Sengge Namgyal
Sengge Namgyal | |
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Rei do Ladaque | |
Antecessor(a) | Jamyang Namgyal |
Sucessor(a) | • Skalzang Dolma (viúva regente) • Deldan Namgyal (primogénito) |
Reinado | 1616 — 1642 |
Morte | 1642 |
Cônjuge | Skalzang Dolma |
Dinastia | Namgyal |
Pai | Jamyang Namgyal |
Mãe | Gyal Katun |
Religião | budista |
Sengge Namgyal, também escrito Singye Namgyal e Seng-ge-rNam-rgyal (m. 1642), cujo nome significa "Rei Leão", foi um monarca da dinastia Namgyal do Ladaque, um reino situado no que é atualmente a extremidade noroeste da Índia, que reinou entre 1616 e a sua morte. Seguidor fervoroso do ramo tibetano do budismo, é conhecido pelos numerosos mosteiros, templos e palácios que mandou construir ou reconstruir. É frequentemente apontado como o rei mais ilustre do Ladaque.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Sengge era filho do rei Jamyang Namgyal e da sua esposa Gyal Katun (ou Argyal Khatoon), uma princesa muçulmana do Baltistão, filha do rajá de Khaplu[2] ou de Skardu.[3] Ainda durante o reinado do seu pai, mandou construir o Mosteiro de Basgo, no qual há uma estátua do Buda Maitreya com mais de sete metros de altura, uma das maiores do Ladaque, datada provavelmente de 1610.[4]
Na sua juventude mostrou ter grande habilidades para combate e comando, levando o pai a colocá-lo à frente do exército. Em 1614, conquistou a localidade mineira de Rudok, no noroeste do Tibete, e no ano seguinte Spurangs, outro importante centro de mineração de ouro no Tibete Ocidental, parte do reino de Guguê. O produto do saque a essas cidades e as suas produções financiou os grandes projetos de construção empreendidos pelo rei. Mais tarde completou a conquista do reino de Ngari/Guguê,[a] depois de cercar o castelo de Chaparangue, a capital de Guguê.[5]
Durante o reinado de Sengge Namgyal, o comércio floresceu ao longo da Rota da Seda (uma das suas variantes passava pelo Ladaque), gerando muita riqueza através das trocas comerciais com Caxemira, a ocidente, e o Tibete, a oriente. No entanto, o comércio sofreu com as disputas ocasionais em que o Ladaque se envolveu com os governantes muçulmanos de Caxemira.[6]
Alguns dos monumentos mais notáveis atualmente existentes no Ladaque devem-se a Sengge Namgyal. Entre eles estão o Palácio de Lé, construído quando a capital do reino foi mudada do Shey para Lé, os mosteiros de Hemis,[7] Hanle e o de Basgo já referido anteriormente. O mosteiro de Tabo, no vale de Spiti, atualmente no estado indiano do Himachal Pradexe, foi também renovado por Sengge Namgyal. Diz-se que o Templo Dourado (gSer-khang), mandado construir nesse mosteiro pelo rei ladaque, foi coberto de ouro. Atualmente ainda se podem admirar as magníficas pinturas murais datadas da época da construção.[8]
O mosteiro de Hanle, fundado pelo lama tibetano Tsag-tsang-ras-pas (ou Stagtsang Raspa ou Tagsang Raschen), foi o primeiro mosteiro da escola Drukpa Kagyu, a que pertencia Tagsang Raschen, e tornou-se muito importante no Ladaque sob o patrocínio da família Namgyal, rivalizando seriamente com os da seita Gelug, predominante no vizinho Tibete e que já então era liderada pelos Dalai Lamas. Depois de conhecer Tsag-tsang-ras-pas, Sengge tornou-se devoto até ao fim da sua vida da linhagem Ralung da escola Drugpa-Kagyu.[9]
Sengge Namgyal morreu em 1642 em Hanle, quando regressava de uma expedição militar contra os mongóis, que tinham ocupado a província de Utsangue (Tibete Ocidental) e ameaçavam o Ladaque e as suas possessões anteriormente pertencentes ao reino de Guguê.[1] Não devia ter muito mais do que 40 anos de idade. Dois anos depois da sua morte, Tsag-tsang-ras-pas empreendeu a construção do mosteiro de Chemrey como memorial do rei falecido.[10][11]
Notas
- ↑ Na região de Ngari, no Tibete Ocidental, que faz fronteira com o leste do Ladaque, existiram várias entidades políticas entre os séculos X e XVII governadas pela mesma dinastia e frequentemente designadas genericamente por reino de Guguê. Este tinha o seu centro em Ngari e em muitas épocas reuniu sob o seu domínio várias regiões em volta e outras bastante distantes.
Referências
- ↑ a b Rizvi 1996, p. 70.
- ↑ Kaul 1998, p. 60.
- ↑ Rizvi 1996, p. 67.
- ↑ Jina 1996, p. 77.
- ↑ Petech 1977, p. 44–45.
- ↑ Rizvi 1996, p. 68.
- ↑ «The Hemis Festival - Ladakh». www.indianfestivaltours.com. Consultado em 21 de novembro de 2016
- ↑ «About Tabo Monastery» (em inglês). Tabo Ancient Monastery, Ajanta of the Himalayas. Consultado em 21 de novembro de 2016
- ↑ Rizvi 1996, pp. 67-68.
- ↑ Rizvi 1996, p. 234.
- ↑ «Chemrey Gompa» (em inglês). www.buddhist-temples.com. Consultado em 21 de novembro de 2016
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Jina, Prem Singh (1996), Ladakh: The Land and the People, ISBN 9788173870576 (em inglês), Indus Publishing, consultado em 20 de novembro de 2016
- Kaul, H. N. (1998), Rediscovery of Ladakh, ISBN 9788173870866 (em inglês), Indus Publishing, consultado em 21 de novembro de 2016
- Petech, Luciano (1977), The Kingdom of Ladakh c. 950–1842 A.D. (PDF) (em inglês), Roma: Instituto Italiano per il Medio ed Estremo Oriente, consultado em 20 de novembro de 2016
- Rizvi, Janet (1996), Ladakh: Crossroads of High Asia, ISBN 9780195645460 (em inglês) 2.ª ed. , Deli: Oxford University Press India