Tariqa Maryamiyya

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Tariqa Maryamiyya é uma confraria sufi da ordem Shadhili fundada por Frithjof Schuon (1907-1998), poucos anos depois de ter ingressado, em 1932, na confraria do Xeique Ahmad al-Alawi. A ideia de que todas as religiões têm uma origem e uma sabedoria comuns é um dos pilares do ensinamento de Schuon.

História[editar | editar código-fonte]

Em 1932, Frithjof Schuon passou quatro meses na Argélia com Xeique Ahmad al-Alawi, que o iniciou no caminho sufi Alawiyya e lhe deu o nome de 'Īsā Nūr ad-Dīn.[1] Em 1935, após uma segunda estadia na Argélia, Schuon fundou zauias na Suíça e na França, e iniciou aspirantes na confraria Alawi.[2] As diferenças de perspectiva entre Schuon e a zauia mãe o levaram a assumir gradualmente sua independência, apoiado por René Guénon.[3]

Ao longo de sua vida, Schuon mostrou uma devoção especial à figura de Maria, que ele expressou em sua obra doutrinária, poética e pictórica.[4] Daí veio o nome Maryamiyya ("Mariana", em árabe) da tariqa que ele fundou como ramo da ordem Shadhiliyya-Darqawiyya-Alawiyyah.[5]

Para Schuon, como para outros, todo caminho espiritual consiste em uma doutrina e um método.[6] Metodicamente, a Tariqa Maryamiyya é baseada em ritos sufi, portanto islâmicos,[7] e doutrinariamente sobre a philosophia perennis,[8] ou seja, a "metafísica universal", com suas ramificações cosmológicas e antropológicas.[9] Segundo William Stoddart, "a ideia central da filosofia perene é que a Verdade divina é una, atemporal e universal, e que as diversas religiões são apenas linguagens diferentes que expressam essa Verdade".[10] Isto explica o uso, nos escritos de Schuon, de termos e conceitos de outras tradições como o hinduísmo, o budismo e o cristianismo.[11]

Uma série de acadêmicos e estudiosos ocidentais que se dedicaram a discutir e expor aspectos do islamismo — como, por exemplo, Seyyed Hossein Nasr, Martin Lings, Titus Burckhardt, Victor Danner e William Stoddart — têm sido associados aos ensinamentos de Schuon, mas a influência desta corrente é mais importante no âmbito da filosofia tradicionalista ou perennialista do que especificamente no domínio dos ensinamentos islâmicos shadhilitas.[12]

Em 1980, Frithjof Schuon emigrou da Suíça para os Estados Unidos, onde morreu em 5 de maio de 1998, aos 90 anos de idade, depois de ter dado sua independência aos diferentes ramos da tariqa.[13]

Referências

  1. Fitzgerald, Michael, Frithjof Schuon Messenger of the Perennial Philosophy, World Wisdom, 2010, pp. 32, 34.
  2. Aymard, Jean-Baptiste, Frithjof Schuon: Life and Teachings, SUNY, 2002, pp. 21–22.
  3. Aymard, Jean-Baptiste, Frithjof Schuon: Life and Teachings, SUNY, 2002, pp. 23–24.
  4. Cutsinger, James, "Colorless Light and Pure Air: The Virgin in the Thought of Frithjof Schuon", revista Sophia, Vol. 6, N° 2, 2000, p. 115.
  5. Fitzgerald, Michael, Frithjof Schuon Messenger of the Perennial Philosophy, World Wisdom, 2010, pp. 99, 83.
  6. Schuon, Frithjof, Survey of Metaphysics, World Wisdom, 1986, p. 115.
  7. Aymard, Jean-Baptiste, Frithjof Schuon: Life and Teachings, SUNY, 2002, p. 62 + "Approche biographique", revista Connaissance des Religions, numéro hors série Frithjof Schuon, 1999, p. 61.
  8. Soares de Azevedo, Mateus, O Livro dos Mestres, Ibrasa, 2016, p. 103.
  9. Béguelin, Thierry, "Preface" in Towards the Essential: Letters of a Spiritual Master, The Matheson Trust, 2021, p. x.
  10. Stoddart, William, Lembrar-se num Mundo de Esquecimento: Reflexões sobre Tradição e pós-modernismo, Sapientia, 2013, p. 74.
  11. Oldmeadow, Harry, Frithjof Schuon and the Perennial Philosophy, World Wisdom, 2010, pp. 51-52. [1]
  12. Hermansen, Marcia, "Global Sufism: 'theirs and ours' ", in Dressler, Markus, Ron Geaves, and Gritt Klinkhammer, eds. Sufis in Western society: global networking and locality. Routledge, 2009, p. 34.
  13. Fitzgerald, Michael, Frithjof Schuon Messenger of the Perennial Philosophy, World Wisdom, 2010, pp. 115, 128, 136.