Filosofia perene
A Filosofia Perene é um termo geralmente usado como sinônimo de Sanatana Dharma (sânscrito para “Verdade perene ou eterna”).
O filósofo alemão Gottfried Leibniz o utilizou para designar a filosofia comum e eterna subjacente às grandes religiões mundiais, em particular suas místicas ou seus esoterismos. O termo foi cunhado na época do Renascimento por Agostinho Steuco, bibliotecário do Vaticano no século XVI, no livro De Perenni Philosophia libri X, de 1540.[1]
Santo Agostinho (354-430) de certa forma se referiu à sabedoria perene quando escreveu: “Aquilo que hoje é chamado de 'religião cristã' já existia entre os antigos e nunca cessou de existir desde as origens do gênero humano, até o tempo em que o próprio Cristo veio e os homens começaram a chamar de 'cristã' a verdadeira religião que já existia anteriormente.” (De Vera Religione: X, 19)
O conceito é o princípio fundamental da “Escola perenialista” (ou tradicionalista), formalizada nos escritos dos metafísicos Frithjof Schuon (1907-1998) e René Guénon (1886-1951). A ideia central da Filosofia perene é que a verdade metafísica fundamental é una, universal e perene, e que as diferentes religiões constituem distintas linguagens que expressam esta Verdade única.
A Filosofia Perene reconhece o fato de que os sistemas de Pitágoras, Platão, Aristóteles e Plotino indubitavelmente expõem as mesmas verdades que estão no coração do Cristianismo. Subsequentemente, o significado do termo foi ampliado para englobar as metafísicas e as místicas das grandes religiões mundiais, especialmente Cristianismo, Islã, Budismo e Hinduísmo.
Um dos conceitos fundamentais da Escola perenialista é o da "unidade transcendente das religiões" – título do primeiro livro de Frithjof Schuon publicado no Brasil. Ele afirma que, no coração de cada religião, há um cerne de verdade (sobre Deus, o homem, a oração e a moralidade) que é idêntico. As diversas religiões mundiais são, de fato, diferentes – e esta é precisamente sua razão de ser. É o cerne que é idêntico, não a forma exterior. Todas as grandes religiões mundiais foram reveladas por Deus, e é por causa disso que cada qual fala em termos absolutos. Se não o fizesse, não seria uma religião, nem poderia oferecer os meios de salvação.
Mais recentemente, o autor britânico Aldous Huxley popularizou o termo no livro de 1945 The Perennial Philosophy.[2]
Livros em Português[editar | editar código-fonte]
Entre os livros da Filosofia Perene publicados em Português, incluem-se:
- De Frithjof Schuon:
- Forma e Substância nas Religiões (São José dos Campos, 2010) ISBN 978-85-62052-03-3
- A Transfiguração do Homem (São José dos Campos, 2009)
- Para Compreender o Islã (Lisboa, 1989 e Rio de Janeiro, 2006) ISBN 972-20-0722-X
- O Sentido das Raças (São Paulo, 2002) ISBN 85-348-0204-1
- O Homem no Universo (São Paulo, 2001, 2006) ISBN 9788527302593
- O Esoterismo como princípio e como caminho (S. Paulo, 1995)
- A Unidade Transcendente das Religiões (Lisboa, 1989)
- De René Guénon:
- A Crise do Mundo Moderno (Lisboa, 1977)
- O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos (Lisboa, 1989)
- Os Símbolos da Ciência Sagrada (São Paulo, 1989)
- A Grande Tríade (São Paulo, 1983)
- O Rei do Mundo (Lisboa, 1982)
- O esoterismo de Dante (Lisboa, 1995) ISBN 9789726994930
- De Titus Burckhardt:
- Alquimia (Lisboa, 1991) ISBN 972-20-0858-7
- Arte Sagrada no Oriente e no Ocidente (São Paulo, 2005)
- De Martin Lings:
- Sabedoria tradicional e superstições modernas (S. Paulo, 2001) ISBN 85-86775-81-8
- A Arte Sagrada de Shakespeare (S. Paulo, 2005)
- De William Stoddart:
- Lembrar-se num Mundo de Esquecimento: Reflexões sobre Tradição e pós-modernismo (São José dos Campos, 2013) ISBN 9788562052040
- O Budismo ao seu alcance (Rio de Janeiro, 2004) ISBN 85-01-06642-7
- O Hinduísmo (S. Paulo, 2005)
- O Sufismo (Lisboa, 1990)
- De Aldous Huxley:
- A Filosofia Perene: uma interpretação dos grandes místicos do Oriente e do Ocidente ( Ed. Globo, 2010)
- De Tage Lindbom:
- O Mito da Democracia (São Paulo, 2006) ISBN 85-348-0284-X
- De Seyyed Hossein Nasr:
- O Homem e a Natureza (Rio de Janeiro, 1977)
- De Rama Coomaraswamy:
- Ensaios sobre a destruição da tradição cristã (São Paulo, 1990) ISBN 85-7182-008-2
- De Mateus Soares de Azevedo:
- Ocultismo e Religião: em Freud, Jung e Mircea Eliade (São Paulo, 2011). Em co-autoria com Harry Oldmeadow. ISBN 978-85-348-0336-6
- Homens de um livro só: o Fundamentalismo no Islã, no Cristianismo e no pensamento moderno (Rio de Janeiro, 2008) ISBN 978-85-7701-283-1
- A Inteligência da Fé: Cristianismo, Islã, Judaísmo (Rio de Janeiro, 2006)ISBN 85-7701-045-7
- Mística Islâmica: convergência com a espiritualidade cristã (Petrópolis, 2001) ISBN 85-326-2357-3
- Iniciação ao Islã e Sufismo (Rio de Janeiro, 2000)
- De Ananda Coomaraswamy:
- Mitos Hindus e Budistas (Brasil, 2006) ISBN 9788587731685
- O Pensamento Vivo de Buda (São Paulo, 1965)
- Mitos Hindus e Budistas (São Paulo, s/d)