Conflito político e militar em Moçambique

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Conflito em Moçambique
Data Abril de 2013–Setembro de 2014,[1] 2015–presente
Local Moçambique
Situação em andamento
  • Acordo de paz alcançado em setembro de 2014
  • Violência reiniciada em meados de 2015
Beligerantes
Moçambique Governo de Moçambique RENAMO
Comandantes
Moçambique Armando Guebuza
Moçambique Filipe Nyusi
Afonso Dhlakama
Vítimas: +200 mortos (2015)[2]

+15 mil desalojados (2016)[3]

Conflito político e militar em Moçambique resulta da insatisfação do maior partido político da oposição moçambicana (a Renamo), que reclama ter mais acesso às instituições do estado, como às forças armadas, e nas negociações feitas no dia 3 de dezembro de 2012, entre o Governo e a Renamo. O maior partido da oposição em Moçambique exigia a revisão do sistema eleitoral e um quinhão das novas descobertas de gás no lago Niassa e Carvão Mineral explorado na província de Tete, Moatize.[4][5][6][7][8][9][10][11][12][13][14][15][16][17]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Guerra Civil Moçambicana

Em 2012, depois do 21.° aniversário da paz em Moçambique, o clima entre a Renamo e o governo da Frelimo deteriorou-se. O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, regressou no dia 17 de outubro à antiga base do partido, a Casa Banana, em Satunjira, na zona da Gorongosa (província de Sofala, no centro do país).[18]

Houve divergências em relação à composição da Comissão Nacional de Eleições (CNE). A Renamo quis uma representação igual para os dois partidos (excluindo terceiros, como o novo partido MDM). Em abril de 2013 houve vários ataques da Renamo na zona centro do país, que causaram pelo menos seis mortos, entre polícias e civis.

No dia 21 de outubro de 2013, forças governamentais tomaram a base da Renamo na Gorongosa. A seguir, a Renamo anunciou o fim do Acordo de Paz de 1992. Depois de 21 anos de paz, Moçambique voltou à guerra civil.[19]

No dia 5 de agosto de 2014, é assinado mais um acordo de paz entre a Renamo e o governo. Mas, a seguir às eleições de 16 de outubro de 2014, começa uma nova fase de confrontos violentos. A Renamo contesta os resultados oficiais que deram vitória à FRELIMO e pretende governar as seis províncias do Centro e do Norte de Moçambique nas quais ela [Renamo] alega ter ganhado.[20] No dia 12 de junho de 2014, anunciou que governaria,"a bem ou a mal", as tais seis províncias nas quais alega ter ganhado.[21] O constitucionalista Gilles Cistac defendeu que era permissível que o partido Renamo governasse as referidas seis províncias à luz da lei moçambicana, tendo feito a seguinte citação:

Para tal, pode-se invocar o artigo 273, n.º 4, da Constituição da República, sobre as «categorias das autarquias locais», que determina que «a lei pode estabelecer outras categorias autárquicas superiores ou inferiores à circunscrição territorial do município ou da povoação». E, em vez de «regiões autónomas», passariam a ser denominadas «províncias autónomas», que é a designação mais abrangente no âmbito da lei em alusão.
 
Gilles Cistac[22].

Os órgãos de informação nacionais classificaram como equívoco e a Frelimo como traição e ingratidão a posição de Cistac.[23]

Em dezembro de 2021 foi adiado o encerramento da última base da Renamo, na serra da Gorongosa, no seguimento do processo de desarmamento, devido principalmente a atrasos no pagamento das pensões acordadas aos desmobilizados. O Presidente Moçambicano, Filipe Nyusi, assumiu no início de 2023 que se está a tentar a tentar encontrar um consenso para que esta base armada da Resistência Nacional Moçambicana seja efetivamente encerrada no âmbito dos acordos de Paz.[24]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «BBC News - Mozambique rivals Dhlakama and Guebuza sign peace deal». BBC News 
  2. Onslow, Sue (17 de março de 2016). «The Battle for Mozambique: The Frelimo-Renamo Struggle, 1977–1992». Cold War History (2): 235–237. ISSN 1468-2745. doi:10.1080/14682745.2016.1153849. Consultado em 26 de junho de 2021 
  3. «Mozambique's escalating violence forces thousands to flee | eNCA». www.enca.com (em inglês). Consultado em 26 de junho de 2021 
  4. Queimaram tudo na minha casa dizia refuguado Moçambicano no Malawi Dw.com Página Acessado no dia 10.02.2016
  5. Renamo atribui ataque a tropas governamentais Pt.rfi.fr Página visitada no dia 10.02.2016
  6. Momentos de instabilidade política em Moçambique uma Cronologia Dw.com Acessado dia 10.02.16
  7. Aumenta tensão política e militar em Moçambique e acusa Renamo de receber ajuda externa portugaldigital.com.br Página Acessada no dia 10 de Fevereiro de 2015
  8. Governo diz estar atento ao foco de Refugiados mas alerta contra oportunismos Acessado no dia 10 de Fevereiro de 2016
  9. Lorenço do Rosário considera nova vaga de refugiado má para o país (Moçambique) opais.sapo.mz Link visto no dia 10.02.16
  10. Moçambique: População foge do exército para o Malaui m.euronews.com Visto no dia 10.01.2016
  11. Confrontos multiplicam-se em Moçambique m.euronews.com Página visitada no dia 10.02.2016
  12. António Muchanga: “Moçambique está em guerra e precisa de mediação internacional” m.euronews.com Página Acessada no dia 10 de Fevereiro de 2016
  13. Renamo condiciona encontro entre Presidente e Dhlakama tim.sapo.mz Página visitada no dia 10.02.2016
  14. Nova proposta de Dhlakama preve autarquias províncias no país (Moçambique) tim.sapo.mz Link visto no dia 10 de Fevereiro de 2016
  15. Campo de refugio de moçambicanos no Malawi a beira de colapso folhademaputo.co.mz Página visitada no dia 10 de Fevereiro de 2016
  16. A GORONGOSA E MORRUMBALA: Ministro do Interior confirma ataques da Renamo noticiasmocambique.com Página visitada no dia 10.02.2016
  17. Moçambique: Bispos preocupados com situação político-militar «em contínua deterioração» agencia.ecclesia.pt Link Acessado no dia 10 de Fevereiro de 2016
  18. Momentos de instabilidade política em Moçambique - uma cronologia (DW África)
  19. Ataque à base da RENAMO é "declaração de guerra" (DW África)
  20. Cronologia do conflito entre a RENAMO e o Governo de Moçambique (DW África)
  21. Renamo anuncia que vai governar nas seis províncias onde afirma ter ganho as Eleições de 2014 "a bem ou a mal" (@Verdadde)
  22. Os equívocos do professor Gilles Cistac @Verdade
  23. «AINDA OS PRONUNCIAMENTOS DE CISTAC: Porta-voz da Frelimo deplora» @Verdade
  24. SAPO. «PR moçambicano diz que procura consensos para desativar última base da Renamo». SAPO. Consultado em 3 de fevereiro de 2023