Chrysuronia

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Chrysuronia
C. oenone repousando em um galho no Equador
C. coeruleogularis empoleirado em galho no Panamá
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Subfamília:
Tribo:
Gênero:
Chrysuronia

Bonaparte, 1850
Espécie-tipo
Ornismya oenone
Lesson, 1832
Espécies

9, ver texto

Chrysuronia é um gênero de aves apodiformes pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores.[1] O gênero possui mais de nove espécies, constituindo um dos gêneros com maior quantidade de espécies reclassificadas; que se distribuem nas florestas tropicais úmidas e tropicais pluviais ao oeste sul-americano em altitudes entre 50 e 1650 metros acima do nível do mar. Suas espécies representantes estavam anteriormente classificadas dentro de Amazilia, Hylocharis e o extinto Lepidopyga. Os nomes vernáculos destes beija-flores divergem de acordo com a classificação desatualizada, no qual as denominadas safiras pertenciam à Hylocharis.[2]

Embora uma maioria significativa das espécies seja considerada como "espécie pouco preocupante" pela IUCN, com o beija-flor-de-cauda-dourada (C. oenone), o beija-flor-de-garganta-safira (C. coeruleogularis) e o beija-flor-verde-brilhante (C. goudoti) apresentando tendências populacionais estáveis ou crescentes, o beija-flor-de-barriga-safira (C. lilliae) é considerado uma espécie ameaçada de extinção.[3][4][5][6]

Descrição[editar | editar código-fonte]

São beija-flores de tamanho comum de comprimento entre 8,5 e 12,5 centímetros. Os representantes desta espécie se caracterizam por seu bico escuro retilíneo ou ligeiramente curvado, com maxilar avermelhado e de extremidade escura. Apresenta dimorfismo sexual acentuado, onde os machos da maioria das espécies se caracterizam pela sua plumagem mais colorida, além de medirem quase uma grama inteira a mais do que as fêmeas. Os beija-flores das espécies C. lilliae, a maioria das subespeciações de C. versicolor e os C. leucogaster e C. humboldtii apresentam coroas verde-brilhante ou, ainda, verde-azulada e partes superiores esverdeada. As espécies C. coeruleogularis e oenone se diferenciam por plumagem iridescente e bastante colorida, ao que C. grayi e C. oenone se caracterizam pela coroa azul-violeta ou azul-cobalto. A maioria das espécies apresenta cauda comum enquanto a cauda bifurcada é característica de coeruleogularis, e ajuda a diferenciá-la de outros beija-flores de comprimento similar. Os imaturos se assemelham às fêmeas, mas são menores e com algumas pequenas alterações na plumagem. Entre as outras características marcantes estão a penas das asas e da cauda menos coloridas, o abdômen esbranquiçado ou cinzento nas fêmeas e cauda curta, o que também é observado em machos de C. brevirostris.[7][8][9][10][11][12][13][14] Tais características oferecem estas aves à classificação dentro da tribo Trochilini.[15]

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

Os beija-flores safiras, anteriormente específicos ao Hylocharis, são encontrados principalmente ao oeste sul-americano, desde a faixa costeira do Pacífico, no Panamá, exclusivamente no caso de C. humboldtii e, dessa vez incluindo C. grayi, seguindo em direção às regiões interandinas no departamento de Valle del Cauca, no oeste da Colômbia, ao sul da província de Pichincha e Esmeraldas, no Equador. Enquanto isso, as aves anteriormente classificados em Lepidopyga, se distribuem desde o departamento colombiano de Chocó, seguindo ao vale do rio Magdalena, incluindo uma espécie (C. lilliae) endêmica da Colômbia, sendo encontrada perto da Sierra Nevada de Santa Marta, e no caso de C. coeruleogularis, desde o Panamá até a Colômbia e, mais recentemente, na Costa Rica. Sua espécie-tipo, a única a não ser movida a outro táxon, se encontra distribuída a oeste e norte da Venezuela, centro-leste colombiano, extremo-oeste do Brasil, ao nordeste do Peru e norte da Bolívia. As espécies que anteriormente se encontravam em Amazilia, podem ser encontradas nas Guianas, Venezuela, Brasil até o arquipélago de Trinidad e Tobago, ao que versicolor pode ser encontrada também na Argentina, Bolívia e Paraguai. Estes beija-flores podem habitar florestas tropicais e subtropicais úmidas e pluviais, próximas à cordilheira andina, além de florestas secundárias e semi-decíduas altamente degradadas, também são encontrados em áreas urbanas semi-abertas e, ainda, em plantações de cacau.[3][4][5][6][8][11][14][12][13]

Sistemática e taxonomia[editar | editar código-fonte]

O gênero foi introduzido primeiramente em 1850, por Charles Lucien Jules Laurent Bonaparte, pesquisador francês especializado em ornitologia, para Ornismya oenone, que já havia sido descrito anteriormente em 1832, por René Primevère Lesson. A denominação é uma aglutinação de dois descritores específicos que caracterizam sinônimos para a mesma espécie, onde chrysura, deriva de um termo da língua grega antiga: χρυσός, chrysós, que significa "ouro"; e oenone, uma romanização do substantivo οἰνώνη, oinóni, derivado do grego antigo e referencia a ninfa homônima. Sua espécie-tipo foi especificada por George Robert Gray, que também foi homenageado em C. grayi, em 1855, como Chrysuronia oenone.[16][17][18][19]

Este gênero era anteriormente monotípico, incluindo apenas a espécie-tipo, o beija-flor-de-cauda-dourada. Um estudo filogenético molecular publicado em 2014 por McGuire et al. descobriu que os gêneros Amazilia e Lepidopyga eram polifiléticos.[15] Dentro da revisão da classificação para a introdução de um monotipo, o gênero Chrysuronia aumentaria sua abrangência a incluir as espécies anteriormente classificadas nos gêneros Amazilia e Lepidopyga.[20]

Espécies[1][2][editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». International Ornithologists' Union. IOC World Bird List Version 12.2. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  2. a b Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 116. ISSN 1830-7809. Consultado em 28 de novembro de 2022 
  3. a b BirdLife International (6 de agosto de 2018). «Golden-tailed Sapphire (Amazilia oenone. The IUCN Red List of Threatened Species. 2018: e.T22687458A130120798 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T22687458A130120798.enAcessível livremente. Consultado em 28 de novembro de 2022 
  4. a b BirdLife International (13 de outubro de 2020). «Sapphire-throated Hummingbird (Amazilia coeruleogularis. The IUCN Red List of Threatened Species. 2021: e.T22687414A167142086 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2021-3.RLTS.T22687414A167142086.enAcessível livremente. Consultado em 28 de novembro de 2022 
  5. a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Shining-green Hummingbird (Amazilia goudoti. The IUCN Red List of Threatened Species. 2016: e.T22687421A93151347 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687421A93151347.enAcessível livremente. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  6. a b BirdLife International (8 de dezembro de 2020). «Sapphire-bellied Hummingbird (Amazilia lilliae. The IUCN Red List of Threatened Species. 2020: e.T22687417A192202266 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2021-3.RLTS.T22687417A192202266.enAcessível livremente. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  7. Stiles, F. Gary; Boesman, Peter F. D. (2020). «Golden-tailed Sapphire (Chrysuronia oenone), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.gotsap1.01. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  8. a b Weller, André Alexander; Kirwan, Guy M.; Boesman, Peter F. D. (2021). «Versicolored Emerald (Chrysuronia versicolor), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.vereme1.01.1. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  9. Schuchmann, Karl-Ludwig; Boesman, Peter F. D. (2021). «Sapphire-throated Hummingbird (Chrysuronia coeruleogularis), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.sathum1.01.1. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  10. Luther, David (2021). «Sapphire-bellied Hummingbird (Chrysuronia lilliae), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.sabhum1.01.1. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  11. a b del Hoyo, Josep; Collar, Nigel; Kirwan, Guy M.; Boesman, Peter F. D. (2021). «Humboldt's Sapphire (Chrysuronia humboldtii), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.humsap2.01.1. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  12. a b Stiles, F. Gary; Kirwan, Guy M.; Boesman, Peter F. D. (2021). «Blue-headed Sapphire (Chrysuronia grayi), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.blhsap1.01.1. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  13. a b Weller, André Alexander; Boesman, Peter F. D. (2021). «White-chested Emerald (Chrysuronia brevirostris), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.whceme1.01.1. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  14. a b Weller, André Alexander; Kirwan, Guy M.; Boesman, Peter F. D. (2021). «Plain-bellied Emerald (Chrysuronia leucogaster), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.plbeme1.01.1. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  15. a b McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Corl, Ammon; Rabosky, Daniel L.; Altshuler, Douglas L.; Dudley, Robert (14 de abril de 2014). «Molecular Phylogenetics and the Diversification of Hummingbirds». Current Biology (em inglês) (8): 910–916. ISSN 0960-9822. PMID 24704078. doi:10.1016/j.cub.2014.03.016Acessível livremente. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  16. Bonaparte, Charles Lucien (1850). Conspectus Generum Avium (em latim). 1. Leida: E.J. Brill. p. 75. doi:10.5962/bhl.title.70841 
  17. Gray, George Robert (1855). Catalogue of the Genera and Subgenera of Birds Contained in the British Museum. Londres: British Museum. p. 23. doi:10.5962/bhl.title.17986 
  18. Beekes, Robert S. P. (2010). van Beek, Lucien, ed. «Etymological Dictionary of Greek». Brill Academic Pub. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series. 10. ISBN 9789004174207. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  19. Peters, James Lee, ed. (1945). Check-list of Birds of the World. 5. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press. p. 134 
  20. Stiles, F. Gary; Remsen, J. V. Jr.; McGuire, Jimmy A. (24 de novembro de 2017). «The generic classification of the Trochilini (Aves: Trochilidae): Reconciling taxonomy with phylogeny». Zootaxa (3). 401 páginas. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.4353.3.1. Consultado em 29 de novembro de 2022 

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