Confrontos étnicos entre tuás e lubas

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Confrontos étnicos entre tuás e lubas

Localização da Província de Tanganyika na República Democrática do Congo
Data 2013 – presente
Local Província de Tanganyika, República Democrática do Congo
Situação em curso
Beligerantes
Milícias dos pigmeus tuás Milicias lubas
Centenas de mortos,[2] 650.000 deslocados[3]

Os confrontos étnicos entre tuás e lubas referem-se a uma série de confrontos em curso na República Democrática do Congo entre os povos pigmeus tuás [a] e os lubas a partir de 2013.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Os pigmeus tuás são frequentemente explorados e alegadamente escravizados[1] pelos lubas e outros grupos bantus. Embora os pigmeus nunca se organizassem militarmente para resistir, passariam a fazê-lo com a Primeira Guerra do Congo. O líder rebelde Laurent-Désiré Kabila, vitorioso nesta guerra, organizou os tuás em grupos paramilitares para ajudá-lo. Seu filho, Joseph Kabila, que o sucedeu, usaria essas milícias na Segunda Guerra do Congo e contra o predominantemente luba Mai-Mai Kata Katanga.[5]

Curso do conflito[editar | editar código-fonte]

Deslocados internos do Território de Nyunzu que fugiram dos confrontos entre tuás e Lubas

Na província de Tanganyika, na parte norte da antiga província de Catanga, a partir de 2013, os pigmeus tuás levantaram-se em milícias, como a milícia "Perci", e atacaram aldeias dos lubas.[6] Uma milícia luba, conhecida como "Elementos", retaliou o ataque, matando pelo menos 30 pessoas no campo de refugiados "Vumilia 1" em abril de 2015. Desde o início do conflito, centenas de pessoas foram mortas e dezenas de milhares foram expulsas de suas casas.[1] Os armamentos usados no conflito são muitas vezes flechas, machados e machetes, ao invés de armas de fogo.[6][7]

Em outubro de 2015, líderes dos pigmeus e dos luba selaram um acordo de paz para acabar com o conflito.[8] Em setembro de 2016, as Nações Unidas, juntamente com as autoridades provinciais, estabeleceram conselhos locais chamados "baraza" para atender as queixas e isso pareceu reduzir a violência.[5] No entanto, os confrontos se intensificaram no final de 2016,[9] uma vez que o governo tentava impor um imposto sobre as lagartas que os tuás colhiam como importante fonte de alimento,[7][10] ao mesmo tempo em que os militares tentavam prender um senhor da guerra tuá.[5] Ambos os eventos levaram a uma reação violenta e à disseminação dos combates.[5][7] As milícias tuás também começariam a atacar os tutsis, outro grupo bantu, matando suas vacas.[5]

Um cessar-fogo intermediado pelas Nações Unidas em fevereiro de 2017 fracassou e a violência continuou.[11] Em agosto de 2017, os confrontos se intensificaram depois que os tuás atacaram um grupo de lubas perto de Kalemie; no curso dos combates seguintes, cerca de 50 pessoas morreram, a maioria delas lubas.[12] Os combatentes tuás também atacaram um comboio da MONUSCO com flechas. Diversos Capacetes Azuis ficaram feridos, embora ainda optassem por não retaliar.[7]

Até o final de 2017, 650.000 pessoas foram deslocadas devido aos combates.[3] A economia de Tanganyika havia entrado em colapso, uma vez que os campos não podiam mais ser colhidos.[13] Como resultado, a desnutrição se espalhou entre aqueles que haviam fugido,[3] bem como aqueles que permaneceram em suas casas.[13]

Vítimas[editar | editar código-fonte]

Mortes[editar | editar código-fonte]

Mais de mil pessoas foram mortas nos primeiros oito meses de 2014.[5]

Pessoas deslocadas[editar | editar código-fonte]

Estima-se que o número de pessoas deslocadas seja de 650.000 em dezembro de 2017.[3] Por volta de março de 2017, 543.000 haviam fugido, contra 370.000 em dezembro de 2016, o maior crescimento dos conflitos atuais no Congo, que tem a maior população de pessoas deslocadas na África. Muitos refugiados são supostamente forçados pelo governo a deixar os campos e voltar para suas casas, onde os combates prosseguem.[5]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. As duas principais divisões dos pigmeus na República Democrática do Congo são os butis, que vivem principalmente na floresta de Ituri, no nordeste, e os tuás, mas muitos tuás em certas áreas do país também se referem a si mesmos como Bambuti.[4]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Batwa-Luba clashes».