Tecnécio

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Tecnécio
MolibdênioTecnécioRutênio
Mn
 
 
43
Tc
 
               
               
                                   
                                   
                                                               
                                                               
Tc
Re
Tabela completaTabela estendida
Aparência
cinza metálico brilhante
Informações gerais
Nome, símbolo, número Tecnécio, Tc, 43
Série química Metal de transição
Grupo, período, bloco 7 (7B), 5, d
Densidade, dureza 11500 kg/m3,
Número CAS 7440-26-8
Número EINECS
Propriedade atómicas
Massa atómica 98 u
Raio atómico (calculado) 136 pm
Raio covalente 147±7 pm
Raio de Van der Waals pm
Configuração electrónica [Kr] 4d5 5s2
Elétrons (por nível de energia) 2, 8, 18, 13, 2 (ver imagem)
Estado(s) de oxidação 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, -1, -3 (óxido ácido forte)
Óxido
Estrutura cristalina hexagonal
Propriedades físicas
Estado da matéria sólido
Ponto de fusão 2430 K
Ponto de ebulição 4538 K
Entalpia de fusão 24 kJ/mol
Entalpia de vaporização 660 kJ/mol
Temperatura crítica  K
Pressão crítica  Pa
Volume molar m3/mol
Pressão de vapor 1 Pa a 2727 K
Velocidade do som 16200 m/s a 20 °C
Classe magnética Paramagnético
Susceptibilidade magnética
Permeabilidade magnética
Temperatura de Curie  K
Diversos
Eletronegatividade (Pauling) 1,9
Calor específico 210 J/(kg·K)
Condutividade elétrica S/m
Condutividade térmica 50,6 W/(m·K)
1.º Potencial de ionização 702 kJ/mol
2.º Potencial de ionização 1470 kJ/mol
3.º Potencial de ionização 2850 kJ/mol
4.º Potencial de ionização kJ/mol
5.º Potencial de ionização kJ/mol
6.º Potencial de ionização kJ/mol
7.º Potencial de ionização kJ/mol
8.º Potencial de ionização kJ/mol
9.º Potencial de ionização kJ/mol
10.º Potencial de ionização kJ/mol
Isótopos mais estáveis
iso AN Meia-vida MD Ed PD
MeV
95mTcsintético61 dε
γ


IT
-
0,204
0,582
0,835
0,0389
95Mo



95Tc
96Tcsintético4,3 dε
γ
-
0,778
0,849
0,812
96Mo
-
97Tcsintético2,6×106 aε-97Mo
-
97mTcsintético91 dIT0,96597Tc
98Tcsintético4,2×106 aβ
γ
0,4
0,745
0,652
98Ru
-
99Tctraços2,111×105 aβ0,29499Ru
99mTcsintético6,01 hIT

γ
0,142
0,002
0,140
99Tc

-
Unidades do SI & CNTP, salvo indicação contrária.

O tecnécio (technetium) é um elemento químico de símbolo Tc de número atômico 43 e de massa atómica igual a 98 u. À temperatura ambiente, o tecnécio encontra-se no estado sólido. Está colocado no grupo 7 (anteriormente denominado 7B) da classificação periódica dos elementos. Trata-se de um metal de transição, cinza prateado, radioativo, sendo obtido de forma sintética. Sua principal aplicação é em medicina nuclear, em técnicas de diagnóstico. Foi descoberto por Carlo Perrier e Emilio Segrè na Itália, em 1937. Mesmo não sendo muito estudado, é muito usado na indústria metalúrgica, principalmente em ligas.

Tecnécio, com número atômico Z  = 43, é o elemento de menor numeração na tabela periódica para a qual todos os isótopos são radioativos. O segundo elemento radioativo mais leve, o promécio, tem número atômico 61.[1] Ele é obtido pelo bombardeamento do molibdênio com deutério em aceleradores de partículas. Ao ser sintetizado, o Molibdênio decai emitindo uma partícula Beta de seu núcleo, tornando-se Tecnécio 99m (meta estável) com meia-vida de 6 horas, decaindo novamente por emissão gama, se tornando Tecnécio 99, que tem meia vida de 211.100 anos. Foi o primeiro elemento a ser feito artificialmente pelo homem, daí seu nome que deriva da palavra grega "technetos", que significa artificial.

Características principais[editar | editar código-fonte]

O tecnécio apresenta todos seus isotopos radioativos, tendo sido o primeiro elemento a ser produzido artificialmente. Seus estados de oxidação mais comuns são +2, +4, +5, +6 e +7.

É um metal cinza prateado, que lentamente perde o brilho em contato com o ar úmido. O tecnécio VII como o pertecnetato, TcO4-, igual ao rênio, ReO4-, é muito menos oxidante que o permanganato, MnO4-. A química do tecnécio é muito similar a do rênio, apesar de que estes dois difiram bastante da do manganês. O tecnécio se dissolve em água régia (mistura de HNO3 e HCl), ácido nítrico (HNO3) e ácido sulfúrico concentrado (H2SO4), porém não é solúvel em ácido clorídrico (HCl). Este elemento inibe bem a corrosão do aço, sendo um supercondutor à temperaturas muito baixas.

Aplicações[editar | editar código-fonte]

O tecnécio poderia apresentar várias aplicações como, por exemplo, em aços protegendo-os da corrosão, porém devido a problemas com a sua produção (em reatores nucleares), estas aplicações são muito limitadas.

Em medicina nuclear são empregados compostos com o isótopo 99mTc como radiofármacos (ou radiotraçadores). Este isótopo se obtém mediante geradores de 99Mo / 99mTc, sendo seu período de desintegração de 6 horas, tempo adequado para que se acumule no órgão que se quer estudar e, por outro lado, não permaneça muito tempo no organismo. É um emissor gama com uma energia de aproximadamente 140 KeV, que pode ser detectado através de um contador de cintilância podendo-se interpretar a imagem obtida.[2]

Preparam-se diversos compostos por redução de pertecnetatos junto com outras moléculas, dependendo do órgão que se quer estudar. Por exemplo, com bifosfonatos, estes compostos se acumulam nos tecidos ósseos. Quando se utilizam pertecnetatos diretamente, estes se acumulam na glândula tiroide.[3]

História[editar | editar código-fonte]

O nome tecnécio é procedente do grego technetos, que significa "artificial". Foi descoberto por Carlo Perrier e Emilio Segrè na Itália em 1937, numa amostra de molibdênio, enviada por Ernest Lawrence, que foi bombardeada com núcleos de deutério em um ciclotron em Berkeley. O tecnécio foi o primeiro elemento a ser produzido artificialmente.

Dmitri Mendeleyev previu que faltava na Tabela Periódica um elemento que seria similar ao manganês e o denominou eka-manganês. Em 1925, quando se descobriu o rênio acreditou-se que havia encontrado o elemento de número atômico 43, e deu a ele o nome de masúrio, porém comprovou-se que não era o elemento previsto. O desenvolvimento da energia nuclear nos meados do século XX permitiu gerar as primeiras amostras deste elemento por meio de reações nucleares.

Abundância e obtenção[editar | editar código-fonte]

Até 1960 não era possível obter este elemento em quantidades macroscópicas. A expansão da indústria nuclear tornou, entretanto, possível a obtenção de grandes quantidades de tecnécio (quilogramas).

Algumas estrelas gigantes vermelhas apresentam uma linha de emissão em seu espectro correspondente a presença do tecnécio; esta descoberta tem levado a novas teorias sobre a produção de elementos pesados nas estrelas.

Desde que foi descoberto, numerosas buscas foram levadas a cabo em materiais terrestres procedentes de fontes naturais. Em 1982, o 99Tc foi isolado e identificado, em quantidades muito pequenas, no mineral pechblenda, procedente de África, como produto da fissão espontânea do 99Mo. Esta descoberta foi feita por B.T. Kenna e P.K. Kuroda.

O 99Tc se obtém como resíduo dos reatores nucleares, separando-o dos demais produtos da fissão. (Através da reacção de Tc2S7 com H2 a 1100°C ou NH4TcO4 com H2).

Em Astrofísica[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Estrela de tecnécio

Como seu isótopo mais estável tem uma meia-vida pequena em termos cósmicos (4,2 milhões de anos), a identificação de tecnécio em estrelas é uma evidência de nucleossíntese.[4] Estas estrelas são chamadas de estrelas de tecnécio, sendo um dos seus exemplos R Geminorum.[5]

Precauções[editar | editar código-fonte]

O tecnécio não tem papel biológico e não é encontrado no corpo humano.[6] Aparentemente possui uma baixa toxidez, não apresentando, por exemplo, nenhuma mudança significante no sangue, corpo e órgãos em testes realizados com roedores que ingeriram 15 µg de tecnécio-99 por grama de alimento durante várias semanas.[7] A toxidez em função da radioatividade do elemento é uma função do composto, tipo de radiação para o isótopo em questão e o tempo de meia-vida do isótopo.[8]

Todos os isótopos devem ser manuseados com cuidado. O mais comum, o tecnécio-99, é um emissor beta do qual a radiação é retida pelas paredes da vidraria do laboratório. O principal perigo quando trabalhando com o elemento é a inalação de poeira, pois tal contaminação radioativa nos pulmões pode aumentar o risco de câncer. Para a maioria das situações, o manuseio em uma capela de laboratório é suficiente e uma caixa com luvas não é necessária.[9]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Referências

  1. «Periodic Table of Elements: Los Alamos National Laboratory». periodic.lanl.gov. Consultado em 12 de setembro de 2020 
  2. F.L.N. Marques; M.R.Y. Okamoto, C.A.Buchpiguel (2001). «Alguns aspectos sobre geradores e radiofármacos de tecnécio-99m e seus controles de qualidade». São Paulo. Radiologia Brasileira. 34 (4): 233-239. ISSN 1678-7099. Consultado em 25 de janeiro de 2018 
  3. Carvalho, Regina P. de; Oliveira, Silvia M.V. de (2017). «Capítulo 3 - Usos da radiação ionizante na saúde». In: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - International Atomic Energy Agency. Aplicações da energia nuclear na saúde (e-book). São Paulo - Viena: [s.n.] ISBN 978-85-86957-26-0. Consultado em 11 de janeiro de 2018 
  4. S. Paul W. Merrill (1952). «Spectroscopic Observations of Stars of Class S». The Astrophysical Journal. 116. 21 páginas. doi:10.1086/145589 
  5. S. Paul W. Merrill. «"Spectroscopic Observations of Stars of Class S", page 22» 
  6. Hammond, C. R. (2004). «The Elements». Handbook of Chemistry and Physics 81st ed. [S.l.]: CRC press. ISBN 0-8493-0485-7 
  7. Desmet, G.; Myttenaere, C.; Commission of the European Communities. Radiation Protection Programme, France. Service d'études et de recherches sur l'environnement, United States. Dept. of Energy. Office of Health and Environmental Research (31 de maio de 1986). Technetium in the environment. [S.l.]: Springer, 1986. pp. 392–395. ISBN 0-85334-421-3 
  8. Schwochau 2000, pp. 371–381
  9. Schwochau 2000, p. 40

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]