Cnidoscolus quercifolius: diferenças entre revisões
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'''''Faveleiro ou Favela, popularmente chamada de ''favela''', '''faveleira''', '''faveleiro''' ou '''mandioca-brava'''<ref>{{Citar web |url=http://www.ars-grin.gov/cgi-bin/npgs/html/taxon.pl?452053 |titulo=GRIN Species Profile |acessodata=2011-07-06 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120912155029/http://www.ars-grin.gov/cgi-bin/npgs/html/taxon.pl?452053 |arquivodata=2012-09-12 |urlmorta=yes }}</ref> <ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p. 762">FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 762.</ref>, é uma planta da família das [[euforbiácea]]s. Trata-se de um [[arbusto]] dotado de [[espinho (botânica)|espinho]]s e [[flor]]es brancas, dispostas em [[Cimeira (botânica)|cimeiras]]. O [[fruto]] é uma [[Cápsula (fruto)|cápsula]] que contém sementes, [[oleaginosa]]s <ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p. 762"/> e alimentícias,<ref name="RSD">{{citar web|url= https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/12845/11459/167646|título=Potenciais medicinais da faveleira (Cnidoscolus quercifolius) e seus usos na saúdehumana: uma breve revisão|autor=Thiago Emanuel Rodrigues Novaes, Ana Selia Rodrigues Novaes, Lissandra Glusczak, Lucianne Braga Oliveira Vilarinho|data=22 de fevereiro de 2021|publicado=Research, Society and Development, pág 06|acessodata=4 de setembro de 2022|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref> semelhantes às sementes de [[fava]]. Daí, os nomes "favela", "faveleiro" e "faveleira". É [[endêmica]] do [[Brasil]], distribuindo-se entre os [[Unidades federativas do Brasil|estados]] do [[Piauí]], [[Ceará]], [[Rio Grande do Norte]], [[Paraíba]], [[Pernambuco]], [[Alagoas]], [[Sergipe]], [[Bahia]], e [[São Paulo (estado)|São Paulo]]. |
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O faveleiro ou favela (Cnidosculos phyeacanthus, Martius), cujo estudo foi iniciado em 1937 pelo botânico Phylipp von Luetzelburg, é uma árvore de 3 a 5m de altura, espinhenta, da família das euforbiáceas, que vegeta na caatinga e no sertão de solo seco, pedregoso, sem |
O faveleiro ou favela (Cnidosculos phyeacanthus, Martius), cujo estudo foi iniciado em 1937 pelo botânico Phylipp von Luetzelburg, é uma [[árvore]] de 3 a 5m de altura, espinhenta, da família das euforbiáceas, que vegeta na [[caatinga]] e no sertão de solo seco, pedregoso, sem [[húmus]], sem cobertura protetora, exposta à forte irradiação e calor médio de 25 graus, em associação com [[pinhão-bravo]], [[maniçoba]]s, [[marmeleiro]]s, [[pereiro (árvore)|pereiro]], [[Pilosocereus polygonus|xique-xique]] e [[Cansanção de leite|cansanção]]. |
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Ela aparece em grande quantidade no sertão e caatingas do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia. |
Ela aparece em grande quantidade no sertão e caatingas do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia. |
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Luetzelburg, que mais estudou |
Luetzelburg, que mais estudou a [[xerofilia]] da vegetação nordestina, esclareceu, com os seus trabalhos, ainda não publicados, a razão por que as plantas resistem à seca e ressurgem fisiologicamente com folhas, flores e frutos, mal aparecem as primeiras chuvas. |
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Além da queda das folhas, diminuição de superfície folhear, proteção dos |
Além da queda das folhas, diminuição de superfície folhear, proteção dos [[estômato]]s com pelos contra o excesso de evaporação, abundância de cortiça no [[caule]], etc. há ainda outro meio mais eficaz de o vegetal lutar contra a seca e que é o armazenamento de reservas alimentícias em formas disfarçadas no caule e nas raízes ([[xilopódio]]s, raízes engrossadas, [[tubérculo]]s). |
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O faveleiro, demonstrou aquele botânico, como outras plantas xerófilas, possui raízes tuberculadas, xilopódios, com reservas alimentares elaboradas durante as chuvas mediante a fotossíntese nas folhas e minerais absorvidos pelas raízes; essas reservas acumulam-se nos órgãos subterrâneos para manutenção do vegetal na seca e permitir o aparecimento de novas folhas, flores e frutos. |
O faveleiro, demonstrou aquele botânico, como outras plantas xerófilas, possui raízes tuberculadas, xilopódios, com reservas alimentares elaboradas durante as chuvas mediante a [[fotossíntese]] nas folhas e minerais absorvidos pelas raízes; essas reservas acumulam-se nos órgãos subterrâneos para manutenção do vegetal na seca e permitir o aparecimento de novas folhas, flores e frutos. |
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As raízes, engrossadas, tuberculadas, são revestidas externamente de camadas suberosa forte, impregnada de suberina gordurosa, impermeável, e internamente contém um líquido viscoso composto de amido, água, ácidos orgânicos, mucilagem, cristais de oxalato de cálcio, |
As raízes, engrossadas, tuberculadas, são revestidas externamente de camadas suberosa forte, impregnada de [[suberina]] gordurosa, impermeável, e internamente contém um líquido viscoso composto de [[amido]], [[água]], [[Ácido orgânico|ácidos orgânicos]], [[mucilagem]], cristais de [[oxalato de cálcio]], [[carbonato]]s, [[fosfato]]s e [[açúcar]]es diversos. |
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Assim, as plantas do sertão são previdentes, guardando seus alimentos para as épocas de escassez. O matuto precisa também aprender com as árvores a armazenar reservas alimentícias para atravessar a seca. |
Assim, as plantas do sertão são previdentes, guardando seus alimentos para as épocas de escassez. O [[matuto]] precisa também aprender com as árvores a armazenar reservas alimentícias para atravessar a seca. |
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[[Imagem:Cnidoscolus phyllacanthus seed.jpg|thumb|x150px|esquerda|Semente da faveleira.]] |
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⚫ | A favela floresce em janeiro e fevereiro e os frutos estão maduros de maio a julho. As flores são [[hermafrodita]]s, brancas, de 4mm de diâmetro e em [[cacho]]s; os frutos são deiscentes e as sementes têm alguma semelhança com a da [[mamona]]. A árvore, cortada em qualquer parte, exuda uma [[seiva]] branca, semelhante a um [[látex]], pegajosa, e que, uma vez seca, se torna quebradiça. |
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O faveleiro é uma árvore de grande valor industrial por causa de suas sementes oleaginosas e alimentícias. O químico Luiz Augusto de Oliveira e os agrônomos Manoel Aldes de Oliveira e Roberto Carvalheira, do Serviço Agroindustrial, em São Gonçalo, fizeram os estudos dessa planta; as análises do laboratório nos deram o teor do óleo suas características e a composição alimentícia da torta. |
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O faveleiro é uma árvore de grande valor industrial por causa de suas sementes oleaginosas e alimentícias. Suas sementes, e o óleo que produzem, são próprios para o consumo humano.<ref name="RSD"/> Da semente, rica em [[proteína]]s, é feita [[farinha]] que pode ser empregada na fabricação de [[Pão|pães]] e [[massa (alimento)|massa]]s.<ref name="UFRN">{{citar web|url=https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/22188/1/PenhaPatriciaCabralRibeiro_DISSERT.pdf|título=Caracterização físico-químicas do óleo da semente da faveleira (''Cnidoscolus quercifolius'') e avaliação das propriedades bioativas da semente, do óleo e da torta|autor=Penha Patrícia Cabral Pinheiro|data=2016|publicado=[[Universidade Federal do Rio Grande do Norte]], pág. 18|acessodata=4 de setembro de 2022|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref> Suas proteínas podem ser empregadas na fabricação de [[patê]]s, [[salsicha]]s e [[linguiça]]s.<ref name="UFRN"/> O químico Luiz Augusto de Oliveira e os agrônomos Manoel Aldes de Oliveira e Roberto Carvalheira, do Serviço Agroindustrial, em São Gonçalo, fizeram os estudos dessa planta; as análises do laboratório nos deram o teor do óleo suas características e a composição alimentícia da torta.{{clr}} |
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Revisão das 15h10min de 4 de setembro de 2022
Favela | |||||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||
Cnidoscolus quercifolius Pohl |
Faveleiro ou Favela, popularmente chamada de favela, faveleira, faveleiro ou mandioca-brava[1] [2], é uma planta da família das euforbiáceas. Trata-se de um arbusto dotado de espinhos e flores brancas, dispostas em cimeiras. O fruto é uma cápsula que contém sementes, oleaginosas [2] e alimentícias,[3] semelhantes às sementes de fava. Daí, os nomes "favela", "faveleiro" e "faveleira". É endêmica do Brasil, distribuindo-se entre os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, e São Paulo.
O faveleiro ou favela (Cnidosculos phyeacanthus, Martius), cujo estudo foi iniciado em 1937 pelo botânico Phylipp von Luetzelburg, é uma árvore de 3 a 5m de altura, espinhenta, da família das euforbiáceas, que vegeta na caatinga e no sertão de solo seco, pedregoso, sem húmus, sem cobertura protetora, exposta à forte irradiação e calor médio de 25 graus, em associação com pinhão-bravo, maniçobas, marmeleiros, pereiro, xique-xique e cansanção.
Ela aparece em grande quantidade no sertão e caatingas do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia.
Luetzelburg, que mais estudou a xerofilia da vegetação nordestina, esclareceu, com os seus trabalhos, ainda não publicados, a razão por que as plantas resistem à seca e ressurgem fisiologicamente com folhas, flores e frutos, mal aparecem as primeiras chuvas.
Além da queda das folhas, diminuição de superfície folhear, proteção dos estômatos com pelos contra o excesso de evaporação, abundância de cortiça no caule, etc. há ainda outro meio mais eficaz de o vegetal lutar contra a seca e que é o armazenamento de reservas alimentícias em formas disfarçadas no caule e nas raízes (xilopódios, raízes engrossadas, tubérculos).
O faveleiro, demonstrou aquele botânico, como outras plantas xerófilas, possui raízes tuberculadas, xilopódios, com reservas alimentares elaboradas durante as chuvas mediante a fotossíntese nas folhas e minerais absorvidos pelas raízes; essas reservas acumulam-se nos órgãos subterrâneos para manutenção do vegetal na seca e permitir o aparecimento de novas folhas, flores e frutos.
As raízes, engrossadas, tuberculadas, são revestidas externamente de camadas suberosa forte, impregnada de suberina gordurosa, impermeável, e internamente contém um líquido viscoso composto de amido, água, ácidos orgânicos, mucilagem, cristais de oxalato de cálcio, carbonatos, fosfatos e açúcares diversos.
Assim, as plantas do sertão são previdentes, guardando seus alimentos para as épocas de escassez. O matuto precisa também aprender com as árvores a armazenar reservas alimentícias para atravessar a seca.
A favela floresce em janeiro e fevereiro e os frutos estão maduros de maio a julho. As flores são hermafroditas, brancas, de 4mm de diâmetro e em cachos; os frutos são deiscentes e as sementes têm alguma semelhança com a da mamona. A árvore, cortada em qualquer parte, exuda uma seiva branca, semelhante a um látex, pegajosa, e que, uma vez seca, se torna quebradiça.
O faveleiro é uma árvore de grande valor industrial por causa de suas sementes oleaginosas e alimentícias. Suas sementes, e o óleo que produzem, são próprios para o consumo humano.[3] Da semente, rica em proteínas, é feita farinha que pode ser empregada na fabricação de pães e massas.[4] Suas proteínas podem ser empregadas na fabricação de patês, salsichas e linguiças.[4] O químico Luiz Augusto de Oliveira e os agrônomos Manoel Aldes de Oliveira e Roberto Carvalheira, do Serviço Agroindustrial, em São Gonçalo, fizeram os estudos dessa planta; as análises do laboratório nos deram o teor do óleo suas características e a composição alimentícia da torta.
- Análise do óleo
Óleo extraído das amêndoas c/solvente ....51,9%
Índice de saponificação ..............................192,6
Índice de acidez ............................................0,67
Acidez ácido oleico .......................................0,38
Densidade 15% .......………..........................0,9226
Índice de refração nD20 ........................... 1,4718
O óleo é fino, cor semelhante à da água e pode ser usado para alimenta- ção, pois o flagelado come a semente quebrada com farinha.
- Análise da torta
Umidade ................................................... 2,98%
Matérias minerais...................................... 8,32%
CaO ........................................................... 0,68%
P205 (anidro fosfórico) ............................ 4,28%
Proteínas ................................................. 66,31%
Açúcares reduzidos (glicose) .................. 3,58%[5]
Ver também
Referências
- ↑ «GRIN Species Profile». Consultado em 6 de julho de 2011. Arquivado do original em 12 de setembro de 2012
- ↑ a b FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 762.
- ↑ a b Thiago Emanuel Rodrigues Novaes, Ana Selia Rodrigues Novaes, Lissandra Glusczak, Lucianne Braga Oliveira Vilarinho (22 de fevereiro de 2021). «Potenciais medicinais da faveleira (Cnidoscolus quercifolius) e seus usos na saúdehumana: uma breve revisão». Research, Society and Development, pág 06. Consultado em 4 de setembro de 2022
- ↑ a b Penha Patrícia Cabral Pinheiro (2016). «Caracterização físico-químicas do óleo da semente da faveleira (Cnidoscolus quercifolius) e avaliação das propriedades bioativas da semente, do óleo e da torta» (PDF). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pág. 18. Consultado em 4 de setembro de 2022
- ↑ «O Nordeste e as lavouras xerófilas / José Guimarães Duque. - 4a ed.» (PDF). Consultado em 23 de maio de 2022. Arquivado do original (PDF) em 23 de maio de 2022