Revolução Russa de 1905: diferenças entre revisões

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O [[couraçado Potemkin]] (em russo: Потемкин - pronunciado Patiomkin), nome completo Knyaz' Potyomkin Tavricheski (Князь Потемкин Таврический) foi um navio de guerra pré-dreadnought (Броненосец) da frota do Mar Negro da Rússia. Foi construído nos estaleiros de Nikolayev em [[1898]] e passou a funcionar em [[1904]]. O nome é uma homenagem a Grigori Aleksandrovich Potemkin, um militar do século XVIII.
[[Imagem:Poster15.jpg|thumb|400px|right|<center>'''Poster :'''<center>"''Glória aos heróis do povo do Couraçado Potemkin !''"]]O [[couraçado Potemkin]] (em russo: Потемкин - pronunciado Patiomkin), nome completo Knyaz' Potyomkin Tavricheski (Князь Потемкин Таврический) foi um navio de guerra pré-dreadnought (Броненосец) da frota do Mar Negro da Rússia. Foi construído nos estaleiros de Nikolayev em [[1898]] e passou a funcionar em [[1904]]. O nome é uma homenagem a Grigori Aleksandrovich Potemkin, um militar do século XVIII.


No mesmo ano, a tripulação do navio fez uma revolta para reclamar:
No mesmo ano, a tripulação do navio fez uma revolta para reclamar:

Revisão das 18h48min de 18 de dezembro de 2007

 Nota: Se procura filme britânico de 2002, veja Bloody Sunday (filme).

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A Revolução Russa de 1905 foi um espasmo nacional de violência contra o governo. Ela foi um evento espontâneo e sem liderança, e não possuiu uma causa simples nem um objetivo concreto. Ela é geralmente vista como um sinal das mudanças sociais que estavam ocorrendo na Rússia, e que levaram à Revolução Russa de 1917.

Precedentes

Desde antes de 1905, o Império Russo vivia uma grave crise política. Desde a emancipação dos servos em 1861, o país vivia uma rápida transição do feudalismo para o capitalismo. Os servos haviam sido libertos de suas obrigações para com seus senhores, e passaram a ter o direito de comprar as terras onde trabalhavam. Entretanto, a compra da terra e o ressarcimento devido aos seus senhores pelos direitos recém-adquiridos levou-os a permanecer numa situação de miséria. A construção da Ferrovia Trans-Siberiana e as mudanças econômicas levadas adiante por Sergei Witte atraíram o capital estrangeiro e estimularam uma rápida industrialização nas regiões de Moscou, São Petersburgo, Ucrânia e Baku. Junto com a industrialização, as classes operária e média cresceram e se diversificaram. Essas classes eram favoráveis a reformas democráticas no sistema político. Entretanto, a nobreza feudal e o próprio Czar procuraram manter o absolutismo russo e sua autocracia intactos a qualquer custo.

O desempenho desastroso das forças armadas russas na guerra russo-japonesa (1904 - 1905) intensificou essas contradições e precipitou os acontecimentos.

Domingo Sangrento

Manifestantes marchando em direção ao Palácio de Inverno
O massacre do Domingo Sangrento em São Petersburgo

No Domingo do dia 22 de Janeiro de 1905 (9 de janeiro, segundo o calendário seguido pela Rússia na época), foi organizada uma manifestação pacífica e em marcha lenta, liderada pelo padre ortodoxo e membro da Okrana, Gregori Gapone, com destino ao Palácio de Inverno do czar Nicolau II, em São Petersburgo, com o objetivo de entregar uma petição, assinada por cerca de 135 mil trabalhadores, reivindicando direitos ao povo, como reforma agrária, tolerância religiosa, fim da censura, e a presença de representantes do povo no governo. Segundo algumas fontes, durante a caminhada, eram cantadas músicas religiosas, e também a canção nacional “Deus Salve o Czar”.

Sergei Alexandrovitch, grão-duque, ordenou que a guarda do czar não permitisse que o povo se aproximasse do palácio, e mandou-os dispersarem a manifestação. O povo não se mexeu. Então, a guarda, ao ver que não seria obedecida, disparou contra a multidão. A manifestação rapidamente se dispersou deixando centenas de mortos.

Este episódio ficou conhecido como o Domingo Sangrento, e foi o estopim para o início de um movimento revolucionário. O povo estava indignado com a atitude do czar, que até então, era visto com bons olhos por eles.

A Revolução

O Domingo Sangrento foi a gota d'água. Os vários grupos sociais descontentes com a situação da Rússia se mobilizaram para protestar. Cada grupo tinha seus próprios objetivos, e mesmo dentro de uma mesma classe social, não havia direção geral. Os principais descontentes eram os camponeses (com a economia), os trabalhadores urbanos (economia e desigualdade), intelectuais e liberais (direitos civis), as forças armadas (economia), e nacionalidades minoritárias (liberdade cultural e política).

O movimento nos campos

Distúrbios se espalharam por todo o ano, atingindo picos de agitação no início do verão e outono, e culminando em Novembro. Arrendatários queriam aluguéis mais baixos; trabalhadores contratados, melhores salários; e pequenos proprietários queriam mais terras. As atividades variaram de ocupações de terra, algumas vezes seguidas de violência e incêndio; pilhagem das grandes propriedades; e caça e desmatamento ilegais. Na região de Samara os camponeses criaram sua própria república, que foi sufocada por tropas do governo. O nível de animosidade de cada região era diretamente proporcional às condições dos camponeses — os sem-terra de Livland e Kurland atacaram e queimaram, enquanto outros que viviam nas áreas vizinhas e de Grodno, Kovno e Minsk, com melhores condições de vida, praticaram poucas violências. No total, 3.228 distúrbios necessitaram de intervenção militar para restaurar a ordem, e os proprietários sofreram prejuízos de por volta de 29 milhões de Rublos.

O movimento nas cidades

Os trabalhadores usaram a greve como instrumento de luta. Houve imensas greves em São Petersburgo imediatamente após o Domingo Sangrento; mais de 400.000 trabalhadores estavam parados ao final de Janeiro. A ação rapidamente se alastrou para outros centros industriais na Polônia, Finlândia e na costa báltica. Em Riga 80 militantes foram mortos em 13 de Janeiro, e alguns dias depois em Varsóvia 100 grevistas foram alvejados nas ruas. Em Fevereiro havia greves no Cáucaso e em Abril nos Urais e além. Em Março todas as instituições acadêmicas foram obrigadas a fechar as portas pelo resto do ano, fazendo com que muitos estudantes radicais se juntassem aos trabalhadores grevistas. Uma greve dos ferroviários em 8 de Outubro rapidamente se transformou em greve geral em São Petersburgo e Moscou. Em 13 de Outubro, mais de 2 milhões de trabalhadores estavam em greve e praticamente não havia mais estradas de ferro em funcionamento.

O soviete de São Petersburgo

A idéia de se criar conselhos operários (chamados de sovietes na Rússia), como forma de coordenar as várias greves, nasceu durante as reuniões de trabalhadores que aconteciam no apartamento de Voline (que mais tarde se tornaria um conhecido anarquista) no início do movimento de 1905. Dessas reuniões nasceu o primeiro soviete de São Petersburgo. Seu primeiro presidente foi Khrustalyov-Nosar (Georgy Nosar, aliás Pyotr Khrustalyov, Хрусталев Петр Алексеевич (Носарь Георгий Степанович) (1877-1918)). Entretanto, suas atividades foram rapidamente paralizadas pela repressão do governo.

Durante a greve geral, entretanto, o soviete voltou a funcionar, e passou a ser conhecido como o Soviete de Representantes Operários. A reunião constituinte aconteceu em 13 de Outubro no prédio do Instituto Tecnológico de São Petersburgo e contou com 40 representantes. O soviete chegou a possuir-por volta de 400 e 500 membros (eleitos por aproximadamente 200.000 trabalhadores), representando cinco sindicatos e 96 fábricas da região. Inicialmente, seus membros eram trabalhadores politicamente conscientes, mas foi rapidamente dominado por grupos radicais estabelecidos. Os bolcheviques foram os mais influentes, enquanto os mencheviques e Esers permaneceram em minoria. Durante sua existência, Trotsky voltou do exílio e se tornou representante de Nosar. Quando este foi preso, Trotsky assumiu em seu lugar e rapidamente alterou a agenda da organização. Sob sua liderança pragmática, os grevistas foram chamados a voltar ao trabalho, porque temia-se que a greve dava ao governo uma desculpa para aumentar a repressão.

O trabalho do soviete consistiu na organização das greves e suprimentos para os trabalhadores. Na prática, a política do soviete permaneceu moderada, sendo que as ações mais extremas foram apelar aos trabalhadores para que se recusassem a pagar impostos e que sacassem seu dinheiro dos bancos. Sua influência em São Petersburgo era com certeza maior do que a do governo Imperial durante a revolução, mas sua eficácia foi limitada. A greve geral de Outubro de 1905 ocorreu espontaneamente sem a intervenção do soviete, e sua tentativa de convocar uma nova greve geral em Novembro falhou.

Suas atividades voltaram a cessar em 3 de Dezembro, quando seus líderes, incluindo Trotsky, foram presos e acusados de preparar uma rebelião armada.

Mais tarde, por razões políticas, os bolcheviques falsificaram a história de sua criação, mudando a data de criação do primeiro soviete para o período da Greve de Outubro, quando Trotsky desempenhou um papel importante e atribuiu a iniciativa de sua criação a um dos grupos social-democratas, sem atribuição à afiliação de partido.

A Revolta do Couraçado Potemkin

Ficheiro:Poster15.jpg
Poster :
"Glória aos heróis do povo do Couraçado Potemkin !"

O couraçado Potemkin (em russo: Потемкин - pronunciado Patiomkin), nome completo Knyaz' Potyomkin Tavricheski (Князь Потемкин Таврический) foi um navio de guerra pré-dreadnought (Броненосец) da frota do Mar Negro da Rússia. Foi construído nos estaleiros de Nikolayev em 1898 e passou a funcionar em 1904. O nome é uma homenagem a Grigori Aleksandrovich Potemkin, um militar do século XVIII.

No mesmo ano, a tripulação do navio fez uma revolta para reclamar:

  • da carne podre que estava sendo servida a eles nas refeições;
  • ao saber que estava sendo enviada para lutar contra os japoneses;
  • das péssimas condições em que viviam no navio;

Os demais navios da esquadra não aderiram à revolta do “Potemkin”, o que fez com que os tripulantes tivessem que se refugiar na Romênia.

De qualquer forma, tratava-se de um motim em uma grande unidade da Marinha Russa, evidenciando que as Forças Armadas já não podiam ser consideradas sustentáculos fiéis da Monarquia.

A revolta dos marinheiros foi retratada no filme Bronenosets Potyomkyn (russo: Броненосец Потемкин), O Encouraçado Potemkin, ou ainda The Battleship Potemkin nos Estados Unidos, filme de Sergei Eisenstein, lançado em 1925.

Resultados

Em Outubro de 1905, para tentar remediar a situação, o Czar Nicolau II relutantemente lançou o famoso Manifesto de Outubro, que permitiu a criação de uma Duma (parlamento) nacional e a existência de partidos políticos (destaca-se o Partido Social Democrata, que havia se dividido em 1903: o Partido Menchevique, em minoria, mais moderado e que defendia uma reforma gradual com o apoio da burguesia e o Partido Bolchevique, que retinha a maioria, era mais radical e que defendia uma ação revolucionária). Estas medidas surtiram escassos efeitos, visto que os partidos eram sistematicamente vigiados e a Duma era controlada pela aristocracia e pelo Czar, que a podia dissolver.

Ilya Repin, 17 de Outubro de 1905

Os grupos moderados se satisfizeram; mas os socialistas rejeitaram as concessões como insuficientes e tentaram organizar novas greves. Ao fim de 1905, os reformadores estavam lutando entre si, e graças a isto o Czar teve sua posição relativamente fortalecida ante estes grupos políticos.

Outro ponto é que com o termino da guerra contra o Japão, as tropas russas, que estavam sem o conhecimento das atitudes do czar contra o povo, retornaram ao país, e por ordens do czar reprimiram o movimento. Muitos líderes oposicionistas foram presos ou exilados, e os sovietes colocados na ilegalidade e fechados. As promessas feitas pelo Manifesto de outubro foram deixadas de lado, com exceção da Duma que continuou a funcionar. O czar havia se reabilitado e a revolução de 1905 havia fracassado.

Entretanto, ele havia perdido o principal sustentáculo de seu poder junto ao povo. Até 1905, as massas russas viam o Czar como seu "paizinho", um monarca benévolo que protegeria o povo caso conhecesse sua miséria, mas que era mantido na ignorância pela nobreza corrupta e gananciosa que o cercava. Após o Domingo Sangrento, esse mito caiu por terra. Como poderia o Czar ter ignorado o martírio de seu povo justo em frente à sua residência? No longo prazo, o "Domingo Sangrento" se somou a outros fatores que faziam crescer o descontentamento da população para com o regime vigente. O clímax desse processo seria atingido anos depois, durante a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, e resultaria na Revolução Russa de 1917. Para Lenin, a Revolução de 1905 foi apenas um ensaio geral para a de 1917, que então não seria derrotada por uma contra-revolução.

Ver também

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