Culinária de Berlim

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Deli em Berlim

A Cozinha de Berlim descreve diferentes aspectos das ofertas culinárias de Berlim. Por um lado, significa a tradicional culinária berlinense das famílias berlinenses com pratos da culinária alemã. Por outro lado, significa muitas vezes apenas um pub rústico e uma lanchonete, algo cada vez mais internacional devido às muitas ondas de migração desde 1945 e 1990.[1][2] Depois dos anos 2000, vários restaurantes de primeira classe evoluíram em Berlim.

História[editar | editar código-fonte]

O rei Frederico, o Grande, inspecionando o cultivo da batata por volta do ano 1750

Até o final do século XIX, a cozinha de Berlim era composta de culinária simples, que enfatizava o gosto saudável e a saturação em vez do refinamento. No século XVII, numerosos huguenotes se estabeleceram em Berlim e trouxeram consigo suas tradições culinárias.[3] A cozinha prussiano-protestante integrou essas influências essencialmente via simplificação.

Os ingredientes típicos eram carne de porco, ganso e peixes como carpa, enguia e lúcio, repolho, leguminosas como ervilha, lentilha e feijão, além de beterraba, pepino e batata. Impressiona atualmente o uso frequente de lagosta de água doce, que possibilitou a pesca rica dos peixes em Berlim nos séculos XVIII e XIX.

Com a fundação do Império Alemão, Berlim tornou-se a capital de um império mundial e a chegada de diferentes províncias ampliou a tradição culinária da cidade, culminando na internacionalização da culinária berlinense. Foram adicionados tipos de preparo judaicos e do Leste Europeu, que ampliariam o cardápio da capital. 

Café Kranzler em 1988

Na década de 1920, Berlim era uma das maiores cidades do mundo. Numerosos grandes hotéis e restaurantes ofereciam pratos diferentes.[4] O regime nazista e a Segunda Guerra Mundial se seguiram e puseram fim a essa diversidade culinária, por conta de toda a aniquilação que causaram. Enquanto na parte oriental, como capital de fato da Alemanha Oriental, a gastronomia de luxo quase desapareceu completamente e as influências internacionais não apareceram por décadas, a cena gastronômica no oeste se recuperou lentamente dessa pausa.

Os primeiros restaurantes de cozinha requintada abriram na reconstruída Neuer Westen após a guerra. Durante a divisão de Berlim, o departamento de delicatessen da KaDeWe permaneceu um dos maiores do gênero no mundo e ainda é muito popular entre os moradores da cidade e turistas.[5]

Food Truck em 2019

Diz-se que o currywurst de Berlim foi inventado em 1949 por Herta Heuwer de Königsberg, que na época dirigia uma pequena lanchonete em Charlottenburg.[6]

Em 1958, o Café Kranzler foi inaugurado na Kurfürstendamm, que queria seguir a cultura das cafeterias pré-guerra. O café se estabeleceu nos anos seguintes como uma instituição de Berlim Ocidental.[4]

Devido à migração de mão de obra após a Segunda Guerra Mundial, a cozinha berlinense voltou a se internacionalizar. Imigrantes turcos teriam inventado o Churrasco Grego em Kreuzberg na década de 1970, que agora é considerado um dos petiscos mais típicos de Berlim.[7][8]

Desde a reunificação em 1990, Berlim conseguiu se estabelecer novamente como uma metrópole para gourmets. Mesmo na antiga parte oriental, como Mitte ou Prenzlauer Berg, existem agora inúmeros restaurantes com ofertas internacionais.[9]

Refeições[editar | editar código-fonte]

O café da manhã geralmente consiste em pãezinhos com geléia ou frios e queijo, acompanhados de café, chá ou suco. A refeição do meio-dia era tradicionalmente a principal refeição do dia, mas nos tempos modernos, como os berlinenses trabalham mais horas longe de casa, o perfil mudou. Agora, a refeição principal costuma ser feita à noite.

Pratos[editar | editar código-fonte]

Pratos de carne[editar | editar código-fonte]

  • "Fígado no estilo de Berlim" – Fígado de vitela frito, com cebola e fatias de maçã em purê de batatas
  • Currywurst – Salsicha de porco cortada e temperada com ketchup ao curry
  • Kassler – Porco assado salgado e defumado
  • Ganso assado – Jantar de Natal tradicional em muitos lares de Berlim
  • Königsberger Klopse – Almôndegas ao estilo prussiano, com molho de anchovas e alcaparras
  • Döner Kebab
  • Buletten

Pratos de peixe[editar | editar código-fonte]

  • Rollmops – filés de arenque em conserva
  • "Carpa polaca" – Carpa em molho de gengibre
  • Hecht mit Butterkartoffeln
  • "Aal Grün" - Enguia em molho de ervas

Pratos de legumes e acompanhamentos[editar | editar código-fonte]

Doces[editar | editar código-fonte]

Sobremesas[editar | editar código-fonte]

  • "Berliner Luft" – ( "Ar de Berlim" ) Creme de vinho branco com calda de framboesa
  • "Mohnpielen" – Pudim de pão com sementes de papoula
  • "Rote Grütze" – Compota de frutas vermelhas geralmente servida com calda de baunilha

Produtos de confeitaria[editar | editar código-fonte]

Bebidas[editar | editar código-fonte]

Berlim tem uma longa tradição cervejeira. A variedade mais comum é a Pilsener. Marcas como Schultheiss, Berliner Kindl e Berliner Pilsener são comuns. A cerveja de trigo Berliner Weisse é bebida no verão como Berliner Weiße mit Schuss com framboesa ou xarope de aspérula.

Mercados e lojas[editar | editar código-fonte]

São comuns as padarias alemãs que oferecem uma variedade de pães e doces. O maior mercado de charcutaria da Europa encontra-se na KaDeWe. Trinta e quatro mil alimentos e bebidas especiais e gourmet são armazenados lá. Entre as maiores lojas de chocolate do mundo está a Fassbender & Rausch.[10]

Restaurantes e Bares[editar | editar código-fonte]

Berlim é o lar de uma gastronomia diversificada que reflete a história dos imigrantes da cidade. Turcos, árabes, vietnamitas e muitos imigrantes europeus trouxeram suas tradições culinárias para a cidade. A versão moderna de fast-food do sanduíche doner kebab, que surgiu em Berlim na década de 1970, tornou-se um prato favorito de Berlim em outras partes do mundo.[11] Estima-se que existam mais de mil restaurantes döner somente em Berlim. Pubs alemães, restaurantes chineses, tailandeses, indianos, coreanos e japoneses, bem como bares de tapas espanhóis, cozinha italiana e grega podem ser encontrados em muitas partes da cidade.

Em 2017, foram sete os restaurantes premiados com duas estrelas Michelin. Outros quatorze restaurantes receberam uma estrela. Em 2017, Berlim foi a cidade com mais restaurantes estrelados nos países de língua alemã.[12] Berlim é bem conhecida por suas ofertas de cozinha vegetariana[13] e vegana,[14] além de abrigar uma cena gastronômica inovadora que promove sabores cosmopolitas, ingredientes locais e sustentáveis, mercados pop-up de comida de rua, clubes de jantar, bem como festivais gastronômicos, como a Berlin Food Week.[15][16]

Feriados[editar | editar código-fonte]

Nos dias de Natal, após a véspera de Natal, o ganso assado é um alimento básico das refeições.[17][18] A estação do advento é frequentemente associada a alimentos doces e picantes como Weihnachts - ou Christstollen e Lebkuchen. A época da Páscoa, por exemplo, é tipicamente associada a ovos de chocolate e coelhinhos da Páscoa. A temporada de carnaval anterior e a véspera de Ano Novo são conhecidas por Pfannkuchen.

Empresas e marcas[editar | editar código-fonte]

Veja também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Berlin cuisine». www.visitberlin.de (em inglês). Consultado em 12 de maio de 2020 
  2. «Berlin: History, Lifestyle and Home-Style Cuisine – Germanfoods.org» (em inglês). Consultado em 12 de maio de 2020 
  3. «Huguenot Museum in the Französischer Dom». www.visitberlin.de (em inglês). Consultado em 12 de maio de 2020 
  4. a b «Berlin's Café Kranzler in name only». Walled In Berlin (em inglês). 10 de julho de 2017. Consultado em 12 de maio de 2020 
  5. «KaDeWe». berlin.de (em inglês). Consultado em 12 de maio de 2020 
  6. Ball, Alexandra (5 de setembro de 2019). «Currywurst: The Berlin dish that wouldn't exist without the British». The Local. Germany. Consultado em 12 de maio de 2020 
  7. «Döner Kebab ist eine Berliner Erfindung». berlin.de (em alemão). Consultado em 12 de maio de 2020 
  8. Cichanowicz, Lily. «A Brief History Of The Döner Kebab». Culture Trip. Consultado em 12 de maio de 2020 
  9. «Eating out in Berlin». www.visitberlin.de (em inglês). Consultado em 12 de maio de 2020 
  10. «Chocolate Heaven at Fassbender & Rausch». Luxe Adventure Traveler. 2013. Consultado em 1 de março de 2016 
  11. James Angelos (18 de abril de 2012). «There's Nothing More German Than a Big, Fat Juicy Döner Kebab». The Wall Street Journal. Consultado em 6 de junho de 2016 
  12. «Michelin starred restaurants». www.visitberlin.de (em inglês). Consultado em 12 de maio de 2020 
  13. «Good Taste Award Winner 2015: Berlin, The New Vegetarian Capital». SAVEUR. Consultado em 1 de março de 2016 
  14. «Berlin: Vegan capital of the world?». DW. Consultado em 4 de abril de 2017 
  15. «Berlin's booming food scene». DW. Consultado em 4 de abril de 2017 
  16. «Conscious Food Consumption at Berlin's Restlos Glücklich». Food Tank. 11 de setembro de 2016. Consultado em 4 de abril de 2017 
  17. Levius, Travis (20 de dezembro de 2016). «10 Christmas meals around the world | CNN Travel». CNN. Consultado em 30 de novembro de 2017 
  18. Nolen, J.J.; Lazor, D.; Varney, J. (2015). New German Cooking: Recipes for Classics Revisited. [S.l.]: Chronicle Books. ISBN 978-1-4521-3648-6. Consultado em 30 de novembro de 2017