O avô materno de Antêmio, seu homônimo Antêmio, prefeito pretoriano do oriente e regente de facto do Império Romano do Oriente durante o final do reinado de Arcádio e nos primeiros anos de Teodósio II. Ele é mais conhecido por ter construído o primeiro trecho da famosa Muralha de Teodósio.[8]

Depois do casamento, Antêmio foi nomeado conde dos assuntos militares e enviado para fortificar a fronteira do Danúbio, ainda em convulsão depois da morte de Átila, o Huno. Ele retornou para Constantinopla em 454 e foi recompensado por Marciano com os títulos de mestre dos soldados e patrício. Ele serviu ainda como co-cônsul com Valentiniano em 455. Os historiadores interpretam esta lista de honrarias como significando que Marciano estava preparando seu genro para uma elevação à dignidade imperial. João Malalas afirma que Marciano chegou a nomear Antêmio imperador do Império Romano do Ocidente, mas o fato é considerado um anacronismo do cronista,[8]

Morte de Marciano[editar | editar código-fonte]

Em janeiro de 457, Marciano morreu de uma enfermidade, supostamente uma gangrena, e deixou Eufêmia e Antêmio.[1] Com a morte do pai, Eufêmia deixou de ser parte da família imperial. Antêmio continuou a servir como mestre dos soldados sob Leão e atribui-se a ele a derrota do rei ostrogótico Valamiro (r. 447–465) em 459/462,[11] que invadira o Império Bizantino no final da década de 450 ao lado de seus irmãos Videmiro e Teodomiro com o cessar dos subsídios imperiais aos ostrogodos panônios.[12] No inverno de 466-467, acredita-se que também tenha derrotado Hormídaco, um líder dos hunos que havia invadido a Dácia.[13]

Imperatriz-consorte[editar | editar código-fonte]

De acordo com Prisco, Geiserico, o rei dos vândalos já vinha liderando raides anuais na Sicília e na Itália desde o saque de Roma em 455. Ele também havia conseguido anexar diversas cidades ao seu reino e pilhar outras. Mas uma década depois as duas províncias ocidentais "haviam ficado desertas, sem homens e sem dinheiro", incapazes de oferecer mais oportunidades de saques para os vândalos. Ele expandiu seus raides e passou a pilhar as regiões da Ilíria, Peloponeso, Grécia Central e "todas as ilhas que estavam ali perto". Leão teve que lidar com a nova ameaça e decidiu colocar um imperador no ocidente para enfrentar Geiserico, uma vez que o trono estava vago desde a morte de Líbio Severo em 465.

Leão escolheu Antêmio para ser seu novo colega imperador. Ele seguiu para Roma com um exército comandado por Marcelino, o mestre dos soldados da Dalmácia, e foi proclamado imperador em 12 de abril de 467. Cassiodoro afirma que o evento ocorreu no terceiro miliário a partir de Roma, um lugar que ele chamou de "Brontotas", enquanto Hidácio diz que foi no oitavo. Já Conde Marcelino menciona a proclamação, mas não diz onde teria ocorrido. Eufêmia foi representada como augusta nas moedas romanas de c. 467 até 472. Porém, seu papel como imperatriz só é confirmado por estas evidências arqueológicas, uma vez que as fontes literárias não a citam mais a partir do momento que Antêmio se mudou para a Itália.[8]

De acordo com a fragmentada crônica de "João de Antioquia", um monge do século VII que já foi tentativamente identificado como sendo João de Sedre, um patriarca ortodoxo sírio de Antioquia entre 641 e 648[14] em 472, Antêmio foi assassinado durante uma guerra civil,[8] mas não se sabe o destino de Eufêmia.

Filhos[editar | editar código-fonte]

Eufêmia e Antêmio tiveram cinco filhos conhecidos, uma menina e quatro meninos:

Ver também[editar | editar código-fonte]

Títulos reais
Precedido por:
Licínia Eudóxia
Imperatriz-consorte romana do ocidente
c. 467–472
Sucedido por:
Placídia

Referências

  1. a b c S. Nathan. Geoffrey «Marcian (450-457 A.D.)» Verifique valor |url= (ajuda) (em inglês). Roman Emperors. Consultado em 12 de julho de 2013 
  2. Cawley, Charles, Perfil de Marciano e sua filha, Medieval Lands database, Foundation for Medieval Genealogy , Predefinição:Self-published inline[carece de fonte melhor]
  3. Stewart, R. B. My Lines: Aelia Marcia Euphemia" (em inglês). [S.l.: s.n.] Consultado em 12 de julho de 2013 
  4. Geoffrey Greatrex. «Pulcheria (Wife of the Emperor Marcian)» (em inglês). Roman Emperors. Consultado em 12 de julho de 2013 
  5. «1». História Eclesiástica. Fortunes and Character of Marcian (em inglês). II. [S.l.: s.n.]  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  6. a b c Prosopografia do Império Romano Tardio, vol. 2
  7. Thomas M. Banchich. «Procopius (365-366 A.D.)» (em inglês). Roman Emperors. Consultado em 12 de julho de 2013 
  8. a b c d e Ralph W. Mathisen. «Anthemius (12 April 467 - 11 July 472 A.D.)» (em inglês). Roman Emperors. Consultado em 12 de julho de 2013 
  9. Prosopografia do Império Romano Tardio, vol. 1
  10. João Crisóstomo (1886). trad. W.R.W. Stephens, ed. Epístola a uma jovem viúva (em inglês). [S.l.]: Christin Classics Eletronic Library. Consultado em 12 de julho de 2013 
  11. Martindale 1980, p. 96.
  12. Wolfram 1990, p. 262.
  13. Martindale 1980, p. 571.
  14. "John of Antioch" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Martindale, J. R.; A. H. M. Jones (1980). The Prosopography of the later Roman Empire. 2. A. D. 395 - 527. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press 
  • Wolfram, Herwig (1990). History of the Goths. Berkeley, Los Angeles e Londres: University of California Press. ISBN 9780520069831